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Atenas: Liberdade de Expressão e Dialética

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Atenas, liberdade de expressão e democracia
Sendo Atenas a cidade mais democrática da Grécia, é de se imaginar que o pensamento dos filósofos não fosse atacado pelo Estado. Ledo engano, embora as acusações tivessem caráter mais vezes políticos que pessoais ou religiosos, os gregos entendiam que a expansão de um pensamento ateu ou que colocasse dúvida sobre divindades, assim como diz Protágoras sobre não se poder ter certeza se divindades existem ou não, poderiam colocar a cidade em um certo risco democrático. Atenas sendo uma cidade desprovida de dogmas e sacerdotes, tinha a religião apenas como ritualística, uma forma de “dever dos homens para com os deuses em troca de proteção divina ao Estado¹”. Sendo assim, Protágoras acabou morrendo entre 416 e 415 a.C em um naufrágio a caminho do exílio do qual foi condenado. Outros como Diágoras, processado por negar a existência dos deuses e incentivar atos contra cultos, deixou a cidade; Sócrates, acusado de introduzir novos deuses, foi condenado à morte em 399 a.C. Aristóteles, deixou a cidade em 323 a.C após divinizar Hérmias.
· Dialética: Dialética é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que levam a outras ideias. A tradução literal de dialética significa "caminho entre as ideias"¹. Diálogo>Contradição>Ideias
· Retórica:  é a arte de usar a linguagem para comunicar de forma eficaz e persuasiva. Visando, as vezes, mudar o panorama de determinada situação.
Contrariamente à Protágoras, que entendia todas as opiniões como verdadeiras e que a função da dialética e fazer com que uma delas venças, Sócrates pensava as opiniões como sendo falsas uma vez que ela não possui caráter de verdade, que é próprio da ciência. Ainda que verdadeiras elas seriam insuficientes. Ao passo que Platão concebe a dialética como ciência, esta acarreta a desvalorização da opinião, da qual a ciência não se baseia. A ciência usa o método dialético, este que veio da opinião. Daí surge a contraposição também com a retórica.
A forma como o dialético aborda a hipótese pode ser descrita como: formular uma hipótese e certificar seu valor de 2 formas, sendo a primeira, examinar as consequências que dela derivam para ver se estão de acordo entre si; segundo, reconduzindo-a à uma hipótese maior, algo suficiente por si mesmo. O requisito para uma hipótese ser verdadeira é sua coerência interna e externa (a respeito das demais preposições assumidas). A coerência, porém, não é garantia de um resultado verdadeiro uma vez que pode ser pertencer também à uma preposição falsa, sendo a preposição verdadeira aquela resiste às refutações. O método refutativo consiste em aplicar as refutações não somente à uma única hipótese, mas também à hipótese oposta da que se admitiu. Caso as duas sejam contraditórias entre si, a refutação de uma implica a verdade da outra. Verdade provinda não da coerência interna, mas da irrefutabilidade.
Aristóteles nos mostra 3 usos da dialética, sendo que o primeiro seria uma espécie de uso que não se opões à ciência, mas sim é nela que se origina. Há nesse uso, existe uma valorização da retórica como desdobramento da dialética, mas não uma dialética erística, e sim uma dialética em que é possível qualquer pessoa argumentar sobre qualquer coisa mesmo sem possuir conhecimento suficiente sobre o fato a ser debatido; o segundo, é que a dialética também é útil para as “ciências filosóficas”, uma vez que, “propiciando a capacidade de levantar objeções tanto numa direção como na direção oposta, permite que se descubra mais facilmente o verdadeiro e o falso em cada alternativa, e porque, "sendo a arte de examinar, detém a via que conduz aos princípios de todas as investigações científicas”; há por último, o uso da dialética não como introdução ou meio, mas como de forma efetiva. Como na defesa do princípio da não-contradição, onde não se baseia no início de uma tese, mas segue-se a ela.
¹ Wikipedia

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