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Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Naturais e Tecnologia Curso de Engenharia de Produção Trabalho de Conclusão de Curso Kellen Cristina Marques da Silva Victor Yuji Ferreira Sakaguchi Análise de Cenários para Aumento de Capacidade no Processo de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor Redenção - PA 2012 Kellen Cristina Marques da Silva Victor Yuji Ferreira Sakaguchi Análise de Cenários para Aumento de Capacidade no Processo de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro de Produção, da Universidade do Estado do Pará. Orientador: Prof. M.Sc. Léony Luis Lopes Negrão. Redenção – PA 2012 Kellen Cristina Marques da Silva Victor Yuji Ferreira Sakaguchi Análise de Cenários para Aumento de Capacidade no Processo de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro de Produção, da Universidade do Estado do Pará. Orientador: Prof. M.Sc. Léony Luis Lopes Negrão. Data de Apresentação: 17 de Dezembro de 2012 Banca Examinadora _______________________________________ - Orientador Prof. M.Sc. Léony Luis Lopes Negrão. Universidade do Estado do Pará ________________________________________ - Membro Prof.ª. M.Sc. Mariana Pereira Carneiro. Universidade do Estado do Pará _________________________________________ - Membro Prof.ª M.Sc Renata Melo e Silva de Oliveira Universidade do Estado do Pará A Deus por ter nos conduzido Aos nossos familiares pela credibilidade Aos amigos pelo carinho e amizade Aos mestres pela contribuição e dedicação. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pela força, coragem e determinação para concluir essa jornada. Aos meus pais Edimê e Odilon, pelo apoio por compreender os momentos em que estive ausente, e principalmente pela confiança depositada em mim, eles são a razão de minhas alegrias e realizações. A minha irmã Anny Karoline, pelo apoio e carinho ao longo do curso. Ao meu namorado Rogério pelo carinho, dedicação, companheirismo, compreensão e ajuda indispensável. Pelo crescimento e pela reciprocidade de amor. A minha turma de Engenharia de Produção, Alessandra, Erica Pereira, Felipe, Laércio, Marcelo, Isaque, Guilherme, Hanon, Evelly, Nayara, Waldemar, Raquel, Bruno. As amigas especiais, Flávia e Érica de Sousa, e aos queridos amigos Renato e Ramon. Sobretudo ao meu companheiro de TCC Yuji, pela parceria, por compartilhar ideias, alegrias, e preocupações na elaboração deste trabalho. Estarão todos em meu coração e em minha memória. Ao professor Léony Negrão pela valiosa contribuição, atenção cortesia e presteza. A professora Mariana Carneiro pela colaboração no inicio do trabalho e no decorrer do curso. A todos os professores do curso que mesmo diante das dificuldades estiveram aqui para compartilhar seus conhecimentos. A empresa CAMTA, por ter nos recebido com amabilidade e ter nos prestado as informações necessárias para a execução deste trabalho. Agradeço a todos os meus amigos, e todas as pessoas que passaram pela minha vida e contribuíram significativamente com o meu processo de educação. Sem dúvidas todos foram indispensáveis para a minha formação, em mim guardo algo de cada um. Por fim agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente com mais esta realização. Kellen Cristina Marques da Silva. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que iluminou meu caminho durante essa jornada. Aos meus pais, Delcina e Osamu, meus maiores exemplos. Obrigado por cada incentivo e orientação, pelas orações ao meu favor. Ao meu irmão Júnior pelo apoio e carinho ao longo do curso. Eles serão responsáveis por cada sucesso obtido na minha vida, meu porto seguro. A minha namorada Mariana pela reciprocidade de amor e carinho, pelo apoio em momentos difíceis, pela compreensão em momentos de ausência e por tornar minha vida cada dia mais feliz, te amo!. Ao meu tio Wataru e minha Bachan pelo apoio, contribuição e por tornar esse sonho possível. A minha turma de Engenharia de Produção, em especial meus amigos Hanon e Guilherme pelas horas alegres ao longo desses cinco anos. Ao meu querido amigo Angeluz pelo companheirismo e amizade sincera. Sobretudo a minha parceira de TCC Kellen, por compartilhar ideias, alegrias, e preocupações no decorrer deste trabalho. Estarão todos em meu coração e em minha memória. Ao professor Léony pela atenção e orientação, contribuindo de maneira significativa no desenvolvimento e conclusão deste trabalho. E por fim a empesa CAMTA, e todos os seus funcionários pela atenção e grande contribuição, por ter nos recepcionado com muito carinho, foram de fundamental importância na realização deste TCC. Victor Yuji Ferreira Sakaguchi. SUMÁRIO CAPITULO I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................... 14 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14 2. PROBLEMA DE PESQUISA ..................................................................... 16 3. HIPÓTESES ............................................................................................. 16 4. JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 17 5. OBJETIVOS .............................................................................................. 18 5.1. Objetivo Geral ....................................................................................... 19 5.2. Objetivos Específicos ............................................................................ 19 CAPITULO II - REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................... 20 1. PARADIGMAS DA GESTÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA .................... 20 1.1. I e II Revolução Industrial ...................................................................... 20 1.2. Produção em massa ............................................................................. 21 2. O PARADIGMA DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO ...................... 22 2.1. O Sistema Toyota de Produção e a Mentalidade Enxuta ...................... 23 2.2. A Base e os Pilares do Sistema Toyota de Produção ........................... 24 3. MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR .................................................. 28 3.1. Etapas para o Mapeamento do Fluxo de Valor ..................................... 30 3.2. O Mapa do Estado Atual e Futuro ......................................................... 32 CAPITULO III - ASPECTOS METODOLÓGICOS ............................................ 38 1. CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA ....................................................... 38 1.1. Natureza da pesquisa ........................................................................... 38 1.2. Abordagem do problema de Pesquisa .................................................. 38 1.3 Objetivos da Pesquisa............................................................................ 39 1.4. Procedimentos técnicos da pesquisa .................................................... 39 2. ETAPAS DA PESQUISA .......................................................................... 40 2.1. Revisão da Literatura ............................................................................ 41 2.2. Coleta de dados ....................................................................................41 2.3. Apresentação e Discussão dos Dados.................................................. 41 2.4. Mapeamento do estado Atual e Futuro ................................................. 42 2.5. Comparação e discussão dos resultados .............................................. 42 3. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO............................................................. 42 CAPITULO IV – APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR .... 43 1. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ........................................................ 43 2. DETALHAMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO................................... 44 2.1. Recebimento da Matéria-Prima ............................................................. 47 2.2. Processamento ..................................................................................... 48 2.3. Pasteurização ....................................................................................... 49 2.4. Envase .................................................................................................. 50 2.5. Congelamento ....................................................................................... 52 2.6. Encaixotamento .................................................................................... 53 3. DEFINIÇÃO E ANÁLISE DO MAPAS ATUAIS ......................................... 54 3.1. Desembarque da Matéria-Prima e Processamento .............................. 55 3.2. Pasteurização e Envase 1kg e 100g ..................................................... 58 3.3. Encaixotamento de 1kg e 100g ............................................................. 61 4. MAPAS MACRO ....................................................................................... 64 4.1. Mapa Macro de 1kg............................................................................... 64 4.2. Mapa Macro de 100g ............................................................................ 