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REUMATO – MED 7 – JULIANA BRANCO DOENÇAS POR CRISTAIS 1. Cristais de urato monossódico (gota). 2. Cristais de pirofosfato de cálcio (pseudogota). 3. Cristais de fosfato de cálcio básico (hidroxiapatita). 4. Cristais de oxalato de cálcio. A liberação de cristais no líquido sinovial pode produzir, graus variáveis de reação inflamatória (sinovite). A inflamação é provocada pela interação entre os cristais e neutrófilos, que imediatamente liberam uma série de mediadores inflamatórios. O diagnóstico das artropatias por cristais, depende da aspiração do líquido sinovial das articulações acometidas e identificação dos cristais no microscópio, (além, é claro, da exclusão de artrite séptica). I - GOTA • Aumento dos níveis séricos de ácido úrico (hiperuricemia). • Crises repetidas de uma artrite aguda típica. • Presença de cristais de urato monossódico nos leucócitos do líquido sinovial das articulações acometidas. • Depósitos confluentes de urato monossódico (os tofos) nas articulações e tecidos periarticulares, podendo causar sérias deformidades e incapacidade física. • Nefropatia intersticial e vascular. • Nefrolitíase por cálculos de ácido úrico. Um paciente com gota pode tanto apresentar todas essas manifestações ao mesmo tempo, como apenas uma isoladamente. O ácido úrico está, em indivíduos normais, solubilizado no soro, sob a forma de urato solúvel. Quando os níveis séricos desse sal aumentam muito, o limite de solubilidade pode ser atingido, ocorrendo precipitação. Diz-se que há hiperuricemia quando esses níveis ultrapassam 7 mg/dl. ATENÇÃO: Não confundir o achado laboratorial de hiperuricemia com a doença gota. Praticamente todos os indivíduos com gota tem hiperuricemia em algum momento; por outro lado, apenas uma minoria dos que têm hiperuricemia desenvolve gota – o restante possui hiperuricemia assintomática... Estima-se que cerca de 5% da população adulta apresente hiperuricemia em pelo menos uma ocasião ao longo da vida (muitas vezes relacionada a um excesso na dieta ou uso de medicações hiperuricemiantes)! EPIDEMIOLOGIA • Homens adultos, entre 40-50 anos, sendo rara na faixa etária inferior a 30 anos. • Nas mulheres, após a menopausa (depois dos 50 anos). Isso porque os estrogênios possuem efeito uricosúrico (ao inibirem a reabsorção tubular renal de urato), e por isso mulheres na maioria possuem níveis séricos de ácido úrico inferiores, em média, aos dos homens. • A maioria das pacientes que desenvolve gota é idosa, e está em uso de diuréticos (tiazídicos) para tratamento da hipertensão arterial. FATORES DE RISCO: • Maior longevidade da população, síndrome metabólica, obesidade, insuficiência renal crônica e tratamento da HAS com diuréticos tiazídicos (a droga hiperuricemiante mais importante da prática), dieta rica em carnes, frutos do mar e cerveja; genética. Por outro lado, um importante fator de proteção é o consumo elevado de laticínios com baixos teores de gordura. ORIGEM DA HIPERURICEMIA Tanto de um excesso na produção quanto de uma falha na eliminação do ácido úrico, bem como de uma combinação de ambos os mecanismos. Devemos ressaltar que a maioria dos pacientes apresenta falha na eliminação renal de ácido úrico!!! • Produção do ácido úrico: o ácido úrico não é um componente normal dos alimentos e costuma ser produzido no organismo a partir das purinas, bases nitrogenadas liberadas pelo catabolismo dos nucleotídeos (elementos que compõem o ácido nucleico). • Eliminação do ácido úrico: cerca de 2/3 do ácido úrico produzido são eliminados pelos rins; e o 1/3 restante, pelo tubo digestivo. O que acontece na Hiperuricemia Primária? • Cerca de 90% dos casos são decorrentes de um problema na eliminação renal do ácido úrico. Ainda não se sabe que passo do processo de manipulação tubular seria afetado. Quais são as causas de Hiperuricemia Secundária? • Neutralizar nos pacientes com aumento dos níveis séricos de ácido úrico. Os principais são: álcool – aumenta produção, diminui eliminação e possui purina na composição, obesidade – diminuição da excreção, diuréticos tiazídicos – aumenta a reabsorção tubular, hipertrigliceridemia e síndrome REUMATO – MED 7 – JULIANA BRANCO metabólica (resistência à insulina) – maior reabsorção. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA 1- HIPERURICEMIA ASSINTOMÁTICA 2- ARTRITE GOTOSA AGUDA 3- GOTA INTERCRÍTICA 4- GOTA TOFOSA CRÔNICA Obs.: A nefrolitíase pode se manifestar no decorrer de quaisquer dessas etapas, à exceção da primeira. 1- Hiperuricemia Assintomática • Aumento dos níveis séricos de ácido úrico, sem que existam sintomas de artrite, tofos ou cálculos – ou seja, sem consequencias. • A hiperuricemia assintomática geralmente permanece toda a vida sem acarretar problemas, entretanto, o risco de artrite gotosa e nefrolitíase aumenta em função do grau e duração da hiperuricemia. • O estágio de hiperuricemia termina quando tem início a primeira crise de artrite ou nefrolitíase. 2- Artrite Gotosa Aguda • A principal manifestação da crise aguda de gota é a artrite extremamente dolorosa, de início súbito, com instalação explosiva sem prodrômios. • Em 80% dos pacientes temos uma monoartrite NÃO acompanhada de manifestações sistêmicas. Posteriormente, após repetidos episódios, o padrão se torna oligo ou mesmo poliarticular, e sobrevém febre (algumas vezes, alta) • Leucocitose com desvio à esquerda pode ser vista nesta última situação, o que muitas vezes faz confusão com um quadro séptico. ( + comum em pacientes idosos, e nos indivíduos com transplante renal em uso de ciclosporina) • As crises perduram por tempo variado, mas sempre limitado resolvendo 3-10dias, seguidas por intervalos assintomáticos: o período intercrítico. • A primeira crise de artrite se localiza na primeira articulação metatarsofalangeana – podraga. • As manifestações de artrite gotosa quase sempre se localizam nos membros inferiores – as crises costumam ser tanto mais típicas quanto mais distal for a sua localização. • Depois do grande artelho, os principais locais acometidos (em ordem decrescente) são: metatarsos, tornozelos, calcanhares, joelhos, punhos, dedos e cotovelos. O acometimento de articulações como ombro, quadril, coluna, sacroilíaca, esternoclavicular e mandíbula geralmente indica gravidade e cronicidade. FATORES PREDISPONENTES: • traumatismos, consumo de álcool (especialmente cerveja) ou qualquer droga que altere abruptamente os níveis séricos de ácido úrico; pós- operatório e diversas doenças clínicas agudas (ex.: IAM e AVC). 3- Período Intercrítico • Após uma crise, inicia-se um período em que o paciente fica completa- mente assintomático, denominado período intercrítico. • O período intercrítico é fundamental na caracterização do quadro de gota, permitindo a exclusão de alguns diagnósticos diferenciais importantes. • As crises posteriores são mais graves, tendem a assumir um caráter poliarticular e, mais comumente, vêm acompanhadas de febre alta. 4- Gota Tofosa Crônica • Quando ocorre hiperuricemia não tratada por longo prazo, pode haver formação e depósito de cristais de urato monossódico (tofos) nas cartilagens, articulações, tendões e partes moles. • A sede clássica (mas não a mais frequente) dos tofos é a hélice do pavilhão auricular externo . • Muitas vezes os tofos se ulceram, eliminando uma substância de aspecto calcário ou pastoso, rica em cristais de urato monossódico. A identificação do REUMATO – MED 7 – JULIANA BRANCO sal monossódico na análise da secreção classifica o nódulo como tofo gotoso. • Nos pacientes que apresentam grande número de tofos, as manifestações articulares parecem ser mais benignas e menos frequentes. • Eventualmente, os tofos se desenvolvem em órgãos; o principal exemplo é o interstício renal (esse é omecanismo da nefropatia crônica por urato). • Os tofos, assim como as manifestações articulares, tendem a regredir completamente com o tratamento adequado contra a hiperuricemia. 5- Nefrolitíase por Ácido Úrico • Cerca de 20% dos pacientes com gota apresentam nefrolitíase pela precipitação de cálculos de ácido úrico (e não de urato monossódico) na urina. • Quando a urina é acidificada nos túbulos coletores, a forma ionizada (urato) é convertida na forma não ionizada (ácido úrico). • Os principais fatores que contribuem para a formação de cálculos renais na gota são: o pH urinário ácido (< 5,5); o Aumento da eliminação urinária de ácido úrico (> 800 mg/dia para o homem e > 750 mg/dia para a mulher). 