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BLUM, R. DANTAS, T. Direito da Propriedade Intelectual e as Novas Tecnologia, CAP 2

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Direito da Propriedade Intelectual e as Novas Tecnologias - Thomas Kefas de Souza Dantas e Rita Peixoto Ferreira Blum
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Complexo Educacional Campos Salles
DIREITO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E AS NOVAS 
TECNOLOGIAS
Módulo 2
Signos Distintivos
Objetivos específicos
Estabelecer os pressupostos teóricos pertinentes aos sinais distintivos, relacionando o direito de 
propriedade intelectual com sua função de proteção à livre concorrência no mercado, dessa forma, 
o aluno poderá realizar as inferências relativas a necessidade de proteção de certos bens intangíveis 
da empresa, relacioná-los com a possibilidade existente de individualização e a consequente pos-
sibilidade de haver concorrência no mercado, beneficiando tanto o setor produtivo quando o setor 
consumidor.
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Temas abordados nesse módulo
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 5
1. O NASCIMENTO DO ESTADO BRASILEIRO .................................................................................................. 5
2. CARACTERÍSTICAS INICIAIS DO ESTADO BRASILEIRO ............................................................................ 7
2. 1 Forma do Estado em 1824 ............................................................................................................................ 7
2. 2 Divisão dos poderes do Estado em 1824 ................................................................................................ 8
2. 3 Forma de governo na constituição de 1824 .......................................................................................... 9
3. A CRISE DO IMPÉRIO E A ACESSÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL .......................................................10
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................................................11
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................12
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INTRODUÇÃO
Olá, bem-vindo ao nosso segundo módulo. Hoje iniciaremos o estudo sobre um dos temas mais in-
teressantes da propriedade industrial, o dos signos distintivos. Estamos falando especificamente do 
nome empresarial, rótulo, marca, indicações geográficas, a aparência do negócio, nome de domínio, 
entre outras formas de distinção voltadas ao mercado. Alguns desses já são velhos conhecidos de 
vocês do direito empresarial, e não estudaremos aqui, outras vocês conhecem da própria experiên-
cia de vida, outras terão um primeiro contato a partir de agora.
1. TEORIA GERAL E DIREITO DA CONCORRÊNCIA
1. 1 Conceito e Função dos Signos Distintivos 
Vimos no módulo 1 o conceito geral de propriedade intelectual, dentro do qual destacamos a ima-
terialidade desses bens e os dividimos em três categorias de acordo com a sua função principal. 
Destacaremos no módulo de hoje os bens intelectuais que têm uma função concorrencial mais 
acentuada. São bens que irão servir para diferenciar dentro do mercado.
Você deve então está se perguntando “O nome civil então é um signo distintivo?”. A nossa resposta 
é “não”. Ascarelli aponta que o nome civil, apesar de servir para diferenciar, não se constitui subs-
tancialmente em bem autônomo, diretamente tutelado como tal, mas sim um atributo da própria 
pessoa e tutelado juridicamente sob esta ótica. O âmbito jurídico ao qual estará atrelado a natureza 
dos signos distintivos, enquanto propriedade intelectual, é essencialmente o das relações empresa-
riais. (ASCARELLI, 1970).
 Todos os signos que citamos acima, servem para uma finalidade de coletar clientela, como um ins-
trumento para unir a empresa (perfil subjetivo) e seus clientes, produtos ou serviços determinados 
com seus consumidores, de forma que permita aos clientes a individualização dos que exercem a 
atividade empresarial, dos locais e dos produtos.
Talvez alguns estejam com dúvidas em relação ao que seria essa “individualização”, mas vamos 
tentar explicar com um exemplo. Imaginem que você está redecorando sua casa, e busca peças de 
decoração em estilo rústico. Como todo mundo hoje em dia, você irá buscar nas mídias sociais lojas 
de artesanato, vai pesquisar o produto e vai perceber que cada produto tem um estilo diferente de 
acordo com a produção do local onde foi desenvolvido.
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Pense comigo
Qual a melhor rede social para encontrar esse tipo de material? Vamos 
supor que você encontrou a loja João de Barro Artesanato, e gostou das 
imagens que a loja divulga de seus produtos, mas a loja fica muito dis-
tante para você comprar. Tempos depois, você de férias nas praias do Nordeste encontra um 
produto bem parecido com os que você visualizou na internet, como você saberia se o produto 
veio da mesma loja que você gostou?