64 5. DEFINIÇÃO E ANÁLISE DO MAPAS FUTUROS ..................................... 68 5.1. Encaixotamento .................................................................................... 68 5.2. Pasteurização e Envase de 1kg e 100g ................................................ 81 5.3. Desembarque e Processamento ........................................................... 86 6. MAPAS MACRO DO ESTADO FUTURO ................................................. 89 6.1. Mapa Macro de 1kg............................................................................... 89 6.2. Mapa Macro de 100g ............................................................................ 89 CAPITULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................... 93 1. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................ 93 2. CONCLUSÃO ........................................................................................... 95 3. SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................... 96 4. RECOMENDAÇÕES PARA AGROINDÚSTRIA EM ESTUDO ................. 97 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 98 Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Classificação dos Princípios Enxutos. ........................................................ 23 Figura 2: Pilares de sustentação da produção Enxuta. ............................................. 25 Figura 3: Pilar JIT de sustentação da produção Enxuta. ........................................... 26 Figura 4: Pilar Jidoka de sustentação da produção Enxuta....................................... 28 Figura 5: Etapas do MVF........................................................................................... 31 Figura 6: Mapa do fluxo de valor (adaptação). .......................................................... 35 Figura 7: Planta Baixa da Agroindústria. ................................................................... 46 Figura 8: Desembarque da matéria prima ................................................................. 47 Figura 9: Transporte de palete (30 Grades). ............................................................. 47 Figura 10: Descoroamento. ....................................................................................... 48 Figura 11: Abastecimento da linha de produção. ...................................................... 48 Figura 12: Lavagem por aspersão. ............................................................................ 49 Figura 13: Corte e seleção da fruta. .......................................................................... 49 Figura 14: Lavagem por imersão. .............................................................................. 49 Figura 15: Transporte para despolpadeira. ............................................................... 49 Figura 16: Pasteurizador. .......................................................................................... 50 Figura 17: Tanques de Armazenagem. ..................................................................... 50 Figura 18: Maquina Envasadora 1Kg. ....................................................................... 50 Figura 19: Organização das polpas 1kg. ................................................................... 50 Figura 20: Maquina envasadora 100g. ...................................................................... 51 Figura 21: Organizar embal. nas grades. .................................................................. 51 Figura 22: Apanhar Chapas de Aço. ......................................................................... 51 Figura 23: Organização das polpas 100g. ................................................................. 51 Figura 24: Transporte de lote. ................................................................................... 52 Figura 25: Empilhamento. ......................................................................................... 52 Figura 26: Túneis de congelamento. ......................................................................... 52 Figura 27: Transportando grades para túnel. ............................................................ 52 Figura 28: Descarga de polpas congeladas. ............................................................. 53 Figura 29: Embalagem das polpas. ........................................................................... 53 Figura 30 Selagem de Invólucros. ............................................................................. 54 Figura 31 Encaixotamento. ........................................................................................ 54 Figura 32: Mapa do estado atual do Desembarque e Processamento da Matéria- Prima. ........................................................................................................................ 57 Figura 35: Mapa do estado atual do Encaixotamento 1Kg. ....................................... 62 Figura 38: Mapa Macro do estado atual embalagem de 100g. ................................. 67 Figura 42: Layout Encaixotamento Atual. .................................................................. 76 Figura 43: Layout Encaixotamento Futuro................................................................. 77 Figura 44: Embalagem 100g ..................................................................................... 78 Figura 45: Sugestão de nova embalagem ................................................................. 78 Figura 46: Mapa Macro do estado futuro C encaixotamento de 100g. ...................... 79 Figura 47: Layout Encaixotamento Futuro 100g C. ................................................... 80 Figura 49: Mapa Futuro Envase 100g. ...................................................................... 85 Figura 50: Mapa Futuro desembarque e Processamentoda Matéria-Prima. ............ 88 Figura 51: Mapa macro do estado futuro embalagem 1Kg........................................ 91 Figura 52: Mapa macro do estado futuro embalagem 100g. ..................................... 92 Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 10 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Comparativo do estado atual e futuro do encaixotamento 1Kg 70 Gráfico 2: Comparativo do estado atual e futuro A, B e C do encaixotamento 100g 73 Gráfico 3: Comparativo dos estado atual e futuro da Pasteurização 82 Gráfico 4: Comparativo dos estado atual e futuro do Envase 1Kg 82 Gráfico 5: Comparativo dos estado atual e futuro do Envase 100g 83 Gráfico 6: Comparativo dos estado atual e futuro do túnel de congelamento 83 Gráfico 7: Comparativo dos estado atual e futuro do Desembarque 87 Gráfico 8: Comparativo dos estado atual e futuro do Processamento de Matéria- Prima 87 Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Ícones de materiais e de informação 33 Quadro 2: Ícones de materiais e de informação 34 Quadro 3: Ícones gerais 34 Quadro 4: Ganhos percentuais 1kg 93 Quadro 5: Ganhos percentuais 100g 93 Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 12 RESUMO SILVA. Kellen Cristina Marques da; SAKAGUCHI Victor Yuji Ferreira; Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 2012. 100f Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) Universidade do Estado do Pará, 2012. A crescente concorrência mundial estabelece que as empresas sejam mais ágeis e enxutas. Assim a ideia de otimização de processos tem estado nas discussões e estratégias delineadas para a manutenção da competitividade de tais, e para que as indústrias tenham seu diferencial no mercado. O princípio do Lean Manufacturing é a identificação e a supressão do desperdício em qualquer tipo de sistema produtivo seja de bens ou serviços. E o Mapeamento de Fluxo de Valor é uma técnica que auxilia na identificação de perdas no sistema produtivo para implantar o sistema de Produção Enxuta. Este trabalho teve como objetivo central, a exposição de uma análise no sistema produtivo de uma Cooperativa de Beneficiamento de polpa de fruta, e mediante utilização de ferramentas e princípios da produção enxuta, em especial o Mapeamento de Fluxo de Valor (Value Stream Mapping), o qual possibilitou a elaboração de uma proposta de reestruturação do sistema, eliminando as atividades que não agregam valor ao produto. Os resultados evidenciaram a grande eficácia do Mapeamento de Fluxo de Valor, mormente no que tange a clara exibição dos pontos a serem melhorados. Conseguiu-se chegar a avanços significativos no processo e atenuar drasticamente os desperdícios dentro da cadeia produtiva. Pode-se ultimar que a citada ferramenta é extremamente válida quando se busca melhorias em cadeias produtivas sem recorrer a novas tecnologias ou gastos excessivos. Foi possível aprimorar o processo reconhecendo os gaps e atuando de forma proativa nos ganhos expostos pelo mapeamento, obtendo resultados significativos como a redução do lead time total em 45,18% para a polpa de 1kg, e uma média de 52,68% para as três proposições futuras, relativas a polpa de 100g. Palavras-Chave: Produção Enxuta, Mapeamento de Fluxo de Valor, Desperdício. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 13 ABSTRACT SILVA. Kellen Cristina Marques; Sakaguchi Yuji Victor Ferreira, Analysis of Operating Performance of an Agribusiness: an application of the methodology of Value Stream Mapping. 