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D PENAL CRIMES PATRIMONIAIS

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INSTRUMENTO AA - DIREITO PENAL IV 
“CRIMES PATRIMONIAIS” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CARLA JULIANA PEZZI ROCON RA 15170371 
DÉBORA SANTIAGO RA 15170411 
ROSÂNGELA BELO DUARTE RA 15170435 
VIVIANE CASTELAN LANGBEHN RA 15170374 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guarulhos, 26 de março de 2020 
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Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 62.417 - SP (2006/0150070-8)
 
RELATOR : MINISTRO GILSON DIPP
IMPETRANTE : DANIELA YURIE ISHIBASHI COSIMATO - PROCURADORIA 
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 
PACIENTE : LÚCIA DANIELA 
EMENTA
CRIMINAL. HC. FURTO QUALIFICADO. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. 
ÍNFIMO VALOR DOS BENS SUBTRAÍDOS PELA AGENTE. INCONVENIÊNCIA DE 
MOVIMENTAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. DELITO DE BAGATELA. PRINCÍPIO 
DA INSIGNIFICÂNCIA. FURTO FAMÉLICO. ORDEM CONCEDIDA.
I. Hipótese em que o impetrante sustenta que a conduta da ré não se subsume ao 
tipo do art. 155 do Estatuto Repressor, em face do pequeno valor econômico das mercadorias por 
ela subtraídos, atraindo a incidência do princípio da insignificância.
II. Embora a impetração não tenha sido instruída com o referido laudo de 
avaliação das mercadorias, verifica-se que mesmo que a paciente tivesse obtido êxito na tentativa 
de furtar os bens, tal conduta não teria afetado de forma relevante o patrimônio das vítimas.
III. Atipicidade da conduta que merece ser reconhecida a fim de impedir que a 
paciente sofra os efeitos nocivos do processo penal, assim como em face da inconveniência de se 
movimentar o Poder Judiciário para solucionar tal lide. 
IV. As circunstâncias de caráter pessoal, tais como reincidência e maus 
antecedentes, não devem impedir a aplicação do princípio da insignificância, pois este está 
diretamente ligado ao bem jurídico tutelado, que na espécie, devido ao seu pequeno valor 
econômico, está excluído do campo de incidência do direito penal. 
V. A res furtiva considerada - alimentos e fraldas descartáveis-, caracteriza a 
hipótese de furto famélico.
VI. Deve ser concedida a ordem para anular a decisão condenatória e trancar a 
ação penal por falta de justa causa.
VII. Ordem concedida, no termos do voto do Relator. 
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, 
acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça. "A Turma, por 
unanimidade, concedeu a ordem, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."Os Srs. Ministros 
Laurita Vaz, Napoleão Nunes Maia Filho e Felix Fischer votaram com o Sr. Ministro Relator. 
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Arnaldo Esteves Lima.
Brasília (DF), 19 de junho de 2007.(Data do Julgamento)
MINISTRO GILSON DIPP /Relator
Documento: 700580 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 1 de 4
 
 
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 62.417 - SP (2006/0150070-8)
 
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO GILSON DIPP (Relator): 
Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, contra acórdão do Tribunal de 
Justiça do São Paulo, que desproveu o recurso de apelação interposto em favor de LÚCIA 
DANIELA, mantendo a sentença condenatória.
A paciente foi condenada à pena de 02 anos e 11 meses de reclusão, em regime 
inicialmente fechado, como incursa nas sanções descritas no art. 155, § 4º, inciso IV, por duas 
vezes, c/c art. 70, caput, ambos do Código Penal (fls. 19/25).
Irresignada, a defesa interpôs apelo perante a Corte de origem, pugnando pela 
absolvição da ré, em face da atipicidade da conduta a ela atribuída, pois as mercadorias furtadas 
teriam valor ínfimo, atraindo o princípio da insignificância.
A Corte de origem desproveu o recurso, por entender que tal princípio somente 
seria aplicável ao delitos de furto simples e de estelionato (fls. 66/70).
Daí o presente writ , no qual são reiterados os fundamentos expendidos na 
irresignação de origem, pugnando-se pela aplicação do princípio da insignifância à espécie e pela 
conseqüente absolvição da ré.
Sustenta-se, para tanto, que os bens que a paciente intentava subtrair não teriam 
relevância econômica.
Alega-se, ainda, que fato somente pode ser considerado típico quando presente 
não apenas a tipicidade formal, mas igualmente a material, a qual, no delito de furto, é 
caracterizada pela capacidade de afetar o patrimônio da vítima. 
As informações foram prestadas às fls. 85/86.
A Subprocuradoria-Geral da República manifestou-se pela denegação da ordem 
(fls. 102/107).
É o relatório.
Em mesa para julgamento.
 
Documento: 700580 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 2 de 4
 
 
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 62.417 - SP (2006/0150070-8)
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO GILSON DIPP (Relator): 
Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, contra acórdão do Tribunal de 
Justiça do São Paulo, que desproveu o recurso de apelação interposto em favor de LÚCIA 
DANIELA, mantendo a sentença condenatória.
A paciente foi condenada à pena de 02 anos e 11 meses de reclusão, em regime 
inicialmente fechado, como incursa nas sanções descritas no art. 155, § 4º, inciso IV, por duas 
vezes, c/c art. 70, caput, ambos do Código Penal (fls. 19/25).