Ao responder cada uma dessas perguntas você justamente está individualizando um sujeito 
dentre todos que exercem atividade empresarial semelhante, um produto como proveniente da 
atividade desse sujeito, até mesmo ao escolher uma rede social como a melhor você individua-
lizou de acordo com o conteúdo que você consome nas diversas redes sociais que você conhece.
Os signos distintivos irão permitir que haja concorrência, tornando o processo de individualização 
muito mais simples, também irão possibilitar que os investimentos em diferenciação de produtos, 
publicidade e propaganda sejam possíveis, na medida em que são responsáveis pela retenção do 
goodwill (boa fama), ou seja, uma vez criada a individualização é possível manter os investimentos 
realizados por prazos mais longos e não precisar investir tudo novamente a cada novo produto ou 
serviço.
1. 2 Tipos de Signos Distintivos
São várias as formas de se distinguir da concorrência no mercado, algumas já vistas em outras dis-
ciplinas, selecionamos então algumas das formas mais importantes hoje em dia, no cenário jurídico 
brasileiro e internacional, e separamos a doutrina e legislação jurídica pertinente para apresentar 
para vocês.
Trabalharemos nesse módulo com três tipos de signos distintivos:
 • Marcas
 • Trade Dress
 • Indicações Geográficas 
2. MARCAS 
2. 1 Conceito e Função 
A legislação brasileira que irá regular a tutela jurídica das marcas é a Lei 9.279/96 ou Lei de Pro-
priedade Industrial – LPI, contudo, a norma não apresenta uma definição sobre o tema, deixando 
para a doutrina fazê-lo.
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Encontramos várias definições, onde pode se perceber uma evolução em seu conceito. Pri-
meiramente vemos a definição de Eugène Pouillet que a define como qualquer signo usado para 
distinguir os produtos de uma indústria ou objetos de um comércio com função de distinguir a indi-
vidualidade dessa mercadoria ou da fabricação por uma empresa (POUILLET, 1912. P.13-14). Ascarelli 
irá definir como sistema jurídico de proteção ao signo de distinção do um produto de outros, além 
daqueles referentes à serviços. (ASCARELLI, 1970. p.392).
Mas não se trata de um mero signo, a marca é acima de tudo um sinal de identificação que 
possui um caráter de significação e de personalidade, sendo modernamente definida como todo o 
conjunto de associações que tenham um significado específico para os consumidores potenciais e 
usuários da mesma, agindo sobre a categoria do produto ao atuar dentrode uma lógica de diferen-
ciação da oferta. (MONTAÑO, 2006. p.53-54).
Desse conceito deriva algo bastante interessante, vejam, a marca, ao individualizar, ela também 
personifica um produto ou serviço em relação ao sujeito, ou sujeitos, que a representam, e isso foi 
suficiente para que o direito mitigasse um dos princípios da propriedade intelectual: o princípio da 
temporalidade.
Não é que a marca não tenha uma proteção temporária, afinal, falamos em mitigar e não ex-
cluir, mas é que o prazo legal de 10 anos de vigência do registro da marca no Instituto Nacional de 
Propriedade Industrial poderá ser renovado por infinitas vezes, enquanto for economicamente viável 
ao seu titular. 
Além disso, a marca terá, geralmente, uma proteção somente dentro do setor de mercado que 
encontra-se o objeto de sua representação. Vale dizer que se eu deposito um pedido de registro 
para uma marca e esse pedido é deferido, o certificado de registro de marca que eu receberei só irá 
me garantir a exclusividade de uso dentro do meu setor de atuação no mercado, afinal, se a marca 
tem a função de individualizar, essa função é exercida perante aqueles que exploram o mercado de 
forma igual ou semelhante a minha e por isso a individualização se torna necessária. 
Só que, em alguns casos, a marca tem uma fama tão grande que usá-la em um setor diferente do 
seu nicho pode gerar uma distorção no mercado. Imagina se você encontra uma marca de uma grande 
montadora de veículos em uma etiqueta de uma camisa, ou em um tênis, ou sapato, logo você irá ima-
ginar que a montadora está diversificando seus investimentos e que aquele produto detém uma quali-
dade superior pois uma empresa desse porte não estaria investindo em algo de baixa qualidade. Nesses 
casos especiais, a marca registrada gozará de proteção em todos os ramos de atividade, recebendo a 
nomenclatura de marca de alto renome, por força do artigo 125 da Lei de Propriedade Industrial.