2012. Work 100f End of Course (Undergraduate Production Engineering) University of Pará, 2012. The increasing global competition requires that companies be more agile and lean. So the idea of process optimization has been in discussions and strategies outlined for maintaining the competitiveness of such, and that the industries have their gap in the market. The principle of Lean Manufacturing identification and elimination of waste in any type of production system is of goods or services. And the Value Stream Mapping is a technique that helps to identify losses in the production system to deploy the Lean Production System. This study aimed central, exposure analysis in a production system of a Cooperative Processing of fruit pulp, and by using principles and tools of lean production, especially the Value Stream Mapping (Value Stream Mapping) which enabled the development of a proposed re-structuring of the system, eliminating activities that don’t add value to the product. The results showed the great effectiveness of Value Stream Mapping, especially concerning the clear display of the points to be improved. Gotta get to significant advances in process and drastically lessen the waste within the supply chain. You can finalize the aforementioned tool is extremely valuable when seeking improvements in supply chains without resorting to new technologies or overspending. It was possible to improve the process recognizing the missing points and acting pro-actively in earnings exposed by mapping, obtaining significant results. Keywords: Lean Manufacturing, Value Stream Mapping, Waste Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 14 CAPITULO I – CONSIDERAÇÕES INICIAIS O capítulo inicial deste Trabalho de Conclusão de Curso – TCC – apresenta o contexto ao qual o tema e o objeto de aplicação do estudo estão inseridos, por meio da questão de pesquisa e das hipóteses, ressaltando a relevância da pesquisa e os objetivos a serem alcançados com a conclusão do trabalho. 1. INTRODUÇÃO Em um panorama cada vez mais competitivo, empresas e indústrias de diversos setores vêm constantemente buscando tornar seus processos mais eficientes. Um dos grandes desafios é conseguir produzir cada vez mais com a mesma capacidade produtiva e com uma qualidade superior. Esta busca contínua pelo aperfeiçoamento ininterrupto tem forçado as organizações a focalizarem nas atividades de processos produtivos que verdadeiramente agregam valor aos produtos. Em resposta a esse cenário surgiram novas formas de gestão da produção, como o Sistema Toyota de Produção – TPS (Toyota Production System), desenvolvido na Toyota Motor Company, no Japão, após a Segunda Guerra Mundial, por Taiichi Ohno (OHNO,1997). Segundo Silva et al. (2003), o Sistema Toyota de Produção objetiva aumentar a eficiência da produção pela eliminação contínua de desperdícios e tem correspondido às expectativas das empresas no que tange às suas necessidades de tornarem-se competitivas. Nesse sentido, os desperdícios tradicionais classificados por Shingo (1996) são: Superprodução; Transporte excessivo; Processos inadequados; Esperas; Inventário desnecessário; Movimentação desnecessária; Produtos defeituosos. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 15 O Sistema Toyota de Produção busca especificar valor, alinhando da melhor forma as atividades que criam valor e se apresentam eficazmente durante as realizações. A constante minimização ou eliminação destas perdas resulta em grandes reduções de lead time (tempo de processamento de um pedido) e despesas operacionais, tornando os processos produtivos mais enxutose flexíveis, e, em consequência, a empresa mais competitiva na economia global. Vale salientar que para uma empresa ser competitiva, a utilização de uma produção enxuta não é necessariamente suficiente, ela deve ter um pensamento enxuto em todas as suas atividades. Para minimizar os desperdícios de produção, seus efeitos, e prosseguir com a busca contínua de “zero defeitos, tempo de preparação zero, estoque zero, movimentação zero, quebra zero, lead time zero e lote unitário”, a Produção Enxuta lança mão de algumas técnicas e ferramentas como o Layout Celular, o Kanban, o Mapeamento do Fluxo de Valor, dentre outras. O Mapeamento do Fluxo de Valor (Value Stream Mapping- VSM), em particular, é uma ferramenta bastante interessante e objetiva para as organizações. Introduzida por Mike Rother e John Shook (ROTHER & SHOOK, 2003), é um método de modelagem de empresas onde são mapeados os fluxos de todos os materiais e de informações de processos de manufaturas. Esta modelagem ajuda a identificar o fluxo de material e informação dentro de uma organização. O resultado do Mapeamento do Fluxo de Valor é uma identificação de forma gráfica, um mapa, da atual situação da cadeia produtiva, a qual serve como base para a construção de um estado futuro desejável. Apesar de ter sua aplicação inicial voltada para manufatura, pode perfeitamente adaptar-se a outros segmentos. O Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM) é o ponto de partida para a empresa que deseja elaborar um plano bem estruturado para melhoria de produtividade, lucratividade, qualidade, redução de desperdícios e redução de lead time. O Mapeamento fornece uma visão global de todas as etapas pelas quais o produto passa dentro da empresa até chegar ao cliente, em termos de fluxos físicos e de informação. É possível então, com o mapa em mãos, identificar mais efetivamente os pontos onde há desperdício. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 16 O conceito de produção enxuta deve necessariamente ser aplicado em todas as áreas da empresa, de vendas a compras, de finanças a recursos humanos, sempre priorizando onde existe maior desperdício e oferecendo maiores oportunidades de melhoria com impactos substanciais sobre a equação do negócio. No caso da empresa em estudo, essa priorização será dada a área de produção de polpas de frutas. Dada a importância dessa ferramenta para a redução de custos, o presente estudo propôs a aplicação do Mapeamento de Fluxo de Valor, para diagnosticar, analisar e propor melhorias no processo de beneficiamento de polpas de frutas em uma Agroindústria localizada no município de Tomé-Açu/ PA. 2. PROBLEMA DE PESQUISA Com base nas informações mencionadas na introdução do projeto, apresenta-se a questão da pesquisa que norteará este trabalho: Como identificar os desperdícios existentes e as atividades que não agregam valor no fluxo de beneficiamento de polpas de fruta, bem como, as oportunidades de melhoria para aumento de capacidade nesse processo? 3. HIPÓTESES Segundo Silva e Menezes, (2005), hipóteses são conjecturas colocadas como respostas plausíveis e efêmeras para o problema de pesquisa, uma vez que poderão ser confirmadas ou refutadas com o desenvolvimento da pesquisa. As autoras afirmam que um mesmo problema pode apresentar muitas hipóteses, que irão orientar o planejamento dos procedimentos metodológicos cogentes à execução da pesquisa. Como parâmetro para verificação do problema proposto, apresenta-se as hipóteses que buscar-se-á serem confirmadas com a execução deste projeto: Com a aplicação do Mapeamento de Fluxo de Valor, será possível mensurar os desperdícios e as atividades que não agregam valor no processo de beneficiamento de polpas de frutas; A implantação do Mapeamento de Fluxo de Valor incutirá em melhorias que aumentarão a capacidade no processo da empresa. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 17 4. JUSTIFICATIVA A agroindústria de polpas de fruta teve um grande crescimento no estado do Pará a partir da década de 90, confirmado pelo fortalecimento e/ou surgimento de grandes empresas como: CAMTA - Cooperativa Agrícola Mista de Tomé Açu, COFRUTA – Cooperativa dos Fruticultores de Abaetetuba, COOFAMA – Cooperativa Mista da agricultura Familiar de Marabá, dentre outras. (KATO & TAKAKI, 2004). Este setor, entretanto, assim como os demais sistemas agroindustriais necessita de maior estruturação concernente ao gerenciamento de seus processos produtivos, e com o aumento da competitividade as empresas buscam a redução de custos para se manterem no mercado. Vale salientar que as estratégias utilizadas geralmente acabam prejudicando a qualidade dos produtos, visto que tais empresas tendem a remunerar menos pela matéria prima, ocasionando prejuízo ao produtor e consequentemente à produção de frutas. Para evitar e reduzir esses impactos deve-se analisar, de forma completa a cadeia produtiva em questão, ponderando tanto antes, quanto depois do processo de transformação da fruta, o que possibilitará a obtenção de informações para viabilizar estratégias mais eficientes. Consoante a estas estratégias a introdução da filosofia Lean Manufacturing ou Produção Enxuta como instrumento de transformação empresarial, possibilitará o aumento da eficácia da produção de tais empresas, pela eliminação consistente e completa de desperdícios (OHNO, 1997). Essa filosofia, maximiza a eficiência e a produtividade, maximiza a flexibilidade, diminui os ciclos, além de contribuir para uma maior conexão e empenho entre as áreas envolvidas, o que