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Infecções Não-Odontogênicas - Patologia Oral


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Patologia Oral 
Infecções não Odontogênicas 
 
 Infecções Bacterianas: 
 Sífilis e Tuberculose; 
 
 Infecções Virais: 
 Herpes simples; 
 
 Infecções Fúngicas: 
 Candida albicans e Paracoccidiodoimicose; 
 
1. Sífilis: 
 Causada pelo treponema pallidum, uma bactéria espiroqueta 
anaeróbia. 
 É importante que estudemos sobre a sífilis pois, ela é uma doença que 
possui importantes manifestações orais. 
 Ela é transmitida por contato direto com sangue, saliva e lesões ativas. 
 Em 10% dos casos, a sífilis é acompanhada de outra DST. 
 O dentista tem importante papel no diagnóstico e controle dessa 
doença. 
 
 O retorno da sífilis: 
 Nos últimos anos temos visto um importante aumento no número de 
pessoas com sífilis, principalmente entre os jovens de 20 a 29 anos. 
Isso se deve a vários fatores, entre eles: 
 Associação com a HIV; 
 Falha no uso de barreiras de proteção; 
 Não utilização das barreiras de proteção; 
 Alto número de parceiros sexuais; 
 Falta de conhecimento; 
 
 Manifestações da sífilis: 
 Após a infecção pelo treponema pallidum, existem algumas semanas 
de incubação da bactéria, onde o hospedeiro não irá apresentar 
sintomas. 
 A primeira manifestação, após semanas, acontece na forma de um 
cancro no local onde houve a infecção, na área de inoculação. No 
caso de infecção por sexo oral, por exemplo, a primeira lesão, a 
primeira manifestação da doença, irá ocorrer na boca. 
 Após o desaparecimento desse cancro, há um período de latência, 
onde não ocorre o surgimento de nenhuma outra lesão ou sintoma. 
 Na segunda fase da doença, há o surgimento de erupções cutâneas 
maculopapular e palmoplantar, lesão esbranquiçada com roséolas 
sifilíticas, placas mucosas e Condiloma Lata, que são nódulos que 
lembram a papilomas virais. 
 Após a segunda fase, o corpo entra em mais um período de latência, 
onde novamente não há o aparecimento de lesões. Esse segundo 
período de latência pode durar meses e até anos, e, por isso, as 
pessoas não procuram por ajuda. 
 A terceira manifestação já é uma manifestação mais perigosa. Apesar 
de nessa manifestação da doença, as lesões não serem infectantes 
como nas duas anteriores, nessa fase da doença ela se apresenta de 
forma sistêmica. A sífilis na 3ª manifestação se apresenta em forma 
de goma e se perpetua pelos sistemas nervoso e cardiovascular. 
 Mesmo com uma cura simples, os danos causados pela 3ª 
manifestação da sífilis não são recuperados. 
 
 Manifestações: 
 1ª Manifestação: 
 Na área de inoculação (30 a 90 dias após exposição inicial); 
 Maioria das vezes, uma lesão solitária e indolor (genitália > 
ânus > cavidade oral). 
 Cicatriza dentro de 3 a 8 semanas; 
 Suas lesões são infectantes, ou seja, transmitem a doença. 
 
 2ª Manifestação: 
 Ocorre febre, perda de peso, dor na musculatura esquelética e 
linfadenopatia. 
 Ocorre erupção cutânea maculopapular palmoplantar. 
 Na boca há o surgimento de placas mucosas; 
 Presença do condiloma lata, já citado. 
 
 Histologicamente (1ª e 2ª): 
 Histologicamente as manifestações primárias e secundárias 
são iguais e apresentam: 
o Infiltrado inflamatório crônico inespecífico; 
o Grande presença de plasmócitos (ovo frito) e linfócitos. 
o Inflamação perivascular, ou seja, ao redor dos vasos 
(vascilite). 
o Pode ocorrer espongiose (edema intercelular); 
o Imunohistoquimicamente é utilizado uma marcador para 
a detecção do treponema: VDRL e FTA-abs. 
 
 3ª Manifestação: 
 Focos de inflamação granulomatosa (GOMA); 
 Ocorre o comprometimento do SNC, sistema cardiovascular 
com inflamação da aorta, lesões na pele, órgãos, tecidos moles 
e nos ossos. 
 
 Histopatologicamente: 
 Padrão característico de inflamação crônica c/ céls. epitelióides. 
 Formação de granulomas e a subsequente fibrose. 
2. Tuberculose: 
 Reação inflamatória autoimune; 
 Causada pela micobacterium tuberculosis; 
 Associada, também, aos portadores do vírus HIV; 
 Importante que estudemos devido a sua transmissão oral. 
 
 Infecção por micobacterium tuberculosis: 
 A transmissão da bactéria é por via oral; 
 Quando ocorre a infecção, a tuberculose primária ocorre apenas no 
pulmão e, geralmente, a bactéria fica lá paralisada. 
 Caso ocorra um novo contato com a bactéria ou algum fator estimule 
sua reativação, ocorre uma progressão da doença que pode causar 
lesões extra-pulmonares. 
 Com a tuberculose secundária vem sintomas que nos lembram uma 
gripe ou resfriado, que podem evoluir para tosse e hemoptise 
(sangue). 
 A tuberculose secundária com suas lesões extra-pulmonares são 
importantes indicadores da AIDS. 
 Na cavidade oral e na região de cabeça e pescoço não aparecem 
lesões específicas. 
 
