Buscar

Tese_Isabel_Inacio_ICBAS2015

Prévia do material em texto

Artigo de Investigação Médica 
 
 
 
 
 
Linfopenia e Anemia em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico 
 
 
 
Isabel Maria Ramos Inácio 
 
 
 
Mestrado Integrado em Medicina 
 
 
 
 
Porto, 2015
 
 
 
 
 
 
Linfopenia e Anemia em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico 
 
 
Artigo de Investigação Médica 
 
Dissertação de candidatura ao grau de Mestre em Medicina, submetida ao Instituto 
de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. 
 
Ano Letivo 2014/2015 
 
 
 
 
 
Autora: Isabel Maria Ramos Inácio 
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. 
E-mail: inacio.isabel@hotmail.com 
 
 
Orientadora: Dra. Lúcia Raquel Moreira Faria 
Assistente Hospitalar de Medicina Interna no Hospital Santo António, Centro 
Hospitalar do Porto. Professora Convidada do Instituto Biomédicas Abel Salazar da 
Universidade do Porto. 
 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
1 
 
Agradecimentos 
 
À Dra. Raquel Faria por ser a força motriz deste trabalho e pelo apoio e paciência ao 
longo destes meses. Um agradecimento especial por me ter apresentado o mundo dos mil e 
um caminhos da autoimunidade. 
À Dra. Rita Dias pelo apoio imprescindível na colheita e análise estatística, e também 
à Dra. Rute Alves pelo apoio insubstituível na análise estatística. 
Ao Prof. Dr. Carlos Vasconcelos por permitir a realização deste trabalho na Unidade 
de Imunologia Clínica e por partilhar os dados dos seus doentes recolhidos na sua tese de 
doutoramento. 
À Dra. Ana Tavares, Dra. Joana Ferreira, Sr. Jorge Ferreira, D.ª Jacqueline Ferreira, 
D.ª Maria José e a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a 
realização deste trabalho. 
À minha família e amigos que sempre me acompanham nos momentos altos e 
baixos constantes da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
2 
 
Índice 
RESUMO .................................................................................................................... 3 
ABSTRACT.................................................................................................................. 4 
LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................................. 5 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 6 
MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 8 
RESULTADOS .............................................................................................................. 9 
DISCUSSÃO .............................................................................................................. 20 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 23 
ANEXOS .................................................................................................................. 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
3 
 
Resumo 
 
Introdução: A linfopenia e a anemia são muito comuns e têm sido associadas a maior 
atividade de doença e dano de órgão. 
Objetivos: Avaliar a frequência da linfopenia e da anemia ao longo da evolução do Lúpus 
Eritematoso Sistémico e estabelecer a relação com outras manifestações 
clínicas/imunológicas, atividade da doença, dano de órgão, fármacos, infeções e neoplasias. 
Metodologia: Estudo retrospetivo de 38 doentes, com informações dos processos clínicos e 
análises laboratoriais, com visitas frequentes e follow-up desde diagnóstico neste centro até 
31 de dezembro de 2014. Foram analisadas as características sociodemográficas, outras 
doenças auto-imunes, comorbilidades, manifestações cumulativas, SELENA-SLEDAI, SDI, 
fármacos, infeções e neoplasias. 
Resultados: 36 mulheres (18:1) com idade média ao diagnóstico 31,26 anos, follow-up 
médio de 12,34 anos. 
Linfopenia<1500/mm3 presente ao diagnóstico em 75,8%, no primeiro ano em 83,8% e em 
todo o follow-up 89,5%. Linfopenia ao diagnóstico foi correlacionada com maior idade ao 
diagnóstico, maior atividade durante os primeiros 5 anos, envolvimento mucocutâneo, anti-
Sm e anti-RNP. Menor valor de linfócitos no primeiro ano foi correlacionado com anemia, 
maior idade ao diagnóstico, anti-Sm, trombose, envolvimento cutâneo e neoplasias. Não 
foram encontradas correlações entre linfopenia e dano ou infeções. 
Anemia <11,9g/dL presente ao diagnóstico em 52,9% no primeiro ano 54,1% e em todo o 
follow-up 71,1%. Anemia ao diagnóstico foi correlacionada com maior atividade nos 5 
primeiros anos, anti-dsDNA, teste de Coombs e consumo de complemento. Menor valor de 
hemoglobina no primeiro ano foi correlacionada com linfopenia, teste de Coombs, atividade 
da doença e infeções. Não foi encontrada correlação entre anemia e dano ou neoplasias. 
Conclusões: A linfopenia e anemia são muito comuns ao diagnóstico e durante a evolução 
da doença. Foram estabelecidas como marcadores da atividade da doença. A linfopenia foi 
correlacionada com neoplasias e a anemia com tempo até à ocorrência de dano e infeções, 
mas não se correlacionaram com dano. 
 
Palavras-chave: Lúpus Eritematoso Sistémico; Linfopenia; Anemia; Manifestações clínicas; 
Características imunológicas; Atividade da doença; Dano de órgão; Infeções; Fármacos; 
Neoplasias. 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
4 
 
Abstract 
 
Introduction: Lymphopenia and Anemia are very common and have been associated with 
more disease activity and damage. 
Objective: To evaluate the frequency of lymphopenia and anemia through the evolution of 
Systemic Lupus Erythematosus and its relation with other clinical/immunologic 
manifestations, disease activity, organ damage, drugs, infection and neoplasia. 
Methods: Retrospective study of 38 patients charts and blood tests, with frequent visits and 
followup in our center since diagnosis until end 2014. Sociodemographic characteristics, 
other autoimmune diseases, comorbidities, cumulative SLE manifestation, SELENA-SLEDAI, 
SDI, drugs, infection and neoplasia were collected. 
Results: 36 female (18:1), mean age at diagnosis 31,3 years, mean follow-up time of 12,3 
years. Lymphopenia <1500//mm3 was present at diagnosis in 75,8%, in the first year 83,8% 
and ever through follow-up 89,5%. Lymphopenia at diagnosis was correlated with more age 
at diagnosis, more activity during the first 5 years, mucocutaneous involvement, anti-Sm and 
anti-RNP. Lower value of lymphocytes in the first year was correlated with anemia, more age 
at diagnosis, anti-Sm, thrombosis, mucocutaneous involvement and neoplasia. No 
correlation was found with damage or infections. 
Anemia <11.9 g / dL present at diagnosis in 52.9%, in the first year 54.1% and throughout 
the follow-up 71.1%. Anemia at diagnosis was correlated with more activity in the first 5 
years, anti-dsDNA, Coombs’ test and low complement. Lowest haemoglobin in the first year 
was correlated with lymphopenia, Coombs’ test, activity and infetion. No correlation was 
found between anemia with damage or neoplasia. 
Conclusion: Lymphopenia and anemia are very common at diagnosis and during the course 
of the disease. It were markers of disease activity. Lymphopenia was correlated with 
neoplasia and anemia with time to damage and infections, but not with the ocurrence of 
damage. 
 
