Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Legislação Trabalhista e Previdenciária Legislação Trabalhista e Previdenciária Sylvia Oliveira Chagas Copyright © Sociedade de Educação Tiradentes Redação: Núcleo de Educação a Distância - Nead Av. Murilo Dantas, 300 - Farolândia Prédio da Reitoria - Sala 40 CEP: 49.032-490 - Aracaju / SE Tel.: (79) 3218-2186 E-mail: infonead@unit.br Site: www.ead.unit.br Impressão: Gráfica Gutemberg Telefone: (79) 3218-2154 E-mail: grafica@unit.br Site: www.unit.br Banco de Imagens: Shutterstock Ficha catalográfica: Marcos Orestes de S. M. Sampaio CRB5- 1296 Jouberto Uchôa de Mendonça Reitor Amélia Maria Cerqueira Uchôa Vice-Reitora Jouberto Uchôa de Mendonça Júnior Superintendente Geral Ihanmarck Damasceno dos Santos Superintendente de Relações Institucionais e Mercado Eduardo Peixoto Rocha Superintendente Acadêmico Jucimara Roesler Diretora de Educação a Distância Jane Luci Ornelas Freire Gerente de Educação a Distância Ana Maria Plech de Brito Coordenadora Pedagógica de Projetos Unit EAD Lucas Cerqueira do Vale Gerente de Tecnologias Educacionais Rodrigo Sangiovanni Lima Assessor Ana Lucia Golob Machado Ligia de Goes Costa Correção Andira Maltas dos Santos Claudivan da Silva Santana Edilberto Marcelino da Gama Neto Edivan Santos Guimarães Diagramadores Matheus Oliveira dos Santos Shirley Jacy Santos Gomes Ilustradores Alexandre Meneses Chagas Supervisor Lígia de Goes Costa Ana Lúcia Golob Machado Assessoras Pedagógicas Chagas, Sylvia Oliveira. C433l Legislação trabalhistas e previdenciária / Sylvia Oliveira Chagas. – Aracaju : UNIT, 2015. 160 p. : il. ; 23cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7833-258-7 1.Direito do trabalho. 2. Direito previdenciário. 3. Legislação trabalhista. 4. Seguridade social. I. Universidade Tiradentes. II. Educação a Distância. III. Título. CDU: 349.2/.3 Apresentação Prezado(a) estudante, O Direito é essencial para nossa sobrevivência enquanto seres humanos dada a sua função norteadora. Estamos vivendo em mundo de pluralidade política, religiosa e com uma gama diferenciada de princípios e valores. Essa diversidade tornaria a convivência na sociedade impossível sem o Direito. Com a evolução da relação entre pessoas, surgem as leis, as normas jurídicas e, com a mudança dos vínculos laborativos e previdenciários, surge o Direito Trabalhista e Previdenciário, que irá garantir uma boa relação entre empregados e empregadores. A disciplina tem como objetivo lhes consubs- tanciar de informações desse universo jurídicos trabalhista e previdenciário, que é de suma relevância e que está em constante alteração, visando adequação à realidade que ora nos encontramos e que sempre está em mutação. Queremos associar o universo jurídico clássico do direito com o novo mundo em que as tecnologias produzem e diversificam as relações de trabalho bem como majoram a expectativa de vida. A Educação também tem acompanhado essa evolução nos trazendo novas formas de aprendizado, de comunicação e de informação, descortinan do novos e prazerosos caminhos, consubstanciando de agilidade e flexibilidade a sala de aula “tradicional”. Vamos juntos nessa caminhada pelo saber! Sejam bem vindos a nossa disciplina de Legislação Trabalhista e Previdenciária. Boa leitura! Sylvia Oliveira Chagas Sumário 09 Parte1:Direito do Trabalho 11 Tema 1: Iniciação ao saber jurídico trabalhista 13 1.1 Noções históricas do Direito do Trabalho 20 1.2 História do Direito do Trabalho no Brasil 28 1.3 Divisão do Direito do Trabalho. O Contrato do Trabalho 36 1.4 TERMINAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 49 Tema 2: Política Social: Os modelos de Políticas Sociais 51 2.1 Princípios e Fontes do Direito do Trabalho 60 2.2 Empregado e Empregador / Requisitos da Relação de emprego 67 2.3 DIREITOS FUNDAMENTAIS DO TRABALHADOR NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 75 2.4 Remuneração e suas regras Parte2: Seguridade Social e Direito Previdenciário 89 Tema 3: Seguridade Social 91 3.1 SEGURIDADE SOCIAL – Direito a Saúde 93 3.2 Seguridade Social – Da Assistência Social 100 3.3 Benefícios Eventuais - IDOSOS 108 3.4 Portadores de Necessidades Especiais 115 Tema 4: Previdência Social 125 4.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL 127 4.2 Segurados e Dependentes da Previdência Social/ Carência 134 4.3 Benefícios Previdenciários 141 4.4 Acidente de Trabalho 149 Referências160 Parte 1 Direito do Trabalho tema1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista Bem vindo! Espero muita motivação, haja vista que o assunto que se segue é bastante estimulante. Inde- pendentemente do seu objetivo enquanto estudante, é sempre enriquecedor obter conhecimento sobre os principais conceitos e discussões sobre direito traba- lhista, seja você um estudante que tenha acabado de concluir seu segundo grau ou se já possui uma carreira profissional e queira rever ou atualizar os conhecimen- tos sobre as recentes decisões sobre as demandas tra- balhistas, iremos junto com você descobrir o prazeroso mundo jurídico. Sintam-se abraçados, posto que a pri- meira lição que proponho é afirmar que, acima de tudo, o Direito é para todos de qualquer natureza, como está previsto na nossa Constituição Federal e na CLT sem distinção de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 13 1.1 NOÇÕES HISTÓRICAS DO DIREITO DO TRABALHO O trabalho é um Direito Social previsto no artigo 6º da Consti- tuição Federal. Como ele é o primeiro Direito Social abordado na nossa Constituição é com ele que daremos início ao estudo dessa disciplina de Legislação Trabalhista e Previdenciária. Vamos primeiramente analisar um pouco da evolução mundial do Direito do Trabalho. A palavra trabalho vem do latim “tripalium” que na antiguidade era um instrumento de tortura, Às vezes, também, utilizava a palavra para definir uma espécie de arreio que se colocava sobre os animais. Apenas pela etimologia da palavra é fácil constatar que era usada sempre no sentido depreciativo, não era associado a algo bom e praze- roso, mas como algo pesaroso que machucava e até punia as pessoas. Para iniciarmos a análise da evolução histórica, vejamos a primei- ra forma de trabalho que se tem conhecimento na história que foi o tra- balho escravo, no qual o ser humano era associado a “coisa”, a “objeto”, podendo ser trocado, negociado; era tido como propriedade de outro ser humano cujo domínio sobre vida e morte “estava nas mãos” do seu servidor. Nessa época, o ser humano não possuía direitos, de nenhuma ordem, muito menos trabalhista. A escravidão era uma forma de dominação que obrigava aos subjugados a execução de serviços. A maioria das situações de escra- vidão ocorreu em virtude da dominação de um povo por outro, quer seja como forma de pagamento de dívidas ou por nascimento. 14 Legislação Trabalhista e Previdenciária Seguindo a nossa evolução histórica, encontramos, na Grécia, filósofos como Aristóteles e Platão que ficaram conhecidos no mundo pelos seus discursos filosóficos, no entanto sobre o instituto trabalho igualmente contribuíram para o sentido pejorativo da mão de obra, em que era necessário apenas o esforço físico para ser um trabalha- dor. Acrescentavam, ainda, que homens de dignidade não deviam tra- balhar, passariam o dia discutindo as coisas da cidade, através de reu- niões em praças públicas. E, aos escravos, ficaria a responsabilidade do esforço duro, com as características servis. Em Roma, assim como na Grécia, o trabalho também era exerci- do por escravos e era visto como algo desonroso. No entanto, também era admissível a homens livres que quisessem locar suas energias mediante pagamento. Temos, então, a primeira civilização a aceitar como provável o trabalho do homem livre. Encontramos em uma evolução sobre Direito do Trabalhoa for- ma de servidão, que surge no período do Feudalismo. Os Senhores feudais davam proteção política e militar aos servos que, apesar de não serem escravos, não tinham liberdade, uma vez que era depen- dente da propriedade de terra para sobreviver. Logo, eles não eram escravos dos seus senhores, mas escravos da terra. Nessa época, en- contramos também a exploração e o desrespeito para com o traba- lhador, uma vez que esses tinham que entregar aos senhores feudais parte de sua produção rural em troca da proteção. Após o período do Feudalismo, da servidão, encontramos o surgimento das corporações de ofício. Foi o começo de um fenômeno bem interessante em que o homem deixava o campo para ir se instalar nas áreas urbanas. Encontramos até hoje resquícios do modelo de Corporações de ofício, por exemplo, se alguém lhe pergunta: qual o seu ofício? Você entende essa pergunta? Claro que sim. Está sendo perguntado: qual a Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 15 sua profissão. Era assim que se falava nessa época. Ofício quer dizer profissão e poucos eram os profissionais da época. As corporações eram organizadas e abrigavam três tipos de tra- balhadores: os mestres, os companheiros e os aprendizes. Os mestres eram os proprietários das oficinas e detinham o domínio do conheci- mento da atividade que lhe era correlacionado, tais como: carpintaria, sapataria, marcenaria, entre outras atividades manuais. Os compa- nheiros trabalhavam auxiliando os mestres, mediante remuneração e supervisão. Os aprendizes (com os quais, inclusive, encontramos semelhança hoje em nossa relação trabalhista com os menores de 14 anos que se iniciam nas atividades laborativas) eram os menores filhos dos servos que vinham da área rural e ingressavam na corpo- ração para aprender com o mestre os ensinamentos da profissão e, quem sabe, futuramente, vierem a ser mestres. Nessa época, a mobilidade social era extremamente difícil. Aos companheiros eram cobras altas taxas para participar de um exame visando ser mestre e, aos aprendizes, eram cobradas taxas dos pais que pagavam aos mestres para que ensinassem o ofício. Encontramos ainda, nesse modelo, muita exploração do tra- balhador, pois, como anteriormente mencionamos, dificilmente os companheiros se tornariam mestres. Para isso, ele teria que fazer um exame de obra-mestra, que era muito difícil, e tinha que pagar para fazê-lo. Uma forma mais fácil de chegar à condição de mestre era ca- sando-se com a filha deste ou com sua viúva. No tocante à jornada de trabalho era demasiadamente exaustiva; há relatos nos livros com labor de carga horária de até 18 horas por dia. A situação piorava no verão, visto que o sol se punha mais tarde, majorando o tempo de atividade. Paravam os trabalhos ao anoitecer para evitar a perda de qualidade do que estavam fazendo e não em virtude do cansaço. 