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ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 115 7 CONTABILIDADE BÁSICA E GERENCIAL A Contabilidade é uma das ciências mais antigas e não surgiu por causa de algum tipo de legislação fiscal ou societária, nem embasada em princípios filosóficos, ou em regras estipuladas por terceiros, mas pela necessidade prática do próprio gestor do patrimônio, normalmente seu proprietário, engajado em elaborar um instrumento que lhe permitisse, entre outros benefícios, conhecer, controlar, medir resultados, obter informações sobre produtos mais rentáveis, fixar preços e analisar a evolução de seu patrimônio. Esse gestor passou a criar rudimentos de escrituração que atendessem a tais necessidades. Após várias tentativas, chegou-se ao método das partidas dobradas (que consiste no princípio de que para todo débito em uma conta, existe simultaneamente um crédito, da mesma maneira que a soma do débito será igual a soma do crédito, assim como a soma dos saldos devedores será igual à soma dos saldos credores) sendo este, o mais adequado, produzindo informações úteis e capazes de atender a todas as necessidades dos usuários para gerir o patrimônio. Assim, com o tempo a Contabilidade passou a interessar acionistas, financiadores, banqueiros, fornecedores, órgãos públicos, empregados, além da sociedade como um todo. Os sistemas e métodos contábeis diferem muito em cada país devido, principalmente, sua cultura e ao seu desenvolvimento econômico. Dentre os vários modelos existentes, cada um com suas particularidades, atendendo a interesses específicos, percebe- se que a Contabilidade tem uma dinâmica e uma maleabilidade muito grande e se adapta perfeitamente em qualquer contexto em que esteja inserida. 7.1 Evolução Pré-história: 8.000 a.C. até 1.202 d.C. (empirismo, conhecimento superficial): experiências e práticas vividas pelas civilizações do mundo antigo, destacando-se os estudos sumérios, babilônios, egípcios, chineses e romanos. período de sistematização dos registros. Idade Modern matemático Luca Paccioli, em Veneza, onde este fez o estudo sobre o método das -se um marco na evolução contábil. Idade Contemporânea: do século XVIII, é o período científico da Contabilidade, - surgiram várias doutrinas contábeis, como: Contista, Controlista, Personalista, Aziendalista e Patrimonialista. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 116 7.2 Características do Progresso da Contabilidade no Brasil Até 1940: Mercado incipiente com economia agrária; - Decreto Lei nº 2.627 de 1940: Influência da escola italiana; Sociedades formadas por familiares; Visão escritural: registro, controle e atendimento ao fisco. Necessidades de transformação: Evolução da economia: abertura do capital das empresas e influências de firmas de auditoria; Ampliação da quantidade e maior confiabilidade nas informações. Importantes mudanças: Contabilidade vista como sistema de informações; Aprimoramento das demonstrações; Introdução da demonstração de lucros e prejuízos acumulados, mostrando de forma clara o lucro ou prejuízo do exercício; Introdução da demonstração de origens e aplicações de recursos, mostrando a eficiência da administração; Obrigatoriedade das notas explicativas para fornecer informações complementares; Escrituração e registros desvinculados da legislação fiscal (mais importante); Contabilidade elaborada para a entidade; Valorização do profissional; Novas funções e áreas de atuação: gerencial, custos, auditoria, analista financeiro, perito contábil, consultoria, tributarista, controller; Classificação das contas no balanço; Horizonte temporal: distinção do curto e longo prazo; Definição do exercício social. 7.3 Doutrinas Contábeis Contista: define a contabilidade como a ciência das contas; Controlista: limita a contabilidade em função do controle das entidades; Personalista: enfatiza a relação jurídica entre as pessoas como objetivo da Contabilidade; Aziendalista: define a contabilidade como a ciência da administração da entidade; ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 117 Patrimonialista: define a contabilidade como a ciência que estuda o patrimônio; Neopatrimonialista: consiste em uma nova corrente científica que aplicou-se na direção de classificar e reconhecer especialmente as relações lógicas que determinam a essência do fenômeno patrimonial, as das dimensões ocorridas e, dos fatores que produzem a transformação da riqueza (e que são os dos ambientes interno e externo que envolvem os meios patrimoniais). 7.4 Conceitos Segundo Hilário Franco, contabilidade é a ciência que estuda e pratica, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza econômica. 7.5 Funções e Finalidades Segue abaixo as principais funções da contabilidade. Registrar todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor monetário; Organizar um sistema de controle adequado à empresa; Demonstrar com base nos registros realizados e expor periodicamente por meio de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da empresa; Analisar os demonstrativos podem ser analisados com a finalidade de apuração dos resultados obtidos pela empresa; Acompanhar a execução dos planos econômicos da empresa, prevendo os pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros, e alertando para eventuais problemas. A finalidade da contabilidade é o acompanhamento das atividades realizadas pelas pessoas, controlando o comportamento de seus patrimônios, na função substancial de produção e comparação dos resultados obtidos entre períodos estabelecidos. Ela faz o registro metódico e ordenado dos negócios realizados e a verificação sistemática dos resultados obtidos, devendo identificar, classificar e anotar as operações da entidade e de todos os fatos que de alguma forma afetam sua situação econômica, financeira e patrimonial. Desta forma, busca apresentar de forma ordenada, o histórico das atividades da empresa, a interpretação dos resultados, e através de relatórios produzir as informações que se fizerem precisas para o atendimento das diferentes necessidades. Logo, a contabilidade é o controle e o planejamento de toda e qualquer entidade sócio econômica, sendo eles: Controle: a administração através das informações contábeis, via relatórios pode certificar-se na medida do possível, de que a organização está agindo em MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 118 conformidade com os planos e políticas determinados. Planejamento: a informação contábil, principalmente no que se refere ao estabelecimento de padrões e ao inter-relacionamento da contabilidade e os planos orçamentários, é de grande utilidade no planejamento empresarial, ou seja, no processo de decisão sobre que curso de ação deverá ser tomado para o futuro. 