6- Nefropatia Gotosa por Urato Os cristais de urato monossódico podem causar nefropatia pela deposição no parênquima renal sob a forma de tofos, provocando distorção, destruição e fibrose. O resultado é a insuficiência renal crônica de lenta progressão. Provavelmente, trata-se de uma causa rara de nefropatia crônica, e, na verdade, a maioria dos pacientes com gota tem história de hipertensão e síndrome metabólica, já possuindo risco de nefropatia hipertensiva e/ ou diabética. DIAGNOSTICO • Suspeitar de gota aguda em todo paciente que desenvolva monoartrite de instalação súbita, sobretudo se localizada em uma das articulações distais de um membro inferior. • Ou um paciente hiperuricêmico desenvolve Artropatia. SOLICITO: 1 – Pesquisa de cristais de urato monossódico em exame com microscópico óptico sob luz polarizada. (ARTROCENTESE) 2 – Gram e cultura do material (para afastar possibilidade de artrite piogênica). 3 – RX da articulação acometida. Realizar artrocentese → para DG → encontrando: cristais de urato monossódico no interior dos leucócitos do líquido sinovial da articulação afetada. Obs.: -Caso não sejam encontrados tais cristais em exame minucioso, não se pode excluir gota – menos de 5% dos casos de artrite gotosa se enquadram neste grupo. -Mesmo que os cristais sejam encontrados na articulação acometida, isso não exclui a possibilidade de outra artropatia associada. • A punção do líquido articular não precisa ser repetida a cada crise, a não ser que se suspeite de outra patologia envolvida. E SE EU NÃO CONSEGUIR FAZER A ARTROCENTESE: • Diagnóstico de gota pode ser considerado altamente provável caso o paciente apresente: 1 – Hiperuricemia. 2 – Quadro clínico característico (conforme descrito acima). 3 – Resposta significativa à administração de colchicina. • Os antecedentes de episódios de artrite monoarticular aguda de duração autolimitada, a presença de tofos, as alterações típicas no RX e a comprovação da hiperuricemia falam bastante: a favor de gota crônica. No caso de hiperuricemico assintomático: A pesquisa de ácido úrico na urina é talvez o exame de maior valor para avaliação do paciente. • Uma das poucas indicações para o tratamento dessa condição é a presença de ácido úrico urinário em quantidades superiores a 1.100 mg/dia. ACHADOS RADIOLOGICOS: • Crise aguda (monoartrite) → nas aumento do tecido mole REUMATO – MED 7 – JULIANA BRANCO • Gota Tofosa Crônica → alterações são consequentes à presença dos tofos articulares ou justarticulares. Ao infiltrarem a cartilagem articular e o osso subcondral, produzem erosões com margens escleróticas, do tipo em “saca-bocado” (“mordida”) e proeminências ósseas (sinal de Martel). Todo paciente portador de hiperuricemia deve ser exaustivamente investigado, na tentativa de se definir os seguintes pontos: 1 – Existe alguma doença de base responsável pela hiperuricemia (hiperuricemia secundária)? 2 – Existe comprometimento de tecidos e órgãos? Qual é a sua extensão? • Em pacientes hiperuricêmicos assintomáticos, que possuem antecedentes de nefrolitíase, devem ser solicitadas radiografias simples de abdome e ultrassonografia abdominal. • Se um paciente hiperuricêmico relata exposição ao chumbo, indica-se a dosagem desse metal na urina após a infusão de EDTA (Ácido Etilenodiaminotetracético), com o objetivo de comprovar a presença de gota secundária ao Saturnismo. TRATAMENTO: Medidas não farmacológicas: repouso articular e aplicação de compressas geladas. A) TRATAMENTO DA CRISE GOTOSA AGUDA 1- AINEs (primeira linha) – indometacina, ibuprofeno. 2- Colchicina (segunda linha) – contraindicação do AINES. • Colchicina 0,5-1 mg VO 3-4 vezes ao dia. Caso o paciente desenvolva diarreia ou vômitos, mesmo com essas doses, o tratamento deve ser interrompido. • Colchicina venosa: 1 a 2 mg IV, podendo ser repetida após seis horas, JAMAIS ultrapassando 4 mg/dia. 3- Corticoides intra-articulares (terceira linha) - devem ser escolhidos quando há contraindicação aos AINEs e à colchicina (ex.: insuficiência renal ou hepática) 4- ACTH intramuscular (principalmente gota poliarticular). 