16 Legislação Trabalhista e Previdenciária Em 1792, com o invento do lampião a gás, registrava-se, em mé- dia, jornada de trabalho de 14 horas por dia e o começo de registros de atividades no período noturno. Com a Revolução Francesa, em meados de 1791, começou o declínio das Corporações de Ofício. Alguns apontam que isso se deu pelos ideais de liberdade do homem, pregado amplamente na Revolução; outros, dizem que se deve a crescente liberdade de co- mercialização e encarecimento dos produtos fabricados nesse tipo embrionário de empresa. O liberalismo econômico, pós Revolução Francesa, deu início a era de contratos, permitindo a liberdade de trabalho e de negociação contratual diretamente com a mão de obra, o que acabou por findar definitivamente as Corporações de Ofício. Quanto ao Estado, nessa época pregava-se a não intervenção estatal na economia, através do ideal político do laissez faire, laissez passer, laissez aller, que quer di- zer “deixai fazer, deixai passar, deixar ir”. Só com a Revolução Industrial surgiu o trabalho assalariado, transformando o trabalho em emprego, em razão das grandes inven- ções, da criação da máquina a vapor e das máquinas têxteis. Com essas, entre outras criações, começou uma nova fase sem volta, em que a máquina substituiu o homem em vários postos de trabalho e, consequentemente, levou o desemprego a milhares de pessoas tanto na agricultura quanto nas cidades. O trabalho passou a ser exercido nas fábricas, com um grande número de trabalhadores em um mesmo local, aparecendo, a partir daí, um sentimento de revolta em razão da exploração do trabalho. As demandas jurídicas começaram a acontecer com maior intensidade nessa época; operários começaram a se unir e associar-se reivindi- cando melhores salários, condições de trabalho, proibição de trabalho do menor e da mulher e diminuição de carga horária de trabalho. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 17 De fato, a jornada de trabalho nessa época era absurda, em mé- dia 12 a 16 horas, sem intervalo; as condições de trabalho idem (insa- lubre, com intoxicação, desmoronamento, etc), não havia uso de equi- pamento de proteção; ocorria constantemente acidentes de trabalho que mutilava os trabalhadores. O trabalho era exercido pela família em conjunto e com igualdade de péssimas condições, não havendo diferenças entre homens, mulheres ou crianças. Sobre os contratos de trabalho, era comum a informalidade. Encontrava-se em várias situações contratos verbais, sem nenhuma garantia, havia acordos de trabalhos vitalícios, havia compra e venda de trabalhadores (assemelhando-se ao tempo da escravidão). Os em- pregadores arbitravam multas excessivas e penalidades absurdas que levavam à usurpação dos salários devidos, fazendo com que o operá- rio estivesse constantemente em débito com o seu patrão. O Estado, nessa época, não intervinha nas relações de trabalho; só a partir da Revolução Industrial é que isso passou a ocorrer. Para grande parte dos doutrinadores foi nessa época que começou o desenvolvimen- to do contrato de trabalho e, por consequência o Direito do Trabalho. Em meados de 1774/1779, começou a veemente necessidade da intervenção estatal nas relações trabalhistas, visando implementar a política do bem- -estar social, passando o operário a ter apoio jurídico e econômico. A Igreja Católica começou a se preocupar com as relações de trabalho, surgindo, com o pontificado do Papa Leão XIII, a Encíclica Rerum Novarum, a primeira a tratar da matéria trabalhista, sendo que Sua Santidade se pronunciou sobre a exploração dos trabalhadores. O constitucionalismo social, ou seja, previsão sobre o tema Di- reito do Trabalho, nas Constituições, surgiu após o término da Pri- meira Guerra Mundial, sendo pioneiras em apresentar artigos sobre proteção aos trabalhadores, as Constituições do México (1917) e a de Weimar (1919). 18 Legislação Trabalhista e Previdenciária Muitas foram as leis que surgiram a partir daí em todo o mundo tratando dos direitos dos trabalhadores, como na Itália e Alemanha, vindo daí a surgir o Direito do Trabalho. O surgimento histórico do Direito do Trabalho guarda estreita relação com o trabalho subordinado e, em virtude disso até hoje en- contramos no Brasil um foco de proteção a figura do empregado, ao hipossuficiente. Em dezembro de 1948, foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos do Homem trazendo, no seu bojo, precisão de direitos, tais como: limitação da jornada de trabalho, férias remuneradas, direi- to a repouso e ao lazer, entre outros direitos aos trabalhadores. Alguns autores classificam a evolução do Direito Trabalhista e Previdenciário de acordo com gerações: a primeira geração pretendia valorizar o homem, assegurando a liberdade perante à formação da sociedade. A segunda geração versava mais sobre s direitos econô- micos , culturais e sociais, e tinha o foco na coletividade, nos direitos coletivos e sindicais. E, por fim, a terceira geração cuja meta é prote- ger os interesses individuais, ao contrário da segunda geração , cujo foco era a coletividade. Na terceirageração, existe uma preocupação em atender os direitos relacionados ao meio ambiente, ao patrimônio comum da humanidade, à comunicação, à paz. Após conhecermos a evolução histórica do Direito do Trabalho no mundo, vamos, no próximo conteúdo, conhecer o desenvolvimento histórico no Brasil. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 19 LEITURA COMPLEMENTAR MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Para um conhecimento mais robusto sobre a origem do Direito do trabalho, especificamente sobre a época do Feudalismo e Escravidão, faça uma leitura do capítulo 1 História do Direito do Trabalho, páginas 33 e 34. GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 45. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. Sugiro leitura sobre Direito e Sociedade, como institutos que se rela- cionam, presentes no livro indicado, precisamente no capítulo 3, pági- na 31, que traz informações importantes e complementares. PARA REFLETIR Faça uma pesquisa na web elencando os pontos principais sobre a so- ciedade na época da Revolução Industrial. Analise como se davam a jornada de trabalho e os direitos trabalhistas. 20 Legislação Trabalhista e Previdenciária 1.2 HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL A história do Direito do Trabalho no Brasil, igualmente à do mundo, só começa a ter significativa expressão jurídica com a evolução das Constituições brasileiras . O estudo sobre a Constituição vem de séculos. Desde o começo da civilização, o filósofo grego Aristóteles ensinava a importância de um grupo de normas que viesse a disciplinar a polis (cidade-estado para os gregos). Para os romanos, era vista como uma organização jurídica do povo. Na Idade Média, o Direito era pautado em normas costumeiras, pautadas nas relações dos súditos e o rei, porém a Constituição já começava a aparecer como Lei Fundamental: Com o transcorrer do tempo passou a ser uma limita- ção ao poder do soberano, fazendo uma divisão entre os direitos fundamentais do homem e as normas do rei que podiam ser mudadas por ele mesmo a qualquer momento (CHAGAS, 2009, p.71). A princípio, as Constituições tinham como objetivo estabelecer a forma de Estado e o sistema de governo, e foi ampliando, aos pou- cos, a previsão sobre outro assuntos, tais como Direitos Sociais e ou- tros ramos do Direito, até chegarmos a Constituição de 1934, que foi a primeira Constituição brasileira a tratar com especificidade sobre o Direito do trabalho. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 21 Faremos um breve passeio pela evolução das Constituições que já vigoraram no nosso país: A Constituição de 1824 entrou em vigor após a proclamação da Independência do Brasil de Portugal , por D. Pedro I , em 07 de setem- bro de 1822, aboliu as Corporações de ofício , no seu artigo 179, inciso XXV, em uma tentativa de estabelecer a liberdade para o exercício de profissões. Após a Constituição de 1824, encontramos uma sequência de Leis provenientes do movimento abolicionista que existia no país. So- bre esse período é interessante mencionar a Lei do Ventre Livre de 1871, a qual estabelecia que os filhos de escravos nasceriam já livres. Em 1885 foi aprovada uma lei que libertava os escravos com mais de 60 anos, intitulada Lei dos Sexagenários. A evolução dos direitos como estamos acompanhando foi de maneira gradativa. Por exemplo, os escravos, mesmo depois de libertos, deveriam prestar gratuita- mente serviços ao senhor durante três anos. Em 1891, a Constituição instituiu a liberdade de associação. Enquanto isso, o mundo passava por constantes e céleres mu- danças devido a Primeira Guerra Mundial, que deu vazão ao surgi- mento da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em 1919. Com a Legislação de cunho internacional, vieram, em sequência, várias legislações sobre normas trabalhistas. Também é importante mencionar que o Brasil serviu de refúgio a inúmeras famílias euro- peias que vieram para o nosso país e que trouxeram, na bagagem, os movimentos operários por melhores condições de trabalho e salário. A Constituição de 1934 foi a primeira Constituição a tratar sobre Direito do Trabalho. Ela trouxe como novidade, em matéria trabalhista, a liberdade sindical, a isonomia salarial, o salário mínimo, a jornada 22 Legislação Trabalhista e Previdenciária de oito horas de trabalho, a proteção do trabalho infantil, a proteção do trabalho do menor, repouso semanal remunerado, férias anuais re- muneradas, sendo esses os mais relevantes. A Constituição de 1937 foi um marco em relação a intervenção do Estado. Estávamos na época da presidência de Getúlio Vargas. Os artigos dessa Lei foram inspirados na Carta Del Lavoro (Constituição polonesa), que pregava a intervenção para manter em ordem e regular as relações sociais e trabalhistas. Também nessa época foi criado o sindicato único para todas as profissões e o imposto sindical. Ainda na vigência da Constituição de 1937, foi designada a com- petência legislativa para os Tribunais do Trabalho, tendo como meta evitar a negociação direta entre empregados e empregadores. E, por fim, foi decretada a proibição de greve. Vamos mencionar uma sequência de legislações relevantes para a melhoria trabalhista e social dos empregados: proteção contra o trabalho de menores em 1891; organização de sindicatos dos rurais, em 1903, e dos sindicatos dos urbanos, em 1907. Vieram, também, leis que instituíram as férias; a criação do Ministério do Trabalho, Indús- tria a e Comércio, criado em 1930; leis sobre o trabalho das mulheres, em 1932; a instituição do salário mínimo, em 1936, e a criação da Justiça do Trabalho, em 1939. Em 1943, no dia 1 º de maio, foi aprovada a Consolidação das Leis do Trabalho. O maior objetivo da CLT foi organizar em um texto único as várias leis esparsas sobre direitos trabalhistas. A nossa CLT teve o condão de unir as várias e diversas normas. Em 1946, a Constituição Federal ficou conhecida como Consti- tuição Democrática. Foram ampliados os direitos de greve, a partici- pação nos lucros e a estabilidade. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 23 Em 1962, foi instituído pela Lei 4.090 o décimo terceiro salário mínimo. E, em 1963, foi criado o salário família. A Constituição Federal de 1967 foi para reforçar os direito já ad- quiridos na Constituição de 1946 e reforçá-los. E, finalmente, depois de um período de restrições dos nossos direitos de cidadãos, em 05 de outubro de 1988, foi promulgada a nossa atual Constituição da Repú- blica Federativa do Brasil. Na ocasião, o que existia de moderno eram as Constituições portuguesa e italiana e elas foram as bases da nossa. Estabeleceu, no Brasil, um Estado democrático de Direito de estrutura federa- tiva (CHAGAS, 2009, p.75). A nossa atual Constituição de 1988, traz nos artigos 7 º ao 11, vários direitos trabalhistas , incluídos nos Capítulo II, “ Dos Direitos sociais”, no Título II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”. Atualmente, temos ainda várias leis ordinárias que merecem destaque como, por exemplo, a PEC das domésticas. Vejamos a evolução histórica dos empregados domésticos no nosso país. As conquistas dos direitos relacionados ao labor doméstico tem uma delimitação histórica , bem definida e de fácil percepção, basta observar a relação sócio-histórica no transcorrer da origem do traba- lho doméstico até a evolução dos seus direitos nos dias atuais. Encontramos, ao longo da evolução do trabalho dos domésticos, muitos resquícios da relação casa grande e senzala, tais como a condição de intimidade gerada entre o empregado e o empregador, fazendo com que o trabalho doméstico fosse por muitos anos desprovidos de direitos. 24 Legislação Trabalhista e Previdenciária Soma-se, ainda, ao problema da falta de organização legal, a fal- ta de organização sindical, que contribuiu ainda mais, para o retardo na consolidação dos direitos dessa categoria em relação aos direitos assegurados. Façamosum breve passeio sobre a trajetória percorrida pelos trabalhadores domésticos no Brasil. Tudo começou no ano de 1916, através da lei nº 3.071 do Código Civil, que visou disciplinar a re- lação dos contratos trabalhistas relacionado à locação de serviços dos empregados, inclusive dos domésticos. Em 30 de julho de 1923, veio o Decreto nº 16.107, que aprovou legalmente a locação de ser- viços domésticos e trouxe, nos seus artigos, todos os dispositivos necessários para atender as necessidades e interesses dessa classe de trabalhadores. Em 1941, mais exatamente, no dia 27 de fevereiro entrou em vi- gor o Decreto-Lei nº 3.078, trazendo o conceito do que é empregado doméstico, tornando mais simples a identificação dessa classe de tra- balhadores. Após dois anos, em 1943, com o Decreto-Lei nº 5.452, foi criada a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, unificando o con- junto de leis esparsas que existiam no nosso país. Mas para surpresa daqueles que exerciam seu trabalho, no âmbito doméstico, nada foi alterado, visto que a CLT não abarcou nos seus artigos nada sobre a relação dos trabalhados domésticos (CHAGAS, 2013) Em 1972, após mais de trinta anos aprovou-se a Lei nº 5.859, que trouxe aos empregados domésticos alguns direitos protetistas, tais como benefícios e serviços da previdência social, férias anuais com o adicional de 1/3 a mais que o salário normal e carteira de tra- balho. No ano seguinte, 1973, surgiu o Decreto nº 71.885 que regula- mentava a Lei nº 5.859/72. Esta era a lei que definia especificamente a relação de emprego doméstico; foi a primeira lei que trouxe verda- deiramente alguma dignidade a essa classe operárias. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 25 Os empregados domésticos foram contemplados com o direito ao vale-transporte através do Decreto n. 95.247, de 17.11.87, pois os diplomas anteriores (Leis ns.7.418/85 e 7.619/87 e Decreto n. 95.247/87) não haviam estendido à categoria a parcela instituída (DELGADO, 2010, p. 363). Em 1988, ano da nossa atual Constituição Federal, foi que se deu a constitucionalização dos direitos dos empregados domésticos, com a promulgação da Constituição Cidadã ou Constituição Federal do Brasil. Nessa Constituição de 1988, os trabalhadores que desenvol- viam suas atividades, no âmbito doméstico conquistaram vários di- reitos, passando a serem mais valorizados no meio social e com maior poder de luta, caso algum direito fosse violado. Passaram–se vários anos de opressão, e a classe de trabalha- dores domésticos foi bastante marginalizada, com poucas conquistas tímidas e morosas, em relação as outras classes de trabalhadores. No entanto, em abril de 2013, foi promulgada a PEC das Domésti- cas, Emenda Constitucional nº 72/13, trazendo em seus artigos a tão aguardada equiparação dos direitos trabalhistas entre os empregados domésticos e os demais trabalhadores rurais e urbanos. Tornou-se revogado o parágrafo único do art. 7º, na nossa atual Constituição Federal, alargando os direitos dos trabalhadores domés- ticos de nove incisos para mais dezesseis (16) incisos. Na ocasião, do dia 2 de abril 2013, as Mesas da Câmara dos Depu- tados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constitui- ção Federal, promulgaram a seguinte Emenda ao texto constitucional: O parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal passou a vigorar com a seguinte redação: 26 Legislação Trabalhista e Previdenciária Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra- balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi- ções estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013). A Emenda constitucional nº 72/13 acabou por afastar resquí- cios da época escravocrata, que porventura ainda existiam, nas rela- ções trabalhistas e que refletiam na modernização dos direitos dos domésticos, almejando proteger a segurança jurídica e social. Após vermos a parte histórica, vamos aprender como devem ser solidificadas as relações de trabalho, ou seja, vamos aprender so- bre contratos trabalhistas, seguindo ao estudo do Direito do Trabalho propriamente dito com alguns conceitos preliminares e, adentrando, nos direitos básicos do trabalhador. LEITURA COMPLEMENTAR MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Sugiro a leitura das páginas 38 e 39 para maiores detalhes sobre a evolução das Constituições no Brasil que, aos poucos, veio a formar a base da nossa CLT. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 27 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: LTr, 2009. Na página 119, há um excelente texto sobre as contradições antide- mocráticas da Constituição Federal de 1988. Vale uma leitura dessas críticas a democracia . PARA REFLETIR Após conhecer a evolução do direito trabalhista no Brasil, convido você a pesquisar, em outros livros, sobre os direitos trabalhistas con- tidos na Constituição Federal e como isso influencia nas relações do trabalhador, descrevendo exemplos e situações. 