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Artigo de Investigação Médica Linfopenia e Anemia em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico Isabel Maria Ramos Inácio Mestrado Integrado em Medicina Porto, 2015 Linfopenia e Anemia em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico Artigo de Investigação Médica Dissertação de candidatura ao grau de Mestre em Medicina, submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Ano Letivo 2014/2015 Autora: Isabel Maria Ramos Inácio Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. E-mail: inacio.isabel@hotmail.com Orientadora: Dra. Lúcia Raquel Moreira Faria Assistente Hospitalar de Medicina Interna no Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto. Professora Convidada do Instituto Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 1 Agradecimentos À Dra. Raquel Faria por ser a força motriz deste trabalho e pelo apoio e paciência ao longo destes meses. Um agradecimento especial por me ter apresentado o mundo dos mil e um caminhos da autoimunidade. À Dra. Rita Dias pelo apoio imprescindível na colheita e análise estatística, e também à Dra. Rute Alves pelo apoio insubstituível na análise estatística. Ao Prof. Dr. Carlos Vasconcelos por permitir a realização deste trabalho na Unidade de Imunologia Clínica e por partilhar os dados dos seus doentes recolhidos na sua tese de doutoramento. À Dra. Ana Tavares, Dra. Joana Ferreira, Sr. Jorge Ferreira, D.ª Jacqueline Ferreira, D.ª Maria José e a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. À minha família e amigos que sempre me acompanham nos momentos altos e baixos constantes da vida. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 2 Índice RESUMO .................................................................................................................... 3 ABSTRACT.................................................................................................................. 4 LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................................. 5 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 6 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 8 RESULTADOS .............................................................................................................. 9 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 23 ANEXOS .................................................................................................................. 25 LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 3 Resumo Introdução: A linfopenia e a anemia são muito comuns e têm sido associadas a maior atividade de doença e dano de órgão. Objetivos: Avaliar a frequência da linfopenia e da anemia ao longo da evolução do Lúpus Eritematoso Sistémico e estabelecer a relação com outras manifestações clínicas/imunológicas, atividade da doença, dano de órgão, fármacos, infeções e neoplasias. Metodologia: Estudo retrospetivo de 38 doentes, com informações dos processos clínicos e análises laboratoriais, com visitas frequentes e follow-up desde diagnóstico neste centro até 31 de dezembro de 2014. Foram analisadas as características sociodemográficas, outras doenças auto-imunes, comorbilidades, manifestações cumulativas, SELENA-SLEDAI, SDI, fármacos, infeções e neoplasias. Resultados: 36 mulheres (18:1) com idade média ao diagnóstico 31,26 anos, follow-up médio de 12,34 anos. Linfopenia<1500/mm3 presente ao diagnóstico em 75,8%, no primeiro ano em 83,8% e em todo o follow-up 89,5%. Linfopenia ao diagnóstico foi correlacionada com maior idade ao diagnóstico, maior atividade durante os primeiros 5 anos, envolvimento mucocutâneo, anti- Sm e anti-RNP. Menor valor de linfócitos no primeiro ano foi correlacionado com anemia, maior idade ao diagnóstico, anti-Sm, trombose, envolvimento cutâneo e neoplasias. Não foram encontradas correlações entre linfopenia e dano ou infeções. Anemia <11,9g/dL presente ao diagnóstico em 52,9% no primeiro ano 54,1% e em todo o follow-up 71,1%. Anemia ao diagnóstico foi correlacionada com maior atividade nos 5 primeiros anos, anti-dsDNA, teste de Coombs e consumo de complemento. Menor valor de hemoglobina no primeiro ano foi correlacionada com linfopenia, teste de Coombs, atividade da doença e infeções. Não foi encontrada correlação entre anemia e dano ou neoplasias. Conclusões: A linfopenia e anemia são muito comuns ao diagnóstico e durante a evolução da doença. Foram estabelecidas como marcadores da atividade da doença. A linfopenia foi correlacionada com neoplasias e a anemia com tempo até à ocorrência de dano e infeções, mas não se correlacionaram com dano. Palavras-chave: Lúpus Eritematoso Sistémico; Linfopenia; Anemia; Manifestações clínicas; Características imunológicas; Atividade da doença; Dano de órgão; Infeções; Fármacos; Neoplasias. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 4 Abstract Introduction: Lymphopenia and Anemia are very common and have been associated with more disease activity and damage. Objective: To evaluate the frequency of lymphopenia and anemia through the evolution of Systemic Lupus Erythematosus and its relation with other clinical/immunologic manifestations, disease activity, organ damage, drugs, infection and neoplasia. Methods: Retrospective study of 38 patients charts and blood tests, with frequent visits and followup in our center since diagnosis until end 2014. Sociodemographic characteristics, other autoimmune diseases, comorbidities, cumulative SLE manifestation, SELENA-SLEDAI, SDI, drugs, infection and neoplasia were collected. Results: 36 female (18:1), mean age at diagnosis 31,3 years, mean follow-up time of 12,3 years. Lymphopenia <1500//mm3 was present at diagnosis in 75,8%, in the first year 83,8% and ever through follow-up 89,5%. Lymphopenia at diagnosis was correlated with more age at diagnosis, more activity during the first 5 years, mucocutaneous involvement, anti-Sm and anti-RNP. Lower value of lymphocytes in the first year was correlated with anemia, more age at diagnosis, anti-Sm, thrombosis, mucocutaneous involvement