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Fichamento: GUILHERME, Ronaldo Gurgel Pereira. “HELENIZAÇÃO”, “EGIPCIANIZAÇÃO” E A “RE-CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE”: Estudo das interações Culturais entre Estrangeiros e Nativos na chóra Ptolomaica. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, PPGHC UFRJ, 2005, pp. 86-117 MARQUES, Juliana Bastos. Mundo Helenístico v. 1. / Juliana Bastos Marques, Mônica Selvatici. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2012. Aluno: Paulo de Morais Oliveira de Resende. Matrícula 18216090094 1. Tema: A temática da dissertação de Guilherme Pereira tem como propositura aviltrar diferenciados assuntos relacionados a miscigenação de culturas, religiosidades, casamentos e etc., entre os colonos gregos e os nativos, quando do estabelecimento daqueles em diversas regiões do Egito. Esse trans culturalismo congruentemente transcorreu paulatinamente, no decurso da coexistência quotidiana e permuta sociocultural no inter-relacionamento de gregos e egípcios. Guilherme Pereira apresenta informações variegadas no decurso das quais particulariza que esse inter-relacionamento de gregos e egípcios, teve como consequência direta o engendramento de uma nova identidade destes dois povos. Essa nova identidade é fruto da desconstrução da identidade nacional e individual, provinda do amalgamento cultural, religioso, social e etc., entre ambos. Essa nova identidade reverbaria basilarmente na nova geração concebida a partir de então. 2. Tese central: Guilherme Pereira fornece uma enorme riqueza de pormenores sobre o local onde os gregos se instalaram em grande número no Egito. O lugar é denominado de Chóra Egípcia. Ele apresenta uma descrição minuciosa sobre o quotidiano de gregos e egípcios e, as consequentes mudanças, aquelas experenciadas pelos egípcios, mas, também aquelas vivenciadas pelos gregos. As informações descritas pelo autor sinalizam o acurado zelo em despender-se em seus esquadrinhamentos pessoais no enricamento de sua tese de mestrado primorosamente bosquejada. Guilherme Pereira ressalta a miscigenação da cultura grega com a egípcia, evidenciando a helenização do Egito. Os nativos experenciaram a influência cultural helênica quando foram conquistados pelos gregos. Em contrapartida a isto, a própria sociedade grega experienciou alternâncias culturais e sociais, respectivas ao contato com as novas civilizações. Esse foi um elemento causativo de mudanças de cunho cultural no mundo macedônico, também persuadido ao acolhimento de costumes egípcios. Guilherme Pereira faz uma exposição dessa intercorrência de modo suficientemente sobrelevado, porém, insisti na inclusão da chóra ptolomaica. Indubitavelmente isso nos destina a influência da dinastia ptolemaica que governou o Egito após a morte de Alexandre. Não obstante, nos desdobramentos de sua dissertação arrazoa sobre a colonização helenística do Fayum, uma região especifica localizada ao sul da cidade de Mênfis. No Fayum similarmente intercorre uma notável interculturalidade no amago das duas sociedades. Já em concordância com a aula de número observa-se que a expansão grega em direção ao Oriente, mais precisamente quando das conquistas realizadas por Alexandre, o alvo era metodização de uma cultura unificada, que agrega a si entre elementos integrantes das culturas gregas e orientais. (p. 15). Contudo, quando a dinastia ptolemaica se instalou no Egito implantou uma política unissonante com as práticas mágico-religiosas egípcias. Os reis ptolomeus eram vistos como detentores de poderes divinos e, que, portanto, agiam livremente, sem necessidade de consultar as assembleias. Destarte, subsistia uma monarquia assentida como sendo divina egípcia. Em relação as rainhas logo ao morrerem eram divinizadas e merecedoras do recebimento de oferendas, inclusive das mãos dos próprios Faraós. Estes, porém, eram deificados ainda em vida (p. 123). O autor salienta que a estratégia imperial da dominação helenística optou por utilizar-se da mediação de uma instituição local com capacidade suficiente de auxiliar na legitimação da conquista grega sobre os nativos locais. Segundo Guilherme Pereira as particularidades nas quais o nómos aparece diretamente ajoujada as permutas ascendentes das culturas helênicas e a classe elitista egípcia, notadamente por causa nos aspectos moral e político, em face da forte influência exercida pelos templos religiosos sobre a população comum. Um fator secundário que corrobora com este primeiro considera que as instituições responsáveis pela administração das províncias locais (nómos) maiormente pertenciam as capitais localizadas nas regiões do Delta e Médio Egito. Portanto, as questões