Todos esses conceitos se complementam para que tenhamos uma noção contemporânea do 
que é a marca. Nossa legislação ainda irá possibilitar uma diferenciação interna para a marca, 
abrindo a possibilidade da existência de marcas para produtos ou serviços (Art. 123, I); mas expan-
dindo a possibilidade da criação de marcas de certificação (Art. 123, II) e marcas coletivas (Art. 123, 
III), podendo ser registrado qualquer marca desde os sinais distintivos que a represente não esteja 
compreendido nas limitações legais.
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Sendo assim, temos a marca de produto ou serviço como aquela usada para distinguir produto 
ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa; a marca de certificação, usa-
da para atestar que um produto ou serviço está em conformidade com determinadas normas ou 
especificações técnicas, sendo que tais normas ou especificações devem ser relativas à qualidade, 
natureza, material utilizado e metodologia empregada; e, por fim, a marca coletiva, utilizada para 
identificar produtos ou serviços provenientes de membros de uma determinada entidade.
Mas por que devemos registrar uma marca? A resposta para essa pergunta encontra-se na defi-
nição da proteção jurídica conferida após o registro deferido. A legislação nacional, do seu Art. 129 ao 
Art. 132, que trata sobre o tema confere ao titular da marca, pelo registro, a propriedade sobre o que 
assegurará ao titular o uso exclusivo em território nacional (princípio da territorialidade), asseguran-
do-lhe o direito de cessão (do registo ou pedido de registro), licenciamento do uso, a zelo pela sua 
integridade e reputação. 
Atenção
Vale lembrar ainda que essa exclusividade de uso terá início a partir da expe-
dição do Certificado de Registro da Marca pelo Instituto Nacional de Proprie-
dade Industrial (SERBRAE, 2017). O direito sobre uso exclusivo se exaure no 
seu primeiro uso, a lei expressamente impede que o titular proíba que comerciantes ou distribuido-
res utilizem sua marca quando utilizados no produto que lhes são próprios, ou que fabricantes de 
acessórios utilizem-na para designar a destinação dos seus próprios produtos, além da possibilidade 
de uso em obras científica ou literária. Parece-nos óbvio, mas por ser uma construção jurídica, o 
direito deve determinar especificamente o momento em que o direito se exaure.
Agora que você conhece um pouco sobre o conceito e as funções da marca, vamos falar sobre al-
gumas questões acerca do que e como pode ser registrada uma marca.
2. 2 Signos registráveis
Nem tudo pode ser registrado como marca, há algumas restrições sobre o que pode ser registrado 
como marca. A primeira delas refere-se à característica essencial de veracidade da marca, a mar-
ca não pode ser enganosa, induzir ao erro, ou confundir o consumidor no mercado, seja por que o 
produto não tem as características descritas na marca, ou por que representa algo que não pertence 
ao requerente do registro, ou ainda por imitar marca já existente no mercado (veja o artigo 128, IV, 
V, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XVII, XIX, XXII, XXIII, da LPI). 
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Por exemplo, se você quer montar uma indústria de produção de sapatos, e quer colocar a marca 
“Couros Puro” nos seus produtos, mas produz a partir de polímeros de hidrocarbonetos, sua marca 
não poderá ser utilizada nos seus produtos.
Uma restrição imposta pela lei, e bastante específica é a que proíbe o registro de termos de pro-
paganda (artigo 128, VII, da LPI). O termo de propaganda é um sinal ou expressão utilizada apenas 
como meio de propaganda de um produto ou serviço, por exemplo, um “eu amo muito tudo isso”, 
esses termos não tem uma proteção por via de registro, apenas no campo concorrencial.
Outra restrição diz respeito à característica essencial de distintibilidade da marca, ou seja, o sinal 
registrado como marca deve ser suficientemente distintivo dentro do ramo de negócio que ele re-
presenta, afinal, não há como individualizar se a marca não se diferencia dentro do negócio (veja 
o artigo 128, II, VI, VIII, XVIII, da LPI). Por exemplo, no ramo de venda de frutas, não posso registrar 
como marca uma maçã mordida, pois significaria que o símbolo “maçã”, extremamente comum 
nesse ramo, não poderia ser privatizada somente para um sujeito em detrimento dos seus concor-
rentes, agora, a mação poderia ter características diferenciais, um formato específico, nomes junto 
com o símbolo, ou qualquer coisa que a tornasse única, por isso, a análise de distintividade deve 
ser feita caso a caso. 