28 Legislação Trabalhista e Previdenciária 1.3 DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO. O CONTRATO DO TRABALHO Conceituamos o Direito do Trabalho como o ramo do Direito que estuda a relação entre empregado e empregador, seus direitos e de- veres, preocupando-se ainda, com a condição social do trabalhador. A condição social do trabalhador tornou-se relevante em razão da visão de que o trabalho não serve tão somente como forma do homem adquirir meios de sobrevivência. Contudo, deve-se observar que esse tem como finalidade a satisfação pessoal do homem, proporcionando ao trabalhador e a sua família bem-estar, meios de uma vida saudável, lazer e o descanso necessário para que possa produzir mais e melhor. O surgimento da terminologia Direito do Trabalho ocorreu em meados de 1912 na Alemanha. A partir da Constituição de 1946 e as de- mais em sequência já utilizavam a denominação Direito do Trabalho. Na França, utilizava-se a expressão Direito Operário e nesse país se fazia uma distinção entre trabalhador e operário, sendo que, de fato, se almejava proteger aqueles que desenvolviam suas atividades nas fábricas e exercendo trabalhos braçais. Na Inglaterra, encontramos o termo Direito Industrial com maior assiduidade, ao invés de Direito do Trabalho, isso devido a explosão da Revolução industrial ou Legislação Industrial, que visava dar pro- teção aos funcionários das indústrias (industriais). Em Portugal e na Itália, encontramos a expressão Direito Corpo- rativo. Utilizava-se essa terminologia nos movimentos que adotaram o regime fascista e apoiava o intervencionismo estatal na economia. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 29 Chegamos a encontrar esse modelo de regime corporativo na épo- ca de Vargas. O corporativismo é uma tentativa do Estado em unir a economia social, privilegiando a organização sindical, associações e corporações. Outra expressão encontrada em alguns livros é Direito Sindical, mas entendemos que o Direito Sindical é apenas um dos conteúdos do Direito do Trabalho, tratando especificamente dos sindicatos. A expressão Direito Social é uma denominação que recebe o apoio de vários juristas importantes no nosso cenário jurídico que o associa às questões sociais. Na Constituição Federal do Brasil, no artigo 6 º, encontramos os Direitos Sociais, assegurados: a educação, a Previdência Social, a proteção, a maternidade e a infância , a assistência aos desamparados. É um direito ligado a justiça social em defesa dos hipossuficientes. O Direito do Trabalho é o conjunto de princípios,regras e instituições atinentes à relação de trabalho subordi- nado e situações análogas, visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acor- do com as medidas de proteção que lhes são destina- das. (MARTINS, 2002, p. 45). Sobre a estrutura política organizacional encontramos o Esta- do como aquele que cria as normas; o Ministério do Trabalho que vai editar as resoluções, portarias, instruções normativas, entre outras ações e a Justiça do Trabalho, que é o órgão responsável por julgar os conflitos trabalhistas. Sobre o objetivo do Direito do trabalho encontramos duas teorias: a subjetiva e a objetiva. 30 Legislação Trabalhista e Previdenciária A teoria subjetiva analisa o Direito do Trabalho tendo como base os tipos de trabalhadores ou espécies de trabalhadores no caso os em- pregados. E, na teoria objetiva, analisa-se a matéria e não as pessoas. O que fica dessa discussão é que o Direito do Trabalho serve para proteger o trabalhador, dando-lhe melhores condições de trabalho, preocupando se, também, com as condições sociais. Contrato de Trabalho É o acordo tácito ou expresso celebrado entre empregado e em- pregador, que os vincula, criando direitos e obrigações, e as condições em que o trabalho será executado. Como se vê no conceito acima, a lei não exige que só o contrato escrito tenha validade. O contrato tácito é aquele que não é escrito, mas que, de forma implícita, existe, manifestado pela execução da vonta- de, no exercício dos seus direitos e deveres. Esse pode ser melhor exemplificado da seguinte forma: digamos que alguém peça emprego ao dono de uma loja e ele não dá a resposta, nem celebra o contrato escrito. Porém, deixa que a pessoa comece a trabalhar, lhe dá ordens de execução de tarefas e, ao final, lhe paga o salário. Esse é um típico contrato tácito, que tem valor jurídico, garantindo ao empregado to- dos os direitos da relação de trabalho. O contrato de trabalho pode ser celebrado por prazo determinado (com data fixada para o seu término) ou por prazo indeterminado (sem data fixada párea o seu término). No primeiro, as partes sabem o dia para começar o contrato e o dia do seu término. No último, sabe-se o dia do início e não se a data do seu término, que pode ser curto ou longo. No primeiro caso, não acarreta pagamento de aviso prévio; o empregado sabe a data em que o contrato vai terminar. No segundo caso, o fun- cionário e o empregador possuem o direito de serem pré-avisados do término do contrato, pois não sabem a data do seu término. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 31 Carteira De Trabalho e Previdência Social- CTPS A Carteira de Trabalho e Previdência Social, conhecida como CTPS, é o documento de identificação do trabalhador, em que ficam registradas todas as informações ocorridas em suas relações de tra- balho. Ela está regulada do artigo 13 ao 40 da CLT. Nenhum empregado pode ser admitido sem que ocorra a ano- tação em sua CTPS, pois é essa anotação que garante ao trabalhador a facilidade da percepção dos seus direitos decorrentes da relação de trabalho e o acesso à Previdência Social. Portanto, deve o empregador, quando for admitir um emprega- do e esse não possuir CTPS, encaminhar-lhe ao órgão emissor, para que o mesmo adquira a carteira e, depois disso, venha anotar o con- trato de trabalho. O prazo para que o empregador anote o contrato de trabalho na CTPS do empregado é imediato, tendo o prazo de 48 horas para a devolução dessa ao empregado. Assim, basta que ele assine e devolva a CTPS do empregado em 48 horas para cumprir sua obrigação como empregador e não ser multado pelo fiscal do Trabalho. A retenção dolosa da CTPS do empregado é crime, mas é uma prática costumeira dos empregadores em nosso país. Muitos empre- gadores contratam os empregados, pedem suas carteiras para assi- nar, e muitas vezes só devolvem muito tempo depois, com anotação incorreta ou sem anotação. Por precisar do emprego, os empregados aceitam tal situação e, após serem despedidos, é que reclamam a ano- tação correta e seus direitos junto à Justiça do Trabalho. A anotação incorreta da relação de trabalho também é cri- me, sendo esse previsto no Código Penal Brasileiro, como Crime de Falsidade. O conteúdo da CTPS do empregado é: primeiro, a 32 Legislação Trabalhista e Previdenciária qualificação do empregado (nome, número do RG, data de nascimen- to, etc.) e demais anotações decorrentes das relações de emprego (nome do empregador, data de admissão e demissão, salário, férias, alteração salarial, FGTS, acidente de trabalho e outras). Livro de Registro de Empregados O Livro de Registro de Empregados é documento oficial da empresa onde consta a relação nominal e individual de todos os em- pregados. Ele é obrigatório, autenticado pelo Ministério do Trabalho, servindo para o empregador como prova do cumprimento das obriga- ções trabalhistas dos seus empregados. Quando um fiscal chega a uma empresa, ele imediatamente so- licita o Livro de Registro de Empregados, para identificar se todos es- tão regulares, não havendo contratação em desrespeito a lei. Se a CTPS é documento que serve de prova para o empregado o Livro de Registro de Empregados é documento de prova do em- pregador, nele consta a qualificação dos empregados, bem como a sua vida funcional na empresa, tais como, data de admissão, demis- são, salário, gozo de férias, acidente de trabalho, etc. O empregado assina o documento, de forma a concordar com as informações ali prestadas. Assim sendo, se o empregado prestar qualquer informa- ção diversa da constante no respectivo livro, é ele quem terá que fa- zer prova do alegado. Contrato de experiência O contrato de experiência recebeu, com o passar dos anos, vários nomes diferentes, tais como: período de prova, período de experiência, contrato de prova. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 33 O contrato de experiência não pode ser confundido com o con- trato temporário, previsto na Lei nº 6019/74, com período de vigência máximo de 3 meses. Os contrato de experiência tem previsão legal na CLT, nos arti- gos 443 e parágrafo único no artigo 445, cujo prazo máximo é de 90 dias. Existe uma reciprocidade na experiência tanto por parte do em- pregador quanto do empregado. Observe que o contrato de experiência foi arbitrado em dias, já o contrato de trabalho temporário foi arbitrado, na lei, em meses. Segundo a previsão legal na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a experiência é uma modalidade de contrato de trabalho por tempo determinado, 90 dias . Sendo esse prazo excedido, ultrapas- sando os 90 dias, passará a vigorar como contrato na modalidade de contrato por tempo indeterminado. Não existe, na lei previsão de pror- rogação, desse prazo legalmente, ou seja, não se pode ultrapassar os 90 dias. Se for descumprido o prazo, estará contratando o empregado por tempo indeterminado para atividade laborativa, visto que já será con- siderado funcionário da empresa, sob a qual estava em experiência. Alguns exemplos de como pode ser direcionado os prazos do contrato de experiência. Exemplo 1: Contrato de experiência = ............................. 45 dias Prorrogação = ............................................... 45 dias Total = ............................................... 90 dias 34 Legislação Trabalhista e Previdenciária Exemplo 2: Contrato de experiência =............................ 30 dias Prorrogação = ................................................30 dias Total = ............................................... 