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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL Professora: Maria Cecília Santos Campos dos Goytacazes MODELO TRANSTEÓRICO E A MUDANÇA DE COMPORTAMENTO Instrumento promissor de auxílio à compreensão da mudança comportamental relacionada à saúde. 2 COMPORTAMENTO ALIMENTAR Conjunto de ações relacionadas ao alimento, iniciando com a decisão, disponibilidade, modo de preparo, utensílios, horários e divisão das refeições e encerra com a ingestão. MATIAS et al, 2010; PHILIPPI et al.(1999) Define-se comportamento alimentar como o resultado da interação entre o consumo de alimentos e seus diversos determinantes Influenciado por vários fatores, não apenas relativos à saúde Estabelece as preferências alimentares e resulta da inter-relação de valores biológicos, sociais e culturais 3 COMPORTAMENTO ALIMENTAR Trata-se de algo muito complexo, pois comer é um ato social que vai para além das necessidades básicas de alimentação. AITZINGEN, 2011. 4 A BAIXA ADESÃO ao tratamento é um dos problemas mais importantes enfrentados pelos profissionais de saúde; É observada em situações que necessitam de LONGOS E COMPLEXOS TRATAMENTOS (necessidade de alterações no estilo de vida); As MUDANÇAS NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR são processos ativos em que as pessoas têm de se esforçar conscientemente a fim de mudar antigos hábitos. (RE)EDUCAÇÃO ALIMENTAR (RE)EDUCAÇÃO ALIMENTAR Falta de Adesão Dificuldade de entender os erros alimentares Preconceito Baixa auto-estima Auto julgamento Expectativa do paciente em obter efeitos rápidos Dietas Restritivas (RE)EDUCAÇÃO ALIMENTAR Planejamento Treinamento Profissional Motivação do Paciente Utilização de modelos teóricos COMO AS PESSOAS MUDAM? Construído por James Prochaska (1979): análise comparativa de mais de 29 teorias e modelos dos principais enfoques psicoterápicos → FOCO: processo de mudança. Ao longo destes estudos → os resultados: todas as teorias apresentavam limitações e nenhuma delas explicava detalhadamente o processo de motivação para mudança de comportamento nas pessoas. MODELO TRANSTEÓRICO Foi construído por James Prochaska, em 1979, por meio da análise comparativa de mais de 29 teorias e modelos dos principais enfoques psicoterápicos, tendo como foco o processo de mudança; No transcorrer do estudo, os resultados mostravam que todas as teorias apresentavam limitações e nenhuma delas explicava detalhadamente o processo de motivação para mudança de comportamento nas pessoas; 9 Diante desta análise, Proschaska denominou de “TRANSTEÓRICO” o modelo que ali nascia; Principal pressuposto deste modelo: auto mudanças bem sucedidas dependem da aplicação das estratégias certas (processos) na hora certa (estágios=fases). MODELO TRANSTEÓRICO O Principal pressuposto deste modelo: é o fato de que as auto mudanças bem sucedidas dependem da aplicação das estratégias certas (processos) na hora certa (estágios). 10 O grande ganho do MTT: mudança intencional (parte do indivíduo); Outras abordagens: concentram nas influências sociais ou biológicas do comportamento. MODELO TRANSTEÓRICO MTT está fundamentado na premissa de que a mudança comportamental acontece ao longo de um processo permeado por diversos níveis: MOTIVAÇÃO → MUDANÇA; Instrumento promissor de auxílio à compreensão da mudança comportamental relacionada à saúde. O grande ganho do MTT: mudança intencional, o que significa que é o indivíduo quem opta em realizar a mudança de determinado comportamento; Enquanto outras abordagens se concentram nas influências sociais ou biológicas do comportamento, este modelo está fundamentado na premissa de que a mudança comportamental acontece ao longo de um processo permeado por diversos níveis de motivação para mudança; 11 “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.” Eduardo Galeano Conceito essencial do MTT; Possibilita o entendimento de como a mudança de comportamento ocorre; Inclui diferentes dimensões (estádios (fases) motivacionais), que devem ser consideradas em conjunto para que possam ser mais bem compreendidas. PROCESSO DE MUDANÇA Os estádios são considerados flutuantes; ou seja, é possível que o indivíduo retorne a um estágio anterior e consiga transpô-lo novamente. PROCESSO DE MUDANÇA PROCESSO DE MUDANÇA Os estádios de mudança correspondem à atividades, que podem modificar os afetos, pensamentos, comportamentos ou relacionamentos relativos ao comportamento-problema. Szupszynski & Oliveira (2008) Portanto, qualquer atividade que ajude na modificação do comportamento é um processo de mudança. PROCESSO DE MUDANÇA MUDANÇAS A possibilidade de mudanças cresce com a utilização de recursos ambientais, sociais e familiares. ESTÁDIOS PARA MUDANÇA COMPORTAMENTAL DO MTT PRÉ-CONTEMPLAÇÃO Paciente não está consciente ou está não informado que problemas existem. Eles até podem saber que tem o problema mas não relacionam com seus comportamentos, pensamentos, sentimentos e suas responsabilidades pelo problema. Não existe nenhum intenção para mudar num futuro previsível. Outros vêem seu problema. O conselheiro não deve concordar com a procura forçada, isto desenvolverá ressentimento. 