Keywords: Systemic lupus erythematosus; Lymphopenia; Anemia; Clinical manifestations; 
Immunologic characteristics; Disease activity; Disease damage; Infections; Drugs; 
Neoplasias. 
 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
5 
 
Lista de Abreviaturas 
 
ACR - American College of RheumatologyANA – Anticorpo anti-nuclear 
AZA – Azatioprina 
anti-RNP - Anticorpo anti-ribo nucleoproteína 
APL - Anticorpo anti-fosfolipído 
CHP - Centro Hospitalar do Porto 
CsA - Ciclosporina A 
CYC - Ciclofosfamida 
CT - Corticóides 
DAIs - Doenças Autoimunes 
Dx - Diagnóstico 
HCQ - Hidroxicloroquina 
Hct - Hematócrito 
HTA – Hipertensão arterial
IVIg – Imunoglobulina intravenosa 
LES – Lúpus Eritematoso Sistémico 
MMF – Micofenolato de mofetil 
MTX – Metotrexato 
rho – Coeficiente de correlação ou Rho de Spearman 
SAF - Síndroma antifosfolípido 
SELENA-SLEDAI – SELENA - Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index 
SDI - Systemic Lupus International Collaborating Clinics/American College of Rheumatology 
Damage Index 
SLICC - Systemic Lupus International Collaborating Clinics 
SPPS 22 - Statistical Package for Social Science - Version 22.0 
UIC – Unidade de Imunologia Clínic
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
6 
 
Introdução 
 
O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma doença inflamatória crónica, autoimune, 
de etiologia desconhecida e multifatorial, que afeta predominantemente mulheres e tem 
manifestações clínicas em vários sistemas de órgão.(1, 2) As manifestações hematológicas 
do LES são comuns e estão incluídas nos critérios de classificação do LES de 1997 revistos 
pela American College of Rheumatology (ACR)(3) e de 2012 Systemic Lupus International 
Collaborating Clinics (SLICC)/ACR.(4) 
Estas citopenias são multifatoriais e geralmente ligeiras, não necessitando de 
tratamento específico. Contudo, podem ser um marcador de atividade de doença noutros 
órgãos, e quando graves, estar associadas ao aumento da mortalidade.(5) 
A prevalência da linfopenia em doentes com LES varia de acordo com os estudos 
entre 20 e 93%(5, 6): em Portugal os estudos apontam para aproximadamente 30%.(7-9) 
No LES, têm sido descritas alterações quantitativas e funcionais dos linfócitos, tendo 
sido associada a linfopenia à diminuição de subpopulações de linfócitos T CD4+ que podem 
contribuir para as respostas imunológicas características da doença.(10) 
É encontrada anemia em cerca de 50% dos doentes com LES.(11) Já a anemia 
hemolítica só está relatada em cerca de 10%(12) internacionalmente e em séries 
portuguesas em cerca de 13-19%.(7-9) 
O estudo prospetivo de Vila et al. verificou que a linfopenia associa-se a diversas 
manifestações clínicas/imunológicas da doença e quando esta é moderada (500–999/mm3) 
e marcada (<500/mm3) está associada a maior atividade da doença e dano de órgão, porém 
este estudo não avaliou a média e duração da linfopenia nem o impacto na 
sobrevivência.(13) No estudo de Bertoli et al. todos os graus de anemia foram associados 
com maior grau de atividade e verificou-se associação com o dano de órgão para graus 
moderados (Hematócrito (Hct)=25-29%) e graves (Hct <25%).(14) 
Apesar de o grau de linfopenia e anemia serem relacionados com a atividade da 
doença e dano de órgão em diversos estudos(13-15), estas citopenias não pertencem ao 
índice de avaliação da atividade da doença mais utilizado SELENA-Systemic Lupus 
Erythematosus Disease Activity Index (SELENA-SLEDAI)(16) nem do dano 
Systemic Lupus International Collaborating Clinics/American College of Rheumatology 
Damage Index (SDI), como seria de esperar(17). 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
7 
 
Relativamente à frequência óptima de visitas para a avaliação do SLEDAI, Ibañez et 
al. concluíram que uma frequência de 4 visitas por ano oferece melhor estimativa da 
atividade da doença num período de 1 ano do que visitas semianuais ou anuais.(18) 
A infeção é uma das principais causas de morbi-mortalidade em doentes com LES, 
sendo mais frequentes as infeções bacterianas, seguidas das virais e fúngicas.(19) A 
relação entre linfopenia e infeções já tem sido descrita em estudos.(20, 21) 
Sendo manifestações comuns no LES, a linfopenia e anemia têm despoletado 
enorme interesse, no entanto, a maioria dos estudos avaliam-nas a curto prazo. 
Desconhecem-se as suas prevalências durante o curso da doença e a longo prazo e não há 
estudos semelhantes em Portugal. 
Neste sentido, o presente trabalho consiste num estudo retrospetivo que tem como 
objetivos avaliar a frequência da linfopenia e da anemia ao longo da evolução do LES, 
desde a data do diagnóstico até 31 de Dezembro de 2014; e estabelecer a relação com 
outras manifestações do LES (envolvimentos de sistemas de órgão e características 
imunológicas), atividade da doença determinado pelo SELENA-SLEDAI, dano de órgão 
determinado pelo SDI, fármacos, infeções e neoplasias; numa amostra de doentes com LES 
com tempo de evolução de doença superior a 5 anos, seguidos na Unidade de Imunologia 
Clínica do Hospital Santo António – Centro Hospitalar do Porto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
8 
 
Materiais e Métodos 
 
Este estudo retrospetivo (de dados colhidos prospectivamente) incluiu doentes com 
LES, seguidos na Unidade de Imunologia Clínica (UIC) do Hospital Santo António do Centro 
Hospitalar do Porto (CHP) desde o diagnóstico até 31 de dezembro de 2014 e que 
cumpriam os seguintes critérios de inclusão: diagnóstico de LES, de acordo com os critérios 
de 1997 revistos pela ACR ou com os critérios de 2012 SLICC/ACR de classificação para 
LES, com uma duração da doença de igual ou superior a 5 anos e diagnóstico em idade 
adulta. Foram excluídos os doentes com informação insuficiente no processo clínico (menos 
do que uma visita por ano). Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética para a Saúde 
e pela Direção Clínica do Hospital Santo António – Centro Hospitalar do Porto. 
A atividade da doença foi avaliada pelo SELENA-Systemic Lupus Erythematosus 
Disease Activity Index (SELENA-SLEDAI) (Anexo 1), e o dano da doença foi avaliada pelo 
Systemic Lupus International Collaborating Clinics Damage Index (SDI) (Anexo 2). 
A data de diagnóstico foi definida pela data em que o médico assumia o diagnóstico 
no processo clínico e a duração da doença foi definida como o intervalo entre a data do 
diagnóstico e o final do estudo (31 de dezembro de 2014). 
Desde o diagnóstico até o final do estudo, os doentes foram avaliados em três visitas 
por ano retrospetivamente. Em cada visita, avaliamos o SELENA-SLEDAI, contagem de 
linfócitos e hemoglobina. Na primeira visita de cada ano, foi avaliado o índice de dano SDI. 
Foram analisadas características sociodemográficas, presença de outras doenças 
auto-imunes (DAI), comorbilidades, manifestações cumulativas do LES (Anexo 3), 
tratamento farmacológico, presença de infecções e neoplasias a partir dos processos 
clínicos. 
Os dados foram analisados no programa Statistical Package for Social Science - 
Versão 22.0 (SPPS 22). 
Para além da avaliação descritiva, foram utilizados os métodos de relação analítica 
adequados às características de cada variável. Considerou-se a diferença entre as variáveis 
significativa quando p<0.05. 
 
 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
9 
 
Resultados 
 
Foram revistos retrospetivamente os processos clínicos de 38 doentes com LES. A 
duração média de doença foi de 12,34 anos (mínimo 5; máximo 27 anos) e mediana de 13 
anos. As características sociodemográficas, doenças autoimunes concomitantes e 
comorbilidades estão descritas na Tabela I. 
 