justifica a relevância de sua aplicação. (WOMACK et al, 1992). Embora o caminho para a implantação dessa filosofia seja longo, os primeiros resultados são imediatos e motivadores. Ser Lean, é uma opção inteligente e absolutamente fundamental para as organizações do século XXI. A produção enxuta engloba uma serie de métodos e ferramentas extremamente úteis, conhecidas e aplicadas pelas organizações, mas poucas evidenciam tão detalhadamente o fluxo de valor do processo, quanto o Mapeamento do Fluxo de Valor. Rother e Shook (2003), apontam o Mapeamento de Fluxo de Valor como uma ferramenta essencial, indicando uma serie de vantagens na aplicação do Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 18 mesmo. Segundo os autores, o mapeamento permite visualizar o fluxo e não somente os processos individuais, ajuda a identificar não só os desperdícios, mas as fontes destes no fluxo de valor, provê uma linguagem comum no que tange aos processos de manufatura, e evidencia as decisões sobre o fluxo, possibilitando o debate acerca de detalhes do chão de fabrica, bem como, une conceitos e técnicas enxutas de modo a evitar a implantação de técnicas isoladas, mostrando a relação entre o fluxo de informação e o fluxo de material, o que não é feito por nenhuma outra ferramenta. Ainda segundo os mesmos autores o Mapeamento é muito mais útil quando comparado com ferramentas meramente quantitativas que produzem um conjunto de passos que não agregam valor. O Mapa de Fluxo de Valor é uma ferramenta qualitativa, que possibilita a descrição detalhada de como a unidade produtiva deveria operar para criar um fluxo enxuto de valor, considerando parâmetros quantitativos deste fluxo. A ferramenta se adéqua perfeitamente às necessidades existentes na empresa, haja vista que ocorre uma série de desperdícios e atividades que não agregam valor no processo de beneficiamento de polpas de fruta, corroborando à necessidade da pesquisa. Problemas com fluxo de produção desordenado(superprodução), falhas direcionadas ao fluxo de materiais e informação, perdas no transporte e processamento da matéria-prima, dentre outras. Diante disso a aplicação da ferramenta proporcionará melhorias significativas, de acordo com as vantagens mencionadas, sendo assim, o caminho para o aumento da competitividade da empresa. A execução de estudo acerca deste tema é de extrema relevância para a gestão do processamento de polpas, uma vez que quando da obtenção dos resultados gerados pelo Mapeamento de Fluxo de Valor foi possível determinar com alto grau de acuracidade os gargalos e desperdícios existentes, direcionar melhorias no fluxo e propor as formas de intervenção que efetivamente contribuirão para um salto no desempenho da empresa. 5. OBJETIVOS Neste tópico serão abordados os objetivos, geral e específico definidos para a execução do estudo. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 19 5.1. Objetivo Geral Identificar os desperdícios e as atividades que não agregam valor no processamento de polpas de fruta, e posterior proposição de ações que possibilite melhorias no desempenho operacional e aumento da capacidade produtiva. 5.2. Objetivos Específicos Mapear o processo produtivo de beneficiamento de polpa de fruta da empresa objeto deste estudo; Identificar e mensurar os parâmetros deste processo de manufatura; Definir e analisar o mapa do estado atual do processamento de polpas de fruta; Propor mapa(s) futuros conforme a determinação dos mapas do estado atual e da busca de melhorias do desempenho operacional da empresa. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 20 CAPITULO II - REFERENCIAL TEÓRICO O segundo capítulo versa do fundamento bibliográfico examinado para a obtenção de insumos de informação imprescindíveis para a efetivação do estudo. 1. PARADIGMAS DA GESTÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA O capitulo iniciará com uma contextualização histórica quanto aos marcos do desenvolvimento industrial. 1.1. I e II Revolução Industrial A partir do século XVIII, a ciência ingressou em um constante processo de evolução, que desencadeou uma série de novas tecnologias que modificaram de forma acelerada a vida do homem, mormente, no modo de produzir mercadorias, o qual aprouve sobretudo ao setor industrial, acelerando o desenvolvimento e consolidação do sistema capitalista como modo de produção dominante. Esta acelerada transformação neste setor é denominada historicamente como Revolução Industrial. A Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela máquina. Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana para motriz, é o ponto culminante de uma evolução tecnológica, social, e econômica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média. (BLOSFELD, 2012). A Primeira Revolução Industrial surgiu na Inglaterra no final do século XVIII início do século XIX, sendo marcada principalmente pelo advento da máquina à vapor na indústria têxtil, movida a carvão mineral e locomotiva a vapor. Até então o que perdurava era a produção artesanal, que fazia uso de ferramentas simples, flexíveis e com custos altos, uma vez que os produtos eram fabricados sob encomenda pelos clientes, nesse período a produção deixou de ser artesanal e passou a ser manufaturada e em larga escala. (MUNDO EDUCAÇÃO, 2012) No desenvolver da Revolução Industrial a necessidade crescente por inovações tecnológicas se tornou uma demanda comum, para qualquer organização que almejasse a ampliação de lucros. Destarte, o modelo industrial estipulado no século XVIII passou por diversas mudanças e aperfeiçoamentos que marcaram essa busca constante por novidades. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 21 A partir de 1870, uma nova onda tecnológica sedimentou a chamada Segunda Revolução Industrial. Os principais adventos desse período foram o emprego da energia elétrica, o uso do motor à explosão, os corantes sintéticos e a invenção do telégrafo, que estipularam a exploração de novos mercados e a aceleração do ritmo industrial. Por meio dessas inovações, as indústrias puderam obter lucros cada vez maiores e dinamizar o processo que se dava entre a obtenção da matéria-prima e a venda do produto ao consumidor final. Ao mesmo tempo, o domínio mais peculiar sobre os gastos permitiram o cálculo preciso das margens de lucro a serem alcançadas. Dessa forma, o capitalismo rompia novas fronteiras e incidia diretamente na aceleração da economia mundial. (BRASIL ESCOLA, 2012). Vale destacar algumas das implicações da revolução industrial. O incremento da produção industrial criou uma oferta sem precedentes de bens comercializáveis, amortizando de modo significativo o valor de tais. Elevou-se o nível de consumo da população e o desenvolvimento de um amplo mercado de bens e serviços e, mais lentamente, um expressivo mercado de capitais. A existência de um mercado capaz de absorver os produtos fornecidos pelas novas unidades de produção impulsionou o surgimento da chamada produção em massa. 1.2. Produção em massa De acordo com Womack et al. (1992), após a Primeira Guerra Mundial, a indústria automobilística evolui da produção artesanal para a produção em massa impulsionada por Henry Ford. Os métodos de produção em massa são baseados em dois princípios básicos: Divisão e especialização do trabalho humano e o emprego de ferramentas e máquinas para a produção de peças padronizadas e intercambiáveis. A eficiência desse sistema, segundo Chandler (1977, apud Santos, 2003, p.23), está nas contenções de tempo mediante o aumento na rapidez com que os materiais são trabalhados na produção. É esse acréscimo no volume de material a ser transformado que consente reduções nos custos unitários do produto. Além da redução de custos, a produção em massa contribui para alcançar melhorias de uniformidade e qualidade. Os grandes volumes, projeto, materiais e processos padronizados permitem que o controle estatístico de qualidade e técnicas de Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 22 inspeção monitore a produção e qualidade do produto. Isto leva a garantias confiáveis de nível de qualidade sem incorrer em elevados custos de inspeções detalhadas. Entretanto, a produção em massa opera com estoques e lotes de produção elevados e apresenta pouca flexibilidade, porque as ferramentas, dispositivos, métodos e máquinas são minuciosamente projetados para adequar-se aos detalhes dos produtos. Alterações no projeto do produto tornam obsoletas máquinas e ferramentas de elevados custos. A partir da década de 80 constatou-se que o Japão produzia automóveis melhores, mais baratos e com uma produtividade superior à dos países desenvolvidos ocidentais. Assim começa a sair de cena a Produção em Massa e entra a Produção Enxuta também conhecida como Sistema Toyota de Produção. (ADMINISTRAÇÃO EM PAUTA, 2012). 