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PROCESSOS GRUPAIS

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
FERNANDA ANJOS SANTOS
PROCESSOS GRUPAIS
Kurt Lewin
Rio de Janeiro
2018
INTRODUÇÃO
O presente trabalho possui o objetivo de abordar brevemente o tema grupo, usando como base teórica Kurt Lewin. Para que sirva como parte dos critérios avaliativos da disciplina processos grupais.
Kurt Lewin (1890-1947) foi um cientista, psicólogo e professor alemão que teve seu interesse voltado para a química, física, filosofia e posteriormente para a psicologia. Sua carreira acadêmica foi ampla, passando pelas universidades de Friburgo, Munique e Berlim.
Kurt Lewin fundou o centro de pesquisa de dinâmica de grupo e deu início a este estudo na década de 1940 no Instituto de Tecnologia de Massachussetts, o estudo objetivava compreender a origem, natureza e evolução dos grupos, assim como as influencias das pessoas em relação ao grupo e a influência que o grupo poderia causar em relação as pessoas.
Lewin, foi de grande influência na psicologia social, é citado como pai da “pesquisa-ação”, pois foi quem criou o método e foi pioneiro no estudo científico da dinâmica de grupo. 
Foi o criador da pesquisa-ação, da teoria da dinâmica de grupos, teoria de campo, entre outras. Seus estudos se orientavam por um caminho de solução de problemas sociais.
TEORIA DA DINÂMICA DE GRUPOS
Para Lewin (APUD Coltro, 2006, p. 24), a dinâmica de grupo é o "estudo das forças que agem no seio dos grupos, suas origens, consequências e condições modificadoras do comportamento do grupo". 
Lewin criou a dinâmica de grupo como campo de pesquisa, o objetivo era determinar relação causa-efeito entre os fenômenos grupais e “prever” sobre quais condições determinados comportamentos podem ocorrer. O autor entende que toda dinâmica de grupo é resultante do conjunto das interações no interior de um espaço psico-social.
A partir da teoria do funcionamento grupal, Kurt Lewin traz a ideia de que os fenômenos grupais são compreensíveis apenas ao observador que vivencia a experiência grupal, ou seja, os fenômenos grupais devem ser estudados e observados a partir de seu interior, pois não é possível fazê-los a partir de seu exterior ou de uma situação de laboratório.
Lewin estudou a autoridade e tipos de lideranças que podem surgir dentro dos grupos e diferenciou três formas básicas: autoritária (autocrática), democrática e delegativa (laissez-faire).
O líder que possui uma liderança autoritária:
· Conduz a mesma sem nenhuma participação do grupo, não permite opiniões e discordâncias sobre as decisões tomadas.
· Não tem enfoque nas relações humanas, apenas na realização das tarefas.
· O ambiente se torna hostil e descontente
· Há exigência de atenção individual
O líder que possui uma liderança democrática:
· Conduz a mesma com a participação do grupo
· Ambiente amistoso e confiante
· Atenção voltada para as relações interpessoais
· Equipe motivada e com alta produtividade
O líder que possui uma liderança delegativa:
· Entrega o poder de decisão na mão do grupo
· Apenas delega funções, não faz interferências 
· Exerce pouco “controle” e direcionamento sobre o grupo
· O grupo pode possuir pouca motivação
Criou também as etapas necessárias para a resolução de problemas em grupo. Estas etapas são: definição dos problemas, promoção das ideias, verificação das mesmas, tomada de decisão e execução.
A teoria da dinâmica de grupo estudou também outros aspectos, segundo Minicucci (1997) as forças psicológicas e sociais que atuam sobre os grupos são percebidas através da coesão; coerção; pressão social; atração; rejeição; resistência à mudança; interdependência; equilíbrio e quase-equilíbrio.
Alguns fatores são de extrema importância para a sobrevivência do grupo, são eles: a existência, a interdependência de seus membros e a contemporaneidade. Cada grupo possui características pessoais do próprio grupo e segundo Lewin, essa composição forma a “atmosfera grupal” (MINICUCCI, 1997).
PESQUISA-AÇÃO
A pesquisa-ação é um método qualitativo de resolução de problemas psicossociais e também uma investigação científica e teórica desses problemas. 
Segundo HAGUETTE (1992, p. 112), a pesquisa-ação nasceu num momento histórico importante e se voltou para a resolução de problemas sociais durante e depois da Segunda Guerra Mundial, “envolvendo desde o problema judeu, problemas práticos de fábricas e indústrias vinculados à ‘decisão de grupo’, à ‘auto-organização’”.