60 dias Em ambos os casos foram respeitados os prazos máximos de 90 dias. Ainda que haja prorrogação, deve-se observar o período para que não ultrapasse o previsto na ordem legal. Observemos situações que podem ocorrer quando na dispensa do contratado: a) se empregado for dispensado injustamente antes do previs- to para o término do prazo do contrato, o empregador deve efetuar o pagamento de indenização,no valor de 50% do(s) salário(s) que seria(m) devido(s) a partir do dia seguinte da dispensa até o seu término, estando esse pagamento previa- mente estipulado entre as partes. b) se for o empregado a solicitar a demissão durante a vigência do contrato, estará sujeito ao pagamento da indenização nas mesmas condições do empregador, 50% do(s) salário(s) que receberia a partir do dia seguinte de seu pedido de dispensa até o término do contrato de experiência. É exigida, também, uma rescisão por escrito do contrato. Nesse conteúdo, observamos os conceitos básicos do Direito do Trabalho, bem como as formalizações legais para contratação. Vamos agora estudar as formas de extinção do contrato. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 35 LEITURA COMPLEMENTAR VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Manual prático das relações traba- lhistas. 10. ed. São Paulo: LTr, 2009. Indicamos para complemento de informações relevantes, a leitura do item 4.3.1 que irá lhe substanciar de importantes informações sobre como deve ser o preenchimento no Livro ou Fichas de Registro de Empregados. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Para um conhecimento mais robusto sobre exemplos de contrato de trabalho por tempo determinado, com vigências e prazos leia a par- te III- Direito Individual do Trabalho, capítulo 14, item 14.2.1,14.2.3 e 14.2.5., páginas 119, 120 e 121. PARA REFLETIR Convido-o a fazer uma pesquisa na web sobre Recrutamento e Sele- ção, mais diretamente sobre testes admissionais. Isso lhe proporcio- nará maiores informações, trazendo segurança para o seu dia a dia enquanto profissional. 36 Legislação Trabalhista e Previdenciária 1.4 TERMINAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO Terminologias Várias são as denominações para o fim do contrato de trabalho, dentre elas, temos: rescisão, resolução e resilição. Todas têm o mes- mo significado, dando conta do fim do contrato de trabalho. A mais conhecida popularmente é o termo rescisão contratual. O término do contrato pode se dar por culpa do empregado ou por culpa do empregador. Quando ocorre por culpa do empregado, di- zemos que houve a demissão, e quando termina por culpa do empre- gador, dizemos que houve a despedida. Muitas pessoas desconhecem tal diferença usando como sinônimo tais terminologias. Direitos do Empregado Obviamente o empregado não possui os mesmos direitos na demissão e na despedida, assim, veremos agora os direitos nos dois casos: 1- Na Despedida O empregado possui o direito para o aviso prévio, o qual é dado para que o empregado saiba, com antecedência, o término do contra- to. Terá direito a sacar o seu FGTS, acrescido de uma multa imposta ao empregador (art. 7º, inciso I da CF) de 40%. O empregador deposita junto à Caixa Econômica Federal 50% sobre o FGTS do empregado, sobre o qual o empregado saca 40% do valor, que lá estava deposita- do, e 10 % fica para o Governo Federal. Terá, ainda, direito ao seguro Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 37 desemprego, saldo de salário (valor dos dias trabalhados até a data da rescisão), 13º salário proporcional e férias proporcionais. 2- Na Demissão O empregado terá que pagar o aviso prévio ao empregador, terá direito ao saldo de salário, 13º proporcional e férias proporcionais, além do saldo de salário. Não terá direito à liberação do seu FGTS e nem a seguro-desemprego. Motivos para a Rescisão 1-Motivos dados pelo empregado- Justa causa O artigo 482 da CLT apresenta vários motivos que justificam a dispensa do empregado, sem qualquer ônus para o empregador. Es- ses motivos são taxativos, não podendo ser criados outros motivos para justificar a dispensa do empregado. A justa causa é a forma de dispensa decorrente de ato grave praticado pelo empregado, comprometendo o contrato de trabalho, por motivo tipificado diretamente com as hipóteses legais, previstas no artigo 482 da CLT. Quando é o empregado quem dá justificativa para rescisão do contrato, utilizamos a expressão justa causa. Quando é o empregador que age de maneira contrária a lei, dando motivo para cessar o contra- to de trabalho, utiliza-se a expressão rescisão indireta, observando o disposto no artigo 483 da CLT. Passemos a observar a tipificação da justa causa dada pelo empregado, 482 CLT: 38 Legislação Trabalhista e Previdenciária a) ato de improbidade: A palavra improbidade tem sua origem no latim improbitas, que tem o significado. Má qualidade, imoralidade, malícia. O ímprobo exer- ce ações de mau caráter, perversidade, maldade, desonestidade. A configuração da falta grave pode ser configurada com uma apropria- ção de coisa alheia como, por exemplo, um furto ou roubo de objetos de uma residência, onde exerça suas atividades laborativas ou tam- bém se configura quando o empregado justifica ausências com ates- tados médicos falsos, quando adultera notas fiscais com algum intuito de vantagem, quebra de sigilo do segredo da empresa, etc. Sobre a prova não se faz necessário a confecção de boletim de ocorrência para a caracterização da falta e, independe, do valor da coisa subtraída. b) incontinência de conduta ou mau procedimento; O desregramento do empregado em relação aos seus hábitos relacionados à vida sexual é a incontinência de conduta. Podemos apontar como exemplos: pornografia, obscenidades praticadas, a li- bertinagem, observando-se que o desregramento seja desenvolvido, no âmbito das atividades laborativas. Atualmente, a tipificação que causa maiores discussões por parte dos doutrinadores é o assédio sexual, que é também uma das caracteri- zações da incontinência de conduta. Configura-se quando uma pessoa aborda a outra, de maneira constrangedora e não como um galanteio, sem absoluta reciprocidade, ficando evidenciada a falta grave para o ato des- concertante, repreensível e incompatível para com um ambiente de labor. Em relação ao que vem a ser mau procedimento é um ato fal- toso que não podemos associar às demais alíneas do art. 482 da CLT. Resumindo, para que não fiquem dúvidas, os juristas dizem que tudo o que não possa ser encaixado em outras faltas será classificado como mau procedimento. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 39 Com isso, quando o empregador agir de maneira irregular, ou com procedimento incorreto que seja incompatível com as regras a serem observadas pelo homem comum perante à sociedade que o cerca, tumultuando o andamento ordeiro do trabalho, será dada uma advertência que para melhor prova deve ser por escrito, a depender da gravidade da situação. c) negociação habitual A negociação habitual pode ser efetivada por conta própria ou alheia, sem permissão do empregador e o que rege a previsão legal. Quando for exercida pelo empregado, com habitualidade e sem o conhecimento e permissão do empregador, será considerada justa causa. Um exemplo concreto é quando em uma concorrência à em- presa para a qual trabalha o empregado, o mesmo começa a negociar sem permissão do empregador, prejudicando o andamento correto das empresas. Essas situações usualmente ocorrem em respeito aos atos de comércio praticados pelo empregado, sem permissão do empregador e com habitualidade. É aceitável pela legislação que o empregado te- nha outro vínculo empregatício, podendo fazer pequenos bicos ou ser empregador, no entanto, deve ter cautela para não causar prejuízo ao empregador. d) condenação criminal A condenação do empregado é justa causa quando a decisão transitar em julgado, ou seja, após o juiz proferir uma sentença con- denatória definitiva. Isso ocorre caso não tenha havido suspensão da execução da pena (SURSIS), ou alguma outra bonificação, tal como: bom comportamento, não possuir antecedentes criminais, etc. 40 Legislação Trabalhista e Previdenciária Na configuração da justa causa é preciso que haja uma inequí- voca condenação criminal, inclusive a lei exige que a sentença tenha sido transitada em julgado, sem possibilidadede recurso ou outro trâmite processual. Também não se caracteriza justa causa caso o juiz tenha con- cedido a suspensão da execução da pena, ou seja, inexista sursis. Pela lei, o empregado pode trabalhar normalmente, com o sursis e não es- tará caracterizada a justa causa, o mesmo acontecendo se o emprega- do beneficiar-se da liberdade condicional. Os fatos apurados no processo penal não precisam, necessa- riamente, estar relacionados com o serviço do empregado. e) desídia no desempenho das respectivas funções. Será considerada desídia a negligência, preguiça, má vontade, displicência, desleixo, indolência, omissão, desatenção, indiferença, desinteresse, relaxamento. O empregado age com desídia quando exerce suas atividades, no âmbito trabalhista, com ação ou omissão de condutas em desacor- do com as normas do local onde trabalha. Essas condutas ou atos po- dem ser: ausências, comparecimento impontual, tarefas imperfeitas. Para alguns doutrinadores, a desídia também se caracteriza como um conjunto de pequenas faltas, que mostram a omissão do empregado no serviço, desde que haja repetição dos atos faltosos. Uma falta isolada não vai caracterizar a desídia, no entanto a soma de faltas anteriores serão objeto de punição ao empregado, ainda que sob a forma de advertência verbal. A configuração se dará com a última falta. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 41 f) embriaguez habitual ou em serviço: Podemos classificar de duas maneiras a embriaguez: a que ocorre de maneira habitual ou aquela que ocorre em serviço. A palavra embriaguez, aqui, encerra um sentido amplo, prove- niente de álcool ou de drogas. Se o empregado tem o hábito de em- briaga-se de forma corriqueira, mesmo fora do serviço, e essa prática coaduna em implicar mau desenvolvimento das atividades laborati- vas costumeiras , está caracterizada a falta grave. Quando a embriaguez ocorre no próprio ambiente de traba- lho, ainda que não seja exercida de forma habitual, será considera- da justa causa. É relevante ressaltar que o legislador está apontan- do como uma justa causa a embriaguez e não a ação de beber, logo o empregado que será punido quando necessário é o embriagado no âmbito da empresa. A vida social no âmbito privado não será avaliada, mas as ações do funcionário na empresa é que serão con- sideradas falta grave. O alcoolismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde como doença, assim, se o empregado comprovar a patologia com os CIDs 291, 303 e 305, deverá ser tratado e não dispensado, sendo con- duzido ao INSS. g) violação de segredo da empresa: Será considerado falta grave o empregado que divulga segredo da empresa, como marcas e patentes, ou fórmulas exclusivas, sem o conhecimento e consentimento do empregador. Existe um valorização da discrição dos empregados em relação as situações, fórmulas, atos e coisas quem sejam de uso exclusivo da empresa. O descumprimento do silêncio e, se o mesmo prejudicar ao 42 Legislação Trabalhista e Previdenciária empregador, será considerada uma falta grave e, consequente, uma demissão. h) ato de indisciplina ou de insubordinação: O ato de indisciplina é caracterizado pela não observância das orientações imediatas do empregador de forma impessoal. Ex: Orien- tações sobre vestuário inadequado fixadas em murais de aviso. A insubordinação é quando a ordem direta do empregador ou de alguém da empresa, que é hierarquicamente superior, é recebida com desdém e a tarefa atribuída não é cumprida. i) abandono de emprego: Quando o empregado se ausenta da atividades laborativas, por tempo relevante, sem informar os motivos ao empregador e nem ao superior hierárquico, somando a essa ausência a nítida intenção de não mais retornar as sua funções, estamos diante de uma situação de justa causa, de abandono de emprego. É de suma importância que o empregador por cautela guarde as provas do abandono, que podem ser: cartas exigindo o retorno, mensagens, telefonemas, tudo que posso corroborar com a tentativa do empregador de trazer o seu empregado de volta às atividades na empresa. A Jurisprudência sugere, por segurança jurídica para o empre- gador, que seja respeitado um período de, em média, 30 dias para que haja a inequívoca intenção por parte do empregado de não mais retornar ao labor. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 43 O fato de o empregado não atender à comunicação pu- blicada na imprensa pelo empregador pedindo retorno do empregado ao serviço, sob pena da caracterização da justa causa, não revela seu ânimo de abandonar o serviço, pois muitas vezes ele não lê aquele jornal, ou não tem condições de comprar o periódico. Deve o em- pregador mandar uma carta com aviso de recebimento, ou telegrama, convocando o empregado para o retorno ao trabalho. Poderia também ser feita uma notificação judicial ou extrajudicial. (MARTINS, 2012, p.342) j) ato lesivo da honra ou da boa fama A justa causa do ato lesivo é a ofensa a honra e a boa fama que goza o empregador, ou colegas de trabalho, com palavras, gestos que firam a honra do outrem. k) ofensa física Ocorre a ofensa física com a agressão do empregado contra qualquer pessoa, o empregador e superiores hie- rárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. A ofensa física ocorre no local de trabalho, no ser- viço, mas poderá ocorrer fora do local de trabalho se o em- pregado trabalhar externamente. (MARTINS, 2012, p.343) Será configurada falta grave, mesmo que não haja lesão corporal. l) prática constante de jogos de azar: O empregado que tem por hábito praticar jogos de azar está, pela lei trabalhista, cometendo falta grave. O que caracteriza a demissão é a habitualidade do ato, ou seja, se for um ato isolado, não está o empregado incorrendo em justa causa. 44 Legislação Trabalhista e Previdenciária São considerados jogos de azar: jogo do bicho, rifas não autori- zadas, baralho, dominó, roleta, bacará, bingo, loterias, etc. 2- Motivos dados pelo empregador O trabalhador também pode rescindir o contrato por culpa do empregador, por caracterizar a despedida indireta. Postula ele, assim, na Justiça, o reconhecimento da rescisão indireta do contrato de tra- balho quando o empregador deixa de cumprir seus deveres ou pratica atos vedados pela Lei. Neste caso, tem direito a receber as indeniza- ções como se tivesse sido demitido imotivadamente. A CLT dispõe da seguinte forma: Art. 483 O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrário aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierár- quicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 45 g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários (MANFREDINI; TONASSI; SARAIVA, 2014, p. 340). Prescrição A prescrição se configura com a aquisição ou perda de um direi- to em virtude do decurso do tempo. O direito perdido é o de exercer a ação, ou seja, a segurança de invocar a proteção do Estado em busca do seu direito. A prescrição está prevista no artigo 11 da Consolidação das Leis do Trabalho e no inciso XXIX do artigo 7o da Constituição Fe- deral, com as alterações sofridas pela Emenda Constitucional 28 de 25/05/2000. A finalidade da Prescrição é a perda do exercício do direito de ação em razão da ausência do seu titular, que se manteve inerte e per- deu o prazo determinado, entendido, pelo legislador, como necessárioe suficiente para a consolidação das relações jurídicas e sociais. O empregado, independente de ser um trabalhador da área ur- bana ou rural, deverá propor ação trabalhista se tiver interesse em obter algum eventual valor pendente, no prazo de até dois anos após findar a relação trabalhista com o empregador, ou se ainda estiver no transcorrer do vínculo trabalhista, no prazo máximo de cinco anos. Depois da parte histórica e da formalização do contrato de tra- balho, vamos agora transcorrer sobre os princípios que regem o Direito do Trabalho e o que caracteriza o vínculo trabalhista. 46 Legislação Trabalhista e Previdenciária LEITURA COMPLEMENTAR VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Manual prático das relações trabalhistas. 10. ed. São Paulo: LTr, 2009. Indicamos para complemento de informações relevantes sobre a rea- dmissão de empregos, a leitura da página 21 que irá lhe substanciar de importantes informações sobre como deve ser o procedimento se for preciso recontratar um funcionário. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: LTr, 2009. Na página 939 dessa obra, você vai encontrar informações comple- mentares sobre as alterações funcionais favoráveis e desfavoráveis, ajudando-o a tomar decisões no seu dia a dia laborativo. PARA REFLETIR Faça uma pesquisa relacionando os elementos essenciais na propo- situra de um contrato trabalhista com a realidade trabalhista que lhe é familiar. Tema 1 Iniciação ao saber jurídico trabalhista 47 RESUMO Nesse Tema, foram tratados os fundamentos básicos da iniciação aos estudos do Direito Trabalho, tais como a sua parte histórica, que nos traz informações relevantes sobre a evolução do trabalho no transcor- rer do tempo. Na sequência, após vermos o desenvolvimento em esfera global, fize- mos um passeio pela realidade histórico-jurídica no Brasil, como sua formação legislativa e vinculação à Constituição Federal. Outro ponto que convém ressaltar, nesse tema I, foi a apresentação da forma de consecução dos contratos com suas especificidades. E, encerrando, vimos as formas de rescisão de contrato, com suas pe- nalidades e direitos assegurados aos trabalhadores, com vínculo em- pregatício e os institutos de Prescrição e Decadência. Tudo através de exemplos, despertando-o para uma inicial aprendizagem das ciências jurídicas-trabalhistas. tema 2 Política Social: Os modelos de Políticas Sociais Agora que estudamos toda evolução histórica do Direito do Trabalho no mundo e no Brasil, vamos aprender sobre os princípios basilares que nor- teiam esse direito, bem como as fontes que lhes originam. Para estudar qualquer ramo do direito precisamos antes ter a compreensão da estrutura que o cerca. Boa leitura! Tema 2 Direito do Trabalho 51 2.1 PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO DO TRABALHO PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Princípio da Proteção Em uma relação entre empregado e empregador é sabido que o empregado ocupa uma condição de inferioridade. Na maioria das ve- zes, é o empregador que impõe as condições da relação de emprego, e o empregado, pela necessidade do emprego, aceita, sem condições de barganha. Num litígio ocorrido entre empregado e empregador, o empregador tem mais condições de defesa de que o empregado, em razão de ter mais condições econômicas e poder contratar um bom advogado. O empregador é quem detém a posse das provas da relação de emprego, sendo que essas provas foram produzidas por ele mesmo. O empregador tem, ainda, a vantagem de ter mais conhecimen- tos das suas obrigações para com o empregado, mesmo que não as cumpra, enquanto que o empregado muitas vezes não conhece todos os seus direitos. E, por fim, em razão de que a melhor prova que pode se utilizar o empregado é o depoimento de um colega de trabalho que, muitas vezes, se nega a prestar depoimento, ou por medo de perder o emprego, ou de não conseguir outro, por medo de perseguição. Por todas essas razões, o empregado encontra-se em grande desvantagem em relação ao empregador e, para isso, precisa de uma proteção legal, para que possa equiparar-se ao empregador, e ficar em equilíbrio com ele, em pé de igualdade. Esse equilíbrio é buscado por três sub-princípios abaixo identificados: 52 Legislação Trabalhista e Previdenciária 1. Princípio da Aplicação da Norma Mais Favorável No caso de existirem várias normas aplicáveis a uma relação de trabalho, será aplicada aquela que mais beneficiar o empregado. Assim, se uma lei Federal dispuser sobre a obrigação de pagamento de adicio- nal de insalubridade, no percentual de 20% para determinada atividade e a norma de uma empresa dispuser que o empregado terá direito a 30% de adicional de insalubridade, o empregador terá que pagar o que dispõe a norma da empresa e não a lei federal. Mesmo que a lei federal seja hierarquicamente superior, a norma da empresa é mais favorável ao empregado, logo é ela que regulará aquela relação de emprego. 