2. O PARADIGMA DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO O conceito de paradigma foi inicialmente definido por Kuhn (2003, apud Cordeiro, 2007, p.2) em sua obra “A Estrutura das Revoluções Científicas”, publicada pela primeira vez em 1962. Para o autor, um paradigma consiste em um modelo subjacente sob o qual se analisam os diversos problemas em um determinado campo do conhecimento. A produção enxuta tem sido um dos principais paradigmas de gestão da produção implantados nas indústrias nos últimos tempos. Sua filosofia e ferramentasaplicam-se a muitos dos diversos tipos de sistemas produtivos. Um dos principais elementos é a busca pela estabilidade dos processos e operações, exigindo a aplicação do nivelamento da produção, como forma de programação nivelada e controle produtivo. Womack et al. (1992) ponderaram que o sistema de “produção enxuta se instituiria como o modelo convergente de organização da produção, visto, que o sistema aplicado pelas companhias japonesas seria capaz de adaptar rapidamente o projeto e a produção de veículos às mudanças de mercado e gerar lucros em qualquer ambiente, graças a uma mão de obra qualificada, que participa da redução de custos e de ações de melhoria de qualidade. Os autores afirmavam em seu livro que o sistema Toyota de Produção, é o melhor sistema de produção para o século XXI, superior a outras formas de organização da produção. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 23 2.1. O Sistema Toyota de Produção e a Mentalidade Enxuta O Sistema Toyota de Produção (STP) foi criado nos anos 50 pela Toyota Motor Corporation. A Toyota encontrava-se inserida no cenário japonês subsequente à Segunda Guerra Mundial, em que a economia fora devastada pela guerra e o mercado interno era muito restrito. Ademais, a empresa possuía recurso e capital escasso, e as demandas dos consumidores eram baixas demais para justificar cada linha de montagem completamente dedicada a um único modelo. Assim, para se tornar competitiva, a empresa precisaria produzir pequenos volumes de distintos modelos, empregando a mesma linha de montagem, com alta qualidade e recursos limitados, de forma a eliminar os desperdícios e otimizar todos os processos de produção que estivessem interligados. Foi nesse contexto que a empresa criou o STP e se tornou o que é hoje, uma das maiores companhias automobilísticas do mundo (LIKER, 2005; WOMACK ET AL., 1992). Os cinco princípios do pensamento enxuto, segundo Womack e Jones (1992), estão expostos na figura 1 Os Cinco Princípios Enxutos Determinar o valor por produto específico (Princípio do Valor) Identificar a cadeia de valor para cada produto (Princípio do Fluxo de Valor) Fazer o valor fluir sem interrupções (Princípio do Fluxo) Deixar que o cliente puxe o valor do produto (Princípio de Sistema Puxado) Buscar a perfeição (Princípio da Perfeição) Figura 1: Classificação dos Princípios Enxutos. Fonte: Womack e Jones (1992). Todos os cinco princípios apresentados na figura 1 são fundamentais para as organizações que pretendem se auto intitular como lean. Além disso, representam a base da mentalidade enxuta como um todo. A mentalidade enxuta pode ser definida como um sistema que se concentra na eliminação do desperdício, definido como tudo aquilo que não é necessário no ciclo produtivo de um produto ou serviço. Trata-se de um modo de especificar valor, alinhar na melhor sequência as ações que os criam, realizar as Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 24 tarefas pertinentes de uma forma rápida e organizada. Dessa forma, o esforço humano diminui, e a utilização de equipamentos torna-se menor, proporcionando mais precisão, praticidade e eficiência. Ao mesmo tempo não se eliminam empregos, mas sim desperdícios. (WEIS, 2012). Os reflexos das práticas do pensamento enxuto resultam em custos cada vez mais baixos, lucro cada vez melhor e aumento significativo do nível de competitividade. Entre as principais tecnicas de eliminação de desperdicios pode-se citar: as células de manufatura, fluxo contínuo de peças, utilização de prevenção de falhas, sistemas de troca rápida de ferramentas, o Mapa do Fluxo de Valor dentre outros.( SHINGO ,1996);( WOMACK E JONES,1992). A Produção Enxuta, além do esforço para eliminação dos desperdícios, caracteriza-se também pela não aceitação da situação vigente ou ainda de padrões arbitrários de desempenho. Na abordagem tradicional as metas costumam ser estáticas, para determinado período de tempo, depois podem ser alteradas para aprimoramentos. Essas metas funcionam como padrões, com base nos quais é exercida a atividade de controle que procura minimizar os afastamentos que ocorrem em relação a estes modelos. O controle mantém o processo estável e os resultados dentro das tolerâncias aceitáveis (CORRÊA & GIANESI, 1996). O autor ressalta ainda que a Produção Enxuta possui as seguintes metas para solução dos vários problemas de produção: zero defeito, tempo zero de preparação (set up), estoque zero, movimentação zero, quebra zero, lead time zero, e lote unitário (uma peça). Womack et al. (1992) afirmam que se tornaram convictos de que os princípios da Produção Enxuta se aplicam a todas as empresas do mundo e que a conversão das indústrias para esse sistema irá transformar a sociedade e o mundo do trabalho. 2.2. A Base e os Pilares do Sistema Toyota de Produção Como já supracitado o objetivo mais importante do Sistema Toyota é o aumento da eficiência da produção através da eliminação consistente e completa de desperdícios. Ohno (1997) afirma que a sustentação do STP está na busca contínua de reduzir a linha do tempo entre o pedido de um cliente até o ponto do recebimento do dinheiro, removendo os desperdícios que não agregam valor. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 25 Os dois pilares que suportam este sistema são o Just in time (JIT) e a autonomação (“Jidoka”), complementados por outros componentes essenciais, e a base de sedimentação do mesmo considerada como principal paradigma do sistema. O que pode ser verificado na figura 1. Figura 2: Pilares de sustentação da produção Enxuta. Fonte: Adaptado de Liker (2005 p.51). O sistema é representado por uma casa, pois ela é um sistema estrutural. Este sistema só é forte se todas as suas vinculações, telhado, bases e pilares são fortes. O telhado representa as metas que devem ser adotadas, maior qualidade, menor custo e lead time mais curto. Existem dois pilares de sustentação da produção Enxuta o Just in time e o Jidoka, que por sua vez, têm como fundamentação o Heijunka (nivelamento da produção), trabalho padronizado, Kaizen (melhoria contínua) e a estabilidade, que são o alicerce da casa. (LIKER 2005). A compreensão dessas ferramentas básicas depende de uma visão sistêmica, que o tempo todo influencia o comportamento das pessoas envolvidas na sua utilização, do chão de fábrica aos executivos, o que possibilita interpretar a produção enxuta como um sistema integrado de princípios, práticas operacionais e ferramentas que tornam possível a desejada agregação de valor ao consumidor. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 26 2.2.1. Just in Time (JIT) O just in time promulga que cada processo deve ser suprido com os itens certos, no momento certo, na quantidade certa e no local certo identificando e eliminando desperdícios, garantindo assim o fluxo contínuo no chão de fábrica (SHINGO, 1996). Deste modo a empresa apresenta ganhos, como menor lead time, aumento da qualidade do produto e menores custos de fabricação. Essa filosofia inclui aspectos ligados à administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo físico, projeto de produto, organização do trabalho e gestão de pessoas. Baseia-se no Heijunka e é formado por três elementos operacionais: tempo takt , fluxo continuo e sistema puxado. Vide figura 2. Figura 3: Pilar JIT de sustentação da produção Enxuta. Fonte: Adaptado de Liker (2005 p.51). O Heijunka éo nivelamento do tipo e da quantidade de produção durante um período fixo de tempo, permitindo que a produção atenda eficientemente ás exigências do cliente, ao mesmo tempo em que evita excesso de estoque, reduz custo, mão - de - obra e lead time de produção em todo o fluxo de valor (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2007). Com o JIT, a ordem do processo produtivo foi invertida e os clientes passaram a “puxar” a produção, fazendo com que cada processo só produzisse o que fosse demandado pelo processo subsequente, possibilitando uma produção em fluxo contínuo, ou seja, sem paradas (sem estoques ou com estoques mínimos e controlados ,chamados de supermercados), (Ohno, 1997). De Acordo com Rother e Sook, (2003),o fluxo contínuo é a resposta à necessidade de redução do lead time de produção, uma vez que permite que cada peça percorra seu fluxo de fabricação sem interrupção, evitando esperas, formação de estoques intermediários e superprodução, reduzindo a movimentação e o transporte. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 27 Os autores ainda salientam que a implementação de um fluxo contínuo de produção torna necessário um perfeito balanceamento das operações ao longo da célula de fabricação/montagem. Na Toyota, o balanceamento das operações está fundamentalmente ligado ao conceito do Takt Time que é o tempo necessário para produzir um componente ou um produto completo, baseado na demanda do cliente. Em outras palavras, o takt time associa e condiciona o ritmo de produção ao ritmo das vendas. O sistema puxado é um método de controle da produção em que o processo cliente avisa o processo fornecedor sobre suas necessidades, ou seja o ritmo da demanda do cliente final deve repercutir ao longo de toda a cadeia de valor, desde o armazém de produtos acabados até os fornecedores de matérias primas. Na lógica da “produção puxada”, o fornecedor produzirá somente quando houver demanda de seu cliente. Por meio da produção puxada tenta-se eliminar a produção em excesso. (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2007). 