religiosas no contexto sociocultural egípcio aparecem intrinsicamente entrelaçada aos templos. Porém, a monarquia helenística e as elites sacerdotais nativas, tinham necessariamente que adotar desse expediente para a instauração de afinidades diplomáticas. A influência exercida pela classe sacerdotal egípcia era um acontecimento recorrente desde os séculos anteriores. E, na busca do estabelecimento e consolidação do domínio helenístico nos nómos essas alianças eram utilíssimas. Doravante, esse pacto conchavou-se em um forte ponto de apoio ao processo de concretização da dominação grega no Egito. Guilherme Pereira, porém, faz uma de suas mais importantes observações nesse momento: ele trata sobejamente do transculturalísmo em face da junção dos dois povos, isto é, a partir dessa aliança entre as duas elites. Essa deliberação conjuntural provocará a exclusão sumária das camadas populares do Egito Helenístico. A essas camadas populares restará um recurso único, qual seja, a rendição compelida a mestiçagem entre gregos e nativos, bem como pessoas de outras nacionalidades. Exsurge a partir daí uma mestiçagem, espécie de multiculturalismo cosmopolita. Em razão da unificação entre governanças helênicas e a classe sacerdotal egípcia, ascende também uma elite social até então inexistente, cognominada de helenizados ou gregos. Desse modo inaugura-se uma verdadeira exclusão social - os não pertencentes a essa nova elite, são coagidos pela nova condição criada a deprimente posição de servilidade ignominiosa. De agora por diante seriam assemelhados aos bárbaros. Mas, o que deve se perguntar é: [...] até que ponto um determinismo de submissão e inferioridade social era aceito passivamente pelos egípcios nativos? (GUILHERME, 2005, p. 99). Essa foi uma controvérsia que gerou certamente uma enormidade de conflitos entre gregos helenísticos e egípcios. 3. Trechos de destaque: 1º - As relações existentes entre as comunidades egípcia nativa e helenística na chóra. O objetivo é compreender de que maneira o nómos grego primário foi incorporado aos valores tradicionais egípcios e ajustando-se a uma realidade simbólica oriunda das relações sociais existentes e de interações entre o helenismo e o egípcio. Dentro do contexto da aula de número um esclareça-se que antes da dominação grega estabelecer-se no Egito, inclusive, na região da Macedônia, já existiam relações previamente estabelecidas com o Egito. A cultura helenística concentrou-se gradualmente em vários centros urbanos centrais no Egito, não obstante, de forma continua. Por este modo ter-se-ia a agregação entre os elementos integrantes das culturas gregas e orientais, diretamente ligadas às [...] nuances espaciais [...] concentradas [...] em determinados centros urbanos e temporais, pois foi um processo contínuo.” (p. 18). O processo de helenização das regiões conquistadas por Alexandre teria continuidade através de seus generais que dividiram o seu Império entre si. De acordo com a aula de número cinco foi o que aconteceu na cidade de Mênfis, no Egito, sobrepujada pela cidade de Alexandria (p. 128). 2º - O Papiro foi o instrumento de conservação e transmissão das informações importantes sobre o período helenístico egípcio dahistória, inclusive do registro da língua falada (koiné). Portanto, o papiro é assunto importante para a contribuição dos estudos do mundo helenístico. O autor, porém, informa que os papiros raramente fornecem informações sobre o exato período no qual os gregos iniciaram sua dominação sobre a terra do Egito. Em contrapartida, contudo, graças a esses mesmos papiros chegou ao nosso conhecimento o grande número de informações sobre aquilo que hoje é denominado de Egito Helenístico. Sem os papiros muitas das permutas culturais ocorridas entre os gregos/helenizados e egípcios nativos, jamais teriam chegado ao nosso conhecimento. Certamente os papiros constituem fontes documentais imprescindíveis ao estudo e compreensão do mundo helenístico antigo. Não fossem essas fontes, como saberíamos sobre as práticas sociais surgidas em face dessas chamadas trocas culturais. É um contraste com o conteúdo da aula de número 01 quando se diz que: [...] os textos literários produzidos na época helenística sobreviveram em pequeno número e geralmente sob a forma de fragmentos” (p. 13). Graças aos papiros conseguiu-se a preservação de importantes [...] documentos e textos no Egito.” (p. 49). Dentre esses documentos encontrados estão inclusos partes importantes de peças escritas por conceituados autores gregos como Menandro e Euripides, e até uma obra atribuída ao filosofo Aristóteles, denominada A Constituição de Atenas. Conjuntamente se faz referências a outros documentos, além