Mas então registrar um símbolo de duas dimensões, de uma maçã mordida, seria contrário ao que 
diz a lei? Claro que não, note que foi dito que o símbolo deve ser distintivo para o ramo de negócios 
em que ele será inserido, assim, não se preocupe, registrar uma imagem de maçã em negócios de 
tecnologia está dentro da lei, assim como registrar o nome de “Milho”, com um símbolo que mescla 
o nome e a forma do grão, pra concorrer com a maçã.
A legislação também não permite o uso de brasões, armas, bandeira, emblemas, distintivos, mo-
numentos públicos, moeda, sejam nacionais ou estrangeiros, além de proibir sinais que contrariem 
a moral e os bons costumes (artigo 128, I e III, da LPI). Não há como dizer a vocês que um signo 
contraria ou não os bons costumes sem analisar o pedido em específico, então, fica à cargo dos 
avaliadores do INPI essa definição.
Por fim, não são registráveis como marca o nome civil, sua assinatura, nome de família, imagem de 
alguém, pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos e nome artístico, caso o depositante não 
tenha o consentimento do titular, herdeiros ou sucessores, conforme o caso (artigo 128, XV e XVI).
Então, se não infringir nenhum dos pontos de restrição acima, poderíamos afirmar que osigno seria 
reconhecido como marca em um possível pedido de registro? Ainda não, é necessário ter em mente 
que sua marca pode ser parecida ou idêntica à outra marca que não esteja registrada, mas que sobre 
ela enseje um reconhecimento de notoriedade. Marcas notoriamente conhecidas são aquelas que são 
reconhecidas em seu ramo de atividade independentemente de registro ou do país onde atuem.
Hoje, com a globalização das informações, fica muito mais difícil de se infringir essa notoriedade, 
mas há celebres casos como a disputa pela marca “Iphone” no Brasil, que havia sido registrada por 
uma concorrente da Apple antes dessa empresa iniciar suas atividades em território nacional, e 
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quando iniciaram se depararam com a necessidade de licenciar o uso de uma marca de sua pro-
priedade em outros países mas que aqui no Brasil já havia “dono”. Essa proteção
2. 3 Classificação da marca segundo os signos que a compõem 
Caso não haja nenhuma restrição descrita no tópico anterior então a marca poderá ser registrada 
sem nenhum problema, mas o que pode ser registrado como marca? Que tipos de signos são possí-
veis na legislação brasileira? Para responder essas perguntas é preciso apresentar as mais variadas 
formas de marca existentes.
As mais comuns são as marcas nominativas, figurativas e mistas. Nominativa é a marca que é for-
mada apenas símbolos e caracteres alfanuméricos; a marca figurativa, por sua vez, é aquela forma-
da por desenhos, imagens, formas fantasiosas, figuras de letra ou algarismos, e palavras compostas 
por letras de alfabetos como o hebraico, cirílico, árabe, etc; enquanto que a marca mista é aquela 
que combina os dois elementos, tanto o textual quanto o imagético.
Vejamos um exemplo:
Figura 1 – Representação Gráfica da Marca “João de Barro”
Fonte: ONTE: Reprodução Autorizada de Material Autoral Não Divulgado
A marca acima foi desenvolvida utilizando elementos gráficos figurativos e elementos textuais, como 
pode ser observado acima. É o mesmo caso de várias outras marcas, por exemplo a de um famoso 
supermercado francês que atua no Brasil. O supermercado tem o nome de “Interseção”, tradução 
direta do seu nome em língua francesa, que procura indicar-se como o local onde as pessoas se 
encontram, e como marca registrou, além de seu nome, a criação fantasiosa usando uma letra, a 
letra C, dentro de um losango que utiliza as cores da bandeira do país. Lógico que a bandeira não 
seria registrável como marca, por isso os desenvolvedores da identidade visual optaram por usar 
suas cores e dar um formato original e fantasioso onde o C representa a cor branca, dividindo o 
losango ao meio e sendo distribuído o vermelho de um lado e o azul do outro.