7.6 Usuários da Contabilidade São os indivíduos que se utilizam da contabilidade, que se interessam pela situação da empresa e buscam nos instrumentos contábeis as suas respostas. Podem ser divididos em: usuários internos e usuários externos. Usuários Internos: Envolve todas as pessoas relacionadas com a empresa e que têm facilidade de acesso às informações contábeis, tais como: Gerentes: para a tomada de decisões; Funcionários: com interesse em pleitear melhorias; Diretoria: para a execução de planejamentos organizacionais. O usuário interno principal da informação contábil na entidade moderna é a alta- administração que pela proximidade à contabilidade, pode solicitar a elaboração de relatórios específicos para lhe auxiliar na gestão do negócio. Os relatórios específicos podem, além de abranger quaisquer áreas de informação (fluxo financeiro,disponibilidades, contas a pagar, contas a receber, aplicações financeiras, compra e vendas no dia ou no período e os gastos gerais de funcionamento), ser elaborados diariamente ou em curtos períodos de tempo (semana, quinzena, mês, etc.), de acordo com as necessidades administrativas. Usuários Externos: São as pessoas ou as entidades sem facilidade de acesso direto às informações, mas que as recebem de publicações das demonstrações pela entidade, tais como: Bancos: interessados nas demonstrações financeiras a fim de analisar a concessão de financiamentos e medir a capacidade de retorno do capital emprestado; Concorrentes: interessados em conhecer a situação da empresa para poder atuar no mercado; Governo: que necessita obter informações sobre as receitas e as despesas para poder atuar sobre o resultado operacional no que concerne à sua parcela de tributação; Fornecedores: interessados em conhecer a situação da entidade para poder continuar ou não as transações comerciais com a entidade, além de medir a garantia de recebimento futuro; ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 119 Clientes: interessados em medir a integridade da entidade e a garantia de que seu pedido será atendido nas suas especificações e no tempo acordado. 7.7 Atos e Fatos Contábeis e Administrativos Atos e fatos administrativos são oriundos do conjunto de acontecimentos que formam a dinâmica patrimonial. Atos Administrativos: São as situações que não alteram diretamente o patrimônio. Pode-se cita como exemplo, a admissão e demissão de funcionários e solicitação de mercadoria. Fatos Administrativos: Abrange os acontecimentos que modificam o patrimônio, alterando os seus valores ou modificando o patrimônio líquido. A contabilidade tem como conteúdo o estudo e o registro contábil dos fatos administrativos e através dos demonstrativos contábeis pode conhecer seus efeitos sobre o patrimônio. Os fatos administrativos podem ser classificados como: Permutativos: são os fatos que provocam variações específicas, permutando os elementos do ativo e do passivo, sem alterar a situação líquida. Este fato altera a qualidade do patrimônio. Exemplo: compra de um veículo a vista (+A -A), pagamento de uma dívida (-A P). Modificativos: são os fatos que produzem alteração na situação líquida do patrimônio, ora diminuindo-o, ora aumentando-o. Assim, os fatos modificativos podem ser aumentativos e diminutivos. Exemplo: despesa a vista (-A -PL) diminutivo receitas em geral (+A + PL) aumentativo. 7.8 Elementos Compositores da Contabilidade Integra o patrimônio uma parte com valores positivos, denominada ativo, e de uma parte com valores negativos denominada passivo. O ativo é formado pelos bens e direitos e o passivo pelas obrigações. O excesso do ativo sobre o passivo é o capital, conhecido como patrimônio líquido que aparece no passivo, para completar a igualdade entre o total do ativo e o do passivo, resultando na equação patrimonial. 7.8.1 Ativo É a porção dos valores positivos do patrimônio, ou seja, tudo aquilo que a entidade possui ou que ela tem a receber de terceiros, sendo portanto, o conjunto de bens e direitos da entidade. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 120 Os elementos que compõe o ativo são revestidos de algumas características especiais, tais como: devem apresentar a potencialidade de gerar benefícios econômicos para a entidade, devem ser um recurso econômico, devem ser de propriedade ou estar na posse de alguma entidade contábil e devem ser mensuráveis monetariamente. Assim, todo o elemento ativo que não seja mais útil à entidade e, portanto tenha perdido sua capacidade de gerar fluxo de caixa, não deve ser classificado como um elemento ativo. Existem entidades que apresentam de 10 a 15% do seu ativo totalmente obsoleto, não tendo nenhuma utilidade, devendo ser excluído do patrimônio. Bem: Compreende qualquer coisa que satisfaz a necessidade humana e que pode ser avaliado economicamente, sendo divididos em tangíveis que representam os bens materiais (têm forma física e são palpáveis) e intangíveis que têm como principal característica a inexistência como coisa e seu valor vinculado a um bem tangível ou a uma determinada situação da empresa (são incorpóreos e não palpáveis). Exemplos de bens tangíveis: destinados à instalação (prédios, terrenos, móveis e utensílios), destinados a produção (máquinas, equipamentos, instrumentos e acessórios), destinados a transformação (matéria-prima, material secundário e material para embalagem), destinados ao consumo (material de escritório, material de limpeza e selos postais), destinados à circulação (dinheiro, dinheiro em bancos e aplicações financeiras) e destinados à venda (mercadorias e produtos comprados para revenda). Exemplos de bens intangíveis: marcas de comércio e patentes de invenção. O Código Civil Brasileiro distingue ainda os bens em: Móveis: são os que podem ser movidos por si próprios ou por outras pessoas, tais como: animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadoria, entre outros; Imóveis: são os vinculados ao solo e que não podem ser retirados sem destruição ou danos, tais como: edifícios, árvores, entre outros. Direito: Procedimento em que a pessoa ou empresa ceder algum bem ou serviço em troca do pagamento não imediato, originando um direito correspondente. Representa então, os bens da empresa que estão em mãos de terceiros, como os créditos a receber de terceiros. 7.8.2 Passivo Abrange todas as obrigações financeiras que uma empresa tem para com terceiros, resultantes de transações passadas, realizadas a prazo, com data de vencimento e beneficiário certo e conhecido. Todas as contas do passivo representam os valores negativos do patrimônio. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 121 Neste grupo está incluído por força de lei o capital próprio, apesar de não ser uma obrigação do patrimônio. A classificação do capital próprio no grupo do passivo é uma mera questão para atender à necessidade da contabilidade para garantir a igualdade entre os dois grupos (ativo e passivo). O passivo contempla então o capital de terceiros (obrigações) e o capital próprio e suas variações. Obrigações: É o ato da pessoa ou empresa de dispor de algum bem ou serviço e que em troca destes originam um compromisso futuro de pagamento, representado por um documento, como as duplicatas a pagar. 7.8.3 Patrimônio Líquido É a diferença entre os valores positivos do ativo (bens e direitos) e os valores negativos do passivo (obrigações) de uma entidade em um determinado momento. É a porção do balanço que representa o capital investido pelos sócios. Observação: Sendo o patrimônio líquido a diferença algébrica entre o ativo e o passivo, não deve-se falar em ativos ou passivos negativos. Assim conclui-se que a entidade terá sempre A > ou = zero, P > ou = zero e PL > = ou < zero. Se a entidade possuir ativos e/ou passivos, ela os terá positivamente, ou não os terá. A representação gráfica do patrimônio é representada pelo balanço patrimonial, no qual do lado esquerdo encontram-se os valores ativos e do lado direito os valores passivos. Sendo o patrimônio o conjunto de bens, direitos e obrigações com terceiros e capital próprio, a equação fundamental do patrimônio é assim definida: CAPITAL PRÓPRIO = BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS Substituindo os termos bens e direitos por ativo, obrigações com terceiros por passivo, e capital próprio por patrimônio líquido, pode-se afirmar que: P.L. = A - P. Assim, supondo que a entidade venda todos os seus bens, receba todos os seus direitos e pague todas as suas obrigações com terceiros, a sobra ou situação líquida é o capital próprio, que é denominado pela contabilidade de patrimônio líquido. Variações do Patrimônio Líquido: A partir da equação fundamental do patrimônio, pode-sededuzir que em dado momento, o patrimônio assume, invariavelmente, um dos cinco estados a saber: Quando o ativo é maior que o passivo, tem-se o patrimônio líquido maior que zero, o que revela a existência de riqueza patrimonial. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 122 A = P + PL Quando o ativo é maior que o passivo e o passivo é igual a zero, tem-se o patrimônio líquido maior que zero, revelando inexistência de dívidas. A = PL Quando o ativo é igual ao passivo, tem-se o patrimônio líquido igual a zero, revelando inexistência de riqueza própria. A = P Quando o passivo é maior do que o ativo, tem-se o patrimônio líquido menor que zero, revelando má situação financeira e existência de passivo a descoberto. A + PL = P Quando o passivo é maior do que o ativo, e o ativo é igual a zero, tem-se o patrimônio líquido menor que zero, revelando péssima situação financeira, inexistência de bens e direitos e somente obrigações. PL = P Estruturação e classificação de grupos do ativo: De acordo com a Lei nº 6.404/76 que regulamenta as sociedades por ações (S.A.), as contas do ativo devem ser alocadas em ordem decrescente do grau de liquidez (capacidade de pagamento), enquanto as contas do passivo devem ser alocadas de acordo com o prazo das exigibilidades. Pode-se visualizar esta obrigação no balanço patrimonial que é um instrumento contábil que indica em um determinado momento a situação financeira, econômica e patrimonial de uma entidade e no qual as contas são classificadas nos seguintes grupos: Ativo Circulante: Composto pelos bens e direitos que irão ser convertidos em dinheiro, no prazo de até 12 (doze) meses. Divide-se nos subgrupos conceituados a seguir. 1- Disponível: São as exigibilidades imediatas, representadas pelas contas de caixa, bancos conta movimento, cheques para cobrança e aplicações no mercado aberto. Exemplo: Caixa, bancos e fundo de aplicação financeira. 2- Realizável a Curto Prazo: São os direitos a receber no prazo de até 12 (doze) meses. Exemplo: Impostos a recuperar, duplicatas a receber ou clientes, (-) duplicatas ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 123 descontadas, (-) provisão para devedores duvidosos. Estas duas últimas contas representam contas retificadoras da conta duplicatas a receber ou clientes e são classificadas no ativo, tendo saldos credores, por isso são demonstradas com o sinal (-). 3- Estoques: Representam os bens destinados à venda e que variam de acordo com a atividade da entidade. Exemplo: Produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas e mercadorias. 4- Despesas Antecipadas: Compreende as despesas pagas antecipadamente que serão consideradas como custos ou despesas no decorrer do exercício seguinte. Exemplo: Seguros a vencer, alugueis a vencer e encargos a apropriar. Ativo Realizável a Longo Prazo: Composto pelos direitos que serão recebidos após o término do exercício seguinte, isto é, após 12 (doze) meses. Exemplo: Duplicatas a receber (+12 meses), aluguéis a receber e contas a receber. Ativo Permanente: Compreende os bens fixos necessários para que a entidade alcance seus objetivos. Divide-se nos subgrupos elencados a seguir. 1- Investimentos: São todas as aplicações de recursos que não tem por finalidade o objetivo principal da entidade. Exemplo: Imóveis para aluguel, terrenos para expansão, ações em outras empresas, participação em empresas coligadas, participação em empresas controladas e obras de arte. 2- Imobilizado: São as aplicações de recursos em bens instrumentais que servem de meios para que a entidade alcance seus objetivos. Os bens materiais sofrem depreciação, os bens imateriais sofrem amortização e os terrenos sofrem exaustão. Exemplo: Veículos, máquinas e equipamentos, imóveis, embarcações, marcas e patentes e direitos autorais. 3- Diferido: São as aplicações de recursos em despesas que irão influenciar o resultado de mais de um exercício. Exemplo: Gastos de implantação, gastos pré-operacionais, gastos com modernização e reorganização. Estruturação e classificação de grupos do passivo Passivo Circulante: Todas as obrigações com prazo de vencimento em até 12 (doze) meses. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 124 Exemplo: Fornecedores, duplicatas a pagar, salários a pagar, provisão para férias, provisão para imposto de renda e empréstimos bancários. Passivo Exigível a Longo Prazo: Representa as obrigações com prazo de vencimento após 12 (doze) meses. Exemplo: Empréstimos bancários e financiamentos. Bem como os adiantamentos de sócios, adiantamentos de acionistas, empréstimos de coligadas e empréstimos de controladas. Resultado de Exercício Futuro: compreende as receitas recebidas antecipadamente que de acordo com o regime de competência pertence a exercício futuro. Exemplo: Receita antecipada e custos atribuídos à receita antecipada Estruturação e classificação de grupos do patrimônio líquido: O patrimônio líquido representa o capital que pertence aos proprietários. Sendo exemplos, o capital social, as reservas de capital, as reservas de reavaliação, as reservas de lucros (legal, estatutária, contingência, investimentos e lucros a realizar), e os lucros acumulados ou prejuízos acumulados, os quais serão conceituados a seguir. Capital Social: Discrimina o valor subscrito e o valor que ainda será realizado pelos sócios ou acionistas. Reservas de Capital: São as contas que registram doações recebidas, eventualmente, pela entidade. No caso de sociedades anônimas, o ágio na emissão de ações, o produto da alienação de partes beneficiárias, entre outras. Reservas de Reavaliação: Registram os aumentos de valor atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações feitas pela entidade com base em laudo. Reservas de Lucros: São as contas formadas pela apropriação de lucro da empresa. Lucros ou Prejuízos Acumulados: Registra os resultados acumulados pela entidade, quando ainda não distribuídos aos sócios, ao titular ou ao acionista. 7.9 Contas Conta é um recurso contábil para reunir sob um único item todos os eventos e valores patrimoniais de mesma natureza, ou seja, é o registro de débitos e créditos da mesma natureza, identificados por um título que qualifica um componente do patrimônio ou uma variação patrimonial. Exemplo: a conta do Banco Ultramarino reúne todos os movimentos, depósitos e retiradas de dinheiro realizadas no Banco Ultramarino; a conta Veículos informa os ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 125 movimentos, compras e vendas, de veículos. Elas podem ser divididas em: As contas devedoras são as representativas dos bens, direitos, despesas e custos. Possuem permanentemente saldo devedor, devendo ser primeiro debitadas e depois creditadas. Exemplo: Caixa, bancos, mercadorias, salários e custos dos produtos vendidos. As contas credoras são as representativas das obrigações, do patrimônio líquido, das receitas e dos ganhos. Possuem permanentemente saldo credor, devendo ser primeiro creditadas e depois debitadas. Exemplo: Salários a pagar, imposto a pagar, fornecedores e juros recebidos. A diferença entre o débito e o crédito é denominada de saldo. Se o valor dos débitos for superior ao valor dos créditos, a conta terá um saldo devedor. Se ocorrer o contrário, a conta terá um saldo credor. Representação gráfica das contas: A conta é a representação gráfica da relação débito e crédito de um determinado fato administrativo. Graficamente ela pode ser representada na forma da letra T, a qual chamamos de Conta em T ou Razonete. Lançamentos a débito e a crédito das contas: As operações registradas (de acordo com a natureza de cada conta) através de lançamentos ocasionam aumentos e diminuições do ativo, do passivo e do patrimônio líquido. As contas do ativo são debitadas quando bens ou direitosentram no patrimônio e creditadas quando saem. Já as contas passivas são creditadas quando o patrimônio assume obrigações e debitada quando as liquida. O patrimônio líquido, como complemento do passivo para igualar ao ativo, obedece ao mesmo mecanismo das demais contas passivas, ou seja, suas contas são creditadas quando há aumento de patrimônio, e debitadas quando há redução. As contas de despesas são debitadas, pois representam redução do patrimônio líquido, enquanto as contas de receitas são creditadas, pois representam aumento do patrimônio líquido. Classificação das contas: As contas são classificadas em dois grupos: Patrimoniais: Representam os elementos ativos e passivos (bens, direitos, obrigações e situação líquida). MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 126 Exemplo: Caixa, Duplicatas a Receber, Fornecedores, Empréstimos, Capital Social. Resultado: Registram as variações patrimoniais e demonstram o resultado do exercício (receitas e despesas). Exemplo: Salários, Juros Passivos, Receitas Financeiras. Plano de contas: São todas as contas previstas como necessárias aos registros (uma vez que é o instrumento que o profissional consulta quando vai fazer um lançamento contábil, pois indica qual conta deve ser debitada e qual conta deve ser creditada) contábeis de uma entidade, oferecendo a vantagem de uniformização das contas utilizadas em cada registro, além de servir de parâmetro para a elaboração das demonstrações contábeis. O objetivo principal do plano é estabelecer normas de conduta para o registro das operações da organização, e na sua elaboração devem ser considerados três finalidades fundamentais: 1- Atender às necessidades de informações da administração da entidade; 2- Observar formato compatível com os princípios contábeis e com a norma legal que regula a elaboração do balanço patrimonial e das demais demonstrações contábeis, ou seja, a Lei nº 6.404/76; 3- Adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos agentes externos à entidade (fornecedores, bancos, órgãos fiscais, auditoria externa) e, particularmente, às regras da legislação do imposto de renda. O plano completo deve apresentar o título das contas, a classificação, a função, explicar o funcionamento, apontar a relação entre os grupos ou mesmo entre as contas, regular o registro das contas, estabelecer a análise e os códigos das contas e prever as derivações das contas. 7.10 Escrituração É a forma usada pela ciência contábil para registrar, em ordem cronológica, todos os fatos administrativos que ocorrem no patrimônio das entidades, para fornecer informações sobre a composição do patrimônio e as variações nele ocorridas em determinado período. Sendo, portanto, segundo Hilário Franco, o registro dos fatos contábeis, segundo os princípios e normas técnico-contábeis, tendo em vista demonstrar a situação econômico- patrimonial da entidade e os resultados econômicos por ela obtidos em um exercício. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 127 Método de escrituração: O método de escrituração constitui-se em um conjunto de regras observadas com uniformidade para o registro dos fatos administrativos. Muitas tentativas de escrituração foram sendo elaboradas, ao longo dos séculos, para registrar os fatos contábeis até que, em 1949, em Veneza, através da publicação da Escritu que se mostrou o mais adequado, produzindo informações úteis e capazes de atender a todas as necessidades dos usuários para gerir o patrimônio, tornando-se um marco na evolução contábil. em uma conta, existe simultaneamente um crédito, da mesma maneira que a soma do débito será igual a soma do crédito, assim como a soma dos saldos devedores será igual a soma dos saldos credores. Processos de escrituração: Existem diversas maneiras para registrar os fatos administrativos na contabilidade, tais como: manual (escrituração manuscrita), maquinizada (efetuada em máquinas datilográficas comuns) e eletrônica (com a utilização de programas de computador). No processo eletrônico os lançamentos são introduzidos por digitação e processados por programa de computador, que poderá a qualquer tempo fornecer informações contábeis, tais como: o saldo e a movimentação das contas, cálculo de impostos e de encargos sociais, folhas de pagamentos, balancetes de verificação, demonstrativos contábeis, entre outros. É o mais moderno e utilizado, atualmente, pelas empresas, principalmente as de médio e de grande portes, por movimentarem centenas ou milhares de operações por dia (exige pessoal altamente especializado). Livros de escrituração: Para registrar os fatos contábeis ocorridos no patrimônio e atender as obrigações das legislações: comercial, tributária, trabalhista e/ou previdenciária, as empresas, seja qual for sua natureza jurídica, utilizam diversos livros de escrituração que podem ser classificados em: Quanto à necessidade de manutenção: 1- Obrigatórios: exigidos por lei. Exemplo: Diário, todos os livros fiscais exigidos pela legislação federal, estadual e municipal, os livros exigidos pela Lei nº 6.404/76 das Sociedades Anônimas. 2- Facultativos: Criados para prestar maior clareza e controle dos registros contábeis. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 128 Exemplo: Razão, Caixa, Bancos, Fornecedores, Controle de Estoques. Quanto à utilidade: 3- Principais: Registram todos os fatos ocorridos, constituindo se no centro de informação. Exemplo: Diário e Razão. 4- Auxiliares: servem para desdobrar os registros constantes nos livros principais. Exemplo: Caixa, Conta Corrente, Livro de Duplicatas. Quanto à natureza: 1- Cronológicos: Registram as datas de ocorrências dos fatos em ordem rigorosa. Exemplo: Diário, Caixa. 2- Sistemáticos: Registram os fatos separadamente por espécie, ou seja, por conta. Exemplo: Razão, Conta Corrente. 7.11 Relatórios Contábeis São eles: balancete de verificação, razonete, apuração do resultado do exercício (regimes de caixa e de competência, depreciação, amortização, exaustão), provisões e demonstrações financeiras (DRE e balanço patrimonial). 7.11.1 Balancete Balancete é uma relação de contas extraídas do livro razão (ou de razonetes), com seus saldos devedores ou credores. Podem diferenciar-se um dos outros em relação ao número de colunas. Existem balancetes que poderão conter apenas duas colunas: uma destinada ao saldo devedor e outra ao saldo credor de cada conta; outros poderão apresentar colunas destinadas ao movimento de cada Conta; aos ajustes efetuados para apuração do resultado; aos saldos, etc. A criação do balancete é simples. Cada conta será transferida do razonete para o balancete, com seu respectivo saldo. Então, se a conta no razonete apontar saldo devedor, este saldo será transportado para a coluna do saldo devedor do balancete; se a conta apresentar no razonete saldo credor, este saldo será transportado para a coluna do saldo credor do balancete. No final a soma da coluna de saldo devedor tem de ser igual à soma da coluna de saldo credor, pois os fatos administrativos são registrados no livro diário pelo método das partidas dobradas, cujo princípio fundamental estabelece que, na escrituração, a cada débito deve corresponder um crédito de igual valor. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 129 Conclui-se, portanto, que ao relacionar no balancete todas as contas utilizadas pela contabilidade de uma empresa, com seus respectivos saldos devedores e credores, a soma da coluna do débito deverá ser igual à soma da coluna do crédito. 7.11.2 Razonete O razonete, também chamado de gráfico em T ou conta em T, é do que uma versão simplificada do livro razão. Sob o ponto de vista contábil, o livro razão é o mais importante dos livros utilizados pela Contabilidade. Pois, é por meio dele que é possível controlar, separadamente, o movimento de todas as contas. O controleindividualizado das contas é importante para se conhecer os seus saldos, possibilitando apuração de resultados e a elaboração de demonstrações contábeis, como o balancete de verificação do razão, o balanço patrimonial e outras. Para facilitar a aprendizagem do processe contábil, pode-se substituir o livro razão pelo razonete, o qual, por se tratar de versão simplificada, favorecerá a visualização do movimento de débito e crédito. 7.11.3 Apuração do resultado do exercício A cada exercício social geralmente um ano - a empresa deve apurar o resultado dos seus negócios a fim de saber se obteve lucro o prejuízo. A contabilidade confronta a receita (vendas) com as despesas, se a receita foi maior que a despesa, a empresa teve lucro. Se a receita foi menor que a despesa, teve prejuízo. A apuração de resultado é realizada de forma destacada na Demonstração do Resultado do Exercício. Apresenta então, um resumo ordenado das despesas e receitas do período, facilitando-se, dessa forma, a tomada de decisão. De maneira geral, através da apuração do resultado pode-se verificar se o maior objetivo da empresa foi atingido, ou seja, se os benefícios obtidos foram maiores que os sacrifícios realizados. Regime de caixa e regime de competência: O regime de caixa leva em consideração o desembolso efetuado para pagamento de despesas ou o recebimento de vendas. Já o regime de competência leva em consideração o fato gerador, ou seja, quando efetivamente houve a despesa ou receita, independentemente de haver ou não dinheiro "entrando" no caixa. A pessoa jurídica apura a base de cálculo dos impostos e contribuições pelo regime de competência, sendo exceção os rendimentos auferidos em aplicações de renda fixa e os ganhos líquidos em renda variável, os quais devem ser acrescidos à base de cálculo do lucro presumido quando da alienação, resgate ou cessão do título ou aplicação. Contudo, poderá a pessoa jurídica adotar o critério de reconhecimento das receitas das vendas de bens e direitos ou da prestação de serviços com pagamento a prazo ou em parcelas na medida dos MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 130 recebimentos, ou seja, pelo regime de caixa, desde que mantenha a escrituração do livro caixa e observadas as demais exigências legais. Regime de competência: O regime de competência tem por finalidade reconhecer, na contabilidade, as receitas, custos e despesas, no período a que competem, independente da sua realização em moeda. O princípio da competência do exercício envolve o reconhecimento do período contábil, isto é, quando uma receita ou uma despesa deve ser reconhecida, um exemplo para ilustrar e melhor compreendermos seria quando uma empresa realiza uma venda para pagamento em 60 (sessenta) dias, a receita é reconhecida na data da venda e, portanto, o valor da venda estará indicado na demonstração do resultado