destes citados aqui. Entretanto, o papiro era material extremamente frágil e de pouca duração, porque era extraído de uma planta aquática. Não obstante, contudo, é importante destacar as fontes documentais mais duradoras, isto é, a numismática, que registrou informações importantes sobre aquele período, os artefatos arqueológicos, que se mostraram capazes de fornecer as mais diversas informações e a epigrafia. Esta através de suas escritas funerárias, forneceram dados sobre idade, informações sobre famílias, nomes, posição social e etc., de extrema importância sobre este período importante do mundo helenístico. Estas outras fontes esclarecedoras corroboraram maiormente com os relatos providenciados pela papirologia adindo o entendimento sobre o período de dominação helenística no Egito. 3º - Resumidamente deve-se entender que chóra era o espaço onde se realizavam as trocas culturais, local de grandes aglomerados de pessoas, o lugar de acolhimento do outro, território onde ocorriam as mediações do mundo civilizado de Alexandria. A chóra era o exato sítio onde as pessoas podiam conviver e estabelecer relações sociais diversas, agregando em seu interior pessoas de diferentes nacionalidades. Entretanto, os gregos que dominavam bem a língua egípcia conseguiam sobressair-se sobre os demais, isto é, se apropriavam das práticas comuns e dos saberes da vida cotidiana egípcia. Os outros permaneciam como uma espécie de excluídos sociais. Já o Fayum é descrito como uma área fronteiriça e cultural situada entre os dois domínios que distinguiam o habitat helenístico e o habitat nativo. A seu tempo os agroikos era o nome que se dava aos moradores das terras rurais. 4º - Os helênicos se apropriaram de elementos da religiosidade egípcia e também de sua cultura, como por exemplo [...] a prática de casamento entre irmãos [..] – (GUILHERME, 2005, p. 95) prática comum nos moldes culturais e sociais egípcios. Essa provavelmente tenha sido a maior de todas as aquiescências permitidas pelo helenismo em relação aos costumes e práticas socioculturais egípcias. Esse comportamento, contudo, causou espanto ao povo romano, que proibiu através de leis próprias a sua efetivação entre os seus cidadãos. Entretanto, estes casamentos realizados entre irmãos receberam a chancela oficial dos monarcas da dinastia ptolemaica, que não apenas fizeram- na valer no seio da própria família real, bem como permitiram-na ser praticada pelos seus súditos, fossem eles helênicos ou nativos. Ao abraçar tal prática egípcia os helênicos deixaram notadamente de considerá-la um costume bárbaro. Um aspecto diferente do casamento entre irmãos era o casamento misto. Em face do crescimento destes as diferenças originais existentes entre egípcios e helênicos sofreram notória minoração. Gregos e egípcios encurtaram a grande distância cultural existente entre si. Das práticas desses casamentos mistos surgiriam a interessante duplicidade de nomes, quer dizer, as pessoas portavam nomes que fossem sincronicamente gregos e egípcios. No entendimento de Crawford esses nomes ficaram enleados as questões de ascensão a melhores condições sociais por parte daqueles que os possuíam. 5º - Inusitadamente, o Egito ptolomaico manteve duas cortes distintas para julgar questões gregas e nativas. Os procedimentos judiciais não possuíam uma jurisprudência unificada. Eles eram bastante mudadiços em províncias egípcias. Os cidadãos usufruíam de total liberdade de procurarem os tribunais que mais lhes conviessem e que correspondessem mais significativamente as suas expectativas. Notadamente a mulher se lhe era oferecida uma autonomia maior em relação aos tribunais. Ela poderia procurar um tribunal grego, caso não quisesse comparecer a um tribunal egípcio. Esse comportamento democrático relacionado as mulheres era para os padrões da época coisa singularmente interessante. Nesses tribunais registravam-se contratos de compras e vendas, contratos de casamentos e etc., enfim, faziam parte do cotidiano de gregos e egípcios. 6º - A função do nómos era a de estabelecer uma linha consensual que relacionava a vida comportamental dos helênicos. O que se queria era evitar a barbarização dos gregos, ou seja, um grego adaptar-se a uma conduta estranha a sua. Se bem que inicialmente bárbaro seria uma referência a qualquer um que não conseguia fazer-se compreender pelos gregos. A suplantação enraizada pelos gregos sobre os povos capturados estribava-se no aletramento do idioma grego. Contudo, o nómos sofre uma justaposição em seu universo simbólico para redefinir um conceito particular de comportamento que pudesse ser considerado corretamente grego para a sociedade helenística do Egito. 