Há ainda as marcas tridimensionais, que são aquelas compostas por elementos que definem a for-
ma tridimensional do objeto, desde que essa forma seja aquilo que o diferencie dos produtos con-
correntes.
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2. 4 Procedimento de Registro 
O procedimento que o detentor de uma marca deve iniciar para buscar sua proteção jurídica é o 
Registro. Isso mesmo, registro, nunca patente. O registro é um procedimento muito mais simples 
que a patente, menos demorado também.
O órgão responsável, no Brasil, é o INPI, que conta hoje com um sistema de pedidos totalmente ele-
trônico pelo sistema E-Marcas. Em síntese, o pedido deve ser preenchido no formulário disponível 
no site do instituto, serão geradas as Guias de Recolhimento para pagamento das taxas e assim será 
dado início ao processo.
A primeira verificação por parte do INPI é o Exame Formal, onde serão verificados os pagamentos, 
os dados constantes no pedido, não havendo nenhuma exigência formal, ou havendo e sendo cum-
prida dentro do prazo, o pedido segue para publicação.
A fase de publicação é uma das mais importantes pois é nesse momento que o Estado, antes de 
conceder o privilégio ao particular, irá permitir que outros interessados ou alguém que sinta-se le-
sado com o pedido ofereça oposição ou manifestação sobre o pedido de registro. Essa publicação 
é feita por via da Revista de Propriedade Industrial do INPI, de distribuição gratuita e eletrônica, 
garantindo que qualquer pessoa possa ter acesso. Uma dica, para fazer uma boa gestão da proprie-
dade intelectual para seus clientes, familiarize-se com as publicações na Revista de Propriedade 
Industrial, assim você evitará a judicialização de conflitos e irá antever problemas ainda nessa fase 
de publicação.
O próximo passo é o exame de mérito, onde o perito do INPI irá analisar se o signo cujo o registro 
foi requerido respeita as condições previstas na legislação e, não havendo problemas, segue para a 
concessão do registro da marca.
Saiba mais
Conheça, nesse vídeo institucional do INPI sobre marcas, mais detalhes 
sobre o processo de processamento do pedido de registro de marcas: 
<https://www.youtube.com/watch?v=C21WcoYExxg>. Basta copiar e co-
lar o link no seu navegador.
3. TRADE DRESS
Nem sempre, quando tratamos da forma de individualizar um produto ou serviço estamos falan-
do de marcas. Há outras formas de fazê-lo, das quais destacamos o Trade Dress. O termo, como 
lembra Beatriz Bugallo Montaño, nasce no direito de mercado como uma elaboração da doutrina 
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anglo-saxônica, com antecedentes de origem inglesa, mas desenvolvida no direito norte americano. 
Ele é utilizado para descrever a aparência geral de um produto ou serviço oferecidos no mercado 
(MONTAÑO, 2006. P.132)
O Trade Dress vem ganhando uma certa notoriedade no direito brasileiro nos últimos anos, com ca-
sos que atentam contra a concorrência. O que ocorre normalmente é uma empresa tentar se apro-
veitar do negócio de seu concorrente, imitando o seu estilo, seja uma forma de embalar produtos, 
toda uma combinação que faz parte do total da imagem do produto ou serviço.
Para ficar mais claro, vamos pegar um processo bastante recente sobre o tema. No final do ano de 
2017, a rede de restaurantes “Côco Bambu”, foi condenada pelos danos à concorrência e lucros ces-
santes pelo uso indevido do conjunto-imagem (trade dress) do Camarões Restaurante. A empresa 
condenada utilizava uma decoração de interior, padrão em sua rede, bastante semelhante aquela 
utilizada pelo Camarões Restaurante, além do cardápio, disposição, fotos dos pratos, composição 
dos pratos, etc.
Saiba mais
Você poderá acessar o processo para compreender melhor a decisão no 
link: < http://consultajurisprudencia.tjrn.jus.br/jurisprudencia/public/
api/jurisprudencia/pdf/Saj/2017.003523-2>. Basta copiar e colar no seu 
navegador.
4. INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS 
Vimos até o momento, quando estudamos as marcas, a possibilidade de individualizar produtos 
e criar o vínculo com sujeitos, ou coletividades (associações, cooperativas, grupos empresariais, 
etc), e até mesmo com padrões técnicos (no caso das marcas de certificação). Mas o que fazer 
quando existe a necessidade de criar-se um vinculo com o local de produção? Essa necessidade 
existe quando a região ou localidade se torna ponto de referência na produção de algum produto 
ou serviço, mas essa referência é impossível de ser individualizada, um grande exemplo disso é a 
região de Franca, no interior do Estado de São Paulo, que tornou-se reconhecida pela excelência na 
produção de calçados até que foi reconhecida essa notoriedade por meio de uma Indicação Geo-
gráfica – IG.
A IG surge quando os produtores e consumidores de produtos começaram a perceber certas pe-
culiaridades nos produtos de determinados locais, um sabor diferenciado, um toque mais doce, 
uma tonalidade decor nunca vista, e percebeu-se que essas peculiaridades eram provenientes dos 
fatores naturais (clima, solo, relevo, umidade do ar), pois os produtores de outros locais, mesmo 
utilizando os processos iguais, não conseguiam os resultados desejados ao tentar reproduzir essas 
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peculiaridades. Os vinhos foram os primeiros que começaram a ser identificados pelo nome do lo-
cal onde eram produzidos, como por exemplo o vinho do porto, produzido na região de Porto em 
Portugal (PIMENTEL, 2014).
Logo, na tentativa de se diferenciar e atingir características únicas, ou muitas vezes por um equívo-
co na produção, os produtores de uma determinada região começaram a desenvolver expertise na 
produção de alguns produtos, aliando o fator humano ao fator geográfico e diversificando produtos 
no mercado.
O que se individualiza com a IG não é mais um sujeito que produz, ou um grupo de sujeitos pro-
dutores, mas sim a localidade, o know-how (saber fazer) notoriamente existente em um local na 
produção de algo. A Indicação Geográfica é, portanto, o signo distintivo que irá individualizar uma 
localidade reconhecendo-lhe uma distinção existente entre os produtos provenientes dali, daqueles 
que são produzidos em outros locais, seja por um fator exclusivamente natural, ou por um fator 
humano atrelado ao fator natural.
Notem que o desenvolvimento da história da Indicação Geográfica está bastante atrelado aos pro-
dutos provenientes da terra, com ou sem interferência do fator humano. E é assim até hoje, a Indi-
cação Geográfica está bastante atrelada ao agronegócio, mas, no Brasil, ainda é uma via de desen-
volvimento socioeconômico pouco explorada.
Seja pelo pouco interesse ou pouco conhecimento sobre o tema no mundo do Agronegócio, seja 
pela sua recente existência na legislação nacional, o fato é que ainda precisamos desenvolver bas-
tante o tema.
Saiba mais
Conheça um pouco sobre o potencial de desenvolvimento da Indicação 
Geográfica no artigo científico disponível no seguinte link: <http://www.
revistageintec.net/index.php/revista/article/view/875/647>. Para acessá-
-lo basta copiar e colar na barra de endereços do seu navegador.
4. 1 Aspectos Legais
A IG somente passa a fazer parte da legislação brasileira com a entrada do Brasil no Acordo TRIPS 
da OMC em 1994, com o Decreto nº 1335 de 30 de dezembro daquele ano. E posteriormente foi 
incorporada à Lei de Propriedade Industrial, dos artigos 176 a 182, de forma bastante resumida e 
basicamente seguindo aquilo que previa o acordo TRIPS.
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A Lei de Propriedade Industrial, em seus artigos 177 e 178, irá definir dois tipos diferentes de Indica-
ções Geográficas no Brasil, sendo a Indicação de Procedência – IP – e a Denominação de Origem 
– DO – que são definidas por Luiz Pimentel da seguinte forma:
a. indicação de procedência (IP) – que indica o nome geográfico que tenha se 
tornado conhecido pela produção ou fabricação de determinado produto, ou 
prestação de determinado serviço; e b. denominação de origem (DO) – que indica 
o nome geográfico do local que designa produto, ou serviço, cujas qualidades ou 
características se devam essencialmente ao meio geográfico, incluídos os fatores 
naturais e humanos. (PIMENTEL, 2014. p.39)
Em uma primeira leitura pode parecer que a lei só repetiu os requisitos nas duas modalidades, mas 
se pararmos para observar com mais calma, podemos perceber uma sutil diferença entre a IP e 
DO. Na DO há uma exigência pela existência de características específicas, além da comprovação da 
existência da notoriedade em cima do nome do local de produção que se pretende proteger, ou seja, 
além de ser reconhecido como um local de produção de excelência, a DO exige que o resultado que 
se pretenda individualizar seja único, fruto da combinação de todos os fatores de produção e por 
isso não poder ser reproduzido em outro local.
