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ANA CAROLINA SBEGHEN MATHEUS – MEDICINA FASM INTRODUÇÃO Queda abrupta da contagem de neutrófilos circulantes (polimorfonucleares + bastões). Polimorfonucleares são formas mais maduras, núcleo plurisegmentado. Bastões são formas jovens, recém liberados d MO. Neutrófilos – imunidade primária (inata) = fagocitose e bactericida/fungincida. Em associação a plaquetopenia representa uma expressão clínica da toxicidade medular ‘’aplasiante’’ da QT. Também pode ocorrer mucosite por conta de QT (toxicidade ao epitélio de mucosas) quebra de barreiras. Isso ocorre, pois, a QT afeta os tecidos que possuem alta taxa de replicação celular, como a medula óssea (MO) e mucosas (epitélio). Basicamente, usa-se uma antiobiotecoterapia de amplo espectro até confirmação microbiológica. DEFINIÇÃO Neutropenia: contagem neutrófilos < 500cél/microL ou <1.000 cél/microL com previsão de queda para menos de 500 nas próximas 48h. Febre: paciente neutropênico febril tem a temperatura ORAL >=38,3ºC (medida única) ou >=38ºC por >1h. - OBS: a temperatura axilar não representa bem a temperatura ‘’central’’ do organismo. Verificação da temperatura retal é proibida no neutropênico. Mas... caso medida a axilar deve ser >37,8ºC medida única. Pode ocorrer ausência de febre mesmo com indícios de infecção, e isso é neutropenia febril!. ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA A febre em neutropênicos não é um sinal específico de infecção. Mas, todo neutropênico febril deve ser considerado portador de uma infecção grave e potencialmente letal! Em neutropênicos sabidamente com infecção, a febre costuma ser o único sinal de infecção. Outros sinais como edema, calor, dor, rubor então atenuados ou ausentes devido a diminuição de neutrófilos. Possíveis causas não infecciosas de febre em neutropenia febril: Tromboflebite Medicamentos Febre tumoral Reação tranfusional Na maioria dos casos de neutropenia febril, nenhuma infecção será encontrada. Por que?? - QT antineoplásica causa mucosite + neutropenia. A mucosite causa soluções de continuidade (portas de entrada) no epitélio gastrointestinal. As bactérias que colonizam esses locais acabam caindo na CS. Portanto, propõe-se que a causa seja o TGI acometido por mucosite que leva a febre. Quando a infecção documentada, o germe mais prevalente é o Staphylococcus coagulase-negativos, uma bactéria da microbiota cutânea, que pode colonizar cateteres. Atenção Germes multirresistentes: Raramente uma infecção fúngica será responsável pela ‘’primeira febre’’, mas após a 1ª semana, eles podem ser os responsáveis (Candida, Aspergillus). AVALIAÇÃO INICIAL 1. Estratificação de Risco Alto risco: a partir de 1 critério, deverá ser internado para tto EV. Baixo Risco: deve preencher todos os critérios. Tto pode ser VO ou EV e ambulatorial após período de observação hospitalar. Bactérias ESBL (produtoras de betalactamases de espectro estendido) MRSA (S. aureus resistentes a meticilina) KPC (produtores de carbaoenemases) VRE (enterecoco resistente a vancomicina) ANA CAROLINA SBEGHEN MATHEUS – MEDICINA FASM Estratificação por escore MASCC Valor <21 – alto risco / Valor >=21 – baixo risco 2. Avaliação Clínica Global Perguntar se houve infecção prévia documentada por germes multirresistentes ou fungos e história de hospitalização resistente. Se sim, deve ampliar o espectro do ATB. Verificar da cabeça aos pés se tem dor e eritema. EDA e broncofibroscopia podem ser realizados. Colonoscopia e retossigmoidoscopia estão PROIBIDAS. 