7º - O nómos serviu de instrumentação também aos alicerces sobre os quais haveria de estruturar-se todas as conjunturas políticas necessárias ao suprimento das necessidades inerentes a sociedade helenística. Servia como elemento regulador das trocas culturais e funcionava como uma ferramenta necessária a boa administração das províncias, gerindo uma política administrativa que mantinha sob controle todo o universo helenístico. Era um elemento não apenas responsável por administrar as finanças, mas, também conduzir os gregos na adoração e busca da proteção dos deuses egípcios e gregos. 8º - Dentre as famosas poleis gregas três delas recebem um ressalto especial: Alexandria, Antioquia e Pérgamo. No interior das três não se viabilizava uma unificação cultural que fosse exclusiva, porque estas eram dessemelhantes as tantas outras cidades menores e menos influentes. Nelas grassava o cosmopolitismo, o movimento exaltado de pessoas de diversas nacionalidades, isto é, um verdadeiro frenesi humano. Portanto, diversas culturas convergiam para o interior das três. Entretanto, as poleis fundadas ao longo dos séculos foram perdendo a sua influência, principalmente nos aspectos políticos e culturais. A morte de Alexandre que fundara diversas dessas cidades mudaria também o curso das mesmas com os adventos das mudanças políticas ao redor do Mediterrâneo. Outro fator importante foi o domínio que os novos governantes, especialmente os integrantes das dinastias ptolemaicas passaram a exercer sobre estas cidades. Esse quadro teria um desdobramento mais radical quando os romanos futuros senhores do mundo e construtores de um impérioque sobrepujaria o Império grego estabeleceram finalmente a denominada pax romana no primeiro século a.C., A partir de então surgiram novas cidades com traços diferentes das famosas poleis gregas. 9º - A cidade de Alexandria congênere de sua maior rival, isto é, a cidade de Atenas, era hereditariamente pertencente a comunidade grega. Grande quantidade de gregos e macedônios eram seus habitantes nativos. Notadamente, porém, entre os fascinados pela boa teologia é ressabido o conceito da existência em Alexandria de uma influente população judaica. O porto de Alexandria era um destaque à parte – por seu intermédio a cidade recebia continuamente a visita de pessoas de diferentes partes do mundo antigo. A cidade fundada por Alexandre, tornara-se rica e próspera. Sobrepujou em fama, poder e beleza, as cidades de Mênfis e Tebas. Alexandria sediava a maior de todas as bibliotecas da antiguidade e exportava o seu conhecimento para o mundo então conhecido. Alexandria certamente constitui-se um dos grandes monumentos pertencentes a humanidade. Ela é um dos mais portentosos baluartes produzidos na antiguidade e que serve de recordação as civilizações atuais de que em um passado distante nasceu, cresceu e floresceu uma cultura que haveria de conquistar povos e terras e influenciar mentes e corações ao longo dos séculos, isto é, a cultura helênica. E, uma das grandes relíquias deixadas por esta civilização outrora tão influente e próspera é Alexandria, a cidade por excelência. 9º - As relações entre os gregos e a Revolta dos Macabeus: É pertinente a menção da relação entre os gregos e os judeus na lição de número 10. O processo de Helenização na área de todo o mar Mediterrâneo haveria de influenciar também os judeus, tanto no que se relaciona a cultura quanto a língua, o koiné, o idioma falado no cotidiano. Os judeus defendiam a obediência irrestrita a Torá, o texto sagrado que lhes fora outorgado por Moisés. Porém, em 167 a.C., Antíoco IV moveu enorme perseguição contra a religião judaica: aboliu o culto no templo de Jerusalém, furtou os seus tesouros e proibiu a observância da lei judaica. Porém, o maior sacrilégio cometido por Antioco IV, contra a religião judaica foi a profanação de seu templo, ao dedicá-lo ao Zeus Olimpo. Antioco IV, ofendeu seriamente os judeus porque para eles o templo era reverenciado como o seu maior símbolo de crença e nacionalidade. Consta em registros históricos diversos que por essa ocasião Antioco IV, similarmente conhecido por Antíloco Epifânio, imolou uma porca no interior do Templo. Essa profanação causou profunda revolta aos judeus. Daí o surgimento da famosa revolta dos Macabeus em 166 a.C. Os Macabeus era uma família composta de cinco irmãos, todos filhos de um sacerdote judeu de nome Matatias. O líder mais conhecido desse movimento foi Judas Macabeu. Depois de sangrentas batalhas e muitas mortes dos dois lados o culto judaico foi restabelecido no templo de Jerusalém, em 164 a.C. Os conflitos, porém, durariam até o ano de 141 a.C. A Judeia passa a ser governada por uma linhagem de príncipes nativos de forma