2.2.2. Autonomação (Jidoka) A autonomação (ou Jidoka) ao lado do JIT ocupa a posição de pilar de sustentação do STP e pode ser interpretada como um controle autônomo de defeitos. Tal conceito teve origem nos teares da família Toyota, onde existiam dispositivos anti-falha (poka-yoke) os quais proporcionavam a parada da operação quando a tarefa estava realizada ou quando havia algum problema detectado, possibilitando que um mesmo operador trabalhasse em várias máquinas ao mesmo tempo (OHNO, 1997). Todavia Shingo (1996) prefere o termo “pré-autonomação” para definir a maquina com capacidade de parar automaticamente quando a quantidade requerida foi atingida ou quando algo anormal acontece no processamento. A autonomação é composta pela separação do homem e a máquina e pelo poka yoke, conforme figura 3. Segundo Guinato (2000) a separação entre a máquina e o homem é um requisito essencial para a implantação do Jidoka. Na prática a separação que ocorre é entre a detecção da anormalidade e a solução do problema. A detecção pode ser uma função da máquina, haja vista que é técnica e economicamente viável, enquanto a solução ou correção do problema continua como responsabilidade do homem. Dessa forma a transferência das atividades Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 28 manuais e funções mentais (inteligência) do homem para a máquina, permitem que o trabalhador opere mais de uma máquina simultaneamente. Figura 4: Pilar Jidoka de sustentação da produção Enxuta. Fonte: Adaptado de Liker (2005 p.51). O segundo componente do pilar Jidoka é o dispositivo poka-yoke. O poka yoke é um mecanismo de detecção de anormalidades que, acoplado a uma operação, impede a execução irregular de uma atividade, ou seja, é uma forma de bloquear as principais interferências na execução da operação Os dispositivos poka-yoke são maneiras pelas quais o conceito do Jidoka é colocado em prática. A aplicação dos dispositivos poka-yoke permite a separação entre a máquina e o homem e o decorrente exercício do jidoka. (MODEM, 1999). Em suma a ideia principal na utilização da autonomação ou pré- autonomação é impedir a ocorrência e propagação de defeitos, acabando com qualquer anormalidade no processamento e no fluxo de produção. Pois quando a máquina interrompe o processamento ou o operador tem que parar a linha de produção, de imediato o problema torna-se visível tanto para o operador quanto aos seus colegas e à sua supervisão. Isto desencadeia um esforço conjunto para identificar a causa e eliminá-la, evitando a reincidência do problema e consequentemente reduzindo as paradas da linha, possibilitando a estabilidade desse processo e obtendo um fluxo continuo de produção. 3. MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR Rother e Sook, (2003) conceituam o Mapeamento do Fluxo de Valor, como um processo de identificação de todas as atividades específicas que ocorrem Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 29 ao longo do fluxo de valor referente a um produto ou família de produtos. É uma ferramenta desenvolvida e difundida mundialmente pelos próprios autores. O Fluxo de Valor é o conjunto de todas as atividades que ocorrem desde a obtenção da matéria prima até a entrega ao consumidor final, o que significa levar em conta o quadro mais amplo e não os processos individuais, buscar melhorar o todo e não somente as partes isoladas. A grande conveniência da criação do fluxo é fazer com que os problemas venham à tona e qualquer ocorrência de irregularidade parará a linha de produção. Quando se trata de valor, deve-se realizar um verdadeiro desmanche na cadeia produtiva separando os processos em três tipos: aqueles que efetivamente geram valor, aqueles que não geram valor, mas são importantes para a manutenção da qualidade e, por fim, aqueles que não agregam valor devendo ser eliminados imediatamente (FERREIRA et al., 2012). Essa ferramenta faz uso de um conjunto de ícones e regras que leva em consideração tanto o fluxo de materiais como o fluxo de informações. Os estoques, os transporte de materiais, estão presentes no mapa, mas quantificados provisoriamente, bem como, constam no Mapa de Fluxo de Valor os tempos dos intervalos de entrega e recebimento, tempos de processo, quantidade de mão de obra, máquinas, e equipamentos. Logo, trata-se de uma ferramenta imprescindivel para o processos de visualização da situação atual e da organização e construção da situação futura. O VSM pode ser usado em vários níveis de análise, desde um processo único passando pelos fluxos de uma unidade produtiva até toda a cadeia de valor que pode englobar várias empresas. Na divisão de tarefas da implantação do pensamento enxuto cabe aos níveis hierárquicos superiores a melhoria do fluxo de valor (Kaizen de fluxo) e aos inferiores a eliminação de desperdícios (Kaizen de processo). O Mapeamento também aponta ícones para distinguir a produção puxada e a empurrada. De acordo com o pensamento enxuto, a produção empurrada tradicional é uma das causas do desperdício e deve ser eliminada e, se isso não for possível, contida mediante estoques do tipo FIFO (first in first out) - termo que pode ser traduzido pela expressão “o primeiro que entra, o primeiro que sai”- de capacidade definida, a implantação do sistema puxado pode ser feita através de um sistema de cartões (Kanban). (LOPES et al., 2004, apud Cavalcante, 2011, p.31). Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamentodo Fluxo de Valor. 30 O kanban, é um sistema de sinalização entre cliente e fornecedor que informa ao processo-fornecedor exatamente o que, quanto e quando produzir. O sistema kanban tem como objetivo controlar e balancear a produção, eliminar perdas, permitir a reposição de estoques baseado na demanda e constituir-se num método simples de controlar visualmente os processos e pode ser composto apenas por Kanbans de Produção ou por Kanbans de Produção + Kanbans de Movimentação. O Desígnio principal da ferramenta Mapeamento do Fluxo de Valor é obter uma visualização clara dos processos de manufatura, bem como diretrizes eficazes de análise que auxiliem no projeto de otimização do fluxo e supressão de desperdícios, propondo melhorias estruturadas, produzindo aquilo que o cliente espera, no tempo que ele desejar e pelo valor que ele está disposto a pagar. Em outras palavras, o VSM ajuda a enxergar as diversas oportunidades de melhorias ocultas no sistema, identificando quais fluxos agregam e não agregam valor ao processo. Liker (2007) complementa essa ideia afirmando que o propósito da ferramenta é criar um fluxo de valor estendido em que todos os funcionários sejam forçados a pensar, resolver problemas e eliminar perdas. Vale salientar que muitas pessoas estão envolvidas na implantação enxuta, e todas precisam entender o Mapeamento do Fluxo de Valor. Todavia o Mapeamento em si e a equipe de implantação precisam ser liderados, por uma única pessoa, que enxergue através das fronteiras do fluxo de valor de uma família de produtos e que faça as coisas acontecerem. O especialista enxuto inicia a visita ao contrário, começando pela porta de saída do produto (a expedição), pois esse é o ponto de vista do cliente: não importa para o cliente para onde irá o material, e sim de onde ele vem. O fluxo deve ser construído “porta a porta”, ou seja, iniciando-se pela porta de saída (produto acabado) até a porta de entrada (matéria prima). (CANTIDIO, 2012). 3.1. Etapas para o Mapeamento do Fluxo de Valor Para a elaboração do Mapeamento do Fluxo de Valor, Rother e Shook (2003) desenvolveram um manual prático para uso empresarial que estabelece uma sequência lógica de etapas. As etapas básicas que constituem essa ferramenta estão representadas na figura 2. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 31 Figura 5: Etapas do MVF. Fonte: Rother e Sook (2003). O primeiro passo consiste em selecionar uma família de produtos, composta por um grupo de produtos que passam por etapas semelhantes de processamento e utilizam equipamentos similares em seus processos; Desenhar o estado atual e o estado futuro, o que é feito mediante a coleta de informações do chão de fábrica: as setas entre esses dois estados têm duplo sentido indicando que o desenvolvimento de ambos são esforços superpostos. Desse modo às ideias referentes ao estado futuro fluirão enquanto se estiver mapeando o estado atual, assim como mapear o estado futuro mostrará importantes informações sobre o estado atual que passaram despercebidas; Montar um plano de implementação em uma página que apresente como se planeja alcançar o estado futuro, e colocá-lo em pratica o mais breve possível, logo, assim que esse estado torna-se tangível, um novo mapa deverá ser desenhado, o que significa uma melhoria contínua no fluxo de valor. Destarte sempre deverá haver um mapa do estado futuro em implantação, haja vista que um mapa do estado atual e todo o esforço para desenhá-lo são puro desperdício, a menos que o mesmo seja utilizado para rapidamente criar um mapa do estado futuro que suprima as fontes de desperdício e agregue valor ao cliente. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 32 3.2. O Mapa do Estado Atual e Futuro O Mapeamento é um desenho realizado de forma simples, mediante ao uso de lápis e papel, e a partir das informações referentes à família de produtos selecionada. As informações reminiscentes aos clientes, a fornecedores e a Programação e Controle da Produção (PCP), devem ser buscadas em cada setor, entretanto, os dados alusivos aos processos produtivos devem ser obtidos diretamente no chão de fábrica para reportar com precisão o atual fluxo de necessidades do valor. Em linhas gerais, estas informações referem-se ao tempo de cliente: peças por mês, turnos de trabalho, processo de trabalho na empresa: dias por mês, turnos por dia, horas por turno, programação de Produção: etapas, tempos, máquinas e pessoal disponíveis, (PCP): previsões, lançamentos, compras, pedidos, ordens de fornecedor: Lotes mínimos, produção para as etapas e para expedição, frequência de entregas, e tempo de entrega. (FERREIRA et al., 2012). A metodologia utilizada para a elaboração do mapa do estado atual se vale de símbolos lógicos dispostos de maneira orientada, e a representação do processo é um fluxograma. Utilizando uma linguagem padronizada, o processo produtivo é mapeado em todo seu detalhamento, proporcionando uma visão do fluxo mais clara e que facilita a tomada de decisões. Além disso, a metodologia exige o desenvolvimento de um plano de implantação, que acompanhe as ações de migração do estado atual para o estado futuro. Ainda concernente à simbologia empregada é importante ressaltar que nada impede de que outros símbolos sejam criados na ocasião do mapeamento, mas o importante é que todos os envolvidos no projeto possam compreendê-los. Os ícones associados a essa ferramenta estão representados nos quadros 1 e 2. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 33 Quadro 1: Ícones de materiais e de informação. Fonte: Adaptado de Rother e Shook (2003). Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 34 Quadro 2: Ícones de materiais e de informação. Fonte: Adaptado de Rother e Shook (2003). Quadro 3: Ícones gerais. Fonte: Adaptado de Rother e Shook (2003). Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 35 Na figura 6 está um exemplo do Mapa de Fluxo de Valor utilizando os ícones apresentados no Quadro 1 e 2. Figura 6: Mapa do fluxo de valor (adaptação). Fonte: Rentes (2000). A identificação e definição do estado futuro no desenho atual possibilitam a construção do novo fluxo de valor, o estado futuro, que é na verdade o fruto da análise do estado atual sob a ótica dos princípios enxutos. Segundo Queiroz; Rentes & Araújo, (2004, apud Maia & Barbosa, 2006, p.7); Rother e Sook (2003) o Mapeamento do Fluxo de Valor apresenta um conjunto de procedimentos chave para desenvolvimento do fluxo enxuto no estado futuro: Produzir de acordo com o takt time: como já supracitado o takt time, é a velocidade na qual os clientes solicitam os produtos acabados, ele é obtido pela divisão do tempo total disponível de produção por turno (T/D) pela demanda do cliente. É utilizado para sincronizar o ritmo da produção com o das vendas, sem criar um excesso de produção; Desenvolver um fluxo contínuo onde possível: significa produzir uma peça de cada vez, passando cada item de uma etapa do processo para a outra, sem paradas, ocasionando em menos desperdícios; Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 36 Empregar supermercados para controlar a produção onde o fluxo contínuo não se estende aos processosanteriores: onde o fluxo contínuo não for possível, haverá necessidade de fabricação em lote, para isso, será necessário a instalação de um sistema puxado com base em supermercados, isto é, o processo cliente vai ao supermercado e retira somente o que precisa e quando precisa, cabendo ao processo fornecedor produzir apenas para o reabastecimento; Procurar enviar a programação do cliente para somente um processo de produção: esse ponto será chamado de processo puxador, pois ele controla o ritmo de todos os processos anteriores de acordo com a demanda necessária; Nivelar o mix de produção: distribuir a produção de diferentes produtos uniformemente durante um período de tempo, alternando repetidamente lotes menores de diferentes produtos, ao invés de dividi-los por períodos (manhã - tarde). Quanto maior o nivelamento do mix no processo puxador, melhor será sua resposta a diferentes pedidos dos clientes com um lead time curto; Nivelar o volume de produção: criar uma puxada inicial com a liberação e retirada de apenas um pequeno e uniforme incremento de trabalho no processo puxador. Além do procedimentos chave citados pelos autores, para guiar a construção do mapa futuro e implantar práticas de produção enxuta, Rother e Shook (2003) sugerem também uma lista de oito questões: Questão 1. Qual é o takt time? O takt time corresponde ao tempo disponível de trabalho em um determinado período dividido pela demanda nesse período. O takt time é responsável pela sincronização do ritmo de produção com o ritmo de demanda, apontado pelas necessidades dos clientes. Questão 2. O produto será fabricado para um supermercado de produtos acabados ou diretamente para a expedição? Produzir para um supermercado significa produzir para um estoque pré-determinado e controlado, sendo que o produto somente será fabricado novamente quanto o supermercado necessitar de reposição (sistema kanban). Produzir diretamente para a expedição exige um fluxo de pedidos totalmente sincronizado com a entrega, de modo que não sejam formados altos níveis de estoque. Questão 3. Onde se pode usar fluxo contínuo? É atingido o fluxo contínuo quando se consegue produzir uma peça de cada vez, com cada item passando imediatamente de um estágio para o seguinte, sem nenhuma parada entre Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 37 eles. Quando dois processos são transformados em fluxo contínuo, duas caixas de processo (ícones do VSM) passam a ser representados por uma. Questão 4. Onde será necessário usar o sistema puxado com supermercado? Quando o fluxo contínuo não for possível, pode-se utilizar o sistema de supermercado com fluxo puxado via kanban. De modo alternativo, pode- se aplicar um sistema FIFO (first in, first out) entre dois processos, substituindo os supermercados por um fluxo controlado por meio de um armazém que limite a quantidade de estoque no processo seguinte. Questão 5. Em qual ponto da cadeia a produção deve ser programada? Sempre que possível, deve-se enviar a programação de ordens de produção para um único ponto do processo produtivo (processo puxador) localizado, preferencialmente, no final da linha. Questão 6. Como nivelar o mix de produção no processo puxador? Dentro da lógica heijunka, preconizada pelo sistema just-in-time de programação, recomenda-se distribuir uniformemente o mix de produtos em ordens de produção niveladas, de maneira que se possa reduzir lead time e estoques intermediários. Questão 7. Qual incremento uniforme de trabalho será liberado para o processo puxador? Nesse caso, sugere-se nivelar o volume de produção por meio da determinação da quantidade padrão de um contenedor e do tempo de pitch adequado. Questão 8. Quais melhorias de processo serão necessárias para atingir o estado futuro? Ao responder estas perguntas, a equipe do VSM fará uso da lógica de melhoria contínua (kaizen) para identificar os pontos do processo que devem ser aperfeiçoados para viabilizar o estado futuro planejado. Com o Mapa do Estado Futuro é possível criar o plano de ação, que é uma ferramenta de organização das ações indispensáveis para que a transformação enxuta flua da forma mais adequada possível. Ele é composto por um cronograma de organização e acompanhamento das medidas necessárias, onde estão contidas as ações, as equipes, os responsáveis, a sequência das atividades, e o tempo de realização de cada uma delas. De posse deste documento, a empresa pode planejar com precisão a aplicação de recursos humanos e financeiros que irá disponibilizar em cada etapa do projeto e analisar o retorno esperado (FERREIRA et al., 2012). Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 38 CAPITULO III - ASPECTOS METODOLÓGICOS Este capítulo esboça as principais características envolvidas na metodologia de pesquisa e apresenta a estratégia de pesquisa adotada para concretização deste trabalho. 1. CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA Segundo Silva e Menezes (2005), toda pesquisa deve ser classificada de acordo com alguns critérios, tais como: natureza da pesquisa, objetivos, forma de abordagem do problema e procedimentos técnicos. 1.1. Natureza da pesquisa Esta classificação é diferenciada em pesquisa básica – desenvolvimento de novas teorias, geração de novos conhecimentos, e pesquisa aplicada - geração de conhecimentos, para aplicação prática e dirigidas à solução de problemas específicos. (SILVA e MENEZES,2005). O presente projeto se insere como pesquisa aplicada, pois é uma aplicação prática para solução de um problema específico. 