do exercício daquele mês. As empresas tributadas com base no lucro real estão obrigadas a adotar o regime de competência para fins de apuração dos tributos. Regime de caixa: O regime de caixa, representa o reconhecimento das receitas, custos e despesas, pela entrada e saída efetiva da moeda. Aqui, as receitas são reconhecidas somente no momento em que o cliente paga a fatura, e as despesas são reconhecidas no momento em que são efetivamente pagas. Esse procedimento é aplicado tanto as empresas optantes pelo lucro presumido, quanto ao simples nacional. Depreciação: A depreciação é a diminuição do valor dos bens corpóreos que integram o ativo permanente, em decorrência de desgaste ou perda de utilidade pelo uso, ação da natureza ou obsolescência. O encargo da depreciação poderá ser computado como custo ou despesa operacional, conforme o caso. A depreciação dos bens utilizados na produção será custo, enquanto a depreciação dos demais bens há de ser registrada como despesa operacional. A conta devedora é de resultado e representa o encargo econômico suportado pela entidade. A conta credora retifica o bem do ativo sujeito a depreciação. Integra o balanço patrimonial, sendo demonstrada juntamente com a conta do bem que ela retifica, em subtração a seu saldo. Observação: O encargo de depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em condições de produzir. O valor da depreciação acumulada não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem a que se refere corrigido monetariamente. O mesmo se aplica à amortização e à exaustão. Os encargos de depreciação dos bens do ativo imobilizado que tenham ocorrido durante a fase pré-operacional serão escriturados no ativo diferido para posterior ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 131 amortização, no prazo mínimo de cinco anos e máximo de dez anos. Não é admitido o registro de quota de depreciação em relação aos seguintes bens: Terrenos, salvo em relação aos melhoramentos e construções; Prédios e construções não alugados nem utilizados por seu proprietário na produção de seus rendimentos ou imóveis destinados à venda; Bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obras de arte ou antiguidades; Bens em relação aos quais seja registrada quota de exaustão. Amortização: Compreende a eliminação gradual e periódica do ativo de uma empresa, como encargos do exercício, das imobilizações financeiras ou imateriais. Sendo a recuperação econômica do capital aplicado em: Despesas que contribuam para formação do resultado de mais de um exercício social. Exemplos: Despesas pré-operacionais, despesas com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada ou bens cuja utilização tenha prazo legal ou contratual limitado e desde que em nenhuma hipótese caiba indenização, como: 1- Bens intangíveis ou direitos de uso. Exemplo: patentes de invenção, fórmulas e processos de fabricação. 2- Investimento em bens que, nos termos da lei ou contrato que regule a concessão de serviço público, devem reverter ao poder concedente, ao final do prazo de concessão. 3- Direitos autorais, licenças, autorizações para exploração de determinada atividade econômica, concessões para exploração de serviços públicos, bem como o custo de aquisição, prorrogação ou modificação de contratos de qualquer natureza, inclusive de exploração de fundos de comércio. 4- Custo das construções e benfeitorias em bens locados, arrendados ou cedidos por terceiros. 5- O valor dos direitos contratuais de exploração de florestas. A taxa anual de amortização será fixada tendo em vista o números de anos restantes de existência do direito ou o número de exercícios sociais em que deverão ser usufruídos os benefícios das despesas registradas no ativo diferido. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 132 São prazos dos componentes do ativo da amortização: Mínimo de cinco anos, para fins fiscais; Máximo de dez anos, que é aplicável a todas as pessoas jurídicas que possuam escrituração contábil regular. Exaustão: É a ocorrência patrimonial que caracteriza a perda de valor que sofrem as imobilizações suscetíveis de exploração e que se esgotam no correr do tempo, como, por exemplo, as reservas minerais e vegetais (bosques, florestas, jazidas etc.), ou seja, é a perda de valor decorrente da exploração de recursos minerais ou florestais ou de bens aplicados nessa exploração. 7.11.4 Provisões As provisões são as estimativas de perda de ativos ou de obrigações para com terceiros. Esses eventos, embora já tenham seu fato gerador contábil ocorrido, não podem ser medidos com exatidão e têm portanto caráter estimativo. Classificação: As provisões podem ser classificadas em dois grupos a saber: 1- Provisões retificadoras do ativo: Aparecem no ativo de forma subtrativa, reduzindo o valor contábil do bem ou direito sob o qual se provisionaramcustos ou despesas; Provisões para créditos de liquidação duvidosa (dedutível até 31/12/96); Provisão para ajuste de bens e direitos ao valor de mercado (dedutível até 31/12/95); Provisão para perdas prováveis na alienação de investimentos (dedutível até 31/12/95). 2- Provisões passivas: São classificadas no passivo exigível indicando obrigações. Provisão p/ férias (dedutível); Provisão p/ 13º salário (dedutível); Provisão p/ gratificação a empregados (dedutível até 31/12/95); Provisão p/ licença prêmio (dedutível até 31/12/95); Provisão p/ gratificação a administradores; Provisão p/ riscos fiscais ou eventuais; Provisão p/ contingências; Provisão p/ resgate de partes beneficiárias. Observação: Quanto ao aspecto fiscal podem ser: ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 133 Dedutíveis: São aquelas que a legislação do Imposto de Renda permite a sua dedutibilidade quando da determinação do lucro real; Indedutíveis: São aquelas que a legislação do Imposto de Renda não permite a sua dedutibilidade quando da determinação do lucro real. Vale salientar que como regra geral as provisões têm como débitos elementos de despesas e, como contrapartida, créditos em conta patrimoniais que, como vimos podem ser contas redutoras de ativo ou contas de passivo exigível. Exemplo: Despesas provisionadas a provisões (ativas/passivos). 