Irresignada, a defesa interpôs apelo perante a Corte de origem, pugnando pela 
absolvição da ré, em face da atipicidade da conduta a ela atribuída, pois as mercadorias furtadas 
teriam valor ínfimo, atraindo o princípio da insignificância.
A Corte de origem desproveu o recurso, por entender que tal princípio somente 
seria aplicável ao delitos de furto simples e de estelionato (fls. 66/70).
Daí o presente writ , no qual são reiterados os fundamentos expendidos na 
irresignação de origem, pugnando-se pela aplicação do princípio da insignifância à espécie e pela 
conseqüente absolvição da ré.
Sustenta-se, para tanto, que os bens que a paciente intentava subtrair não teriam 
relevância econômica.
Alega-se, ainda, que fato somente pode ser considerado típico quando presente 
não apenas a tipicidade formal, mas igualmente a material, a qual, no delito de furto, é 
caracterizada pela capacidade de afetar o patrimônio da vítima. 
Passo à análise da irresignação.
O impetrante sustenta que a conduta da ré não se subsume ao tipo do art. 155 do 
Estatuto Repressor, em face do pequeno valor econômico das mercadorias por ela subtraídos, 
devendo ser aplicado, à espécie, o princípio da insignificância. 
Eis o teor da exordial acusatória:
"Consta do incluso inquérito policial (IP nº 
050.02.033027-8), que no dia 02 de maio de 2002, por volta das 15:20 
horas, dentro do estabelecimento comercial sito à Avenida Santa Inês, nº 
3912, nesta cidade de comarca, a indiciada LÚCIA DANIELA, em concurso, 
previamente ajustada e com unidade de propósitos com a indiciada 
JOSEMARIA OLIVEIRA, em concurso material subtraíram para elas do 
Documento: 700580 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 3 de 4
 
 
Superior Tribunal de Justiça
referido comércio 02 (dois) kilos de arroz, 01 (um kilo) de feijão e um 
pacote de fralda descartável e de Maria de Lourdes Uglar de Lima uma 
sacola contendo 01 (um) kilos de açúcar, 01 (um) pacote de coco ralado e 
01 (um) kilo de laranjas, genericamente avaliados na folha 21 dos autos.
Segundo se apurou as denunciadas ingressaram no 
mencionado estabelecimento comercial simulando-se clientes.
Porém, de um modo clandestino, subtraíramos bens do 
referido lugar, acondicionando-os em uma sacola adredemente preparada 
para, depois, ganharem fuga.
Na saída do estabelecimento, depararam-se com a sacola 
pertencente a vítima Maria de Lourdes no chão, oportunidade em que, 
ainda ajustadas, espojaram-na, para, finalmente se colocarem em fuga.
A vítima Maria de Lourdes dando pela falta de seus bens, 
saiu a rua e, algo depois, deparou-se com as indiciadas que estavam, ainda, 
na posse de seus bens.
Foi acionada a polícia para esclarecer os crimes, 
especialmente porque, somente em revistas, descobriu-se o delito 
antecedente, motivando a prisão de ambas, em situação de flagrância 
ainda. 
Isto posto, denuncio a esse Juízo com incursas nas penas 
previstas noas arts. 155, § 4º, inciso IV, em combinação com o artigo 29, 
ambos do Código Penal" (fls. 09/10).
Com efeito, embora a impetração não tenha sido instruída com o referido laudo de 
avaliação das mercadorias, verifica-se que mesmo que a paciente tivesse obtido êxito na tentativa 
de furtar os bens, tal conduta não teria afetado de forma relevante o patrimônio das vítimas, 
atraindo a incidência do princípio da insignificância, excludente da tipicidade. 
De fato, a atipicidade da conduta merece ser reconhecida, a fim de impedir que a 
paciente sofra os efeitos nocivos do processo penal, assim como em face da inconveniência de se 
movimentar o Poder Judiciário para solucionar tal lide. 
A corroborar tal entendimento, trago à colação o seguinte julgado desta Corte:
"CRIMINAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FURTO 
SIMPLES. ÍNFIMO VALOR DA QUANTIA SUBTRAÍDA PELO AGENTE. 
INCONVENIÊNCIA DE MOVIMENTAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. 
DELITO DE BAGATELA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ORDEM 
CONCEDIDA.
Faz-se mister a aplicação do princípio da insignificância, 
excludente da tipicidade, se evidenciado que a vítima não teria sofrido dano 
relevante ao seu patrimônio – pois os valores, em tese, subtraídos pelo 
paciente representariam quantia bem inferior ao salário mínimo.
Inconveniência de se movimentar o Poder Judiciário, o que 
seria bem mais dispendioso, caracterizada.
Considera-se como delito de bagatela o furto simples 
praticado, em tese, para a obtenção de quantia de ínfimo valor monetário, 
Documento: 700580 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 4 de 4
 
 
Superior Tribunal de Justiça
consistente em apenas R$ 13,00 (treze reais) – hipótese dos autos.
Deve ser determinado o trancamento da ação penal 
instaurada em desfavor do paciente, por ausência de justa causa.
Ordem concedida, nos termos do voto do Relator."
(HC 27. 218/MA,de minha relatoria, DJ de 25/08/2003).
"PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. TRANSGRESSÃO 
PENALMENTE IRRELEVANTE. ORDEM CONHECIDA DE OFÍCIO E 
CONCEDIDA. 