2. Princípio da Condição Mais Benéfica O presente princípio impõe que o empregador não pode modificar ou substituir as cláusulas contratuais que sejam benéficas ao trabalhador por outras menos benéficas. Assim, se em um contrato de trabalho ficou estabelecido o horário e o local de trabalho em que o empregado iria exer- cer suas atividades, o empregador não pode alterá-los se esses forem menos benéficos ao empregado. A modificação ou substituição dessas condições só podem ocorrer com a concordância prévia do empregado. Na prática, o empregador modifica as condições de trabalho do empregado e esse aceita posteriormente, para não perder o emprego. Para que o empregado prove que houve prévia concordância do em- pregado para modificação das condições de trabalho, ele pede para o empregado assinar um termo de concordância da modificação da cláusula contratual. Tal princípio é de suma relevância para o empregado, pois a re- cusa da modificação das cláusulas contratuais não caracteriza motivo de justa causa, de forma que se o empregador quiser dispensar o em- pregado pela recusa, terá que indenizá-lo, já que essa dispensa se deu sem justo motivo. Tema 2 Direito do Trabalho 53 3. Princípio Do In Dúbio Pro Mísero Nesse princípio, que consiste “na dúvida a favor do trabalhador”, que significa que sempre que houver dúvida em relação à interpreta- ção a um texto ou artigo legal, deve-se aplicar a que melhor atenda aos interesses do trabalhador. Aplica-se também ao caso concreto, pois se subsistem dúvidas, o juiz deve optar pelo julgamento da causa em favor do trabalhador. Se existir uma norma que não esteja clara, se a intenção é garantir tal direito ao empregado, deve-se, então, interpretar a norma a favor do trabalhador. Princípio da Irrenunciabilidade Consiste no princípio em que os direitos dados em garantia aos trabalhadores não podem ser renunciados, visto que lhes foram asse- gurados pela legislação trabalhista e a primazia da imperatividade das leis laborais, em suma, são normas obrigatórias. No Direito do Trabalho brasileiro, o princípio está previsto no art. 9º da CLT: “Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.” Portanto, não é permitida a renúncia de direito, como, por exem- plo: não pode ficar sem férias, mesmo recebendo-as em dinheiro; não ter registro em Carteira de Trabalho, mesmo que o empregado assu- ma a responsabilidade. O trabalhador não pode, em nenhuma hipótese, renunciar aos seus direitos, garantidos pela legislação pátria. 54 Legislação Trabalhista e Previdenciária Principio da Continuidade da Relação de Emprego Sobre o princípio da continuidade, encontramos sempre pre- sunção de que o operário quer sobre tudo manter o seu emprego. Ao existir relação trabalhista, presume-se que estejamos lidando com vínculo empregatício. Isto quer dizer, que se houver uma reclamação na Justiça, o empregador é quem terá o ônus da prova,ou seja, cabe a ele provar que o trabalhador não era seu empregado, mas exercia serviço como autônomo. Aplica-se também esse princípio quando ocorre suposto aban- dono de emprego, cuja prova é obrigação do empregador. O mesmo se dá com o pedido de demissão, o qual deve ser claro e sem dúvidas, pois há a presunção de que o empregado não quer perder o emprego. Princípio da Primazia da Realidade No Direito do Trabalho vale o que ocorre no mundo real e não no mundo formal. Melhor dizendo, vale o que de fato aconteceu e não o que aparentemente ocorreu. Muitos trabalhadores são obrigados a fazer hora-extra e assinar o ponto no horário normal de trabalho, de forma que aparentemente ocorreu um fato, enquanto que a realidade ocorreu de forma diversa. A prova material que é o cartão de ponto, diversa da ocorrida, sendo essa prova documental. Porém essa é refutável, bastando que o em- pregado prove, através de quaisquer outros meios de provas, inclusi- ve testemunhal, que a realidade ocorreu de forma diversa, ou seja à busca da verdade real e não a formal. Tema 2 Direito do Trabalho 55 Fontes do Direito do Trabalho Fontes Materiais e Fontes Formais São as fontes divididas em materiais e formais. As primeiras são os acontecimentos sociais, econômicos e históricos que influem na formação da norma jurídica. As segundas são as jurídicas. Estas podem ser a Constituição, as Leis, as Sentenças Normativas, as Con- venções e Acordos Coletivos, os Regulamentos de Empresa, as Cláu- sulas Contratuais, a Jurisprudência e os Usos e Costumes. Fontes Formais: 1- Constituição A Constituição é a norma mais importante de um país. A partir dela é que surgem as demais normas jurídicas validamente aplicáveis. A atual Constituição traz, em seus artigos 7º a 11, várias normas de Direito do Trabalho, além de atribuir à União a competência priva- tiva para legislar sobre Direito do Trabalho. Esta previsão encontra-se no artigo 22, inciso I, da Lei Maior. 2- Leis A legislação trabalhista é extensa. A principal lei laboral é a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Além desta, existem mui- tas outras que não se encontram incluídas neste diploma legal. Como por exemplo: podemos citar a Lei dos Empregados Domésticos (Lei 5.859/72), a Lei de Greve (Lei 7.783/89), a Lei do FGTS (Lei n.º 8.036/90). 56 Legislação Trabalhista e Previdenciária Segundo material disponibilizado pelo Professor Luís Fernando Xavier Soares de Mello (MELLO, 2003), seguem considerações abaixo 3- Sentença Normativa É a decisão emanada dos Tribunais de Justiça do Trabalho ou dos Tribunais Superiores do Trabalho nos julgamento dos dissídios coletivos. Por elas é que são criadas, modificadas normas, a serem aplicadas a empregados e empregadores de uma mesma categoria profissional e econômica. 4- Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho É muito importante conhecermos as diferenças entre Conven- ções e Acordos, visto que várias pessoas tendem a confundir os dois institutos. Convenções são acordos celebrados entre dois ou mais sindica- tos de empregados e empregadores, exteriorizando pactos de condi- ções de trabalho, conforme está previsto no art. 611 da CLT: “ART. 611- Convenções Coletivas de Trabalho é o acordo de ca- ráter normativo, pelo qual, dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.” Acordos coletivos de trabalho são estabelecimento de decisões entre uma ou mais empresas de uma categoria econômica com o sin- dicato dos empregados, enquanto que nas Convenções o pacto é entre sindicatos, conforme os dizeres do § 1º do art. 611 da CLT: “§ 1º- É facultado aos Sindicatos representativos de cate- gorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem Tema 2 Direito do Trabalho 57 condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das em- presas acordantes às respectivas relações de trabalho.” 5- Regulamentos da Empresa Para alguns doutrinadores, os regulamentos da empresa não são considerados fontes de direito, porém é através desses regula- mentos que são criadas normas específicas para os operários de uma determinada empresa. São normas gerais dirigidas a todos, suas cláusulas aderem ao contrato de trabalho, sejam elas escritas ou não. 6-Cláusulas Contratuais Sobre as Cláusulas Contratuais são as determinações que obrigam as partes ao pactuado, fazendo nascer direitos e obriga- ções aplicáveis aos contratantes. Os contratos versam sobre as condições de trabalho, tais como salário, gratificações, horário de trabalho, benefícios, etc. Um contrato de trabalho poderá, por exemplo, determinar o pa- gamento de horas extras com adicional superior ao previsto em lei. 7- Jurisprudência A jurisprudência são decisões reiteradas (repetidas) dos tri- bunais sobre determinada matéria no mesmo sentido. Tem a sua formação nas decisões dos tribunais sobre o mesmo assunto, uni- formemente, no mesmo sentido. São os julgados anteriores que abrem precedentes para outras decisões. De fato, não obrigam os juízes a segui-las, mas servem como sugestão para influenciar as decisões futuras. 58 Legislação Trabalhista e Previdenciária 8- Usos e Costumes Os usos são hábitos e os costumes são práticas aceitas volunta- riamente pela sociedade, que determinam formas de comportamento social, que influenciam no Direito do Trabalho, servindo como fonte subsidiária à lei. Sobre as gratificações que são pagas costumeiramente, com continuidade aos funcionários, não poderão ser suprimidas. Um exemplo da força jurídica dos costumes é o 13º salário que, antes de se tornar lei, foi instituído pelo costume. 