and neoplasia. No correlation was found with damage or infections. Anemia <11.9 g / dL present at diagnosis in 52.9%, in the first year 54.1% and throughout the follow-up 71.1%. Anemia at diagnosis was correlated with more activity in the first 5 years, anti-dsDNA, Coombs’ test and low complement. Lowest haemoglobin in the first year was correlated with lymphopenia, Coombs’ test, activity and infetion. No correlation was found between anemia with damage or neoplasia. Conclusion: Lymphopenia and anemia are very common at diagnosis and during the course of the disease. It were markers of disease activity. Lymphopenia was correlated with neoplasia and anemia with time to damage and infections, but not with the ocurrence of damage. Keywords: Systemic lupus erythematosus; Lymphopenia; Anemia; Clinical manifestations; Immunologic characteristics; Disease activity; Disease damage; Infections; Drugs; Neoplasias. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 5 Lista de Abreviaturas ACR - American College of RheumatologyANA – Anticorpo anti-nuclear AZA – Azatioprina anti-RNP - Anticorpo anti-ribo nucleoproteína APL - Anticorpo anti-fosfolipído CHP - Centro Hospitalar do Porto CsA - Ciclosporina A CYC - Ciclofosfamida CT - Corticóides DAIs - Doenças Autoimunes Dx - Diagnóstico HCQ - Hidroxicloroquina Hct - Hematócrito HTA – Hipertensão arterial IVIg – Imunoglobulina intravenosa LES – Lúpus Eritematoso Sistémico MMF – Micofenolato de mofetil MTX – Metotrexato rho – Coeficiente de correlação ou Rho de Spearman SAF - Síndroma antifosfolípido SELENA-SLEDAI – SELENA - Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index SDI - Systemic Lupus International Collaborating Clinics/American College of Rheumatology Damage Index SLICC - Systemic Lupus International Collaborating Clinics SPPS 22 - Statistical Package for Social Science - Version 22.0 UIC – Unidade de Imunologia Clínic LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 6 Introdução O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma doença inflamatória crónica, autoimune, de etiologia desconhecida e multifatorial, que afeta predominantemente mulheres e tem manifestações clínicas em vários sistemas de órgão.(1, 2) As manifestações hematológicas do LES são comuns e estão incluídas nos critérios de classificação do LES de 1997 revistos pela American College of Rheumatology (ACR)(3) e de 2012 Systemic Lupus International Collaborating Clinics (SLICC)/ACR.(4) Estas citopenias são multifatoriais e geralmente ligeiras, não necessitando de tratamento específico. Contudo, podem ser um marcador de atividade de doença noutros órgãos, e quando graves, estar associadas ao aumento da mortalidade.(5) A prevalência da linfopenia em doentes com LES varia de acordo com os estudos entre 20 e 93%(5, 6): em Portugal os estudos apontam para aproximadamente 30%.(7-9) No LES, têm sido descritas alterações quantitativas e funcionais dos linfócitos, tendo sido associada a linfopenia à diminuição de subpopulações de linfócitos T CD4+ que podem contribuir para as respostas imunológicas características da doença.(10) É encontrada anemia em cerca de 50% dos doentes com LES.(11) Já a anemia hemolítica só está relatada em cerca de 10%(12) internacionalmente e em séries portuguesas em cerca de 13-19%.(7-9) O estudo prospetivo de Vila et al. verificou que a linfopenia associa-se a diversas manifestações clínicas/imunológicas da doença e quando esta é moderada (500–999/mm3) e marcada (<500/mm3) está associada a maior atividade da doença e dano de órgão, porém este estudo não avaliou a média e duração da linfopenia nem o impacto na sobrevivência.(13) No estudo de Bertoli et al. todos os graus de anemia foram associados com maior grau de atividade e verificou-se associação com o dano de órgão para graus moderados (Hematócrito (Hct)=25-29%) e graves (Hct <25%).(14) Apesar de o grau de linfopenia e anemia serem relacionados com a atividade da doença e dano de órgão em diversos estudos(13-15), estas citopenias não pertencem ao índice de avaliação da atividade da doença mais utilizado SELENA-Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index (SELENA-SLEDAI)(16) nem do dano Systemic Lupus International Collaborating Clinics/American College of Rheumatology Damage Index (SDI), como seria de esperar(17). LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 7 Relativamente à frequência óptima de visitas para a avaliação do SLEDAI, Ibañez et al. concluíram que uma frequência de 4 visitas por ano oferece melhor estimativa da atividade da doença num período de 1 ano do que visitas semianuais ou anuais.(18) A infeção é uma das principais causas de morbi-mortalidade em doentes com LES, sendo mais frequentes as infeções bacterianas, seguidas das virais e fúngicas.(19) A relação entre linfopenia e infeções já tem sido descrita em estudos.(20, 21) Sendo manifestações comuns no LES, a linfopenia e anemia têm despoletado enorme interesse, no entanto, a maioria dos estudos avaliam-nas a curto prazo. Desconhecem-se as suas prevalências durante o curso da doença e a longo prazo e não há estudos semelhantes em Portugal. Neste sentido, o presente trabalho consiste num estudo retrospetivo que tem como objetivos avaliar a frequência da linfopenia e da anemia ao longo da evolução do LES, desde a data do diagnóstico até 31 de Dezembro de 2014; e estabelecer a relação com outras manifestações do LES (envolvimentos de sistemas de órgão e características imunológicas), atividade da doença determinado pelo SELENA-SLEDAI, dano de órgão determinado pelo SDI, fármacos, infeções e neoplasias; numa amostra de doentes com LES com tempo de evolução de doença superior a 5 anos, seguidos na Unidade de Imunologia Clínica do Hospital Santo António – Centro Hospitalar do Porto. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 8 Materiais e Métodos Este estudo retrospetivo (de dados colhidos prospectivamente) incluiu doentes com LES, seguidos na Unidade de Imunologia Clínica (UIC) do Hospital Santo António do Centro Hospitalar do Porto (CHP) desde o diagnóstico até 31 de dezembro de 2014 e que cumpriam os seguintes critérios de inclusão: diagnóstico de LES, de acordo com os critérios de 1997 revistos pela ACR ou com os critérios de 2012 SLICC/ACR de classificação para LES, com uma duração da doença de igual ou superior a 5 anos e diagnóstico em idade adulta. Foram excluídos os doentes com informação insuficiente no processo clínico (menos do que uma visita por ano). Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética para a Saúde e pela Direção Clínica do Hospital Santo António – Centro Hospitalar do Porto. A atividade da doença foi avaliada pelo SELENA-Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index (SELENA-SLEDAI) (Anexo 1), e o dano da doença foi avaliada pelo Systemic Lupus International Collaborating Clinics Damage Index (SDI) (Anexo 2). A data de diagnóstico foi definida pela data em que o médico assumia o diagnóstico no processo clínico e a duração da doença foi definida como o intervalo entre a data do diagnóstico e o final do estudo (31 de dezembro de 2014). Desde o diagnóstico até o final do estudo, os doentes foram avaliados em três visitas por ano retrospetivamente. Em cada visita, avaliamos o SELENA-SLEDAI, contagem de linfócitos e hemoglobina. Na primeira visita de cada ano, foi avaliado o índice de dano SDI. Foram analisadas características sociodemográficas, presença de outras doenças auto-imunes (DAI), comorbilidades, manifestações cumulativas do LES (Anexo 3), tratamento farmacológico, presença de infecções e neoplasias a partir dos processos clínicos. Os dados foram analisados no programa Statistical Package for Social Science - Versão 22.0 (SPPS 22). Para além da avaliação descritiva, foram utilizados os métodos de relação analítica adequados às características de cada variável. Considerou-se a diferença entre as variáveis significativa quando p<0.05. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 9 Resultados Foram revistos retrospetivamente os processos clínicos de 38 doentes com LES. A duração média de doença foi de 12,34 anos (mínimo 5; máximo 27 anos) e mediana de 13 anos. As características sociodemográficas, doenças autoimunes concomitantes e comorbilidades estão descritas na Tabela I. Tabela I. Características sociodemográficas, doenças autoimunes (DAI) e comorbilidades concomitantes Número de doentes (n=38) (%) Sexo feminino 36 (94,7) Sexo masculino 2 (5,3) Rácio feminino:masculino 18:1 Etnia Caucasiana 28 (73,7) Negra 1 (2,6) Não registada 9 (23,7) Naturalidade Portuguesa 2 (5,3) Não registada 36 (94,7) Estado civil Solteiro 3 (7,9) Casado 12 (31,6) Divorciado 1 (2,6) Não registada22 (57,9) Anos de Escolaridade Nenhum 1 (2,6) 4º ano 1 (2,6) 9º ano 2 (5,3) 12º ano 1 (2,6) Licenciatura 5 (13,2) Não registado 28 (73,7) Estado laboral Empregado 9 (23,7) Desempregado 1 (2,6) Reformado 3 (7,9) Não registado 25 (65,8) Idade ao diagnóstico, média (anos) 31,26 (mediana 31,50; mínimo 17; máximo 53) Idade no final estudo ou seguimento, média (anos) 44,08 (mediana 31,50; mínimo 28; máximo 63) DAI concomitante Síndroma antifosfolípido (SAF) 7 (18,4%) Síndroma Sjögren 5 (13,2%) Tiroidite Hashimoto 2 (5,3%) Outra DAI 1 (2,6%) HTA crónica 14 (36,8%) Classes de peso Baixo peso 1 (2,6%) Peso normal 1 (2,6%) Excesso de peso 4 (10,5%) Obesidade grau 1 1 (2,6%) Desconhecido 31 (81,6%) Hábitos Tabágicos Não fumador 17 (44,7%) Fumador activo 5 (13,2%) Ex-fumador 2 (5,3%) Não registado 14 (36,8%) Dislipidemia Não 24 (63,2%) Sim, sob tratamento atual 5 (13,2%) Sim, sem tratamento atual 5 (13,2%) Não registado 4 (10,6) LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 10 As manifestações cumulativas de LES são apresentadas na Tabela II e III. A maioria dos doentes apresentou envolvimento de 3 ou 4 sistemas de órgãos (65.8%), com um valor médio de 3.34 ± 1,192 órgãos envolvidos. No que respeita ao envolvimento hematológico 26,3% dos doentes apresentaram envolvimento de uma linhagem, 21.1% envolvimento de duas linhagens e 5,3% apresentaram três linhagens envolvidas. Tabela II. Manifestações Cumulativas de LES – Envolvimentos de órgão Número de doentes (n=38) (%) Constitucional 13 (34,2) Mucocutâneo 34 (89,5) Neuropsiquiátrico 5 (13,2) Musculoesquelético 34 (89,5) Cardiorespiratório 2 (5,3) Gastrointestinal 0 (0) Hematológico 20 (52,6) Trombose 6 (15,8) Oftalmológico 1 (2) Renal 12 (31,6) Tabela III. Manifestações Cumulativas de LES – Autoanticorpos, Consumo de complemento e teste de Coombs Número de doentes positivo/Número de doentes testados, n (%) Anticorpos anti-fosfolipído (APL) 25/27 (92,6) Consumo de complemento 34/38 (89,5) Anticorpos anti-nucleares (ANA) 38/38 (100) Anticorpos anti-dsDNA 30/38 (78,9) Anticorpo Anti-C1q 7/15 (46,7) Anti-ENA 2/7 (28,6) Anticorpo Anti-Sm 10/36 (27,8) Anti-nucleosoma 18/30 (60) Anti-Ro/SSA 19/38 (50) Anti-La/SSB 7/38 (18,4) Teste de Coombs 2/6 (33,3) Fator reumatoide 11/28 (39,3) Anti-ribo nucleoproteína (anti-RNP) 10/33 (30,3) Anti-ribossoma P 2/18 (11,1) O tempo médio entre o primeiro critério ACR e a conjunção dos quarto critérios que permitiram o diagnóstico foi de 1,380 ± 2,152 meses. Considerando os critérios SLICC/ACR, o tempo médio entre o primeiro e a conjugação dos quarto critérios foi de 0,970 ± 1,558 meses, sendo em média a acumulação de 4 critérios SLICC/ACR 1,294 ± 6,690 meses mais cedo. No fim do estudo, o número médio de critérios ACR foi 5,919, com uma mediana de 6 (mínimo 4, máximo 8); e o número médio de critérios SLICC/ACR foi 7,351 (clínicos 3,302; imunológicos 3,649), com uma mediana de 7 (mínimo 4, máximo 11). LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 11 Figura 1. Linfopenia ao diagnóstico (Dx), no primeiro ano e durante o follow-up. A linfopenia definida por linfócitos <1000/mm3 estava presente ao diagnóstico em 42,4% dos doentes, no primeiro ano em 48,6% e em algum momento durante o follow-up em 57,9%. Quando se considerou linfopenia para valores de linfócitos <1500/mm3, 75,8% apresentava-a ao diagnóstico, 83,8% durante o primeiro ano e 89,5% dos doentes em algum momento durante o tempo total de seguimento (Figura 1). O