De acordo com a jurisprudência deste Tribunal, o princípio 
da insignificância, envolvendo a ninharia do prejuízo e englobando a 
irrelevância da transgressão, impede que se dê vazão aos efeitos nefastos do 
procedimento penal. 
In casu, tendo sido a Paciente denunciada por tentativa de 
furto, onde a res furtiva restou avaliada em R$ 2,65 (dois reais e sessenta e 
cinco centavos), correspondente a produtos de higiene pessoal, mais do que 
patente a desnecessidade da aplicação penal, em face do inexpressível 
ataque ao bem jurídico tutelado. 
Ordem concedida de ofício para o fim de anular a decisão 
condenatória e trancar a ação penal por absoluta falta de justa causa".
(HC 28796/SP; Quinta Turma, Rel. Min. JOSÉ ARNALDO DA 
FONSECA DJ 28.10.2003). 
Ademais, as circunstâncias de caráter pessoal, tais como reincidência e maus 
antecedentes, não devem impedir a aplicação do princípio da insignificância, pois este está 
diretamente ligado ao bem jurídico tutelado, que na espécie, devido ao seu pequeno valor 
econômico, está excluído do campo de incidência do direito penal. 
Nesse sentido:
"PENAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO SIMPLES TENTADO. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
I - No caso de furto, para efeito da aplicação do princípio da 
insignificância é imprescindível a distinção entre ínfimo (ninharia) e 
pequeno valor. Este, ex vi legis, implica, eventualmente, em furto 
privilegiado; aquele, na atipia conglobante (dada a mínima gravidade). 
II - A interpretação deve considerar o bem jurídico tutelado e 
o tipo de injusto. 
III - No caso concreto, o valor da res furtiva equivale a uma 
esmola, configurando, portanto, um delito de bagatela.
IV - Circunstâncias de caráter eminentemente pessoal, tais 
como reincidência e maus antecedentes, não interferem no reconhecimento 
do princípio da insignificância.
Recurso especial desprovido".
(REsp 827.960/PR,Quinta Turma, Rel. Min. FELIX FISCHER, DJ 
18/12/2006).
Documento: 700580 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 5 de 4
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Por fim, a res furtiva aqui considerada - alimentos e fraldas descartáveis-, 
caracteriza a hipótese de furto famélico.
Diante do exposto, concedo a ordem para anular a decisão condenatória e 
trancar a ação penal por falta de justa causa.
É o voto.
Documento: 700580 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 6 de 4
 
 
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
 
 
Número Registro: 2006/0150070-8 HC 62417 / SP
MATÉRIA CRIMINAL
Números Origem: 1491523 50020330278 7062002 8633473
EM MESA JULGADO: 19/06/2007
Relator
Exmo. Sr. Ministro GILSON DIPP
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. HELENITA AMÉLIA G. CAIADO DE ACIOLI
Secretário
Bel. LAURO ROCHA REIS
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : DANIELA YURIE ISHIBASHI COSIMATO - PROCURADORIA DA 
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : LÚCIA DANIELA
ASSUNTO: Penal - Crimes contra o Patrimônio (art. 155 a 183) - Furto (art.155 e 156) - Qualificado
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, concedeu a ordem, nos termos do voto do Sr. Ministro 
Relator."
Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Napoleão Nunes Maia Filho e Felix Fischer votaram com 
o Sr. Ministro Relator. 
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Arnaldo Esteves Lima.
 Brasília, 19 de junho de 2007
LAURO ROCHA REIS
Secretário
Documento: 700580 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 06/08/2007 Página 7 de 4
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2020.0000193676
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal nº 
0008310-16.2015.8.26.0019, da Comarca de Americana, em que são apelantes 
PEDRO IVO ALVES PEREIRA, CESAR AUGUSTO LEANDRO BARREIRA e 
FELIPE GOES, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO 
PAULO.
ACORDAM, em 14ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de 
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Rejeitada a preliminar, negaram 
provimento aos apelos. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra 
este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores 
MARCO DE LORENZI (Presidente) e WALTER DA SILVA.
São Paulo, 12 de março de 2020.
LAERTE MARRONE
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Apelação Criminal nº 0008310-16.2015.8.26.0019 -Voto nº 13.002 2
Apelação Criminal nº 0008310-16.2015.8.26.0019
Apelantes: Pedro Ivo Alves Pereira, Cesar Augusto Leandro Barreira e 
FELIPE GOES 
Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo
Comarca: Americana
Voto nº 13002
Apelação. Crimes de extorsão mediante sequestro, roubo 
majorado pelo concurso de agentes e emprego de arma, 
extorsão e associação criminosa, em concurso material. 
Recursos das defesas. 1. Preliminares. Inobservância das 
formalidades previstas no artigo 226 do Código de 
Processo Penal.Reconhecimentos ratificados em juízo. 
Mera irregularidade. Entendimento jurisprudencial e 
doutrinário. Utilização de fotografia obtida em celular de 
propriedade de vítima apreendido em poder de irmã de 
acusado. Ausência de ilegalidade. 2. Quadro probatório a 
evidenciar a responsabilidade penal dos réus. Autoria e 
materialidade comprovadas. 3. Condutas que configuram 
crimes de roubo, extorsão e extorsão mediante sequestro, 
em concurso material, não se podendo cogitar de crime 
continuado, porquanto não se cuida de delitos da mesma 
espécie. 4. Penas que não comportam reparos. Recursos 
improvidos.