7.11.5 Demonstrações financeiras A Lei das Sociedades por Ações (Lei n° 6.404/76) determina que ao final de cada exercício social, a diretoria deve elaborar com base na escrituração mercantil, as demonstrações financeiras (contábeis). A finalidade das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação confiável acerca da posição financeira, do desempenho financeiro e dos fluxos de caixa de uma determinada entidade que seja útil a uma vasta gama de utentes nas respectivas tomadas de decisões econômicas, permitindo, simultaneamente, mostrar os resultados da gestão por parte dos gerentes dos recursos que lhes foram confiados e colocados à disposição. Para satisfazer este objetivo, as demonstrações financeiras proporcionam informação acerca dos ativos, passivos, capital próprio, rendimentos e gastos e outras alterações do capital próprio e ainda acerca dos fluxos de caixa. Estas informações, contidas em mapas como o balanço, a demonstração de resultados, a demonstração de alterações no capital próprio e a demonstração de fluxos de caixa, juntamente com informação contida nas notas, ajudam os utentes das demonstrações financeiras a prever os futuros fluxos de caixa da entidade e a sua tempestividade e grau de incerteza. 7.11.5.1 Balanço patrimonial O balanço é a demonstração financeira que evidencia, resumidamente, o patrimônio da empresa, quantitativa e qualitativamente, sendo eles: As fontes de onde provieram os recursos utilizados para a empresa operar: passivo e patrimônio líquido; Os bens e direitos em que esses recursos se acham investidos. É válido perceber que o ativo mostra o que existe concretamente na empresa. Todos os bens e direitos podem ser comprovados por documentos, tocados ou vistos. As únicas exceções são as despesas antecipadas e as diferidas, as quais representam investimentos que beneficiarão exercícios seguintes e, por isso, se acham no balanço (é algo que aumenta o valor da empresa sem ter um valor objetivo ou de mercado). O passivo MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 134 exigível e o patrimônio líquido mostram a origem dos recursos que se acham investidos no ativo. O patrimônio líquido não representa nada de concreto. Quando a empresa é constituída, os sócios entregam-lhe determinado capital representado por dinheiro ou bens. Nesse momento, a empresa possui apenas esses bens e o numerário que recebeu dos sócios. O Capital mostra apenas a origem desses bens e dinheiro. É apenas um elemento informativo e não algo de concreto. Com base na Lei n° 6.404/76, o balanço patrimonial deve conter os seguintes grupos de contas: Ativo 1- Ativo circulante Disponibilidades; Direitos realizáveis no curso do exercício social seguinte; Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte. 2- Ativo realizável a longo prazo Direitos realizáveis após o término do exercício seguinte; Direitos derivados de adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia. 3- Ativo permanente Investimentos: Participações permanentes em outras sociedades e direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, ou realizável a longo prazo que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou empresa; Imobilizado: Direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia ou empresa, ou exercidos com esta finalidade, inclusive os de propriedade comercial ou industrial; Diferido: Aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais um exercício social, inclusive juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais. Passivo: 1- Passivo circulante Obrigações da companhia, inclusive financiamentos para a aquisição de direitos do Ativo permanente quando vencerem no exercício seguinte. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 135 2- Passivo exigível a longo prazo Obrigações vencíveis em prazo maior do que o exercício seguinte. 3- Resultado de exercícios futuros Receitas de exercícios futuros diminuídas dos custos e despesas correspondentes. 4- Patrimônio líquido Capital social: Montante do capital subscrito e, por dedução, parcela não realizada; Reservas de capital: Ágio na emissão de ações ou conversão de debêntures e partes beneficiárias; produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; prêmios recebidos na emissão de debêntures, doações e subvenções para investimentos; correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizada; Reservas de reavaliações: Contrapartida do aumento de elementos do Ativo em virtude de novas avaliações, documentadas por laudo técnico; Reservas de lucros: Contas constituídas a partir de lucros gerados pela companhia; Lucros ou prejuízos acumulados: Lucros gerados pela companhia, que ainda não receberam destinação específica. 7.11.5.2 Demonstração do resultado do exercício É a demonstração dos aumentos e reduções causados no patrimônio líquido pelas operações da empresa. As receitas representam normalmente aumento do ativo, através do ingresso de novos elementos, como duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das transações. Aumentando o ativo, aumenta o patrimônio líquido. As despesas representam redução do patrimônio líquido, através da redução do ativo ou aumento do passivo exigível. Assim, todas as receitas e despesas se acham compreendidas na Demonstração do Resultado, segundo uma forma de apresentação que as ordena de acordo com a sua natureza, fornecendo informações significativas sobre a empresa. A demonstração do resultado é, pois, o resumo do movimento de certas entradas e saídas no balanço, entre duas datas e retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo de dinheiro. Para a demonstração do resultado não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o patrimônio líquido. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 136 EXERCÍCIOS 1- Você acredita que a contabilidade pode atender diversos usuários que tenham interesses específicos de informação, independentemente dos seus conhecimentos contábeis? Ou é apenas viável atender alguns usuários com conhecimentos contábeis? 2- Quais os principais usuários da contabilidade e suas respectivas necessidades informacionais? 3- A taxionomia contábil pode ser uma resposta ao atendimentodos objetivos dos diversos usuários contábeis? Justifique. 4- Como você define contabilidade? 5- As doutrinas contábeis foram introduzidas por diversas escolas de época que conceituaram a contabilidade sob diversos aspectos. Que aspectos foram esses? 6- Quais os tipos de abordagens utilizados para o estudo da teoria contábil? 7- Quais as funções da contabilidade? 8- Qual a finalidade da contabilidade? 9- Quais as ramificações da contabilidade? 10- Quais são as áreas de atuação da contabilidade? 11- O que você entende por aziendas? 12- Quem são os usuários internos e externos da contabilidade? 13- O que é coisa, bem e riqueza? 14- O que você entende por patrimônio? 15- Como é constituído o patrimônio? 16- Defina ativo, passivo e patrimônio líquido? 17- Qual a diferença entre direitos e obrigações? 18- Para a contabilidade o que são atos e fatos administrativos? 19- Complete. a) As contas patrimoniais são aquelas que representam o ______________________ da empresa num dado momento, por meio do balanço patrimonial, e se dividem em ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 137 ________________________________________ e _______________________. b) As contas de resultados são aquelas que permitem apurar o ________________________ do exercício e se dividem em _________________________________ e____________________________. 