valor mínimo médio de linfócitos no 1º ano de doença foi 1080 ± 505/mm3 (mediana 1060) e o valor mínimo médio de linfócitos durante todo o follow-up (28 anos de seguimento) foi 983 ± 378/mm3 (mediana 935). A variação dos linfócitos e respetivos aumentos dos linfócitos são representadas na tabela IV. Tabela IV. Variação e Aumento dos linfócitos Variação dos linfócitos Primeiro ano de follow-up Primeiros 2 anos de follow up Primeiros 5 anos follow up <500/mm3 35,1% 23,7% 5,3% 501-1000/mm3 21,6% 34,2% 39,5% 1001-1500/mm3 10,8% 13,2% 18,4% > 1501/mm3 18,9% 23,7% 36,8% LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 12 Aumento dos linfócitos Primeiro ano de follow-up Primeiros 2 anos follow up Primeiros 5 anos follow up 1ª-2ªvisita 2ª-3ªvisita < 250/mm3 50% 48,1% 29,7% 20% 251-500/mm3 7,7% 3,7% 8,1% 14,3% >501/mm3 42,3% 48,2% 62,2% 65,7% Ao diagnóstico de LES, 52,9% dos doentes tinham anemia <11,9g/dL, enquanto que durante o primeiro ano de follow-up 54,1% apresentaram anemia e durante todo o follow-up, esta citopenia foi encontrada em 71,1% (Figura 2). Figura 2. Anemia ao diagnóstico (Dx), no primeiro ano e durante o follow-up. O valor médio de hemoglobina durante o primeiro ano de seguimento foi de 11.5 ± 1.6 e durante o tempo total de follow-up foi de 10.9 ± 1.4 g/dL. Durante o primeiro ano de follow-up, da 1ª para 3ª visita, o valor de hemoglobina manteve-se estável em 11,1% dos doentes, diminui em 18,5% e aumentou em 70,4%. A variação de hemoglobina e respetivos aumentos de hemoglobina são representadas na tabela V. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 13 Tabela V. Variação e Aumento de hemoglobina Variação de hemoglobina Primeiro ano de follow- up Primeiros 2 anos de follow up Primeiros 5 anos follow up <1 g/dL 56,8% 26,3% 2,6% 1,01-2 g/dL 18,9% 31,6% 23,7%, 2,1-3 g/dL 10,8% 21,1% 34,2% >3,01 g/dL 13,5% 21,1% 39,5% Aumento de hemoglobina Primeiro ano de follow- up Primeiros 2 anos follow up Primeiros 5 anos follow up 1ª-2ªvisita 1ª-3ªvisita <1 g/dL 69% 36,9% 33,3% 25,7% 1,01-2 g/dL 17,2% 36,8% 27,8% 22,9% >2,01 g/dL 13,8% 26,3% 38,9% 51,3% O SELENA-SLEDAI ao diagnóstico expresso por classes é evidenciado na figura 3. Figura 3. SELENA-SLEDAI ao diagnóstico expresso por classes. Sem atividade: SELENA-SLEDAI=0; Atividade ligeira: SELENA-SLEDAI=1-4; Atividade moderada: SELENA-SLEDAI=5-12; Atividade elevada: SELENA- SLEDAI≥13. O valor médio do SELENA-SLEDAI ao diagnóstico foi de 8,21 ± 5,910 (mediana 7,50), e diminuiu nos anos subsequentes (Figura 4). LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 14 Gráfico 4. SELENA-SLEDAI médio ao diagnóstico e nos primeiros cinco anos de doença. Os valores do SELENA-SLEDAI variaram em média 7.526 ± 6.571 (mediana 6) no primeiro ano, 2,395 ± 4,195 (mediana 2) nos primeiros dois anos, e 1,278 ± 4,767 (mediana 0) nos primeiros cinco anos. Durante os primeiros cinco anos, o SELENA-SLEDAI manteve- se estável em 2,8% dos doentes, aumentou em 16,7%, e diminuiu em 80,6% dos doentes. O dano cumulativo da doença, definido por SDI≥1, foi observado em 18,4% dos doentes, enquanto que nos restantes (81,6%) não se verificou dano. O intervalo de tempo entre o diagnóstico da doença e o desenvolvimento de dano foi em média de 11,237 anos (mínimo 3, máximo 22, mediana 12,5 anos). Todos os doentes em estudo receberam tratamento com hidroxicloroquina (HCQ), em algum momento durante o curso da doença. Nos que respeita aos restantes fármacos analisados, 33 doentes (86,8%) receberam tratamento com corticosteroides (CT), 11 doentes (28.9%) com azatioprina (AZA), 6 (15.8%) com metotrexato (MTX), 5 (13.2%) com micofenolato de mofetil (MMF), 2 (5.3%) com ciclosporina A (CsA), 8 (21.1%) com ciclofosfamida (CYC) e 3 doentes (7.9%) com imunoglobulina intravenosa (IVIg). Ocorreram 13 infeções (oportunistas ou motivaram internamento) em 8 dos 38 doentes. Três delas eram oportunistas. O valor médio de linfócitos nos 3 meses que antecederam as infeções foi de 1027/mm3. O tempo entre o diagnósticode LES e a primeira infeção (ou única) foi, em média, de 27.87 ± 52.643 meses. Dois doentes (5,3%) desenvolveram neoplasias durante o seguimento, com um intervalo médio de tempo entre o diagnóstico de LES e da neoplasia de 8,50 ± 4,950 anos. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 15 Correlações entre as variáveis Foram encontradas correlações estatisticamente significativas entre a linfopenia ao diagnóstico e maior idade ao diagnóstico (p=0,040; rho=-0,309), a positividade para anti-Sm (p=0,030; rho=-0,342) e anti-RNP (p=0,012; rho=-0,419), envolvimento mucocutâneo (p=0,016; rho=0,372) e atividade da doença durante os 5 primeiros anos. Não se verificou a existência de correlação estatisticamente significativa entre a linfopenia ao diagnóstico e a anemia ao diagnóstico (p=0,115), o dano (p=0,259), o tempo até à ocorrência de dano (p=0,308), as infeções (p=0,341) ou as neoplasias (p=0,471). Os dados acerca da correlação das citopenias com atividade da doença são apresentados na tabela VI. O menor valor de linfócitos no primeiro ano correlacionou-se com a presença de anemia durante no primeiro ano de doença (p=0,005, rho=0,418), maior idade ao diagnóstico (p=0,007, rho=-0,403), a positividade para anti-dsDNA (p=0,039; rho=-0,294), e anti-Sm (p=0,016; rho=-0,363), complemento baixo (p= 0,046; rho=-0,281), trombose (p=0,007; rho=-0,399), neoplasias (p=0,035; rho=-0,302), envolvimento mucocutâneo (p=0,030; rho=0,313) e atividade da doença. Não foi encontrada correlação entre valores mais baixos de linfócitos no primeiro ano e o tempo até à ocorrência de dano (p=0,290), o dano (p= 0,284) ou as infeções (p=0,52). O menor valor de linfócitos em todo o seguimento foi correlacionado com a coexistência de SAF (p=0,011 rho=-0,369), trombose (p=0,025; rho=-0,319), positividade para anti-dsDNA (p=0,016; rho=-0,350), anti-RNP (p=0,025, rho=-0,348) e anti-nucleossoma (p=0,001; rho=-0,567), dano (p=0,045; rho=-0,279), envolvimento oftálmico (p=0,037, rho=- 0,293) e cardiorespiratório (p=0,040, rho=0,288), e atividade da doença. Não se verificou