1. A sentença, cujo relatório se adota, julgou 
procedente a ação para condenar: (i) FELIPE GÓES e CÉSAR 
AUGUSTO LEANDRO BARREIRA às penas de 23 anos de reclusão, 
em regime inicial fechado, e ao pagamento de 23 dias-multa, no valor 
unitário correspondente ao mínimo legal; e (ii) PEDRO IVO ALVES 
PEREIRA às penas de 26 anos e 10 meses de reclusão, em regime 
inicial fechado, e ao pagamento de 26 dias-multa, no valor unitário 
correspondente ao mínimo legal, todos ambos como incursos no artigos 
288, parágrafo único, no artigo 157, parágrafo 2o, incisos I e II, no 
artigo 158 e o no artigo 159, parágrafo 1o, na forma do artigo 69, todos 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Apelação Criminal nº 0008310-16.2015.8.26.0019 -Voto nº 13.002 3
do Código Penal (fls. 1216/1246).
Apelaram os réus.
A defesa de Pedro Ivo Alves Pereira (fls. 
1316/1320) e Felipe Góes (fls. 1372/1376) postula a absolvição por 
insuficiência probatória.
Os defensores de César Augusto Leandro 
Barreira (fls. 1332/1369) alegam, preliminarmente, a nulidade do seu 
reconhecimento, uma vez que a autoridade policial não observou as 
formalidades previstas no artigo 226 do Código de Processo Penal e que 
a apreensão do celular no qual se encontrava a fotografia do apelante 
que primeiro permitiu o reconhecimento do apelante ocorreu de forma 
irregular, pelo que postula a reforma da sentença, com a exclusão das 
provas ilícitas, e o encaminhamento de ofício à Corregedoria de Polícia 
para que se apure o comportamento dos investigadores. No mérito, 
requerem a absolvição por insuficiência probatória. Subsidiariamente, 
colimam a) aplicação do princípio da consunção, para que a conduta 
prevista no artigo 159 do Código Penal absorva as previstas nos artigos 
157 e 158 do diploma em comento; b) reconhecimento da continuidade 
delitiva; c) reconhecimento do concurso formal entre o roubo e a 
extorsão mediante sequestro; d) reconhecimento do 'bis in idem' pela 
aplicação das causas de aumento relativas ao concurso de agentes no 
roubo e na extorsão e pela condenação por associação criminosa; e e) 
seja a pena aplicada no mínimo legal. 
Processado o recurso e contrarrazoado (fls. 
1384/1391), a d. Procuradoria de Justiça manifestou-se pelo 
improvimento (fls. 1467/1477). 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Apelação Criminal nº 0008310-16.2015.8.26.0019 -Voto nº 13.002 4
É o relatório.
2. Não vingam os reclamos.
3. Sem razão a defesa na questão agitada a 
título de preliminar.
Alega-se nulidade do reconhecimento do 
apelante César por inobservância aos procedimentos previstos no artigo 
226 do Código de Processo Penal e pela ilegalidade da apreensão do 
celular da meia-irmã do acusado Pedro, no qual encontrou-se a 
fotografia que primeiro permitiu o reconhecimento do apelante César.
Certo que o reconhecimento policial não 
tomou a forma prevista no artigo 226, do Código de Processo Penal. 
Isto, todavia, não lhe retira a validade, de sorte que descabido falar-se 
em nulidade na espécie. Serve, com efeito, “como elemento de 
convicção do juiz, junto com outros elementos, de acordo com o 
princípio do livre convencimento” (JÚLIO FABBRINI 
MIRABETTE, Código de Processo Penal Interpretado, Atlas, 11ª 
edição, pág. 600). Na realidade, “o juiz poderá levar em conta o ato, 
dando-lhe a consideração que julgar adequada em face da falha 
ocorrida e no confronto com as demais provas produzidas” (ADA 
PELEGRINI GRINOVER, ANTONIO SCARANCE FERNANDES 
e ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHO, As Nulidades no 
Processo Penal, RT, 10ª edição, pág. 196). 
De fato, acolhendo a lei o princípio do livre 
convencimento do juiz, não faz sentido privar de validade o 
reconhecimento pela ausência de formalidades. Deve-se interpretar a 
norma inscrita no artigo 226, II, do Código de Processo Penal - no 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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Apelação Criminal nº 0008310-16.2015.8.26.0019 -Voto nº 13.002 5
sentido de que a pessoa, cujo reconhecimento se pretende, seja colocada 
ao lado de outras que com ela tenha qualquer semelhança - somente 
como uma recomendação do legislador, e não como um comando 
“fixando uma obrigação capaz de ensejar a nulidade acaso não 
observada” (STJ, HC nº 26.356, rel. Min. Jorge Scartezzini). 
Conferir, no mesmo sentido: STJ, HC nº 35.824, rel. Min. Gilson 
Dipp; REsp nº 695.580, rel. Min. Laurita Vaz; AgInt. no HC nº 
462.238, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz; HC nº 393.172, rel. Min. 
Felix Fischer; AgRg no REsp nº 1.444.634, rel. Min. Joel Ilan 
Paciornik. Veja-se que foi utilizada a dicção “se possível”, a sugerir 
que não se cuida de regra inflexível. Nesta mesma esteira, o Excelso 
Pretório assentou que o Código de Processo Penal não exige, mas 
recomenda a colocação de outras pessoas junto ao acusado, devendo tal 
procedimento ser obervado sempre que possível (STF, AG.REG no 
RHC nº 125.026, rel. Min. Rosa Weber; RHC nº 119.439, rel. Min. 