Tabela I. Características sociodemográficas, doenças autoimunes (DAI) e comorbilidades concomitantes 
 
 
Número de 
doentes 
(n=38) (%) 
Sexo feminino 36 (94,7) 
Sexo masculino 2 (5,3) 
Rácio feminino:masculino 18:1 
Etnia 
Caucasiana 28 (73,7) 
Negra 1 (2,6) 
Não registada 9 (23,7) 
Naturalidade 
Portuguesa 2 (5,3) 
Não registada 36 (94,7) 
Estado civil 
Solteiro 3 (7,9) 
Casado 12 (31,6) 
Divorciado 1 (2,6) 
Não registada22 (57,9) 
Anos de Escolaridade 
Nenhum 1 (2,6) 
4º ano 1 (2,6) 
9º ano 2 (5,3) 
12º ano 1 (2,6) 
Licenciatura 5 (13,2) 
Não registado 28 (73,7) 
Estado laboral 
Empregado 9 (23,7) 
Desempregado 1 (2,6) 
Reformado 3 (7,9) 
Não registado 25 (65,8) 
Idade ao diagnóstico, 
média (anos) 
31,26 (mediana 
31,50; mínimo 
17; máximo 53) 
Idade no final estudo ou 
seguimento, média (anos) 
44,08 (mediana 
31,50; mínimo 
28; máximo 63) 
DAI concomitante 
Síndroma antifosfolípido (SAF) 7 (18,4%) 
Síndroma Sjögren 5 (13,2%) 
Tiroidite Hashimoto 2 (5,3%) 
Outra DAI 1 (2,6%) 
HTA crónica 14 (36,8%) 
Classes de peso 
Baixo peso 1 (2,6%) 
 
Peso normal 1 (2,6%) 
Excesso de peso 4 (10,5%) 
Obesidade grau 1 1 (2,6%) 
Desconhecido 31 (81,6%) 
Hábitos Tabágicos 
Não fumador 17 (44,7%) 
Fumador activo 5 (13,2%) 
Ex-fumador 2 (5,3%) 
Não registado 14 (36,8%) 
Dislipidemia 
Não 24 (63,2%) 
Sim, sob tratamento atual 5 (13,2%) 
Sim, sem tratamento atual 5 (13,2%) 
Não registado 4 (10,6) 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
10 
 
As manifestações cumulativas de LES são apresentadas na Tabela II e III. A maioria 
dos doentes apresentou envolvimento de 3 ou 4 sistemas de órgãos (65.8%), com um valor 
médio de 3.34 ± 1,192 órgãos envolvidos. No que respeita ao envolvimento hematológico 
26,3% dos doentes apresentaram envolvimento de uma linhagem, 21.1% envolvimento de 
duas linhagens e 5,3% apresentaram três linhagens envolvidas. 
 
Tabela II. Manifestações Cumulativas de LES – 
Envolvimentos de órgão 
 
 
Número de 
doentes 
(n=38) (%) 
Constitucional 13 (34,2) 
Mucocutâneo 34 (89,5) 
Neuropsiquiátrico 5 (13,2) 
Musculoesquelético 34 (89,5) 
Cardiorespiratório 2 (5,3) 
Gastrointestinal 0 (0) 
Hematológico 20 (52,6) 
Trombose 6 (15,8) 
Oftalmológico 1 (2) 
Renal 12 (31,6) 
Tabela III. Manifestações Cumulativas de LES – 
Autoanticorpos, Consumo de complemento e teste de 
Coombs 
 
 
Número de 
doentes 
positivo/Número 
de doentes 
testados, n (%) 
Anticorpos anti-fosfolipído (APL) 25/27 (92,6) 
Consumo de complemento 34/38 (89,5) 
Anticorpos anti-nucleares (ANA) 38/38 (100) 
Anticorpos anti-dsDNA 30/38 (78,9) 
Anticorpo Anti-C1q 7/15 (46,7) 
Anti-ENA 2/7 (28,6) 
Anticorpo Anti-Sm 10/36 (27,8) 
Anti-nucleosoma 18/30 (60) 
Anti-Ro/SSA 19/38 (50) 
 Anti-La/SSB 7/38 (18,4) 
Teste de Coombs 2/6 (33,3) 
Fator reumatoide 11/28 (39,3) 
Anti-ribo nucleoproteína (anti-RNP) 10/33 (30,3) 
Anti-ribossoma P 2/18 (11,1) 
 
O tempo médio entre o primeiro critério ACR e a conjunção dos quarto critérios que 
permitiram o diagnóstico foi de 1,380 ± 2,152 meses. Considerando os critérios SLICC/ACR, 
o tempo médio entre o primeiro e a conjugação dos quarto critérios foi de 0,970 ± 1,558 
meses, sendo em média a acumulação de 4 critérios SLICC/ACR 1,294 ± 6,690 meses mais 
cedo. 
No fim do estudo, o número médio de critérios ACR foi 5,919, com uma mediana de 
6 (mínimo 4, máximo 8); e o número médio de critérios SLICC/ACR foi 7,351 (clínicos 3,302; 
imunológicos 3,649), com uma mediana de 7 (mínimo 4, máximo 11). 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
11 
 
 
Figura 1. Linfopenia ao diagnóstico (Dx), no primeiro ano e durante o follow-up. 
 
A linfopenia definida por linfócitos <1000/mm3 estava presente ao diagnóstico em 
42,4% dos doentes, no primeiro ano em 48,6% e em algum momento durante o follow-up 
em 57,9%. Quando se considerou linfopenia para valores de linfócitos <1500/mm3, 75,8% 
apresentava-a ao diagnóstico, 83,8% durante o primeiro ano e 89,5% dos doentes em algum 
momento durante o tempo total de seguimento (Figura 1). 
O valor mínimo médio de linfócitos no 1º ano de doença foi 1080 ± 505/mm3 
(mediana 1060) e o valor mínimo médio de linfócitos durante todo o follow-up (28 anos de 
seguimento) foi 983 ± 378/mm3 (mediana 935). 
A variação dos linfócitos e respetivos aumentos dos linfócitos são representadas na 
tabela IV. 
 
 
Tabela IV. Variação e Aumento dos linfócitos 
 
 Variação dos linfócitos Primeiro ano de follow-up Primeiros 2 anos de follow up Primeiros 5 anos follow up 
<500/mm3 35,1% 23,7% 5,3% 
501-1000/mm3 21,6% 34,2% 39,5% 
1001-1500/mm3 10,8% 13,2% 18,4% 
> 1501/mm3 18,9% 23,7% 36,8% 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
12 
 
Aumento dos linfócitos 
Primeiro ano de follow-up 
Primeiros 2 anos follow up Primeiros 5 anos follow up 
1ª-2ªvisita 
 
2ª-3ªvisita 
 
< 250/mm3 50% 48,1% 29,7% 20% 
251-500/mm3 7,7% 3,7% 8,1% 14,3% 
>501/mm3 42,3% 48,2% 62,2% 65,7% 
 
 
Ao diagnóstico de LES, 52,9% dos doentes tinham anemia <11,9g/dL, enquanto que 
durante o primeiro ano de follow-up 54,1% apresentaram anemia e durante todo o follow-up, 
esta citopenia foi encontrada em 71,1% (Figura 2). 
 
 
 
Figura 2. Anemia ao diagnóstico (Dx), no primeiro ano e durante o follow-up. 
 
 
O valor médio de hemoglobina durante o primeiro ano de seguimento foi de 11.5 ± 
1.6 e durante o tempo total de follow-up foi de 10.9 ± 1.4 g/dL. 
Durante o primeiro ano de follow-up, da 1ª para 3ª visita, o valor de hemoglobina 
manteve-se estável em 11,1% dos doentes, diminui em 18,5% e aumentou em 70,4%. 
A variação de hemoglobina e respetivos aumentos de hemoglobina são 
representadas na tabela V. 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
13 
 
Tabela V. Variação e Aumento de hemoglobina 
 
Variação de 
hemoglobina 
Primeiro ano de follow-
up 
Primeiros 2 anos de follow 
up 
Primeiros 5 anos follow 
up 
<1 g/dL 56,8% 26,3% 2,6% 
1,01-2 g/dL 18,9% 31,6% 23,7%, 
2,1-3 g/dL 10,8% 21,1% 34,2% 
>3,01 g/dL 13,5% 21,1% 39,5% 
Aumento de 
hemoglobina 
Primeiro ano de follow-
up 
Primeiros 2 anos follow up 
Primeiros 5 anos follow 
up 1ª-2ªvisita 
 
1ª-3ªvisita 
 
<1 g/dL 69% 36,9% 33,3% 25,7% 
1,01-2 g/dL 17,2% 36,8% 27,8% 22,9% 
>2,01 g/dL 13,8% 26,3% 38,9% 51,3% 
 
O SELENA-SLEDAI ao diagnóstico expresso por classes é evidenciado na figura 3. 
 