associação com valor mais baixo de hemoglobina durante o mesmo intervalo de tempo (p=0,189), tempo até à ocorrência de dano (p= 0,284), infeções (p=0,320) e neoplasias (p=0,497). Tabela VI. Correlações da Linfopenia e Anemia com a Atividade da doença – SELENA-SLEDAI SLEDAI ao diagnóstico SLEDAI ao diagnóstico (classes) SLEDAI médio no 1ºano SLEDAI médio nos 2 1os anos SLEDAI médio nos 5 1os anos Variação do SLEDAI no 1º ano Variação do SLEDAI nos 2 1os anos Variação do SLEDAI nos 5 1os anos Linfopenia ao diagnóstico rho -,284 -,346* -,024 -,112 -,122 -,308* -,469* ,393* p ,055 ,024 ,105 ,268 ,250 ,041 ,003 ,014 38 38 38 38 38 38 38 38 LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 16 Linfopenia ao diagnóstico (classes) rho -,219 -,312* ,141 -,028 -,027 -,448* -,238 ,312* P ,110 ,039 ,218 ,438 ,441 ,004 ,091 ,044 38 38 38 38 38 38 38 38 Menor valor linfócitos 1ºano rho -,389* -,376* -,415* -,374* -,415* -,542* -,418* ,386* p ,009 ,011 ,005 ,011 ,005 ,000 ,005 ,011 38 38 38 38 38 38 38 38 Menor valor linfócitos 1ºano rho -,485* -,498* -,480* -,396* -,425* -,150 -,510* ,453* (classes) p ,001 ,001 ,001 ,008 ,004 ,188 ,001 ,003 38 38 38 38 38 38 38 38 Menor valor linfócitos em todo o follow-up rho -,029 -,028 -,016 -,032 -,122 -,055 ,015 -,029 p ,432 ,433 ,461 ,425 ,233 ,372 ,464 ,433 38 38 38 38 38 38 38 38 Menor valor linfócitos em todo o follow-up (classes) rho -,122 -,070 -,195 -,147 -,236 -,222 -,179 ,200 p ,465 ,674 ,240 ,378 ,154 ,180 ,281 ,243 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento dos linfócitos no 1ºano rho ,542* ,507* ,290 ,203 ,126 ,509* ,574* -,201* p ,002 ,004 ,071 ,155 ,266 ,001 ,001 ,168 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento dos linfócitos no 1ºano (classes) rho ,496* ,425* ,340* ,257* ,400* ,480* ,022 -,156 p ,002 ,009 ,040 ,124 ,014 ,003 ,896 ,372 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento dos linfócitos no 2 1º s anos rho ,453* ,425* ,530* ,442* ,434* ,437* ,505* -,434* p ,003 ,005 ,000 ,003 ,004 ,001 ,001 ,005 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento dos linfócitos no 2 1º s anos (classes) rho ,391* ,364* ,516* ,428* ,451* ,413* ,453* -,425* p ,008 ,013 ,001 ,004 ,003 ,005 ,002 ,005 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento dos linfócitos no 5 1º s anos rho ,360* ,372* ,375* ,264 ,339* ,421* ,430* -,203 p ,017 ,014 ,013 ,063 ,023 ,006 ,005 ,121 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento dos linfócitos no 5 1º s anos (classes) rho ,334* ,353* ,363* ,272 ,368* ,361* ,387* -,160 p ,025 ,019 ,016 ,057 ,015 ,017 ,011 ,180 38 38 38 38 38 38 38 38 Anemia ao diagnóstico rho -,399* -,427* -,415* -,508* -,339* -,300* -,389* ,459* p ,010 ,006 ,007 ,001 ,025 ,043 ,011 ,004 38 38 38 38 38 38 38 38 Anemia ao diagnóstico (classes) rho -,434* -,460* -,380* -,457* -,337* -,364* -432* ,339* p ,005 ,003 ,013 ,003 ,026 ,017 ,005 ,029 38 38 38 38 38 38 38 38 Menor valor de hemoglobina no 1ºano rho -,570* -,526* -,610* -,653* -,537* -,574* -,510* ,616* p ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 38 38 38 38 38 38 38 38 Menor valor de hemoglobina no 1ºano (classes) rho -,548* -,511* -,555* -,599* -,504* -,584* -,519* ,417* p ,000 ,001 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,002 38 38 38 38 38 38 38 38 LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 17 Menor valor de hemoglobina em todo o follow-up rho -,447* -,377* -,477* -,452* -,438* -,441* -,476* ,335* p ,002 ,010 ,001 ,002 ,003 ,003 ,001 ,023 38 38 38 38 38 38 38 38 Menor valor de hemoglobina em todo o follow-up (classes) rho -,446* -,404* -,444* -,424* -,409* -,473* -,475* ,332* p ,003 ,006 ,003 ,004 ,005 ,001 ,001 ,024 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento de hemoglobina no 1ºano rho ,485* ,485* ,432* ,381* ,243 ,545* ,567* -,453* p ,005 ,011 ,012 ,025 ,111 ,002 ,001 ,011 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento de hemoglobina no 1ºano (classes) rho -,064 -,03 ,161* ,273* -,253 -,115 -,132 ,296 p ,376 ,431 ,211 ,084 ,102 ,285 ,256 ,162 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento de hemoglobina nos 2 1º s anos rho ,674* ,610* ,736* ,695* ,640* ,573* ,719* -,610* p ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento de hemoglobina nos 2 1º s anos (classes) rho ,673* ,598* ,747* ,719* ,636* ,600* ,736* -,625* p ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento de hemoglobina nos 5 1º s anos rho ,611* ,573* ,639* ,665* ,526* ,591* ,662* -,651* p ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 38 38 38 38 38 38 38 38 Aumento de hemoglobina nos 5 1º s anos (classes) rho ,655* ,608* ,681* ,722* ,581* ,5915* ,696* -,665* p ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 38 38 38 38 38 38 38 38 Legenda: * = correlação significativa com p<0.05; rho=Rho de Spearman; p=,000 significa p<0,001. O aumento dos linfócitos no 1ºano, da 1ª para 3ª visita, foi correlacionada com o aumento da hemoglobina no mesmo período (p<0.001; rho=0,727), anti-ribossoma P (p=0,042; rho=-0,518) e anti-C1q (p=0,018; rho=0,546) positivos e atividade da doença. Não foi encontrada correlação significativa com dano (p=0,257), tempo até à ocorrência de dano (p=0,394), infeções (p=0,455) ou neoplasias (p=0,235). Nos 2 primeiros anos, o aumento dos linfócitos foi correlacionado com o aumento da hemoglobina no mesmo período (p<0.001; rho=0,610), envolvimento constitucional (p=0,033; rho=0,305), consumo de complemento (p=0,027; rho=0,320), positividade para anti-dsDNA (p=0,012; rho=0,372) e anti-ribossoma P (p=0,036; rho=0,435) e atividade da doença, não sendo encontrada correlação significativa com dano (p=0,224), tempo até à ocorrência de dano (p=0,323), infeções (p=0,372)ou neoplasias (p=0,157). Por fim, o aumento dos linfócitos decorrido nos 5 primeiros anos foi correlacionado com o aumento da hemoglobina no mesmo período (p=0,017; rho=0,361), envolvimento LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 18 constitucional (p=0,036; rho=0,308), hematológico (p=0,022; rho=0,342), consumo de complemento (p=0,025; rho=0,334), positividade