Gilmar Mendes).
Além disso, houve reconhecimento judicial, o 
qual, dispensa, por sua vez, para sua validade, a observância das 
formalidades previstas no artigo 226 do Código de Processo Penal 
(STF, HC nº 77.576-4, rel. Min. Nelson Jobim) Consoante escólio de 
JOSÉ FREDERICO MARQUES, “tais formalidades, embora 
aconselháveis, não são reputadas essenciais” (Elementos de Direito 
Processual Penal, Bookseller, vol. II, 1.997, pag. 308). Na realidade, 
“caso a vítima ou testemunha aponte na audiência, com segurança, 
o réu presente como o autor do crime, tal prova tem o valor idêntico 
àquela de um reconhecimento efetuado com as formalidades legais” 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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(JULIO FABBRINI MIRABETE, Processo Penal, Atlas, 1.998, pag. 
309). Nesta linha, assentou o Supremo Tribunal Federal que “se as 
vítimas ou as testemunhas do evento delituoso apontam, com 
segurança, em audiência judicial, o acusado presente como autor do 
ilícito penal praticado, essa prova possui eficácia jurídico-
processual idêntica àquela que emerge do reconhecimento efetuado 
com as formalidades prescritas pelo art. 226 do Código de Processo 
Penal” (HC nº 68.819, rel. Min. Celso de Mello).
Deste modo, não há que se falar em nulidade 
por violação ao disposto no artigo 226 do Código de Processo Penal.
Tampouco pode-se reconhecer nulidade pela 
utilização de fotografia, para o reconhecimento do acusado César, 
obtida em acesso ao celular apreendido da meia-irmã do acusado Pedro.
Isto porque, conforme o relatório da 
autoridade policial (fls. 121/125), o celular apreendido com a irmã do 
acusado Pedro pertencia, em verdade, à vítima Diego Alejandro, de 
modo que incabível o reconhecimento da aventada ilegalidade pela 
apreensão do aparelho e o acesso aos dados armazenados. Se algum 
interesse poderia ter sido violado e isso se diz em tese, apenas para 
fins de argumentação, seria da vítima (que poderia não ter dado 
consentimento); mas, designadamente, eventual eiva não pode vir a 
beneficiar os acusados, que ofenderam bens jurídicos também do dono 
do aparelho o qual tem interesse na punição dos réus. Haveria 
manifesta contradição de ordem teleológica. 
E a apreensão em si, no contexto da causa, 
avulta como lícita, a teor do artigo 6º, II, do Código de Processo Penal.TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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4. No mérito, evidenciada a responsabilidade 
penal dos apelantes.
Segundo a denúncia (fls. 14/17), em suma, os 
apelantes Pedro Ivo Alves Pereira, Felipe Góes, César Augusto Leandro 
Barreira, e Irineu Araújo:
a) em data anterior a 24.03.2015 associaram-se 
com o fim específico de cometer crimes;
b) em 24.03.2015 sequestraram Eder 
Alexander Olaya Serna com o fim de obter vantagem econômica 
referente à quantia aproximada de R$ 3.000,00, como preço de resgate; 
c) na mesma oportunidade, subtraíram, para 
proveito comum, mediante grave ameaça exercida com o emprego de 
arma de fogo, carteira contendo R$ 300,00, documentos pessoais, 
cartões bancários e um aparelho celular pertencentes à vítima Eder; e
d) nos dias 25 e 26 de março de 2015, 
constrangeram a vítima Eder, mediante grave ameaça, e com o intuito 
de obter, para proveito comum, vantagem econômica indevida, a dar-
lhes a quantia aproximada de R$ 2.500,00 em dinheiro.
5. A materialidade dos delitos acha-se 
positivada pelo boletim de ocorrência (fls. 20/21), pelo laudo pericial do 
cativeiro (fls. 47/62), bem como pela prova oral.
Certas, por seu turno, as autorias.
Firme a prova oral a evidenciar a 
responsabilidade dos réus.
A vítima Eder Alexander Olaya Serna afirmou, 
em juízo, em narrativa consoante o relatado em fase policial (fls. 22/24), 
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que estava em uma rua trabalhando quando desceram quatro homens de 
um carro e foram em sua direção. Saiu correndo, pois ouvira sobre os 
sequestros, mas os indivíduos o alcançaram e o colocaram no carro. 
Levaram-no a um apartamento em um condomínio. Ficou sob poder dos 
sequestradores entre as três da tarde e as nove da noite. Os quatro 
foram ao condomínio. Pediram-lhe dinheiro e exigiram resgate. Dizia 
que não tinha dinheiro, mas eles insistiam e o agrediam. Mais tarde, 
ligou para um amigo, que sabia que tinha três mil reais. Não avisou ao 
amigo para que precisava do dinheiro. Por volta das oito horas, foram a 
uma lanchonete, na qual havia combinado com seu amigo que deixasse 
o dinheiro. Após coletarem os três mil reais, os sequestradores disseram 
à vítima que no dia seguinte precisava entregar-lhes mais dois mil reais. 
Passaram em frente à sua casa e o deixaram mais para frente, em um 
shopping. O dinheiro não foi recuperado. No dia seguinte, pagou mais 
dinheiro aos sequestradores, que haviam ficado com seu cartão e senha. 
Depositou dois mil reais na sua conta, que eles sacaram. Viu os 
indivíduos. Reconheceu-os na delegacia. Estavam armados. 