1.2. Abordagem do problema de Pesquisa As autoras Marconi e Lakatos (2007), discutem duas metodologias de pesquisa: a quantitativa e a qualitativa. Segundo elas no método quantitativo, os pesquisadores contam com amostras amplas e informações numéricas, enquanto no qualitativo são reduzidas, os dados são analisados em seu conteúdo psicossocial. Na visão de Miguel et al.,(2010), na abordagem quantitativa , o pesquisador deve capturar as evidências da pesquisa por meio da mensuração das variáveis, bem como, pouco interfere nas variáveis de pesquisa. Todavia na abordagem qualitativa o ambiente de pesquisa é o próprio ambiente dos indivíduos. Dessas forma , a realidade subjetiva dos envolvidos é fundamental. Rother e Sook (2003), afirmam que o VSM, é uma ferramenta importante exatamente por descrever como a empresa deve operar para ter um fluxo de processo enxuto (análise qualitativa) para alcançar os números/metas esperados Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 39 (analise quantitativa), assim evidencia-se que a forma de abordagem do problema se classifica em ambos os casos. 1.3 Objetivos da Pesquisa Em alusão aos objetivos da pesquisa Gil (1996) e Vergara (2004) ponderam que a pesquisa pode ser: Exploratória: Segundo Gil (1996) a pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema de modo a torna-lo explícito, tornando-o mais claro e aprimorando as ideias. Para vergara (2004), essa pesquisa é realizada em áreas que há pouco conhecimento acumulado e sistematizado; Descritiva: Para Gil, (1996) a pesquisa descritiva permite a descrição das características de determinada população , fenômeno, ou estabelecimentos de relações entre variáveis envolvendo uso de técnicas padronizadas de coleta de dados. Contudo Vergara, (2004) salienta que a mesma não explica obrigatoriamente os fenômenos que descreve, porém serve de base para esta elucidação; Explicativa: Vergara, (2004), define pesquisa explicativa como aquela cujo principal objetivoe tornar algo inteligível, esclarecendo quais fatores contribuem para a ocorrência de determinado fenômeno. Entretanto Gil (1996) comenta que neste tipo de pesquisa há um maior aprofundamento do conhecimento da realidade, uma vez que explica a razão e o porque das coisas. A partir das definições citadas a pesquisa se classifica como exploratória, visto, que é estudo de caso onde dados reais foram analisados, o que propiciou maior familiaridade com o problema, tornando-o explicito. Ademais foi aplicado o modelo de produção enxuta, baseado nos princípios do Sistema Toyota de Produção, empregando como principal ferramenta o Mapeamento do Fluxo de Valor em uma agroindústria de polpas de fruta. 1.4. Procedimentos técnicos da pesquisa Procedimentos técnicos da pesquisa para Silva e Menezes (2005) ou Estratégia de pesquisa para Yin (2001) são divididos em: Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 40 Pesquisa Bibliográfica: elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e material disponibilizado na Internet. Pesquisa documental: elaborada mediante documentos que não recebem tratamento analítico; Pesquisa experimental: quando se determina um objeto de estudo selecionando –se as variáveis, que seriam capazes de influencia-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto; Levantamento: Quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer; Estudo de caso: Estudo profundo e exaustivo de uns poucos objetos de maneira a permitir seu amplo e detalhado conhecimento. É um método aplicável para o exame de acontecimentos contemporâneos, constituindo-se de uma investigação empírica que analisa um fenômeno dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre os fenômenos e o contexto não estão claramente definidos. Pesquisa Ex- Post – Facto: ocorre quando o experimento é realizado após os fatos; Pesquisa- Ação: A partir de um dado problema, os envolvidos compõem um grupo com metas comuns e desempenham papéis diversos, na necessidade de associar pesquisa e ação para sua resolução; Pesquisa Participante: Desenvolve-se a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Com base nas definições mencionadas este estudo se classifica como bibliográfico, tendo como fundamento a bibliografia oferecida sobre o assunto estudado, além de ser considerado como um estudo de caso, com observações diretas e investigações da situação atual. 2. ETAPAS DA PESQUISA A partir da definição metodológica foram delineadas as etapas necessárias para a execução da pesquisa, que estão sequenciadas em: Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 41 2.1. Revisão da Literatura A revisão da literatura foi desenvolvida mediante levantamentos em fontes bibliográficas disponíveis na literatura a respeito do Mapeamento do Fluxo de Valor, Produção Enxuta, Fluxo Contínuo, dentre outros. Foram realizadas pesquisas em livros, revistas científicas, sites de busca acadêmica, dissertações e teses sobre o tema. De posse dessas informações, efetivou-se uma revisão bibliográfica com conceitos de diversos autores, com o intento de aprimorar os conhecimentos nesses assuntos. 2.2. Coleta de dados A coleta de dados se deu por meio do emprego de pesquisa documental referente ao assunto; observação em campo sobre os aspectos produtivos, layout, movimentação, armazenamento, tempos de processo, além da medição dos ciclos, desenvolvida por meio de cronômetro digital. Já para auxilio e uniformização dos dados durante a coleta, aplicou-se um check-list para registro de variáveis tais quais: Tempo de preparação da operação; Tempo de execução da operação; Posto no qual é executado; Quantidade de operadores por posto de trabalho; Tempo de tarefa considerado como valor agregado(VA); Tempo de tarefa considerado como valor não agregado(VNA). Ainda fez-se uso de questionário baseado nos procedimentos adotados para o desenvolvimento do mapa de fluxo de valor, os quais são fundamentados no manual “Aprendendo a enxergar” de Rother e Shook (2003). Os mesmos se fizeram necessários para entrevista com o responsável pela organização, e também com os funcionários da linha de produção, para obtenção do conhecimento sobre cada etapa do processo, e de todas as informações pertinentes ao objetivo do projeto. 2.3. Apresentação e Discussão dos Dados Reportou-se a variedade de informações colhidas para uma planilha eletrônica Microsoft Office Excel 2010, em virtude de sua capacidade analítica e de Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 42 processamento de dados, que permitiu uma visualização mais clara e objetiva dos dados colhidos, tanto em aspectos quantitativos como qualitativos, possibilitando o tratamento e analise dos mesmos. Por conseguinte as etapas criticas do sistema, foram identificadas e analisadas, a fim de colocar em prática os métodos para a elaboração do Mapeamento do Fluxo de Valor atual e futuro. 2.4. Mapeamento do estado Atual e Futuro O mapeamento do estado atual foi realizado mediante uso de lápis e papel, como a ferramenta mesmo promulga, percorrendo toda a linha de produção, com o intuito de uma boa compreensão do fluxo de materiais e informação dentro da agroindústria. Com o mapa do estado atual, fez-se uma análise, para elaboração de um novo modelo, com as mudanças e melhorias no processo (mapa do estado futuro). 2.5. Comparação e discussão dos resultados Posteriormente realizou-se a analise e discussão dos resultados, com o intuito de visualizar melhorias ocorridas após a realização do VSM . Nesta etapa o Microsoft Office Excel 2010 ainda foi de grande utilidade, visto que foram gerados gráficos, que explicitaram claramente os ganhos ocorridos, entre o estado atual e o estado futuro proposto. 3. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO O presente estudo limita-se a analisar os aspectos englobados no processo de Mapeamento de Fluxo de Valor, especificamente de uma família de produtos a ser definida. As proposições de melhoria e avaliações quanto à possibilidade da implantação de recursos do sistema puxado de produção serão feitas de acordo com os dados fornecidos pela ferramenta utilizada pelo estudo. Também é propício destacar que este estudo será apenas proposto, cabendo a empresa a decisão pela implementação ou não do mapa desenvolvido. Devem ser levadas em consideração também algumas limitações no que diz respeito ao tempo disponível para coleta de dados na Agroindústria. Com isso, não será intuito do trabalho aprofundar-se em uma análise de custos ou mesmo de possíveis ganhos em termos monetários das melhorias propostas pelo mesmo. Silva.K.C.M.,Sakaguchi.V.Y.F., Análise do Desempenho Operacional de uma Agroindústria: uma aplicação da metodologia de Mapeamento do Fluxo de Valor. 43 CAPITULO IV – APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR Este capítulo detalha a aplicação do VSM na empresa de beneficiamento de polpa de fruta, começando com o Caracterização da Empresa, incluindo o detalhamento das etapas do processo produtivo; passando para a Definição e Análise dos Mapas do Estado Atual; e finaliza com a Proposição de Mapas do Estado Futuro. 1. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA O ambiente da pesquisa é uma Cooperativa de médio a grande porte, denominada Cooperativa Agrícola Mista de Tomé Açu – CAMTA, sediada no município de Tomé Açu, próximo a localidade de Quatro Bocas
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