19 PRÉ-CONTEMPLAÇÃO Usualmente não procuram ajuda. Usualmente procuram ajuda por insistência forçada de outros (família). O conselheiro não deve concordar com a procura forçada ( ressentimento). Deve-se estabelecer o relacionamento interpessoal primeiramente. Ouvir seus questionamentos sobre o problema e estimular os benefícios da mudança. O conselheiro não deve concordar com a procura forçada, isto desenvolverá ressentimento. 20 As estratégias devem contribuir para uma conscientização quanto a problemas, bem como suas potenciais soluções, lidar com emoções e permitir observar impactos positivos das mudanças. O profissional deverá evitar o confronto, sem faltar com sinceridade, muitas vezes traduzindo para o paciente a fala dele, a fim de que haja uma sensibilização. PRÉ-CONTEMPLAÇÃO CONTEMPLAÇÃO Fase do: “Sim, mas…” (ambivalência); Pode ser um estágio prolongado; Provavelmente existe um meta a ser atingida, mas não está certo de que vale o tempo, energia e esforço para alcançá-la. Promova um clima em que a pessoa considere a mudança sem qualquer pressão. CONTEMPLAÇÃO Pressão pode gerar: culpa, arrependimento, sofrimento, o que normalmente não é efetivo neste ponto. Se alie com a ambivalência. Proponha: “quando em dúvida, não mude”. Pese os prós e contras. PREPARAÇÃO Há uma melhor conscientização do problema e o indivíduo constrói um plano cuidadoso de ações orientadas para a mudança (a fase de “como fazer para…”) (meta é selecionada); Não há, necessariamente, ações ocorrendo concomitantemente, visto que as pessoas no estágio de preparação não precisam ter sua ambivalência completamente resolvida. PREPARAÇÃO Nesse estágio pode instituir um número de pequenas mudanças comportamentais. Ex.: contabilizar as calorias que ingere nas refeições. Estimular o paciente a ver como será ao tentar, como ele se sente sobre, o que parece para ele fazer a mudança. Papel do profissional: auxiliar a elaboração de estratégias de enfrentamento de realidade, identificar e trabalhar pensamentos negativos, fortalecendo a autossuficiência. AÇÃO O paciente engaja-se em ações específicas → MUDANÇA; Maioria das vezes: incorporação de habilidades → NOVO COMPORTAMENTO; É importante o ganho de alguns processos de mudança: auto-regulação direcionada a objetivos; auto-observação e auto-avaliação. AÇÃO PROFISSIONAL oferece todo o suporte necessário, buscando envolver o núcleo familiar e a rede social mais próxima (sejam amigos ou companheiros de grupos terapêuticos). MANUTENÇÃO Estágio de grande desafio no processo de mudança; A antecipação e o planejamento são a melhor “defesa” contra a recaída. É necessário um esforço constante do indivíduo para consolidar os ganhos conquistados nos outros estágios ( principalmente no estágio de ação), além de umesforço contínuo para prevenir possíveis lapsos e recaídas. 28 MANUTENÇÃO A mudança nunca é concretizada com a ação. Sem um forte compromisso no estágio de manutenção, a pessoa poderá ter recaídas, mais comumente encontradas nos estágios de pré-contemplação e contemplação. Desenvolver um plano para ajudar a evitar situações que causem recaídas(ou o descontrole), planos que ajudem a interromper recaída. Procurar pessoas que sejam suporte para as mudanças. 29 RECAÍDA É um evento possível no processo de mudança de qualquer padrão comportamental de longa duração (= paciente retoma ao comportamento anterior). É uma etapa prevista quando se busca uma mudança de comportamento por um longo prazo. O papel do profissional da saúde RECAÍDA Fortalecer o paciente para que ele perceba os motivos que o fizeram recair e retome seu processo em busca de sua melhoria. Como identificarmos em qual estágio nosso paciente está? Pré contemplação Não pretendo modificar tal comportamento Contemplação Tenho pensado em modificar tal comportamento, mas não sei como Preparação Estou procurando informações para saber como modificar meu comportamento Ação Estou fazendo algo para modificar meu comportamento Manutenção Estou conseguindo manter a mudança do meu comportamento Avaliação do estágio Estágios de Mudança de Comportamento exemplo para a Nutrição Pré-contemplação: não pretendem iniciar nenhuma dieta nos 6 meses seguintes; Contemplação: Pensam em iniciar um programa alimentar; Preparação: iniciaram mas não de uma forma regular, mas têm intenções de mudar a atitude. Ação: já aderiram aos novos hábitos (dieta) há menos de 6 meses. Manutenção: nova dieta há mais de 6 meses. Identificação dos Estágios Exemplo de questionário para a avaliação dos estágios de mudança de comportamento Quantos copos de água você toma por dia? ( ) Oito ou mais copos ( ) Zero a oito copos Você apresenta esse comportamento há mais de 6 meses? Você pretende aumentar essa quantidade? ( ) Sim (Manutenção) ( ) Não (Ação) ( ) Sim (Decisão) ( ) Não (Responda à questão abaixo) Você considera esse aumento importante para a sua qualidade de vida? ( ) Sim (Contemplação) ( ) Não (Pré-contemplação) Identificação dos Estádios Algoritmo. 