Figura 3. SELENA-SLEDAI ao diagnóstico expresso por classes. Sem atividade: SELENA-SLEDAI=0; Atividade 
ligeira: SELENA-SLEDAI=1-4; Atividade moderada: SELENA-SLEDAI=5-12; Atividade elevada: SELENA-
SLEDAI≥13. 
 
O valor médio do SELENA-SLEDAI ao diagnóstico foi de 8,21 ± 5,910 (mediana 
7,50), e diminuiu nos anos subsequentes (Figura 4). 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
14 
 
 
Gráfico 4. SELENA-SLEDAI médio ao diagnóstico e nos primeiros cinco anos de doença. 
 
Os valores do SELENA-SLEDAI variaram em média 7.526 ± 6.571 (mediana 6) no 
primeiro ano, 2,395 ± 4,195 (mediana 2) nos primeiros dois anos, e 1,278 ± 4,767 (mediana 
0) nos primeiros cinco anos. Durante os primeiros cinco anos, o SELENA-SLEDAI manteve-
se estável em 2,8% dos doentes, aumentou em 16,7%, e diminuiu em 80,6% dos doentes. 
O dano cumulativo da doença, definido por SDI≥1, foi observado em 18,4% dos 
doentes, enquanto que nos restantes (81,6%) não se verificou dano. O intervalo de tempo 
entre o diagnóstico da doença e o desenvolvimento de dano foi em média de 11,237 anos 
(mínimo 3, máximo 22, mediana 12,5 anos). 
Todos os doentes em estudo receberam tratamento com hidroxicloroquina (HCQ), 
em algum momento durante o curso da doença. Nos que respeita aos restantes fármacos 
analisados, 33 doentes (86,8%) receberam tratamento com corticosteroides (CT), 11 
doentes (28.9%) com azatioprina (AZA), 6 (15.8%) com metotrexato (MTX), 5 (13.2%) com 
micofenolato de mofetil (MMF), 2 (5.3%) com ciclosporina A (CsA), 8 (21.1%) com 
ciclofosfamida (CYC) e 3 doentes (7.9%) com imunoglobulina intravenosa (IVIg). 
Ocorreram 13 infeções (oportunistas ou motivaram internamento) em 8 dos 38 
doentes. Três delas eram oportunistas. O valor médio de linfócitos nos 3 meses que 
antecederam as infeções foi de 1027/mm3. O tempo entre o diagnósticode LES e a primeira 
infeção (ou única) foi, em média, de 27.87 ± 52.643 meses. 
Dois doentes (5,3%) desenvolveram neoplasias durante o seguimento, com um 
intervalo médio de tempo entre o diagnóstico de LES e da neoplasia de 8,50 ± 4,950 anos. 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
15 
 
Correlações entre as variáveis 
 
Foram encontradas correlações estatisticamente significativas entre a linfopenia ao 
diagnóstico e maior idade ao diagnóstico (p=0,040; rho=-0,309), a positividade para anti-Sm 
(p=0,030; rho=-0,342) e anti-RNP (p=0,012; rho=-0,419), envolvimento mucocutâneo 
(p=0,016; rho=0,372) e atividade da doença durante os 5 primeiros anos. Não se verificou a 
existência de correlação estatisticamente significativa entre a linfopenia ao diagnóstico e a 
anemia ao diagnóstico (p=0,115), o dano (p=0,259), o tempo até à ocorrência de dano 
(p=0,308), as infeções (p=0,341) ou as neoplasias (p=0,471). 
Os dados acerca da correlação das citopenias com atividade da doença são 
apresentados na tabela VI. 
O menor valor de linfócitos no primeiro ano correlacionou-se com a presença de 
anemia durante no primeiro ano de doença (p=0,005, rho=0,418), maior idade ao 
diagnóstico (p=0,007, rho=-0,403), a positividade para anti-dsDNA (p=0,039; rho=-0,294), e 
anti-Sm (p=0,016; rho=-0,363), complemento baixo (p= 0,046; rho=-0,281), trombose 
(p=0,007; rho=-0,399), neoplasias (p=0,035; rho=-0,302), envolvimento mucocutâneo 
(p=0,030; rho=0,313) e atividade da doença. Não foi encontrada correlação entre valores 
mais baixos de linfócitos no primeiro ano e o tempo até à ocorrência de dano (p=0,290), o 
dano (p= 0,284) ou as infeções (p=0,52). 
O menor valor de linfócitos em todo o seguimento foi correlacionado com a 
coexistência de SAF (p=0,011 rho=-0,369), trombose (p=0,025; rho=-0,319), positividade 
para anti-dsDNA (p=0,016; rho=-0,350), anti-RNP (p=0,025, rho=-0,348) e anti-nucleossoma 
(p=0,001; rho=-0,567), dano (p=0,045; rho=-0,279), envolvimento oftálmico (p=0,037, rho=-
0,293) e cardiorespiratório (p=0,040, rho=0,288), e atividade da doença. Não se verificou 
associação com valor mais baixo de hemoglobina durante o mesmo intervalo de tempo 
(p=0,189), tempo até à ocorrência de dano (p= 0,284), infeções (p=0,320) e neoplasias 
(p=0,497). 
Tabela VI. Correlações da Linfopenia e Anemia com a Atividade da doença – SELENA-SLEDAI 
 
 
 
SLEDAI ao 
diagnóstico 
SLEDAI ao 
diagnóstico 
(classes) 
SLEDAI 
médio no 
1ºano 
SLEDAI 
médio nos 
2 1os 
anos 
SLEDAI 
médio nos 
5 1os 
anos 
Variação 
do SLEDAI 
no 1º ano 
Variação do 
SLEDAI 
nos 2 1os 
anos 
Variação do 
SLEDAI 
nos 5 1os 
anos 
 Linfopenia ao 
diagnóstico 
rho -,284 -,346* -,024 -,112 -,122 -,308* -,469* ,393* 
p ,055 ,024 ,105 ,268 ,250 ,041 ,003 ,014 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
16 
 
Linfopenia ao 
diagnóstico 
(classes) 
rho -,219 -,312* ,141 -,028 -,027 -,448* -,238 ,312* 
P ,110 ,039 ,218 ,438 ,441 ,004 ,091 ,044 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Menor valor 
linfócitos 1ºano 
rho -,389* -,376* -,415* -,374* -,415* -,542* -,418* ,386* 
p ,009 ,011 ,005 ,011 ,005 ,000 ,005 ,011 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Menor valor 
linfócitos 1ºano 
rho 
-,485* -,498* -,480* -,396* -,425* -,150 -,510* ,453* 
(classes) p ,001 ,001 ,001 ,008 ,004 ,188 ,001 ,003 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Menor valor 
linfócitos em todo 
o follow-up 
rho -,029 -,028 -,016 -,032 -,122 -,055 ,015 -,029 
p ,432 ,433 ,461 ,425 ,233 ,372 ,464 ,433 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Menor valor 
linfócitos em todo 
o follow-up 
(classes) 
rho 
-,122 -,070 -,195 -,147 -,236 -,222 -,179 ,200 
p ,465 ,674 ,240 ,378 ,154 ,180 ,281 ,243 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento dos 
linfócitos no 
1ºano 
rho ,542* ,507* ,290 ,203 ,126 ,509* ,574* -,201* 
p ,002 ,004 ,071 ,155 ,266 ,001 ,001 ,168 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento dos 
linfócitos no 
1ºano 
(classes) 
rho 
,496* 
,425* ,340* ,257* ,400* ,480* ,022 -,156 
p ,002 ,009 ,040 ,124 ,014 ,003 ,896 ,372 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento dos 
linfócitos no 2 1º
s
 
anos 
rho ,453* ,425* ,530* ,442* ,434* ,437* ,505* -,434* 
p ,003 ,005 ,000 ,003 ,004 ,001 ,001 ,005 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento dos 
linfócitos no 2 1º
s
 