Segundo Franco (2005, p. 485) as pesquisas de Lewin repousavam sob um conjunto de valores, tais como:
A construção de relações democráticas; a participação dos sujeitos; o reconhecimento de direitos individuais, culturais e étnicos das minorias; a tolerância a opiniões divergentes; e ainda a consideração de que os sujeitos mudam mais facilmente quando impelidos por decisões grupais. Suas pesquisas caminhavam paralelamente a seus estudos sobre a dinâmica e o funcionamento dos grupos. 
Em Problemas de dinâmica de grupo (1970, p. 220) Kurt Lewin escreve: “a pesquisa necessária à prática social... é um tipo de pesquisa de ação social, e pesquisa que leva à ação social. Pesquisa que produza apenas livros não será o bastante”. Sendo assim, o autor deixa claro que o método por ele criado possui o intuito de ser utilizado na prática e não apenas na teoria.
Neste método o observador é incluído no grupo, segundo Lewin elaborou na teoria do funcionamento grupal, é desenvolvido em pequenos grupos, para que haja interação e interdependência entre os participantes. Essa interação acontecerá quando as relações interpessoais estiveram baseadas na autenticidade da comunicação.
TEORIA DE CAMPO
Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2001), está teoria de Kurt Lewin e é definida como “o espaço de vida considerado dinamicamente, onde se levam em conta não somente o indivíduo e o meio, mas também a totalidade dos fatos coexistentes e mutuamente interdependentes”.
Essa teoria veio do pensamento da Gestalt e se constitui como uma teoria fenomenológica. Segundo ela, todo fenômeno psicológico ocorre em um determinado campo, o campo vital do indivíduo. Para Bock, Furtado e Teixeira (2001), o campo vital é o principal conceito criado pelo autor e pode ser definida por ele como “a totalidade dos fatos que determinam o comportamento do indivíduo num certo momento”.
Segundo Lewin, o comportamento humano provém de dois fatores fundamentais: o comportamento é gerado da soma total dos fatos ocorridos e coexistentes; esses fatos possuem um campo dinâmico de formas, os eventos possuem uma inter-relação com os demais, influenciando e sendo influenciado por eles. Ou seja, a “mudança no estado de qualquer subparte modifica o estado do grupo como um todo” (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA 2001).
Sendo assim, para Lewin os comportamentos são decorrentes das interações e das influencias que o sujeito estabelece com o meio.
CAMPO SOCIAL
A partir da teoria de campo, Lewin criou a teoria de campo social, este é formado pelo grupo e pelo seu ambiente. O grupo neste conceito possui uma característica que o autor chamou de “clima social”, onde a partir do estilo de liderança (autoritária, democrática ou laissez-faire) ira determinar o desempenho que o grupo apresenta (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA 2001).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O amplo estudo de Kurt Lewin se fez de grande importância, levando em consideração que vivemos em sociedade, em grupos essa interação grupal se faz necessária para a sobrevivência humana, assim como para seu desenvolvimento. 
Após Lewin se voltar para esta área, diversos outros autores posteriormente utilizaram e ainda utilizam seus estudos como base para o assunto.
REFERENCIAS
1. BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2001.
2. COLTRO, Alex. Apostila 04: as relações humanas: o mundo social organizado. Piracicaba, SP: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de Economia, Administração e Sociologia, 2006.
3. FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogiada pesquisa-ação. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo: 2005. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a11v31n3.pdf>. Acesso em: 02 de junho de 2018.
4. HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologia da pesquisa qualitativa na
sociologia. 3. ed. Petropolis: Vozes, 1992.
5. LEWIN, Kurt. Pesquisa de ação e problemas de minoria In: _______. Problemas de dinamica de grupo. São Paulo: Cultrix, 1970, p. 215-230.
6. MINICUCCI, Agostinho. Dinâmica de grupo: teorias e sistemas. São Paulo: Atlas, 1997.
7. MOLINA, Reinaldo. A pesquisa-ação/investigação-ação no Brasil: mapeamento da produção (1966-2002) e os indicadores internos da pesquisa-ação colaborativa. São Paulo: FEUSP, 2007, 177 p.
8. NARESSI, Claudia. Kurt Lewin. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABK9EAB/kurt-lewin>. Acesso em: 03 de junho de 2018.
9. PORTAL EDUCAÇÃO. Dinâmica de Grupo. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/dinamica-de-grupo/9921>. Acesso em: 02 de junho de 2018.

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