3. Avaliação Laboratorial Solicitar para todos os pacientes com neutropenia febril: Pelo menos 2 sets de hemocultura em sítios diferentes. Se houver cateter, coletar de cada um. Hemograma completo Ureia e creatinina Eletrólitos Aminotransferases e bilirrubinas Outros exames, solicitar de acordo com suspeita clínica. TRATAMENTO ANTIMICROBIANO EMPÍRICO 1. Esquema Inicial Terapia empírica: aquela iniciada antes do resultado das culturas. Deve ter cobertura para Pseudomonas aeruginosa (gram negativa) – pela translocação TGI – CS. Penicilinas: ticarcilina e piperacilina Penicilinas + inibidores betalactamases: piperacilina + tazobactam Cefalosporinas 3ª geração: ceftazidime Cefalosporina 4ª geração: cefepime Carbapenêmicos: imipenem e meropenem Fluoroquinolonas: ciprofloxacino e levofloxacino Quando positiva a hemocultura, geralmente é Staphylococcus coagulase negativos (gram positivo) – portanto associar vancomicina. Staphulococcus aureus outro gram + grave. Alergia aos betalactâmicos: ciprofloxacina + clindamicina ou aztreonam + vancomicina. 2. Situações que Modificam o Esquema Terapêutico Inicial Se infecção prévia por germes multirresisttentes Internação prévia Péssimo estado clínico Deve-se utilizar ATB que cubram esses germes multirresistentes. MRSA: vancomicina, linezolida, daptomicina VRE: linezolida ou daptomicina ESBL: carbapenêmicos KPC: polimixina/colistina VRE: enterococcus resistentes a vanco. 3. Situações que Modificam Esquema do Terapêutico ao Decorrer Após resultado das hemoculturas, ajustar de acordo com antibiograma. Procurar por sinais e sintomas também. Duração: tratamento normal para cada infecção e também até os neutrófilos > 500cél/microL. Se hemocultura negativa, considerar infecção por Pseudomonas e manter tto até neutrófilos >500 e afebril >48h. Se foi iniciado vancomicina no tto inicial, mas não foi encontrado germes gram +, deve suspendê-la e manter apenas antipseudomonas. Atenção! - Pacientes com neoplasias hematológicas, febre pode durar até 5 dias - Paciente com neoplasias sólidas, febre pode durar até 2 dias. ANA CAROLINA SBEGHEN MATHEUS – MEDICINA FASM Se a febre persistir... - Baixo risco: internar indivíduo e iniciar drogas EV - Alto risco: tto mantido, mas deve reavaliar diagnóstico Reavaliação Diagnóstica... Colher novo set de hemoculturas + TC tórax + seios da face (sinal do halo). Se queixas abdominais (dor e diarreia)= TC abdome + pesquisa de toxina C. difficile. COBERTURA ANTIFÚNGICA Tratamento antifúngico empírico deve ser iniciado quando permanecer febre após 4-7 dias de tto com ATB ou apresentar recidiva. Iniciar terapia antifúngica preemptiva se sinal do halo positiva ou se dosagem de antígenos fúngicos (beta-D-glucana, galactomanana) presentes. Se paciente não recebeu antifúngico profilático para cândida: Anfotericina B (tóxica) Caspofungina Voriconazol Se paciente já recebeu fluconazol profilático, pode ser candida resistentes: Voriconazol INFECÇÃO DO CATETER VENOSO PROFUNDO 1. Diagnóstico Exame clínico de inspeção e palpação no local do cateter. Verificar se presença de sinais flogisticos. Coletar cultura do lumem do cateter. Considerar positiva quando se torna positiva >120min antes da hemocultura de veia periférica. 2. Tratamento Retirada do cateter se não houver necessidade de mantê-lo, caso necessário, injetar ATB pelo lúmen do cateter. Para prevenir infecção no cateter: Higienização das mãos antes e depois de manipular o cateter – SEMPRE Assepsia e antissepsia durante procedimento de implantação Uso de clorexidine como degermante (em vez de PVPI) Se possível, usar cateter impregnado com ATB PRECAUÇÕES AMBIENTAIS Uso de álcool gel nas mãos ao manipular com paciente Uso de barreiras de contato (gorro, máscara, capote, luva), principalmente quando procedimentos no pacientes Pacientes receptores de transplante de células hematopoiéticas devem ser internados em quartos individuais com pressão positiva e filtro HEPA Dieta: alimentos bem cozidos e higienização de alimentos crus Pele: banho todos os dias lavagem perineal após evacuação. No caso de menstruação está contraindicado o uso de tampões intravaginais. Higiene oral mesmo se mucosite,trocar por escova com cerdas macias. Enxaguar cavidade oral entre 4- 6x ao dia com SF ou solução bicarbonata. Ao usar fio dental, muito cuidado para não machucar gengivas. Plantas e animais: proibidos no quarto assim como qualquer pessoa com sintomas de uma doença infectocontagiosa aguda.
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