para anti-dsDNA (p=0,049; rho=0,284) e anti-ribossoma P (p=0,044; rho=0,426), teste de Coombs (p=0,021; rho=0,828), maior atividade da doença durante os primeiros 5 anos e neoplasias (p=0,044; rho=0,292). Não foi encontrada correlação significativa com dano (p=0,130), tempo até à ocorrência de dano (p=0,181), ou infeções (p=0,377). As correlações entre as duas citopenias e respetivos aumentos são apresentadas na tabela VII. Tabela VII. Correlações entre Linfopenia e Anemia e respetivos aumentos de linfócitos e hemoglobina Linfopenia ao diagnóstico Aumento linfócitos 1º ano Aumento linfócitos 2 primeiros anos Aumento linfócitos 5 primeiros anos Anemia ao diagnóstico rho ,218 -,284 -,109 -,013 p ,115 ,080 ,273 ,473 38 38 38 38 Aumento hemoglobina 1º ano rho -,548* ,727* ,501* ,215 P ,002 ,000 ,004 ,151 38 38 38 38 Aumento hemoglobina 2 primeiros anos rho -,435* ,445* ,610* ,458* p ,006 ,010 ,000 ,003 38 38 38 38 Aumento hemoglobina 5 primeiros anos rho -,531* ,367* ,412* ,361* p ,009 ,036 ,008 ,017 38 38 38 38 Legenda: * = correlação significativa com p<0.05; rho=Rho de Spearman; p=,000 significa p<0,001. Quando foram analisadas as diferentes variáveis com a anemia, a anemia ao diagnóstico foi correlacionada com envolvimento hematológico (p=0,049; rho=0,289), consumo de complemento (p=0,015; rho=-0,373), anti-dsDNA positivo (p=0,042; rho=- 0,301), teste de Coombs (p=0,018; rho=-0,840) e maior atividade da doença durante 5 primeiros anos. Não foi encontrada correlação estatisticamente significativa com linfopenia ao diagnóstico (p=0,115), dano (p=0,378), tempo até à ocorrência de dano (p=0,096), infeções (p=0,074) ou neoplasias (p=0,401). O menor valor de hemoglobina no 1ºano de doença foi correlacionada com menor valor de linfócitos no mesmo período (p=0,017; rho=0,349), consumo de complemento (p=0,039; rho=-0,294), Anti-Ro/SSA positivo (p=0,047; rho=-0,279), teste de Coombs (p=0,018; rho=-0,840), atividade de doença e infeções (p=0,013; rho=-0,365); não foi LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 19 encontrada correlação estatisticamente significativa com dano (p=0,097), tempo até à ocorrência de dano (p=0,057) ou neoplasias (p=0,160). O menor valor de hemoglobina em todo o follow-up correlacionou-se com envolvimento hematológico (p=0,021; rho=-0,333), anti-dsDNA (p=0,006; rho=-0,404), anti- C1q (p=0,007; rho=-0,620), atividade de doença, tempo até à ocorrência de dano (p=0,004; rho=-0,424), infeções (p=0,038; rho=-0,292) e neoplasias (p=0,044; rho=-0,280); não foi encontrada correlação estatisticamente significativa com menor valor de hemoglobina no mesmo período (p=0,189), dano (p=0,247). Por outro lado, o aumento da hemoglobina no 1ºano, da 1ª para 3ª visita, foi correlacionado com atividade da doença e envolvimento neuropsiquiátrico (p=0,021; rho=- 0,394); não foi encontrada correlação significativa com dano (p=0,440), tempo até à ocorrência de dano (p=0,340), infeções (p=0,323) ou neoplasias (p=0,235). O aumento da hemoglobina nos 2 primeiros anos correlacionou-se com envolvimento oftálmico (p=0,046; rho=0,285), envolvimento renal (p=0,028; rho=0,320), consumo de complemento (p=0,031; rho=0,315), anti-dsDNA (p=0,020; rho=0,345), maior atividade da doença, infeções (p=0,012; rho=0,377) e Síndroma de Sjögren (p=0,026; rho=-0,326); não foi encontrada correlação significativa com dano (p=0,162), tempo até à ocorrência de dano (p=0,179) ou neoplasias (p=0,137). Nos 5 primeiros anos, o aumento da hemoglobina foi correlacionado maior idade ao diagnóstico (p=0,048; rho=0,286), envolvimento renal (p=0,015; rho=0,368), consumo de complemento (p=0,032; rho=0,316), positividade para anti-dsDNA (p=0,021; rho=0,347) e Anti-Ro/SSA (p=0,029; rho=0,324), atividade da doença e infeções (p=0,018; rho=0,356); não foi encontrada correlação significativa com dano (p=0,293), tempo até à ocorrência de dano (p=0,392) ou neoplasias (p=0,146). A anemia hemolítica (<11 g/dL), detetada em 7,9% dos doentes, não tem correlação estatisticamente significativa com teste de Coombs positivo, verificado em 33,3% (p=0,089; rho=0,632). Não se observou correlações significativamente estatísticas entre as citopenias avaliadas e o uso dos fármacos. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 20 Discussão A linfopenia (<1500/mm3) foi um achado comum (75,8% a 89,5%), de modo semelhante a séries internacionais e superior às nacionais previamente descritas.(5-9, 13, 22) A anemia foi também frequentemente identificada (52,9% a 71,1%), ligeiramente mais frequente que noutras séries.(11, 22) No estudo de Vila et al. a linfopenia estava presente em 64,4% dos doentes ao diagnóstico e em 81,9% após 56,3 ± 41,2 meses de seguimento (cerca de 4,691 anos).(13) Aleem et al. documentaram anemia em 63% dos casos ao diagnóstico e em 51,7% após follow-up de 9,3 ± 5,3anos, e linfopenia em 40,3% e em 33,1%, respetivamente.(22) Ainda, tal como noutros estudos, demonstrou-se correlação entre linfopenia e outras manifestações do LES. Foi encontrada uma correlação moderada (rho>0,300) entre linfopenia e suas variações com envolvimentos cutâneo, constitucional, hematológico, trombose, anemia, SAF, consumo de complemento, anticorpos anti-RNP, anti-Sm, anti- ribossoma P, antinucleossoma e anti-dsDNA. Outros estudos demonstraram associação positiva com artrite e envolvimento neurológico, e negativamente com anemia hemolítica e trombocitopenia(6); associação com vasculite(23), associação positiva com envolvimento renal, leucopenia, anticorpos anti-dsDNA e anti-Ro/SSA e negativa com fotossensibilidade(13). No estudo de Wendel et al. foi encontrada associação positiva com Anti-Ro/SSA, anti-La/SSB, anti-RNP(24) e no estudo de Lu et al. com Anti-Ro/SSA, anti- RNP, anti-cromatina e anti-dsDNA.