anos (classes) 
rho 
,391* ,364* ,516* ,428* ,451* ,413* ,453* -,425* 
p ,008 ,013 ,001 ,004 ,003 ,005 ,002 ,005 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento dos 
linfócitos no 5 1º
s
 
anos 
rho ,360* ,372* ,375* ,264 ,339* ,421* ,430* -,203 
p ,017 ,014 ,013 ,063 ,023 ,006 ,005 ,121 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento dos 
linfócitos no 5 1º
s
 
anos (classes) 
rho ,334* ,353* ,363* ,272 ,368* ,361* ,387* -,160 
p ,025 ,019 ,016 ,057 ,015 ,017 ,011 ,180 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Anemia ao 
diagnóstico 
rho -,399* -,427* -,415* -,508* -,339* -,300* -,389* ,459* 
p ,010 ,006 ,007 ,001 ,025 ,043 ,011 ,004 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Anemia ao 
diagnóstico 
(classes) 
rho -,434* -,460* -,380* -,457* -,337* -,364* -432* ,339* 
p ,005 ,003 ,013 ,003 ,026 ,017 ,005 ,029 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Menor valor de 
hemoglobina no 
1ºano 
rho -,570* -,526* -,610* -,653* -,537* -,574* -,510* ,616* 
p ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Menor valor de 
hemoglobina no 
1ºano 
(classes) 
rho -,548* -,511* -,555* -,599* -,504* -,584* -,519* ,417* 
p ,000 ,001 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,002 
 
38 38 38 38 38 38 38 38 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
17 
 
Menor valor de 
hemoglobina em 
todo o follow-up 
rho -,447* -,377* -,477* -,452* -,438* -,441* -,476* ,335* 
p ,002 ,010 ,001 ,002 ,003 ,003 ,001 ,023 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Menor valor de 
hemoglobina em 
todo o follow-up 
(classes) 
rho 
-,446* -,404* -,444* -,424* -,409* -,473* -,475* ,332* 
p ,003 ,006 ,003 ,004 ,005 ,001 ,001 ,024 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento de 
hemoglobina no 
1ºano 
rho ,485* ,485* ,432* ,381* ,243 ,545* ,567* -,453* 
p ,005 ,011 ,012 ,025 ,111 ,002 ,001 ,011 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento de 
hemoglobina no 
1ºano 
(classes) 
rho -,064 -,03 ,161* ,273* -,253 -,115 -,132 ,296 
p ,376 ,431 ,211 ,084 ,102 ,285 ,256 ,162 
 
38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento de 
hemoglobina nos 
2 1º
s
 anos 
rho ,674* ,610* ,736* ,695* ,640* ,573* ,719* -,610* 
p ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento de 
hemoglobina nos 
2 1º
s
 anos 
(classes) 
rho ,673* ,598* ,747* ,719* ,636* ,600* ,736* -,625* 
p ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 
 
38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento de 
hemoglobina nos 
5 1º
s
 anos 
rho ,611* ,573* ,639* ,665* ,526* ,591* ,662* -,651* 
p ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 
 38 38 38 38 38 38 38 38 
Aumento de 
hemoglobina nos 
5 1º
s
 anos 
(classes) 
rho ,655* ,608* ,681* ,722* ,581* ,5915* ,696* -,665* 
p ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 
 
38 38 38 38 38 38 38 38 
Legenda: * = correlação significativa com p<0.05; rho=Rho de Spearman; p=,000 significa p<0,001. 
 
O aumento dos linfócitos no 1ºano, da 1ª para 3ª visita, foi correlacionada com o 
aumento da hemoglobina no mesmo período (p<0.001; rho=0,727), anti-ribossoma P 
(p=0,042; rho=-0,518) e anti-C1q (p=0,018; rho=0,546) positivos e atividade da doença. Não 
foi encontrada correlação significativa com dano (p=0,257), tempo até à ocorrência de dano 
(p=0,394), infeções (p=0,455) ou neoplasias (p=0,235). 
Nos 2 primeiros anos, o aumento dos linfócitos foi correlacionado com o aumento da 
hemoglobina no mesmo período (p<0.001; rho=0,610), envolvimento constitucional 
(p=0,033; rho=0,305), consumo de complemento (p=0,027; rho=0,320), positividade para 
anti-dsDNA (p=0,012; rho=0,372) e anti-ribossoma P (p=0,036; rho=0,435) e atividade da 
doença, não sendo encontrada correlação significativa com dano (p=0,224), tempo até à 
ocorrência de dano (p=0,323), infeções (p=0,372)ou neoplasias (p=0,157). 
Por fim, o aumento dos linfócitos decorrido nos 5 primeiros anos foi correlacionado 
com o aumento da hemoglobina no mesmo período (p=0,017; rho=0,361), envolvimento 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
18 
 
constitucional (p=0,036; rho=0,308), hematológico (p=0,022; rho=0,342), consumo de 
complemento (p=0,025; rho=0,334), positividade para anti-dsDNA (p=0,049; rho=0,284) e 
anti-ribossoma P (p=0,044; rho=0,426), teste de Coombs (p=0,021; rho=0,828), maior 
atividade da doença durante os primeiros 5 anos e neoplasias (p=0,044; rho=0,292). Não foi 
encontrada correlação significativa com dano (p=0,130), tempo até à ocorrência de dano 
(p=0,181), ou infeções (p=0,377). 
As correlações entre as duas citopenias e respetivos aumentos são apresentadas na 
tabela VII. 
 
Tabela VII. Correlações entre Linfopenia e Anemia e respetivos aumentos de linfócitos e hemoglobina 
 
Linfopenia ao 
diagnóstico 
 
Aumento linfócitos 
1º ano 
 
Aumento linfócitos 
2 primeiros anos 
Aumento linfócitos 
 5 primeiros anos 
 Anemia ao diagnóstico rho ,218 -,284 -,109 -,013 
p ,115 ,080 ,273 ,473 
 38 38 38 38 
Aumento hemoglobina 
1º ano 
rho -,548* ,727* ,501* ,215 
P ,002 ,000 ,004 ,151 
 38 38 38 38 
Aumento hemoglobina 
2 primeiros anos 
 
rho -,435* ,445* ,610* ,458* 
p ,006 ,010 ,000 ,003 
 38 38 38 38 
Aumento hemoglobina 5 
primeiros anos 
rho 
-,531* ,367* ,412* ,361* 
 p ,009 ,036 ,008 ,017 
 38 38 38 38 
Legenda: * = correlação significativa com p<0.05; rho=Rho de Spearman; p=,000 significa p<0,001. 
 
Quando foram analisadas as diferentes variáveis com a anemia, a anemia ao 
diagnóstico foi correlacionada com envolvimento hematológico (p=0,049; rho=0,289), 
consumo de complemento (p=0,015; rho=-0,373), anti-dsDNA positivo (p=0,042; rho=-
0,301), teste de Coombs (p=0,018; rho=-0,840) e maior atividade da doença durante 5 
primeiros anos. Não foi encontrada correlação estatisticamente significativa com linfopenia 
ao diagnóstico (p=0,115), dano (p=0,378), tempo até à ocorrência de dano (p=0,096), 
infeções (p=0,074) ou neoplasias (p=0,401). 
O menor valor de hemoglobina no 1ºano de doença foi correlacionada com menor 
valor de linfócitos no mesmo período (p=0,017; rho=0,349), consumo de complemento 
(p=0,039; rho=-0,294), Anti-Ro/SSA positivo (p=0,047; rho=-0,279), teste de Coombs 
(p=0,018; rho=-0,840), atividade de doença e infeções (p=0,013; rho=-0,365); não foi 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
19 
 