 Histopatologia: 
 Inflamação crônica granulomatosa + necrose caseosa; 
 Possível identificação com o teste de Ziehl-Nielsen; 
 
 Diagnóstico e tratamento: 
 Normalmente, para o diagnóstico, faz-se um teste de escarro; 
 O tratamento é realizado com a prescrição de uma antibiótico (6 a 12 
meses). 
 
3. Candidíase: 
 Causada pelo fungo Candida albicans; 
 A infecção depende muito do estado imunológico do paciente, do 
ambiente na mucosa jugal e da patogenicidade da cepa da Candida 
albicans. 
 Formas clínicas: 
 Pseudomembranosa: 
 Forma de infecção mais reconhecida; 
 Placas brancas removíveis por raspagem; 
 Sintomatologia leve ou inexistente, com sensação de 
queimação e gosto desagradável; 
 Conhecida popularmente como “sapinho”. 
 
 Eritematosa: 
 Candidíase atrófica aguda, necessita do uso de antibióticos; 
 Glossite romboidal mediana (na língua); 
 Multifocal crônica; 
 Queilite angular (fungo + bactéria na rima da boca); 
 Estomatite protética ou candidíase atrófica crônica (causada 
pela má higiene da prótese); 
 
 Histopatologia: 
 Possível a observação das hifas e do próprio fungo na lâmina; 
 Presença de microabcessos; 
 Presença de infiltrado inflamatório rico em neutrófilos; 
 
4. Paracoccidiodoimicose: 
 Infecção fúngica profunda causada pelo paracoccidioides brasiliensis; 
 Forma de infecção pela via oral, através da aspiração; 
 Acomete, principalmente, o gênero masculino, pois o estrogênio age 
como importante protetor para as mulheres; 
 Sua lesão inicial ocorre no pulmão; 
 Clinicamente aparece como lesões ulceradas com bordas 
endurecidas; 
 A estomatite também pode estar relacionada e não é uma lesão que 
comete apenas um sítio. 
 Normalmente, há mais de uma lesão na mucosa jugal, lábio etc. 
 Para seu diagnóstico, é importante que se faça exames 
complementares como citologia esfoliativa e biópsia; 
 
 
 Histopatologia: 
 Resposta inflamatória granulomatosa com coleções de macrófagos e 
células gigantes multinucleadas; 
 Na lâmina aparecem leveduras grandes, com 30µm de diâmetro; 
 Apresenta hiperplasia pseudoepiteliomatosa; 
 Formação de fungos em forma de “orelha de Mickey”. 
 
 
5. Herpes Simples: 
 Causada pelo vírus HSV (DNA) da família dos HHV; 
 São divididos em dois subtipos: 
 HSV-1: 
o Dissemina-se através da saliva ou lesões periorais; 
o Se adapta nas regiões orais, faciais e oculares, além de 
pele acima da cintura. 
 HSV-2: 
o Dissemina-se através do contato sexual; 
o Se adapta nas regiões genitais e pele abaixo da cintura; 
 
 Formas de transmissão: 
 Contato direto com as lesões ativas; 
 Período de liberação assintomática do vírus; 
 Vírus se aloja em nervos; 
 
 Dois padrões de infecção: 
 Infecção primária: 
 Primeiro contato com o vírus; 
 Assintomática; 
 Gengivoestomatite herpética primária (padrão mais comum da 
infecção) – a primeira reação é pior; 
 
 Infecção secundária: 
 Reativação do vírus no local da inoculação ou área adjacente; 
 Assintomática – apenas liberação do vírus na saliva; Herpes simples recorrente (lesões); 
 Diagnóstico: 
 Clínico; 
 Laboratorial quando as lesões são confundidas com outras: 
 Isolamento do vírus através da cultura de cultura tecidual 
inoculada com o líquido das vesículas; 
 Detecção de antígenos do HSV; 
 Sorológicos para anticorpos anti-HSV; 
 Citologia esfoliativa; 
 Biópsia; 
 
 Histopatologia: 
 Vesículas intra-epiteliais; 
 Acantólise; 
 Células de Tzank; 
 Exsudato fibrinoso; 
 Fenda supra-epitelial; 
 
 
6. HPV na boca: 
 Papiloma: Projeções digitiformes; 
 Verruga vulgar – semelhante ao papiloma; 
 Condiloma acuminado – transmissão sexual; 
 
 Papiloma: 
 Mais de 200 tipos de HPV; 
 Modo exato de transmissão desconhecidos; 
 Clinicamente com formato digitiforme; 
 Virulência e taxa de infectividade baixas; 
 
 Histopatologia: 
 Proliferação de epitélio ordenado em 
projeções digitiformes; 
 Núcleo de tecido conjuntivo no centro; 
 Cailócitos – Binucleação;