9- Analogia e Equidade A Analogia é a aplicação de uma norma existente para um fato e que pode ser aplicada à situação semelhante para a qual não existe lei. Diz o art. 72 da CLT: “ART. 72. Nos serviços permanentes de mecanografia (datilo- grafia, escrituração ou cálculo), a cada período de 90 (noventa) mi- nutos de trabalho consecutivo corresponderá a 10 (dez) minutos não deduzidos da duração normal de trabalho”. O trabalho com digitação é muito parecido com o trabalho de datilografia, só que não existe norma específica para os digitadores, podendo ser aplicado o referido artigo. Para alguns doutrinadores, a Analogia e a Equidade não são fontes de Direito, no entanto, acreditamos ser melhor classificadas como formas de interpretação e integração da lei, visto que elas garantem a aplicação de normas já existentes. Tema 2 Direito do Trabalho 59 Após estudarmos os princípios, veremos a diferença entre os sujeitos das relações trabalhistas com vínculo empregatício, o empre- gador e empregado. LEITURA COMPLEMENTAR MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Para entender sobre como se dispõe as inúmeras normas que formam nosso sistema jurídico hierárquico, sugiro a leitura das páginas 65 e 66 sobre Hierarquia. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: LTr, 2009. No capítulo 5, na página 131, encontramos informações relevantes so- bre o assunto das fontes, especificamente sobre fontes normativas, Heteronomia e Autonomia que trabalha a percepção da diversidade de normas. 60 Legislação Trabalhista e Previdenciária PARA REFLETIR Princípio e fontes são a base de todo ordenamento jurídico. Sobre eles faça uma pesquisa nos livros sobre Convenções e Acordos coletivos, especificamente na sua área profissional . 2.2 EMPREGADO E EMPREGADOR / REQUISITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO A CLT- Consolidação das Leis do Trabalho regula as relações entre empregado e empregador e não toda relação de trabalho. Assim, para sabermos quem possui os direitos e deveres contidos na CLT, te- mos que saber quem é considerado empregado e quem é considerado empregador. O Empregador A própria CLTdefine tais situações. No artigo 2º da CLT está contida a definição de empregador, que assim dispõe: “Art. 2º- Considera-se empregador a empresa individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação de serviços.” Tema 2 Direito do Trabalho 61 Como vimos na definição acima, a CLT definiu o empregador como sendo uma empresa, o que fez de forma imprópria, já que esse tanto pode ser pessoa física ou jurídica, e como está definido na CLT, esse só poderia ser a pessoa jurídica. A empresa é um misto de atividades organizadas, que visam a produção e circulação de bens e serviços para atender ao mercado, sempre buscando o lucro. Para o Direito do Trabalho, foco de nosso estudo nesse livro, a empresa aparece na relação de trabalho, geral- mente, como o empregador. O § 1º da CLT diz que se equipara a empregador, para esse efei- to, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as asso- ciações recreativas ou instituições sem fins lucrativos que admitirem trabalhadores como empregados (CLT, artigo 2 º, § 1º). Empresa de trabalho temporário Considera-se empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica que exerce atividade na área urbana e põe a disposição a sua força de trabalho (trabalhadores qualificados) para o uso de outras em- presas, de maneira temporária, sendo responsabilidade das mesmas a remuneração e acompanhamento do trabalho desenvolvido. Apontamos, como exemplo, o fornecedor de mão-de –obra, previsão legal na Lei nº 8036/90, art.15, § 1º. Uma observação importante é que a lei não permite a celebra- ção de contrato trabalhista temporário na área rural. Empregador rural O empregador rural, segundo a lei nº 5.889/73, no art 3 º é a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade 62 Legislação Trabalhista e Previdenciária agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por meio de prepostos e com auxílio de empregados. A qualificação do empregador rural será de acordo com a ativi- dade exercida, podendo ser: agricultura, agroeconômica ou pecuária. O Empregado O artigo 3º da CLT define quem é empregado, e estatui que: “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar servi- ços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário.” Assim, segundo o que dispõe a legislação trabalhista, só pode ser considerado empregado todos aqueles que se encaixem nessa de- finição legal. É a partir da definição de empregado que retiramos os requisitos que qualificam o que é ser empregado ou apenas trabalha- dor informal, perante a legislação pátria. Vamos fazer uma análise dos requisitos que classificam, tipifi- cando o trabalhador como empregado, ou seja, detentor de todos os direitos trabalhistas que a legislação do nosso país disponibiliza aos que possuem vínculo empregatício. O primeiro requisito a ser analisado é que o empregado é pes- soa física, não podendo ser pessoa jurídica; o segundo requisito é a não-eventualidade na prestação de serviço, deve haver uma conti- nuidade na prestação de serviço; o terceiro é a dependência, ou seja, subordinação que reforça o fato do direcionamento das atividades por parte do empregador; quarto é a remuneração, o pagamento de salário, o trabalho do empregado não será gratuito e por fim que a prestação de serviços seja pessoal, ou seja, o empregado não deve ser substituído por outra pessoa na prestação de serviço. Tema 2 Direito do Trabalho 63 Empregado em domicílio O empregado em domicílio está associado a princípio ao desen- volvimento de trabalho artesanal, a exemplo de pequenas confecções, cujos trabalhadores são membros da própria família, como uma pe- quena indústria caseira. Segundo artigo 83 da CLT, o trabalhador em domicílio é execu- tado na habitação do empregado ou em oficina de família, por conta de empregador que o remunere. Empregado aprendiz No nosso país está terminantemente proibido o trabalho do me- nor de 16 anos. Essa proibição está presente na nossa Carta Magna, no artigo 7, inciso XXXIII. No entanto, prevê legalmente o contrato de aprendizagem aos menores de 14 a 18 anos. Os aprendizes também possuem direitos, garantidos pela Lei pátria, tais como: o direito ao salário mínimo mensal e, no tocante a formalização da relação, o contrato deve ser por escrito e por prazo determinado. Empregado rural O que diferencia o trabalhador rural do urbano é que o rural exerce suas atividades laborativas no campo, entretanto a Constitui- ção Federal igualou em direitos protegidos os urbanos e rurais. Trabalhador temporário O Decreto nº 73.841/74, especificamente no artigo 16, traz a de- finição de trabalhador temporário que é a pessoa física contratada por empresa de trabalho temporário, para prestação de serviço destinado 64 Legislação Trabalhista e Previdenciária a atender à necessidade transitória de substituição de pessoal regu- lar e permanente ou a acréscimo extraordinário de tarefas de outras empresas. Os direitos do trabalhador temporário não são iguais ao direitos que protegem os outros trabalhadores, sob a previsão cons- titucional. Trabalhador avulso O trabalhador avulso é uma pessoa física que presta serviço, sem ter vínculo empregatício, a diferentes empresas, podendo ser sindicalizado ou não, no âmbito rural ou urbano, com a intermediação obrigatória de um sindicato ou de um gesto de mão-de-obra. Requisitos da Relação de Emprego Como dissemos anteriormente, para ser considerado empre- gado a pessoa tem que se adequar ao conceito previsto no artigo 3º da CLT. Assim, para saber se existe ou não uma relação de emprego, faz-se necessária a comprovação da presença de todos os requisitos contidos no conceito de empregado, previsto no artigo 3º da CLT. Portanto, em síntese, podemos dizer que os requisitos da rela- ção de emprego são: 1- Trabalho Pessoal - exige-se que o empregado pessoalmente exerça as atividades contratadas, ou seja, institui personae, pois só a pessoa física pode ser empregada, e esta não pode se fazer substituir por outrem, na execução dos serviços. Assim, se um profissional é contratado como professor, no dia que ele não puder comparecer não poderá mandar outra pessoa em seu lugar. A execução de um serviço por outra pessoa, implica a exis- tência de um novo contrato com essa terceira pessoa. Só poderá haver a substituição esporádica de um funcionário por outro, sem a carac- Tema 2 Direito do Trabalho 65 terização de um novo contrato, se a pessoa que executa os serviços do funcionário faltante já for da empresa, e houver concordância do empregador para a permuta. 2- Serviço não eventual - o trabalho prestado pelo contratado não poderá ser eventual, será de forma contínua, conforme acordado entre as partes. Contínuo não quer dizer diário, pois o trabalho exercido de for- ma contínua, em dias, ou semanas alternadas, pode ser considerado contínuo, sem ser diário. A não eventualidade é aquela exercida de forma repetitiva, já a eventualidade é o serviço prestado de forma não costumeira, como por exemplo, a contratação de um pintor para pintar sua casa. Não é um fato costumeiro e sim eventual. Já uma diarista que vai a sua casa três vezes por semana, ou duas, é um hábito contínuo e não eventual, caracterizando, pois, a relação de emprego. 3- Dependência do Empregador - A dependência quer dizer su- bordinação profissional, ou seja, o empregado é dirigido pelo empregador, recebendo ordens de como executar seu tra- balho. Portanto, o empregado não tem liberdade de agir no trabalho, sendo orientado, coordenado pelo empregador ou seus prepostos (empregados representantes). Quando o trabalhador tem liberdade na execução do trabalho, não é dirigido, tem autonomia funcional, não caracteriza relação de emprego, e sim trabalho autônomo. 4- Salário - esse é o prêmio recebido pelo trabalhador pela prestação dos serviços ao empregador. É a contraprestação pelos serviços
Compartilhar