encontrada correlação estatisticamente significativa com dano (p=0,097), tempo até à 
ocorrência de dano (p=0,057) ou neoplasias (p=0,160). 
O menor valor de hemoglobina em todo o follow-up correlacionou-se com 
envolvimento hematológico (p=0,021; rho=-0,333), anti-dsDNA (p=0,006; rho=-0,404), anti-
C1q (p=0,007; rho=-0,620), atividade de doença, tempo até à ocorrência de dano (p=0,004; 
rho=-0,424), infeções (p=0,038; rho=-0,292) e neoplasias (p=0,044; rho=-0,280); não foi 
encontrada correlação estatisticamente significativa com menor valor de hemoglobina no 
mesmo período (p=0,189), dano (p=0,247). 
Por outro lado, o aumento da hemoglobina no 1ºano, da 1ª para 3ª visita, foi 
correlacionado com atividade da doença e envolvimento neuropsiquiátrico (p=0,021; rho=-
0,394); não foi encontrada correlação significativa com dano (p=0,440), tempo até à 
ocorrência de dano (p=0,340), infeções (p=0,323) ou neoplasias (p=0,235). 
O aumento da hemoglobina nos 2 primeiros anos correlacionou-se com envolvimento 
oftálmico (p=0,046; rho=0,285), envolvimento renal (p=0,028; rho=0,320), consumo de 
complemento (p=0,031; rho=0,315), anti-dsDNA (p=0,020; rho=0,345), maior atividade da 
doença, infeções (p=0,012; rho=0,377) e Síndroma de Sjögren (p=0,026; rho=-0,326); não 
foi encontrada correlação significativa com dano (p=0,162), tempo até à ocorrência de dano 
(p=0,179) ou neoplasias (p=0,137). 
Nos 5 primeiros anos, o aumento da hemoglobina foi correlacionado maior idade ao 
diagnóstico (p=0,048; rho=0,286), envolvimento renal (p=0,015; rho=0,368), consumo de 
complemento (p=0,032; rho=0,316), positividade para anti-dsDNA (p=0,021; rho=0,347) e 
Anti-Ro/SSA (p=0,029; rho=0,324), atividade da doença e infeções (p=0,018; rho=0,356); 
não foi encontrada correlação significativa com dano (p=0,293), tempo até à ocorrência de 
dano (p=0,392) ou neoplasias (p=0,146). 
A anemia hemolítica (<11 g/dL), detetada em 7,9% dos doentes, não tem correlação 
estatisticamente significativa com teste de Coombs positivo, verificado em 33,3% (p=0,089; 
rho=0,632). 
Não se observou correlações significativamente estatísticas entre as citopenias 
avaliadas e o uso dos fármacos. 
 
 
 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
20 
 
Discussão 
 
A linfopenia (<1500/mm3) foi um achado comum (75,8% a 89,5%), de modo 
semelhante a séries internacionais e superior às nacionais previamente descritas.(5-9, 13, 
22) 
A anemia foi também frequentemente identificada (52,9% a 71,1%), ligeiramente 
mais frequente que noutras séries.(11, 22) 
No estudo de Vila et al. a linfopenia estava presente em 64,4% dos doentes ao 
diagnóstico e em 81,9% após 56,3 ± 41,2 meses de seguimento (cerca de 4,691 anos).(13) 
Aleem et al. documentaram anemia em 63% dos casos ao diagnóstico e em 51,7% após 
follow-up de 9,3 ± 5,3anos, e linfopenia em 40,3% e em 33,1%, respetivamente.(22) 
Ainda, tal como noutros estudos, demonstrou-se correlação entre linfopenia e outras 
manifestações do LES. Foi encontrada uma correlação moderada (rho>0,300) entre 
linfopenia e suas variações com envolvimentos cutâneo, constitucional, hematológico, 
trombose, anemia, SAF, consumo de complemento, anticorpos anti-RNP, anti-Sm, anti-
ribossoma P, antinucleossoma e anti-dsDNA. Outros estudos demonstraram associação 
positiva com artrite e envolvimento neurológico, e negativamente com anemia hemolítica e 
trombocitopenia(6); associação com vasculite(23), associação positiva com envolvimento 
renal, leucopenia, anticorpos anti-dsDNA e anti-Ro/SSA e negativa com 
fotossensibilidade(13). No estudo de Wendel et al. foi encontrada associação positiva com 
Anti-Ro/SSA, anti-La/SSB, anti-RNP(24) e no estudo de Lu et al. com Anti-Ro/SSA, anti-
RNP, anti-cromatina e anti-dsDNA.(25) 
A anemia também se correlacionou com manifestações do LES, nomeadamente com 
correlação moderada com envolvimentos hematológico e neuropsiquiátrico, consumo de 
complemento, anticorpos anti-dsDNA e anti-C1q. É de salientar que a presença de anemia 
ao diagnóstico apresentou correlação negativa forte com teste de Coombs. Contudo, o teste 
Coombs só foi pesquisado apenas em 6 doentes e já com anemia documentada, 
enviesando provavelmente os dados. 
Aleem et al. demonstraram associação significativa entre anemia e envolvimentos 
renal, neurológico e serosite e anemia hemolítica com envolvimento neurológico e serosite 
na análise univariável. Na análise multivariável, demonstrou associação com envolvimento 
renal e a anemia hemolítica com envolvimento neuropsiquiátrico.(22) 
Tanto a linfopenia como a anemia e os respetivos aumentos apresentaram 
correlação com maior atividade da doença. A linfopenia ao diagnóstico correlacionou-se 
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Aleem%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=24861278
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Aleem%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=24861278
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
21 
 
negativamente com o SELENA-SLEDAI ao diagnóstico, a sua variação no 1º ano e nos 2 
primeiros anos, demonstrando relação entre linfopenia mais grave e maior atividade nestes 
períodos, e positivamente com variação nos 5 primeiros anos, indicando que quanto mais 
linfopenia ao diagnóstico menor variação média do SELENA-SLEDAI entre o 5º e 1º ano de 
doença. O valorde hemoglobina ao diagnóstico correlacionou-se negativamente com 
SELENA-SLEDAI médio no 1º, 2 primeiros e 5 primeiros anos, com maior atividade de 
doença nos 5 anos seguintes para anemia mais grave ao diagnóstico. 
Os dados sugerem que a linfopenia e anemia são marcadores da atividade da 
doença, de forma concordante com outros estudos. A linfopenia moderada e marcada foi 
associada a elevada atividade de doença(13); a linfopenia e a anemia predizem flares e 
SLEDAI no decorrer de 1 ano de follow-up.(15) 
Não se demonstrou relação entre linfopenia ou aumento de linfócitos e dano 
assiociado ao LES, ao contrário do demonstrado por Vila et al.(13) A baixa percentagem de 
doentes com dano na amostra pode justificar estes dados. 
Por outro lado, no caso da anemia, em que para graus moderados (Hct = 25-29%) e 
graves (Hct <25%) tinha sido demostrada associação com o dano(14), no presente estudo 
apenas o menor valor de hemoglobina em todo o follow-up foi correlacionado negativamente 
com tempo até à ocorrência de dano, mas não com a aquisição de dano. 
Não foi encontrada correlação com linfopenia e infeções, mas foi verificada 
correlação moderada com aumento da hemoglobina nos 2 primeiros anos e infeções. No 
entanto, estudos anteriores já tinham demonstrado essa associação. Merayo-Chalico et al. 
avaliaram 167 doentes durante 5 anos e sugerem que a linfopenia é um fator de risco 
independente para infeções severas(20) e infeções oportunistas surgiram em doentes com 
linfopenia T CD4 grave no estudo de Ferreira et al.(21) No estudo de Vila et al. linfopenia foi 
associada ao uso de glicocorticoides, azatriopina e metotrexato.(13) 
Verificou-se correlação moderada entre menor valor de linfócitos durante o 1ºano e 
neoplasias, não se detetando correlação de neoplasias com anemia. 
É de realçar a forte correlação encontrada entre o aumento concomitante dos 
linfócitos e da hemoglobina no primeiro ano e a moderada correlação aferida entre os 
mesmos aumentos nos primeiros dois e cinco anos, mas não entre as citopenias no 
momento do diagnóstico. 
Este estudo apresenta algumas limitações. Trata-se de um estudo retrospetivo, 
carece de um grupo controlo. Ainda, a amostra é reduzida pela exclusão de muitos doentes 
por ausência de registos adequados no processo clínico. Provavelmente por essa razão, 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
22 
 