independente. A coragem proverbial de Judas Macabeu e a sua disposição em defender o povo judeu, findaram por torná-lo um exemplo a ser seguido pelos governantes judeus que lhe sucederam. Contudo, o processo de helenização não foi bem aceito por aqueles que compunham o segmento menos favorecido da população. Os hábitos e os valores helenísticos lograram maior êxito apenas entre as camadas mais abastadas da sociedade judaica. Após o período de governança dos nativos judeus, décadas depois, o grande historiador judeu Flávio Josefo fez menção aos três grupos religiosos existentes entre o povo judeu, quais sejam, os Fariseus, os Saduceus e os Essênios. Os fariseus defendiam um dualismo, isto é, parte das ações praticadas pelo homem pertencem exclusivamente ao homem, outras, porém pertencem ao próprio destino. Para os essênios o destino seria o governante supremo de todas as coisas. Os saduceus simplesmente negavam completamente o destino e rejeitavam que quaisquer ações provocadas pelos homens pudessem recair sobre eles. Entretanto, é bem provável que a maior influência helênica herdada pelos judeus tenha sido a adoção do Koiné. Parte II O autor quer demonstrar a condição de obtemperação e aviltamento social dos egípcios em combinação aos gregos a partir da unificação da monarquia helenística com a classe sacerdotal. Os excluídos dessa classe elitizada formaram desde então uma classe de condição social ínfera e subalternizada. Com o fragmento o autor quer mostrar o reflexo dos conflitos desgraciosos interligados aos gregos e aos nativos, isto é, os não-helenizados, designados como bárbaros. Bárbaro era todo aquele que não recebera a classificação oficial de ‘grego’ pela autoridade governamental. A ‘barbarização’ destes excluídos da pirâmide social foi o dispositivo responsável pela criação dessa classe social degradada. O autor utiliza-se, portanto, do fragmento para demonstrar as divergências correlacionadas aos gregos e egípcios. É uma demonstração de que os nativos ofereciam resistência a dependência serviçal forçada compelida e o repudio ao acatamento de pertencimento a uma classe social última. Do mesmo modo o autor quer demonstrar que ocorreu uma adaptação do idioma Koiné agregado ao desenvolvimento da língua copta. Porém, esse não era um fator indicativo da corporificação plena dos costumes e valores étnicos gregos. Identicamente não quer dizer que os gregos dispusessem de autonomia integralizada sobre os egípcios, ainda que fossem os legítimos dominadores. Por falar o grego o homem cogitou a possibilidade de auferir alguma vantagem em convencimento de que Zenon o ajudaria em sua empreitada a receber o pagamento. Mas, provavelmente estivesse usando de subtilezas, dissimulando sua insubmissão ao domínio dos gregos sobre o seu próprio povo. A invocação dos deuses gregos mostra o transculturalíssimo, isto é, o amalgamento de suas culturas e identidades, interligando-os (helênicos/egípcios) reciprocamente. O autor para demonstrar os fatos acima descritos utilizou-se das informações extraídas de suas próprias pesquisas, mas, singularmente através de deduções inseridas nas entrelinhas do próprio fragmento. Guilherme Pereira, estabeleceu uma estreita interdependência daquilo que foi transcrito, com o que somente pode ser apreendido por meio das perquirições do próprio historiador, pesquisador ou arqueólogo. Comentário pessoal: O homem (provavelmente egípcio) propositadamente redigiu a sua carta no grego Koiné, porém, o uso do prevalecimento da língua grega, não significava imperiosamente nem que ele obteria algum benefício adicional, e tão pouco a certeza de que Zenon dar-lhe-ia ouvidos. O egípcio aproveitou-se da (provável) injustiça sofrida, isto é, o não recebimento do trabalho realizado, para tencionar auferir alguma vantagem ao penejar propriamente ao seu protege dor Zenon. Na carta o homem discorre os episódios, todavia, não há como se saber se ele estava incondicionalmente certo ou se existiam dissensos de sua parte para com os helênicos. Fato é que ele se apropriou da língua para redigir a sua carta, em seu desvelo de sensibilizar Zenon. Contudo, a carta ortografada em Koiné é um fato comprobatório de que ele transcendera a barreira cultural e linguística. A sua aquiescência em prestar serviços aos helênicos, não reafirma absolutamente sua subserviência aos gregos. Poderia, por exemplo, ser o indicativo apenas de imprescindível obrigatoriedade de trabalhar. Por infelicidade, não há como se saber o desenredo dessa história. Inobstante, ela nos descobriu a permanência de enfrentamentos e hostilidades correspondentes a gregos e nativos, singularmente aos bárbaros. .
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