(25) A anemia também se correlacionou com manifestações do LES, nomeadamente com correlação moderada com envolvimentos hematológico e neuropsiquiátrico, consumo de complemento, anticorpos anti-dsDNA e anti-C1q. É de salientar que a presença de anemia ao diagnóstico apresentou correlação negativa forte com teste de Coombs. Contudo, o teste Coombs só foi pesquisado apenas em 6 doentes e já com anemia documentada, enviesando provavelmente os dados. Aleem et al. demonstraram associação significativa entre anemia e envolvimentos renal, neurológico e serosite e anemia hemolítica com envolvimento neurológico e serosite na análise univariável. Na análise multivariável, demonstrou associação com envolvimento renal e a anemia hemolítica com envolvimento neuropsiquiátrico.(22) Tanto a linfopenia como a anemia e os respetivos aumentos apresentaram correlação com maior atividade da doença. A linfopenia ao diagnóstico correlacionou-se http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Aleem%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=24861278 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Aleem%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=24861278 LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 21 negativamente com o SELENA-SLEDAI ao diagnóstico, a sua variação no 1º ano e nos 2 primeiros anos, demonstrando relação entre linfopenia mais grave e maior atividade nestes períodos, e positivamente com variação nos 5 primeiros anos, indicando que quanto mais linfopenia ao diagnóstico menor variação média do SELENA-SLEDAI entre o 5º e 1º ano de doença. O valorde hemoglobina ao diagnóstico correlacionou-se negativamente com SELENA-SLEDAI médio no 1º, 2 primeiros e 5 primeiros anos, com maior atividade de doença nos 5 anos seguintes para anemia mais grave ao diagnóstico. Os dados sugerem que a linfopenia e anemia são marcadores da atividade da doença, de forma concordante com outros estudos. A linfopenia moderada e marcada foi associada a elevada atividade de doença(13); a linfopenia e a anemia predizem flares e SLEDAI no decorrer de 1 ano de follow-up.(15) Não se demonstrou relação entre linfopenia ou aumento de linfócitos e dano assiociado ao LES, ao contrário do demonstrado por Vila et al.(13) A baixa percentagem de doentes com dano na amostra pode justificar estes dados. Por outro lado, no caso da anemia, em que para graus moderados (Hct = 25-29%) e graves (Hct <25%) tinha sido demostrada associação com o dano(14), no presente estudo apenas o menor valor de hemoglobina em todo o follow-up foi correlacionado negativamente com tempo até à ocorrência de dano, mas não com a aquisição de dano. Não foi encontrada correlação com linfopenia e infeções, mas foi verificada correlação moderada com aumento da hemoglobina nos 2 primeiros anos e infeções. No entanto, estudos anteriores já tinham demonstrado essa associação. Merayo-Chalico et al. avaliaram 167 doentes durante 5 anos e sugerem que a linfopenia é um fator de risco independente para infeções severas(20) e infeções oportunistas surgiram em doentes com linfopenia T CD4 grave no estudo de Ferreira et al.(21) No estudo de Vila et al. linfopenia foi associada ao uso de glicocorticoides, azatriopina e metotrexato.(13) Verificou-se correlação moderada entre menor valor de linfócitos durante o 1ºano e neoplasias, não se detetando correlação de neoplasias com anemia. É de realçar a forte correlação encontrada entre o aumento concomitante dos linfócitos e da hemoglobina no primeiro ano e a moderada correlação aferida entre os mesmos aumentos nos primeiros dois e cinco anos, mas não entre as citopenias no momento do diagnóstico. Este estudo apresenta algumas limitações. Trata-se de um estudo retrospetivo, carece de um grupo controlo. Ainda, a amostra é reduzida pela exclusão de muitos doentes por ausência de registos adequados no processo clínico. Provavelmente por essa razão, LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 22 embora os doentes estivessem sob tratamento imunossupressor no período avaliado, não se demonstrou correlação entre a utilização dos fármacos e as citopenias. Por fim, não foi avaliada a duração da linfopenia e anemia ao longo da evolução da doença, as causas nem o impacto destas citopenias na sobrevivência. Futuramente, seria importante aumentar o tamanho da amostra, o tempo de estudo e comparar grupos de doentes com LES com e sem alterações hematológicas. Poder-se-iam levar em conta ainda outros parâmetros como a associação a fármacos e o seu impacto na variação das citopenias a longo prazo. Para além disso, seria interessante avaliar não somente a anemia mas também a anemia hemolítica, visto ser o critério de classificação utilizado nos critérios ACR 1997(3) e SLICC/ACR 2012(4), e também avaliar os níveis das subpopulações de linfócitos, nomeadamente dos linfócitos T CD4+. Em conclusão, a linfopenia e anemia são muito comuns ao diagnóstico e continuam a estar presentes numa grande percentagem de doentes no decorrer da doença. A linfopenia, anemia e os respetivos aumentos de linfócitos e hemoglobina foram estabelecidos como marcadores da atividade da doença num período de 5 anos. A linfopenia ao diagnóstico, menores valores ou aumentos dos linfócitos (mesmo com linfopenia) foram correlacionados com neoplasias, mas não com dano, tempo até à ocorrência de dano ou infeções. A anemia ao diagnóstico, menores valores ou aumentos da hemoglobina (mesmo com anemia) foram correlacionados com tempo até à ocorrência de dano e infeções, mas não foram correlacionados com dano ou neoplasias. Estes dados analíticos, de fácil acesso na prática clínica, podem influenciar a abordagem terapêutica dos doentes com LES. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 23 Referências Bibliográficas 1. Schur PH, Wallace DJ. Diagnosis and differential diagnosis of systemic lupus erythematosus in adults. 2014 Disponível a 15/10/2014em [http://www.uptodate.com/contents/diagnosis-and-differential- diagnosis-of-systemic-lupus-erythematosus-in- adults?source=search_result&search=lupus&selectedTitle=3~150#H690922894] 2. Tsokos GC. Systemic Lupus Erythematosus. New England Journal of Medicine. 2011;365(22):2110-21. 3. 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Multiple Autoantibodies Display Association with Lymphopenia, Proteinuria, and Cellular Casts in a Large, Ethnically Diverse SLE Patient Cohort. Autoimmune diseases. 