embora os doentes estivessem sob tratamento imunossupressor no período avaliado, não 
se demonstrou correlação entre a utilização dos fármacos e as citopenias. Por fim, não foi 
avaliada a duração da linfopenia e anemia ao longo da evolução da doença, as causas nem 
o impacto destas citopenias na sobrevivência. 
Futuramente, seria importante aumentar o tamanho da amostra, o tempo de estudo e 
comparar grupos de doentes com LES com e sem alterações hematológicas. Poder-se-iam 
levar em conta ainda outros parâmetros como a associação a fármacos e o seu impacto na 
variação das citopenias a longo prazo. Para além disso, seria interessante avaliar não 
somente a anemia mas também a anemia hemolítica, visto ser o critério de classificação 
utilizado nos critérios ACR 1997(3) e SLICC/ACR 2012(4), e também avaliar os níveis das 
subpopulações de linfócitos, nomeadamente dos linfócitos T CD4+. 
Em conclusão, a linfopenia e anemia são muito comuns ao diagnóstico e continuam 
a estar presentes numa grande percentagem de doentes no decorrer da doença. A 
linfopenia, anemia e os respetivos aumentos de linfócitos e hemoglobina foram 
estabelecidos como marcadores da atividade da doença num período de 5 anos. A 
linfopenia ao diagnóstico, menores valores ou aumentos dos linfócitos (mesmo com 
linfopenia) foram correlacionados com neoplasias, mas não com dano, tempo até à 
ocorrência de dano ou infeções. A anemia ao diagnóstico, menores valores ou aumentos da 
hemoglobina (mesmo com anemia) foram correlacionados com tempo até à ocorrência de 
dano e infeções, mas não foram correlacionados com dano ou neoplasias. Estes dados 
analíticos, de fácil acesso na prática clínica, podem influenciar a abordagem terapêutica dos 
doentes com LES. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
23 
 
Referências Bibliográficas 
 
1. Schur PH, Wallace DJ. Diagnosis and differential diagnosis of systemic lupus 
erythematosus in adults. 2014 
Disponível a 15/10/2014em [http://www.uptodate.com/contents/diagnosis-and-differential-
diagnosis-of-systemic-lupus-erythematosus-in-
adults?source=search_result&search=lupus&selectedTitle=3~150#H690922894] 
2. Tsokos GC. Systemic Lupus Erythematosus. New England Journal of Medicine. 
2011;365(22):2110-21. 
3. American College of Rheumatology. 1997 Update of the 1982 Revised criteria for 
classification of Systemic Lupus Erythematosus. 1997 
Disponível a 16/12/2014 em 
[https://www.rheumatology.org/Practice/Clinical/Classification/SLE/1997_Update_of_Revised
_Systemic_Lupus_Erythematosus/]. 
4. Petri M, Orbai AM, Alarcon GS, Gordon C, Merrill JT, Fortin PR, et al. Derivation and 
validation of the Systemic Lupus International Collaborating Clinics classification criteria for 
systemic lupus erythematosus. Arthritis and rheumatism. 2012;64(8):2677-86. 
5. Hepburn AL, Narat S, Mason JC. The management of peripheral blood cytopenias in 
systemic lupus erythematosus. Rheumatology (Oxford, England). 2010;49(12):2243-54. 
6. Rivero SJ, Diaz-Jouanen E, Alarcon-Segovia D. Lymphopenia in systemic lupus 
erythematosus. Clinical, diagnostic, and prognostic significance. Arthritis and rheumatism. 
1978;21(3):295-305. 
7. Vasconcelos C. Epidemiologia clínica do lúpus eritematoso sistémico no norte de 
Portugal. ICBAS - Universidade do Porto: Porto. 2007. 
8. Santos M, Capela S, Figueira R. Caracterização de uma população portuguesa de 
doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico. Acta Reumatológica Portuguesa. 2007;32:153-
61. 
9. Moraes-Fontes MF, Lucio I, Santos C, Campos MM, Riso N, Vaz Riscado M. 
Neuropsychiatric Features of a Cohort of Patients with Systemic Lupus Erythematosus. ISRN 
Rheumatology. 2012;2012:9. 
10. Gomez-Martin D, Diaz-Zamudio M, Vanoye G, Crispin JC, Alcocer-Varela J. 
Quantitative and functional profiles of CD4+ lymphocyte subsets in systemic lupus 
erythematosus patients with lymphopenia. Clinical and experimental immunology. 
2011;164(1):17-25. 
11. Giannouli S, Voulgarelis M, Ziakas PD, Tzioufas AG. Anaemia in systemic lupus 
erythematosus: from pathophysiology to clinical assessment. Annals of the rheumatic 
diseases. 2006;65(2):144-8. 
12. Beyan E, Beyan C, Turan M. Hematological presentation in systemic lupus 
erythematosus and its relationship with disease activity. Hematology (Amsterdam, 
Netherlands). 2007;12(3):257-61. 
13. Vila LM, Alarcon GS, McGwin G, Jr., Bastian HM, Fessler BJ, Reveille JD. Systemic 
lupus erythematosus in a multiethnic US cohort, XXXVII: association of lymphopenia with 
clinical manifestations, serologic abnormalities, disease activity, and damage accrual. 
Arthritis and rheumatism. 2006;55(5):799-806. 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
24 
 
14. Bertoli AM, Vila LM, Apte M, Fessler BJ, Bastian HM, Reveille JD, et al. Systemic 
lupus erythematosus in a multiethnic US cohort LUMINA LI: anaemia as a predictor of 
disease activity and damage accrual. Rheumatology (Oxford, England). 2007;46(9):1471-6. 
15. Mirzayan MJ, Schmidt RE, Witte T. Prognostic parameters for flare in systemic lupus 
erythematosus. Rheumatology (Oxford, England). 2000;39(12):1316-9. 
16. American College of Rheumatology. Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity 
Index SELENA Modification. Disponível a 16/12/2014 em 
[https://www.rheumatology.org/Practice/Clinical/Indexes/Systemic_Lupus_Erythematosus_Di
sease_Activity_Index_SELENA_Modification/]. 
17. American College of Rheumatology. Damage Index forSystemic Lupus 
Erythematosus: System Lupus International Collaborating Clinics/ACR Damage Index for 
Systemic Lupus Erythematosus. Disponível a 16/12/2014 em 
http://www.rheumatology.org/Practice/Clinical/Indexes/Damage_Index_for_Systemic_Lupus_
Erythematosus/]. 
18. Ibanez D, Gladman DD, Touma Z, Nikpour M, Urowitz MB. Optimal frequency of visits 
for patients with systemic lupus erythematosus to measure disease activity over time. The 
Journal of rheumatology. 2011;38(1):60-3. 
19. Danza A, Ruiz-Irastorza G. Infection risk in systemic lupus erythematosus patients: 
susceptibility factors and preventive strategies. Lupus. 2013;22(12):1286-94. 
20. Merayo-Chalico J, Gomez-Martin D, Pineirua-Menendez A, Santana-De Anda K, 
Alcocer-Varela J. Lymphopenia as risk factor for development of severe infections in patients 
with systemic lupus erythematosus: a case-control study. QJM : monthly journal of the 
Association of Physicians. 2013;106(5):451-7. 
21. Ferreira S, Vasconcelos J, Marinho A, Farinha F, Almeida I, Correia J, et al. [CD4 
lymphocytopenia in systemic lupus erythematosus]. Acta Reumatol Port. 2009;34(2a):200-6. 
22. Aleem A, Al Arfaj AS, khalil N, Alarfaj H. Haematological abnormalities in systemic 
lupus erythematosus. Acta Reumatol Port. 2014;39(3):236-41. 
23. Drenkard C, Villa AR, Reyes E, Abello M, Alarcon-Segovia D. Vasculitis in systemic 
lupus erythematosus. Lupus. 1997;6(3):235-42. 
24. Wenzel J, Gerdsen R, Uerlich M, Bauer R, Tueting T, Bieber T. Lymphocytopenia in 
lupus erythematosus: close in vivo association to autoantibodies targeting nuclear antigens. 
The British journal of dermatology. 2004;150(5):994-8. 
25. Lu R, Robertson JM, Bruner BF, Guthridge JM, Neas BR, Nath SK, et al. Multiple 
Autoantibodies Display Association with Lymphopenia, Proteinuria, and Cellular Casts in a 
Large, Ethnically Diverse SLE Patient Cohort. Autoimmune diseases. 2012;2012:819634. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
25 
 
 
Anexos 
Anexo 1 – Formulário de registo do índice de avaliação SELENA-SLEDAI 
 
 
 
 Descriptor Definition 0y 1y 2y 3y 4y 
 Visit 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 
8
 
Seizure Recent onset (28days). Exclude metabolic, infectious 
or drug cause. New onset or recurrence of/ongoing 
oral or nasal ulcerations. 
 