36 COMO OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE PODEM AUXILIAR SEUS PACIENTES? Percebemos o quanto é importante que o paciente opte em mudar aspectos em sua vida. Cabe-nos algumas reflexões agora. Como podemos, enquanto profissionais de saúde, auxiliar tais pacientes? 37 Profissionais devem auxiliar seus pacientes, para que haja mudança de hábito de vida →→→melhora no autocuidado. É possível sistematizar essa ajuda e assim, oferecer ao paciente um olhar integral e efetivo. O papel do profissional da saúde O papel do profissional da saúde Proporcionar uma escuta acolhedora, que auxilie o paciente a compreender sua necessidade de mudança; Possibilitar que as mudanças sejam discutidas e acolhidas, compreendendo que esse processo pode trazer sentimentos ambíguos e alterações emocionais. O MTT nas intervenções nutricionais O profissional deve investigar os fatores que facilitam a ingestão inadequada de alimentos naquele indivíduo: A ocorrência de episódios de ingestão compulsiva; O padrão de exercício físico; Os eventos associados às oscilações de peso e suas consequências ; Os pensamentos; Os sentimentos e os comportamentos relacionados com o peso. Intervenções tradicionais consideram o indivíduo pronto para ação mudança alimentar insustentável. Intervenções específicas a cada estágio de mudança proporcionam maior eficácia na manutenção do comportamento alterado. INTERVENÇÕES EXERCÍCIO FSH, 15 anos, com excesso de peso foi encaminhada para um ambulatório de nutrição de um hospital particular e, de acordo com a anamnese alimentar aplicada pelo nutricionista, verificou-se elevado consumo de refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados e frituras, além de baixo consumo de produtos lácteos, frutas e verduras. Na mesma entrevista, a adolescente também relatou que não tinha a intenção de mudar seu comportamento alimentar, porém estava lá por orientação médica. Considerando o modelo dos estágios de mudança de comportamento alimentar e a situação hipotética descrita, responda: Em qual estágio de mudança de comportamento alimentar a adolescente se encontra? Proponha uma intervenção nutricional mais adequada para esse estágio de mudança. SUGESTÃO PARA LEITURA BIBLIOGRAFIA GALISA, M.; NUNES, A. P.; GARCIA, L.; CHEMIN, S. Educação Alimentar e Nutricional - da Teoria à Prática. São Paulo: Roca, 2014. Educação Nutricional Orientação Nutricional Ênfase no processo de modificar e melhorar o hábito alimentar a médio e longo prazo. Ênfase na mudança imediata das práticas alimentares e nos resultados obtidos. Preocupação com as representações sobre o comer e a comida, com o conhecimento, as atitudes e a valoração da alimentação para a saúde, além da mudança de práticas alimentares. A preocupação precípua é a mudança de práticas e o seguimento da dieta. A doença e a consequente necessidade de mudança de hábitos pode ser considerada uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal. A doença ou o sintoma é sempre um fato negativo que deve ser eliminado ou controlado Busca-se a autonomia do cliente ou paciente. Pressupõe a heteronomia do cliente ou paciente O profissional responsável é um parceiro na resolução dos problemas alimentares, com o qual o cliente discute, sem constrangimento, seus problemas e dificuldades. O profissional responsável é uma autoridade cuja orientação deve ser seguida. As mudanças necessárias ao controle das doenças, entre elas as relativas à alimentação, devem ser buscadas numa perspectiva de integração e de harmonização nos diversos níveis: físico, emocional e intelectual. As mudanças relativas à alimentação devem ser obtidas mediante o seguimento da dieta. A descontinuidade no processo de mudança nos hábitos alimentares e as transgressões são consideradas etapas previsíveis e pertinentes a um processo difícil e lento. Não se aceita Transgressões e frequentemente elas se tornam motivo de censura. Ênfase nos aspectos de relacionamento profissional/cliente ou paciente e no diálogo Ênfase na prescrição dietética Avaliação objetiva e subjetiva da evolução do paciente Predominância ou uso exclusivo de métodos objetivos de avaliação. O objetivo do processo é estabelecido em função das necessidades detectadas que são discutidas com o paciente e das perspectivas e esperanças do cliente ou paciente O objetivo do processo é estabelecido em função de metas definidas pelo profissional, para controle dos processos patológicos.
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