Reconheceu inicialmente dois; posteriormente, com sua prisão, 
reconheceu um terceiro. Como resgate, queriam inicialmente sete mil 
reais. Depositou em parcelas de quinhentos reais o valor que eles 
sacaram de sua conta. Apenas dois indivíduos ficaram com o depoente 
durante todo o tempo: o negro e o “magrinho”; os outros dois saíam e 
voltavam. Na lanchonete, o “gordinho” não estava os outros três, sim. 
Reconheceu-os em sede policial inicialmente dois (fls. 22/24), e, 
posteriormente, o terceiro (fls. 190/191). Em juízo, reconheceu os três 
apelantes sem sombra de dúvidas. Indicou César como o indivíduo que 
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saía do cativeiro e que não o acompanhou à lanchonete para buscar o 
dinheiro (mídia digital).
Sabe-se, com efeito, que, neste tipo de delito, a 
palavra do ofendido assume grande relevância, mormente quando não 
se entrevê motivo algum para que acuse falsamente um inocente (RT 
732/633, 737/624; JUTACRIM 100/250, 100/266, 99/273, 95/268, 
94/341, entre outros).
A corroborar o relato da vítima quanto à 
dinâmica do sequestro, o depoimento judicial da testemunha Maria 
Lucia Marques de Oliveira. Declarou, em suma, que havia feito um 
empréstimo e a vítima era uma das pessoas que vinham receber as 
parcelas referentes ao seu pagamento. No dia dos fatos, viu o momento 
em que três indivíduos perseguiram a vítima Eder, que saiu correndo. 
Pela distância e o nervosismo, não consegue declinar nenhuma 
característica dos indivíduos que efetuaram a perseguição (mídia 
digital).
E há mais a inculpar os apelantes.
O policial civil Adinei Brochi, narrou, em seu 
depoimento judicial, que os apelantes Pedro Ivo e Felipe Góes foram 
presos em flagrante pela prática de outro sequestro. No apartamento 
utilizado como cativeiro, de propriedade do acusado Pedro Ivo, 
encontraram instrumentos utilizados para torturar as vítimas, bem como 
pertences pessoais delas dentre os quais dois cartões e, salvo engano, 
um documento da vítima Eder. No local, encontraram duas vítimas. O 
fato foi noticiado e diversas vítimas foram à delegacia dentre as quais 
Eder, que foi agredido e torturado, obrigado a ingerir álcool e urina, 
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com a finalidade de obterem informações. Confirmou, em suma, o 
relato prestado pela vítima Eder. Inicialmente, a vítima reconheceu 
Pedro Ivo e Felipe Góes. Apresentadas as fotos obtidas em telefone 
celular apreendido na apuração dos sequestros, a vítima reconheceu o 
apelante César. Em suas fotografias, era possível ver uma tatuagem que 
parecia ser o nome “Caio”. O apelante Felipe lhe informou que, de fato, 
o acusado César tinha um filho chamado Caio. Com isso, empreendeu 
uma busca integrada entre o sistema da secretaria de educação e o 
sistema Alfa, pesquisando individualmente todos os indivíduos de 
prenome César que eram pais de Caio na região até encontrar uma foto 
que era compatível com as que haviam sido obtidas nos celulares 
apreendidos trabalho que demorou aproximadamente um ano. No 
momento da prisão de César, o acusado já havia coberto sua tatuagem. 
Em nome de César constava a propriedade de um veículo Up, que, 
segundo as vítimas, era utilizado nos sequestros. No cativeiro, 
apreenderam chicote de cavalo, uma barra de ferro e fitas adesivas. Os 
três apelantes participaram de quase todos os sequestros; no entanto, por 
vezes havia a participação de outros indivíduos (mídia digital).
A testemunha Derian afirmou, em juízo, ter 
sido sequestrado, em duas oportunidades, sendo que os três apelantes 
tomaram parte nas condutas. Eles o agrediram e o ameaçaram, tendo 
inclusive inserido um revólver em sua boca. Na segunda vez em que 
foi sequestrado, obrigaram-no a depositar os valores na conta da vítima 
Eder, também colombiano, que soube ter sido sequestrado pelos 
acusados. Os acusados utilizaram um Volkswagen branco para o 
sequestro (mídia digital). 
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Trata-se, sem dúvida, de um manancial 
probatório denso a inculpar os réus. 
É certo que os acusados rechaçaram as 
imputações.
Felipe Góes, após o silêncio na fase policial 
(fls. 104/107), em juízo, repeliu a acusação. Afirmou que conhece 
Pedro Ivo do bairro e César Augusto de vista, mas não a vítima (mídia 
digital).
Pedro Ivo Alves Pereira, também silente na 
fase inquisitorial (fls. 70/73), afirmou, em seu interrogatório judicial, 
conhecer o acusado Felipe Góes, pois trabalharam juntos em um lava 
rápido, e negou conhecer César. Refutou a imputação. Negou ter sido 
preso em flagrante; no momento da abordagem, estava trabalhando, 
fazendo cobranças para Derian, agiota para quem trabalhava. Não 
conhece Eder (mídia digital).
Em seu interrogatório judicial, César Augusto 
Leandro Barreira negou a acusação. Trabalhava como representante 
comercial. No dia dos fatos, saiu do trabalho e compareceu a um 
coquetel de inauguração de umsupermercado que era seu cliente. 