8 Psychosis Altered ability to function in normal activity due to 
severe disturbance in the perception of reality. Include 
hallucinations, incoherence, marked loose 
associations, impoverished thought content, marked 
illogical thinking, bizarre, disorganized, or catatonic 
behavior. Excluded uremia and drug causes. 
 
8 Organic Brain 
Syndrome 
Altered mental function with impaired orientation, 
memory or other intelligent function, with rapid onset 
fluctuating clinical features. Include clouding of 
consciousness with reduced capacity to focus, and 
inability to sustain attention to environment, plus at 
least two of the following: perceptual disturbance, 
incoherent speech, insomnia or daytime drowsiness, or 
increased or decreased psychomotor activity. Exclude 
metabolic, infectious or drug causes. 
 
8 Visual 
Disturbance 
Retinal changes of SLE. Include cytoid bodies, retinal 
hemorrhages, serious exodate or hemorrhages in the 
choroids, or optic neuritis. Exclude hypertension, 
infection, or drug causes. 
 
8 Cranial Nerve 
Disorder 
New onset of sensory or motor neuropathy involving 
cranial nerves. 
 
8 Lupus 
Headache 
Severe persistent headache: may be migrainous, but 
must be nonresponsive to narcotic analgesia. 
 
8 CVA New onset of cerebrovascular accident(s). Exclude 
arteriosclerosis or hipertensive causes. 
 
8 Vasculitis Ulceration, gangrene, tender finger nodules, 
periungual, infarction, splinter hemorrhages, or biopsy 
or angiogram proof of vasculitis. 
 
4 Arthritis More than 2 joints with pain and signs of inflammation 
(i.e. tenderness, swelling, or effusion). 
 
4 Myositis Proximal muscle aching/weakness, associated with 
elevated creatine phosphokinase/adolase or 
electromyogram changes or a biopsy showing 
myositis. 
 
4 Urinary Casts Heme-granular or red blood cell casts. 
4 Hematuria >5 red blood cells/high power field. Exclude stone, 
infection or other cause. 
 
4 Proteinuria >0.5 g/24 hours. New onset or recent increase of more 
than 0.5 g/24 hours. 
 
4 Pyuria >5 white blood cells/high power field. Exclude infection. 
2 New Rash New onset or recurrence of/ongoing inflammatory type 
rash. 
 
2 Alopecia New onset or recurrence/ongoing of abnormal, patchy 
or diffuse loss of hair. 
 
2 Mucosal 
Ulcers 
New onset or recurrence of/ongoing oral or nasal 
ulcerations. 
 
2 Pleurisy Pleuritic chest pain with pleural rub or effusion, or 
pleural thickening. 
 
2 Pericarditis Pericardial pain with at least 1 of the following: rub, 
effusion, or electrocardiogram confirmation. 
 
2
 
Low 
Complement 
Decrease in CH50, C3, or C4 below the lower limit of 
normal for testing laboratory. 
 
2 Increased 
DNA binding 
>25% binding by Farr assay or above normal range for 
testing laboratory. 
 
1 Fever >38°C. Exclude infectious cause. 
1 Thrombocytop
enia 
<100,000 platelets/mm3. 
1 Leukopenia <3,000 White blood cell/mm3. Exclude drug causes. 
 TOTAL SCORE 
SELENA – SLEDAI 
SLEDAI Score - Check box: If descriptor is present at the 
time of visit or in the preceding 28 days. 
ID Patient – Case/Index: 
Date of birth: 
Date of assessment: 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
26 
 
 
Anexo 2 – Formulário de registo do índice de avaliação SDI 
 
 
 
 
Organ 
(system) 
Item 
Year of disease 
0y 1y 2y 3y 4y 5y 6y 7y 9y 10
y 
Ocular [2] Any cataract ever (1) 
Retinal change OR optic atrophy (1) 
Neuropsych
iatric [6] 
Cognitive impairment OR Major psychosis 1 
Seizures requiring therapy for >6 months 1 
Cerebral vascular accident ever (Score 2 if > l x ) OR 
resection not for malignancy 1 (2) 
 
Cranial or peripheral neuropathy (excluding optic) 1 
 Transverse myelitis 1 
Renal [3] Estimated or measured GFR < 50% 1 
Proteinuria >3.5g/24h 1 
ESRF (regardless of dialysis or transplantation)* 1-3* 
Pulmonary 
[5] 
Pulmonary hypertension (right ventricular prominence 
or loud P2) 1 
 
Pulmonary fibrosis (clinically and/or by X-ray) 1 
Shrinking lung (by X-ray) 1 
Pleura! fibrotis (by X-ray) 1 
Pulmonary infarction (by X-ray) 
OR resection not for malignancy 1 
 
Cardiovasc
ular [6] 
Angina OR Coronary artery bypass I 
Myocardial infarction ever (Score 2 if > l x ) 1 (2) 
Cardiomyopathy (ventricular dysfunction) 1 
Valvular disease (diastolk murmur, or systolic murmur > 
3/6) 1 
 
Pericarditis OR Pericardiectomy 1 
Peripheral 
vascular [5] 
Claudication 1 
Minor tissue loss (pulp space) 1 
Significant tissue loss ever (at least loss or resection of a 
digit) - ( S c o r e 2 i f> l x ) 1 (2) 
 
Venous thrombosis with swelling, ulceration OR venous 
stasis 1 
 
Gastrointest
inal [6] 
Infarction or resection of bowel below duodenum, spleen, 
liver or gall bladder ever (Score 2 if > 1 site) 1 (2) 
 
Mesenteric insufficiency 1 
Chronic peritonitis 1 
Stricture OR Upper gastrointestinal 
tract surgery ever 1 
 
Pancreatic insufficiency requiring enzyme replacement 
OR withpseudocyst 1 
 
Musculoskel
etal [6] 
Muscle atrophy OR weakness 1 
Deforming or erosive arthritis (including reducible 
deformities, excluding AVN) 1 
 
Osteoporosis with fracture or vertebral collapse 
(excluding AVN) 1 
 
A vascular necrosis •= AVN (Score 2 if > 1 x ) 1 (2) 
Osteomyelitis 1 
Tendon rupture 
Skin [2] 
 
Scarring chronic alopecia 
Extensive scarring of panniculum other than scalp and 
pulp space 
 
Skin ulceration (excluding thrombosis) of more than 6 
months 
 
Gonadal [1] Premature gonadal failure 
Endocrine 
[1] 
Diabetes requiring therapy regardless of treatment 
Malignancy 
[2] 
Malignancy (exclude dysplasia) 
(Score 2 i f> 1 site) 1 
 
 TOTAL 
 
 
 
SLICC/ACR Damage index for SLE 
Retrospective comparison early damage in late onset SLE 
ID Patient – Case/Index: 
Date of birth: 
Date of assessment: 
 
LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 
 
 
27 
 
 
Anexo 3 – Formulário de registo das manifestações cumulativas do LES

Continue navegando