4. 2 Registro da Indicação Geográfica
Sobre a titularidade da IG, ela pertencerá ao sujeito jurídico que represente os produtores, ou seja, 
os produtores deverão se organizar em uma associação para requerer o reconhecimento da IG. Em 
nossa experiência junto ao INPI, a concessão não é feita à outro sujeito que não seja à associação, 
até mesmo cooperativas de produtos não têm seus pedidos deferidos, visto que a função da coo-
perativa não é representativa, mas sim econômica.
Outro ponto importante que não se encontra na lei referente à necessidade de instituição de um 
regulamento de uso. Esse regulamento será definido pela organização dos produtores da região e 
deve conter a definição das normas coletivas sobre as condições de manutenção e obtenção das 
características peculiares da IG pretendida, devem colocar essas normas em funcionamento e im-
plementar um órgão de controle dentro de um plano de controle.
As normas de produção são uma etapa chave no processo de implementação de 
uma indicação geográfica. Elas devem ser claramente descritas e passíveis de ser 
objeto de controle; elas são o resultado de acordos coletivos entre os membros da 
região e da cadeia produtiva (representado pela entidade requerente). (PIMENTEL, 
2014. p.165)
O regulamento de uso é o documento responsável pela manutenção da qualidade do produto, um 
padrão que deve ser seguido por aqueles que pretendam fazer uso da IG e com isso obter seus be-
nefícios, como um reconhecimento internacional de qualidade, além das possibilidades de aumento 
dos consumidores, sobretudo os consumidores Europeus que historicamente são mais familiariza-
dos com as Indicações Geográficas em geral.
Para obter o registro, o representante legal da entidade, devidamente qualificado pelos documentos 
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cabíveis atualizados, deverá requerer ao INPI, formulando um pedido de registro de um único pe-
dido de IG, definir o produto ou serviço objeto da IG, descrito e caracterizado de forma minuciosa. 
Deve delimitar a área geográfica que se pretende requerer no pedido, devidamente documentada; 
apresentar a Estrutura de Controle da IG, conforme falamos nos parágrafos anteriores, além da 
comprovação que os produtores e prestadores de serviço estão efetivamente estabelecidos somen-
te na área solicitada. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trabalhamos nesse módulo os signos distintivos em geral, e alguns deles, aqueles mais importan-
tes, em espécie. Essa classe de propriedade intelectual é aquela que mais se aproxima da função 
de proteção concorrencial dos direitos de propriedade intelectual.
Tanto que um dos signos tratados aqui, que vem ganhando uma crescente importância em um 
cenário processual no Brasil, sequer possui uma tutela legal específica, sendo regulado exclusiva-
mente pelas normas de proteção à concorrência.
Por fim, não deixem de ler os textos indicados, pois eles são muito enriquecedores no aprofun-
damento de certos temas, além de trazerem uma abordagem prática para alguns dos assuntos 
abordados aqui, principalmente no que se refere à uma visão mais social da possibilidade de de-
senvolvimento de populações carentes por meio do reconhecimento de uma Indicação Geográfica.
REFERÊNCIAS
ASCARELLI, T. Teoria de la concurrencia y de los bienes inmateriales. Trad. VERDERA, E; SUÁREZ-
-LLANOS, L. Barcelona: Real Colegio de España en Bolonia/ BOSCH, Casa Editorial. 1970.
MONTAÑO, Beatriz Bugallo. Propiedad Intelectual. Montevideo: Fundación de Cultura Universitaria. 
2006.
PIMENTEL, L. Curso de propriedade intelectual & inovação no agronegócio: módulo II, indicação 
geográfica. 4 ed. Florianópolis: FUNJAB. 20114.
POUILLET, E. Traité des marques de fabrique et de la concurrence déloyaleen tous genres. 6 ed. 
Paris: MARCHAL & BILLARD, 1912.

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