Chegou ao coquetel por volta das seis horas da tarde, onde ficou até 
onze horas da noite. Há diversas provas de que esteve no coquetel. 
Não conhece a vítima, nem a testemunha Derian. Conhece o corréu 
Pedro, pois mora em Sumaré, mas não tem amizade com ele. Também 
conhece Felipe Góes, pois já abasteceu seu carro em um posto no qual o 
corréu trabalhava. No reconhecimento policial, colocaram ao seu lado 
policiais que estavam na delegacia (mídia digital).
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Durante a fase investigatória, o acusado negou 
a prática delitiva, assumindo apenas a propriedade de um veículo 
Volkwagen Up branco. Possuía uma tatuagem com as iniciais de seu 
nome (CALB), a qual, porém, acabou coberta por outra tatuagem (fls. 
198/201). 
As versões, todavia, não vingam. 
Inverossímeis mercê das regras de experiência comum, encontram-se, 
de resto, despidas de apoio mais denso no restante dos autos.
Neste ponto, cumpre destacar que a 
circunstância de ter o acusado César participado, no dia dos fatos, de 
coquetel de lançamento de um mercado circunstância secundada por 
elementos de prova (fls. 1431/1457) não é capaz de infirmar a 
acusação.
Isto porque, conforme ressaltado pela própria 
vítima, o apelante César não permaneceu no cativeiro durante todo o 
tempo; além disso, não se dirigiu à lanchonete em que buscaram o 
resgate fornecido pelo amigo da vítima, o que teria ocorrido no horário 
em que o acusado comparecia ao evento entre as 18h e as 24h do dia 
dos fatos.
Tem-se, assim, a seguinte linha do tempo:
a) arrebatamento da vítima, da qual participou 
César: 14h30, segundo declarações da vítima e da testemunha Maria 
(fls. 20/21);
b) coquetel de lançamento do mercado: 19h00, 
tendo o acusado César chegado ao local por volta das 18h00;
c) coleta na lanchonete do resgate referente ao 
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sequestro da vítima Eder, ao que, segundo a vítima, César não estava 
presente: entre 19h00 e 20h00.
Em poucas palavras, não há que se falar em 
impossibilidade física da prática delitiva pelo acusado César, o qual não 
se encontrava no referido coquetel no momento do sequestro.
Nesse sentido, o manancial probatório 
notadamente as declarações firmes e uníssonas da vítima Eder, em fases 
policial e judicial, que reconheceu os apelantes como autores de seu 
sequestro, o reconhecimento pela testemunha Derian dos acusados 
como os autores dos sequestros que sofreu, o relato da investigação 
apresentado pelo policial civil Adinei Brochi e o reconhecimento 
policial dos apelantes como autores de outros sequestros (fls. 244/251) 
descortinam que os apelantes:
a) associaram-se com a finalidade específica 
de praticar crimes de roubo, extorsão e extorsão mediante sequestro, 
com o emprego de arma de fogo, contra vítimas colombianas, em 
conduta que se amolda ao tipo previsto no artigo 288, parágrafo único, 
do Código Penal; sem dúvida que o quadro acima desenhado, seja pelo 
plano bem orquestrado, seja pela prática de outros delitos semelhantes, 
desvela uma união estável, que não se confunda com o simples 
concurso de pessoas;
b) sequestraram a vítima Eder com o fim de 
obter o resgate, em agir penalmente qualificado como o tipo previsto no 
artigo 159, parágrafo 1º do Código Penal;
c) subtraíram, mediante grave ameaça exercida 
com o emprego de arma de fogo, carteira contendo R$ 300,00, 
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documentos pessoais, cartões bancários e um aparelho celular 
pertencentes à vítima Eder, em cenário subsumível ao suporte fático do 
artigo 157, parágrafo 2º, incisos I e II do Código Penal; e
d) constrangeram a vítima, mediante emprego 
de grave ameaça, a entregar-lhes a quantia de R$ 2.500,00, o que foi 
feito mediante depósito na conta da própria vítima, à qual os acusados 
tinham acesso por terem ficado com seus documentos e seu cartão 
bancário, em conduta qualificável como o tipo previsto no artigo 158, 
parágrafo 1º, do Código Penal.
Remarque-se, especificamente quanto à 
condenação pelo crime de associação criminosa, que a prova, neste tipo 
de delito, normalmente é indiciária. E, tendo o Código de Processo 
Penal esposado o princípio do livre convencimento do juiz, afigura-se 
viável a edição de um provimento condenatório com esteio na prova 
indiciária, quando os indícios são convergentes formando um conjunto 
harmônico e não são contrastados por contra indícios ou prova direta, 
conforme orientação doutrinária (JULIO FABBRINI MIRABETE, 
Código de Processo Penal Interpretado, Altas, 11ª edição, pág. 617; 
GUILHERME DE SOUZA NUCCI, Código de Processo Penal 
Comentado, RT, 4ª edição, pág. 481; BENTO DE FARIA, Código de 
Processo Penal, vol. 1, Record Editora, 1960, pág. 350) e 
jurisprudencial (TACRIM-SP, RT 758/583, RT 744/602, entre outros, 
“apud” Alberto Silva Franco e outros, Código de Processo Penal e Sua 
Interpretação Jurisprudencial, RT, vol. 2, 2ª edição, págs. 2086/2.093). 
Bem decretada, pois, a condenação. 