2012;2012:819634. LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 25 Anexos Anexo 1 – Formulário de registo do índice de avaliação SELENA-SLEDAI Descriptor Definition 0y 1y 2y 3y 4y Visit 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 8 Seizure Recent onset (28days). Exclude metabolic, infectious or drug cause. New onset or recurrence of/ongoing oral or nasal ulcerations. 8 Psychosis Altered ability to function in normal activity due to severe disturbance in the perception of reality. Include hallucinations, incoherence, marked loose associations, impoverished thought content, marked illogical thinking, bizarre, disorganized, or catatonic behavior. Excluded uremia and drug causes. 8 Organic Brain Syndrome Altered mental function with impaired orientation, memory or other intelligent function, with rapid onset fluctuating clinical features. Include clouding of consciousness with reduced capacity to focus, and inability to sustain attention to environment, plus at least two of the following: perceptual disturbance, incoherent speech, insomnia or daytime drowsiness, or increased or decreased psychomotor activity. Exclude metabolic, infectious or drug causes. 8 Visual Disturbance Retinal changes of SLE. Include cytoid bodies, retinal hemorrhages, serious exodate or hemorrhages in the choroids, or optic neuritis. Exclude hypertension, infection, or drug causes. 8 Cranial Nerve Disorder New onset of sensory or motor neuropathy involving cranial nerves. 8 Lupus Headache Severe persistent headache: may be migrainous, but must be nonresponsive to narcotic analgesia. 8 CVA New onset of cerebrovascular accident(s). Exclude arteriosclerosis or hipertensive causes. 8 Vasculitis Ulceration, gangrene, tender finger nodules, periungual, infarction, splinter hemorrhages, or biopsy or angiogram proof of vasculitis. 4 Arthritis More than 2 joints with pain and signs of inflammation (i.e. tenderness, swelling, or effusion). 4 Myositis Proximal muscle aching/weakness, associated with elevated creatine phosphokinase/adolase or electromyogram changes or a biopsy showing myositis. 4 Urinary Casts Heme-granular or red blood cell casts. 4 Hematuria >5 red blood cells/high power field. Exclude stone, infection or other cause. 4 Proteinuria >0.5 g/24 hours. New onset or recent increase of more than 0.5 g/24 hours. 4 Pyuria >5 white blood cells/high power field. Exclude infection. 2 New Rash New onset or recurrence of/ongoing inflammatory type rash. 2 Alopecia New onset or recurrence/ongoing of abnormal, patchy or diffuse loss of hair. 2 Mucosal Ulcers New onset or recurrence of/ongoing oral or nasal ulcerations. 2 Pleurisy Pleuritic chest pain with pleural rub or effusion, or pleural thickening. 2 Pericarditis Pericardial pain with at least 1 of the following: rub, effusion, or electrocardiogram confirmation. 2 Low Complement Decrease in CH50, C3, or C4 below the lower limit of normal for testing laboratory. 2 Increased DNA binding >25% binding by Farr assay or above normal range for testing laboratory. 1 Fever >38°C. Exclude infectious cause. 1 Thrombocytop enia <100,000 platelets/mm3. 1 Leukopenia <3,000 White blood cell/mm3. Exclude drug causes. TOTAL SCORE SELENA – SLEDAI SLEDAI Score - Check box: If descriptor is present at the time of visit or in the preceding 28 days. ID Patient – Case/Index: Date of birth: Date of assessment: LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 26 Anexo 2 – Formulário de registo do índice de avaliação SDI Organ (system) Item Year of disease 0y 1y 2y 3y 4y 5y 6y 7y 9y 10 y Ocular [2] Any cataract ever (1) Retinal change OR optic atrophy (1) Neuropsych iatric [6] Cognitive impairment OR Major psychosis 1 Seizures requiring therapy for >6 months 1 Cerebral vascular accident ever (Score 2 if > l x ) OR resection not for malignancy 1 (2) Cranial or peripheral neuropathy (excluding optic) 1 Transverse myelitis 1 Renal [3] Estimated or measured GFR < 50% 1 Proteinuria >3.5g/24h 1 ESRF (regardless of dialysis or transplantation)* 1-3* Pulmonary [5] Pulmonary hypertension (right ventricular prominence or loud P2) 1 Pulmonary fibrosis (clinically and/or by X-ray) 1 Shrinking lung (by X-ray) 1 Pleura! fibrotis (by X-ray) 1 Pulmonary infarction (by X-ray) OR resection not for malignancy 1 Cardiovasc ular [6] Angina OR Coronary artery bypass I Myocardial infarction ever (Score 2 if > l x ) 1 (2) Cardiomyopathy (ventricular dysfunction) 1 Valvular disease (diastolk murmur, or systolic murmur > 3/6) 1 Pericarditis OR Pericardiectomy 1 Peripheral vascular [5] Claudication 1 Minor tissue loss (pulp space) 1 Significant tissue loss ever (at least loss or resection of a digit) - ( S c o r e 2 i f> l x ) 1 (2) Venous thrombosis with swelling, ulceration OR venous stasis 1 Gastrointest inal [6] Infarction or resection of bowel below duodenum, spleen, liver or gall bladder ever (Score 2 if > 1 site) 1 (2) Mesenteric insufficiency 1 Chronic peritonitis 1 Stricture OR Upper gastrointestinal tract surgery ever 1 Pancreatic insufficiency requiring enzyme replacement OR withpseudocyst 1 Musculoskel etal [6] Muscle atrophy OR weakness 1 Deforming or erosive arthritis (including reducible deformities, excluding AVN) 1 Osteoporosis with fracture or vertebral collapse (excluding AVN) 1 A vascular necrosis •= AVN (Score 2 if > 1 x ) 1 (2) Osteomyelitis 1 Tendon rupture Skin [2] Scarring chronic alopecia Extensive scarring of panniculum other than scalp and pulp space Skin ulceration (excluding thrombosis) of more than 6 months Gonadal [1] Premature gonadal failure Endocrine [1] Diabetes requiring therapy regardless of treatment Malignancy [2] Malignancy (exclude dysplasia) (Score 2 i f> 1 site) 1 TOTAL SLICC/ACR Damage index for SLE Retrospective comparison early damage in late onset SLE ID Patient – Case/Index: Date of birth: Date of assessment: LINFOPENIA E ANEMIA EM DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO 27 Anexo 3 – Formulário de registo das manifestações cumulativas do LES
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