20- Quando podemos saber quando as contas aluguéis, juros e descontos representam receitas ou despesas? 21- O que você entende por receitas? Cite três exemplos. 22- O que você entende por despesas? Cite três exemplos. 23- O que você entende por exercício contábil? 24- Para que servem as contas de resultados? 25- Do ponto de vista técnico-contábil, o que é conta? 26- Todas as contas utilizadas pela contabilidade, segundo a teoria patrimonialista, dividem-se dois grupos. Quais são esses grupos? 27- No ativo encontramos contas que representam que espécie de elementos? 28- No passivo encontramos contas que representam que espécie de elementos? 29- Escolha a alternativa correta. I- Qual das contas abaixo representa despesas? a) Aluguéis ativos b) Aluguéis passivos II- Qual das contas abaixo representa receita? a) Juros ativos b) Juros passivos III- A conta descontos concedidos é de: a) Receita b) Despesas IV- A conta descontos obtidos é de: a) Receita b) Despesas MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 138 30- Assinale a alternativa que contém somente Contas de Receitas. a) Aluguéis passivos, prêmios de seguro e descontos obtidos b) Juros passivos, juros ativos e descontos obtidos c) Aluguéis ativos, juros ativos e descontos obtidos d) Aluguéis pagos, juros ativos e aluguéis recebidos 31- O que é capital próprio? Cite dois exemplos. 32- O que são capitais de terceiros? Cite três exemplos. 33- Escolha a alternativa correta. I- O patrimônio Líquido representa: a) Capitais próprios b) Capitais de terceiros II- As obrigações representam: a) Capitais próprios b) Capitais de terceiros 34- Crie uma situação patrimonial representando-a graficamente por meio do balanço patrimonial. Tal situação deverá conter: a) Um elemento que represente capital próprio b) Quatro elementos que representam capitais de terceiros c) Oito elementos que representam a aplicação desses capitais 35- Represente graficamente, após cada fato apresentado, a situação patrimonial da empresa, considerando-a em evolução, isto é, cada gráfico apresentado deve ser igual ao gráfico anterior, modificado pelas operações subsequentes: I- Investimento Inicial: a) Em dinheiro: R$ 200 b) Em móveis: R$ 100 II- Compras efetuadas: a) Mercadorias, em dinheiro: R$ 50 b) Veículos, a prazo, mediante aceite de duplicatas: R$ 130 III- Vendas de mercadorias, à vista, por R$ 20 IV- Vendas de mercadorias, a prazo, mediante emissão de duplicatas, por R$ 20 ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 139 V- Empréstimos obtidos junto ao Banco do Brasil S/A, mediante emissão de Nota Promissória, no valor de R$ 80 VI- Pagamento, em dinheiro, de uma Duplicata de nosso aceite, no valor de R$ 30 VII- Recebimento, em dinheiro, de uma Duplicata no valor de R$ 10 36- Complete. a) Quando o total dos bens e direitos for menor que o total das obrigações, a situação líquida será _________________________________. b) Quando o ativo for igual _____________________, a situação líquida será nula. c) Quando o total das obrigações for menor que o ativo, a situação líquida será _________________. 37- Qual é a forma gráfica que didaticamente utilizamos para representar o patrimônio? 38- Quais nomes recebem os elementos colocados do lado esquerdo do gráfico representativo do patrimônio? 39- O que é ativo? 40- Do ponto de vista contábil, o que são bens? 41- Do ponto de vista contábil, o que são obrigações? Cite três exemplos. 42- Quantos e quais são os grupos de elementos componentes da demonstração contábil denominada balanço patrimonial? 43- A firma abc foi registrada e obteve: r$ 500,00 dos sócios, na forma de capital; r$ 300,00 de terceiros, na forma de empréstimos e r$ 150,00 de terceiros, na forma de rendimentos. Aplicou esses recursos, sendo: r$ 450,00 em bens para revender; r$ 180,00 em caderneta de poupança; r$ 240,00 em empréstimos concedidos; e o restante em despesas. Com essa gestão, informe quanto a empresa ainda tem de patrimônio bruto e um patrimônio líquido. 44- O patrimônio da empresa Silpa é constituído, em reais, por: máquinas 600; nota promissória de sua emissão 500; duplicatas de seu aceite 1.500; fornecedores 400; estoques 3.000; bancos 200; caixa 100; sabendo-se que o lucro corresponde a 20% do capital de terceiros, encontre o valor do capital social. 45- Escolha a alternativa correta em cada questão. I- A versão simplificada do livro razão denomina-se: a) Balancete b) Razonete MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 140 c) Balanço II- No Balancete, a soma dos saldos devedores será igual: a) Ao movimento do caixa b) À soma do movimento devedor c) À soma dos saldos credores III- A relação de contas extraídas do livro razão, com seus saldos devedores e credores, denomina-se: a) Razonete b) Balancete c) Razão IV- Quantos gráficos em T deveremos usar para controlar o movimento das Contas? a) Tantos quantos forem as contas devedoras b) Tantos quantos forem as contas de receitas c) Tantos quantos forem as contas existente na escrituração do diário V- Os Razonetes, didaticamente, são utilizados em substituição ao: a) Livro caixa b) Livro razão c) Livro diário 46- Assinale a ordem correta dos acontecimentos. a) Diário, balancete e razonete b) Razonete, diário e balancete c) Diário, razonete e balancete 47- Saldo de Conta é: a) A diferença entre a soma dos débitos e a soma dos créditos nela lançados b) A diferença entre o ativo e o passivo c) A diferença entre o movimento credor e o saldo positivo ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 141 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso básico de contabilidade: introdução à metodologia da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1996. ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Principais Fundamentos de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade, Editora Atlas, 2000. EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. São Paulo: Atlas, 1998. FRANCO, H. Contabilidade Geral. 23. Ed. São Paulo. 2006. IUDICIBUS, S. & MARION, J.C. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 1997. IUDICIBUS, S. & MARION, J.C. Curso de contabilidade para não contadores. São Paulo: Atlas, 1997. MARION, J.C. Contabilidade Básica, Editora Atlas, 2009. MARION, J.C. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 1997. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Geral Básica, Editora Saraiva, 2009. WALTER, M.A. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva,1996. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 142 ANOTAÇÕES: _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________
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