6. Não configurado um cenário de conflito 
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aparente de normas a ensejar a aplicação do princípio da consunção.
Isto porque, conforme explicitado acima e 
reforçado a seguir, os crimes de roubo, extorsão e extorsão mediante 
sequestro pelos quais condenados os apelantes referem-se a 
circunstâncias fáticas distintas:
a) extorsão mediante sequestro: sequestro da 
vítima com a finalidade de obter a vantagem de R$ 7.000,00 a título de 
resgate;
b) roubo: subtração de carteira contendo R$ 
300,00, documentos pessoais, cartões bancários e um aparelho celular;
c) extorsão: ameaça à vítima para que 
depositasse a quantia de R$ 2.500,00 após a sua libertação.
Tratam-se, assim, de desígnios autônomos, 
razão pela qual inviável o reconhecimento da consunção na espécie.
7. Não há espaço para o reconhecimento do 
crime continuado ou concurso formal.
O comportamento dos acusados qualificam-se, 
nos quadros do direito penal, como crimes de extorsão, extorsão 
mediante sequestro e roubo, levados a efeito em concurso material. 
Em um primeiro momento, ao privarem a 
liberdade da vítima, com o escopo de obter vantagem mediante a 
exigência de pagamento de resgate, os réus praticaram o crime de 
extorsão mediante o sequestro. Numa segunda etapa, com a subtração 
dos bens da vítima, consumou-se o roubo. E, por fim, num terceiro 
momento, constrangeu-se a vítima, mediante grave ameaça, a realizar o 
depósito da quantia de R$ 2.500,00 em favor dos apelantes.
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São condutas diversas e que configuram 
crimes distintos, os quais, embora até do mesmo gênero ambos estão 
listados entre os crimes contra o patrimônio , são de espécie diversas, 
de sorte que não cabe o reconhecimento da continuidade delitiva, mas 
sim do concurso material (STF, HC nº 74.528-8, rel. Min. Mauricio 
Correa; STJ, HC nº 240.930, rel. Min. Gurgel de Faria). 
8. Não há que se falar em “bis in idem” pela 
condenação concomitante pela prática do crime de associação criminosa 
e a incidência das majorantes relativas ao concurso de agentes nas 
condenações pelos tipos dos artigos 157, 158 e 159 do Código penal.
Isto porque, em que pese a associação 
criminosa exija, para a sua configuração, o concurso de agentes 
constituindo esta circunstância, qualificada pela finalidade delitiva, 
elemento essencial do tipo , com ele não se confunde.
O crime de formação de quadrilha ou bando 
(atual associação criminosa) guarda autonomia penal em relaçãoaos 
delitos que venham a ser perpetrados pelos membros da quadrilha, de 
sorte que os agentes devem responder pelo referido delito em concurso 
material com os crimes que vierem a ser cometidos. Essa independência 
jurídico-penal do crime de quadrilha ou bando abarca as qualificadoras 
e circunstâncias dos ilícitos penais, as quais incidem cumulativamente, 
sem que se possa falar em “bis in idem” (STF, RHC nº 83.447-7, rel. 
Min. Celso de Mello; HC nº 77.287-2, rel. Min. Sydney Sanches; HC 
nº 85183, rel. Min. Gilmar Mendes; HC nº 84.669, rel. Min. 
Joaquim Barbosa; HC nº 76.213, rel. Min. Sepúlveda Pertence; STJ 
HC nº 122.282, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima).
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9. As sanções não comportam reparos.
9.1. Primeira fase.
As penas-bases foram fixadas, para todos os 
réus, com relação aos três delitos pelos quais condenados, no mínimo 
legal.
9.2. Segunda fase.
Com relação apenas ao acusado Pedro, as 
penas, inicialmente fixadas no mínimo legal, foram corretamente 
majoradas na segunda etapa da dosimetria em 1/6, por força de sua 
reincidência (fls. 776).
9.3. Terceira fase.
9.3.1. Roubo.
Majoraram-se as penas para os três acusados 
em 3/8, tendo em vista a incidência de duas causas de aumento 
concurso de agentes e emprego de arma previstas no parágrafo 2o do 
artigo 157 do Código Penal, o que tampouco comporta alteração, tendo 
em vista que houve o concurso de quatro indivíduos e o emprego de 
arma de fogo, e não qualquer arma, tal como basta para a incidência da 
causa de aumento de pena (segundo a redação vigente à época dos 
fatos). Circunstâncias concretas que sinalizam para a acentuada 
reprovabilidade das condutas, a reclamar um maior grau de censura, que 
não se mostra excessivo.
9.3.2. Associação criminosa.
Aumentaram-se as penas da metade pelo 
caráter armado da associação, conforme o parágrafo único do artigo 288 
do Código Penal, o que também não merece reparos. Considerando que 
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foram usadas várias armas de fogo (o que incrementou o potencial de 
risco à integridade da vítima), não se mostra desmedido o incremento. 
9.3.3. Extorsão e extorsão mediante sequestro.
Não se alteraram suas penas na terceira fase da 
dosimetria, à míngua de causas de aumento ou diminuição.
Em poucas palavras, irretorquível a fixação 
das reprimendas na r. sentença.
9.4. O regime inicial das penas privativas de 
liberdade deve ser o fechado, seja mercê da quantidade das penas, seja 
em razão do elevado grau de censurabilidade das condutas. 
10. Ante o exposto, nego provimento aos 
apelos.
 LAERTE MARRONE
 Relator

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