5- Corticoide sistêmico. • O Ácido Acetilsalicílico (AAS) está contraindicado (em qualquer dose), por variar abruptamente os níveis de urato sérico e articular, podendo, paradoxalmente, exacerbar a crise. • O tratamento da hiperuricemia só deve ser instituído após o controle adequado da artrite aguda e após a introdução de doses profiláticas de colchicina PROFILAXIA DAS CRISES: Os principais esquemas capazes de reduzir o perigo de recaída, após resolução de uma crise aguda são: 1- Administração profilática diária de 1 mg de colchicina – podendo ser feita: 0,5mg de 12/12horas. Quando o paciente for nefropata crônico, devemos ajustar a posologia da colchicina, pois mesmo na dose profilática (0,5 mg 12/12h) existe risco de efeitos colaterais importantes – principalmente rabdomiólise e mielossupressão. • O seguinte esquema é recomendado: REUMATO – MED 7 – JULIANA BRANCO • Creatinina = 2,0 mg/dl: 0,5 mg (1 comprimido) a cada dois dias. • Creatinina = 3,0 mg/dl: 0,5 mg (1 comprimido) a cada três dias. 2- Regime de emagrecimento, sob supervisão médica, no caso de pacientes obesos. 3- Eliminação de possíveis fatores predisponentes. 4- Instituição do tratamento contra a hiperuricemia. Obs: Os pacientes recebendo doses diárias de colchicina, mesmo livres das crises, ainda estão sujeitos às outras manifestações da doença, a menos que tenham seus níveis séricos de ácido úrico mantidos dentro de limites normais. PREVENÇÃO DA COMPLICAÇÃO DA GOTA CRONICA – redução da uricemia. Tentando manter os níveis de ácido úrico abaixo de 7 mg/dl. ➢ O paciente não pode estar em crise aguda, e que tenha iniciado um tratamento profilático com colchicina (0,5 mg VO 12/12h), o qual deve ser mantido por pelo menos seis meses após o controle dos níveis séricos de ácido úrico ou até que todos os tofos tenham desaparecido... 1 – Redução na sua síntese (Alopurinol) • A dose inicial é de 100 mg/dia em uma ou duas tomadas, devendo ser aumentada até atingir níveis de ácido úrico ≤ 7 mg/dl ou a dose máxima de 1000 mg/d (a dose média de manutenção é de 300 mg uma vez ao dia). Existem indicações específicas para a preferência do alopurinol em relação aos uricosúricos: • Eliminação urinária de ácido úrico acima de 800 mg/dia (ou 600 mg, naqueles pacientes que estiverem fazendo dieta pobre em purinas). • Comprometimento da capacidade funcional dos rins. • Presença de calculose renal por ácido úrico. • Intolerância ou ineficácia dos uricosúricos. 2 – Estímulo a sua excreção renal (Uricosúricos) • Só podem ser usados em pacientes com hiperuricemia comprovadamente provocada pela redução da excreção renal de urato (90% dos casos). • Os agentes uricosúricos são a probenecida, a sulfimpirazona e a benzbromarona. • Devem ser administrados em doses baixas no início do tratamento, aumentando-as gradativamente e sempre com aumento da ingestão hídrica (pelomenos 1,5 L de água/dia). Nos raros casos em que nem os uricosúricos nem o alopurinol conseguem reduzir a hiperuricemia, pode-se tentar administrá-los em conjunto. II - ARTROPATIA POR PIROFOSFATO DE CÁLCIO (PSEUDOGOTA, CONDROCALCINOSE ETC.) • Ocorre mais em mulheres (3:1) e indivíduos de mais idade (> 60 anos), e se caracteriza clinicamente pelo desenvolvimento de artropatia inflamatória aguda (pseudogota) ou crônica (condrocalcinose). • A deposição de cálcio nos meniscos e na cartilagem articular adquire padrão linear ou pontilhado, sendo denominado condrocalcinose. • Os cristais de pirofosfato de cálcio se formam quando o produto de solubilidade ultrapassa o limite da supersaturação, quase sempre pelo aumento da concentração de pirofosfato na cartilagem articular. • A súbita liberação desses cristais da cartilagem para o espaço sinovial explica as crises de artrite aguda da pseudogota. A fagocitose por neutrófilos (e sua consequente ativação, com liberação de maciça de citocinas) ocorre tal como na gota. • A artropatia por pirofosfato de cálcio pode ser idiopática (mais comum) ou secundária. • As causas documentadas mais importantes são: trauma articular, osteoartrose e hemocromatose. Outras causas registradas são: hipomagnesemia, hiperparatireoidismo, hipotireoidismo, hipofosfatasia, ocronose, gota e uremia. REUMATO – MED 7 – JULIANA BRANCO QUADRO CLÍNICO Praticamente todas as articulações podem ser afetadas, mas os joelhos, punhos e a 2a e 3a articulações metacarpofalangeanas são acometidas mais comumente. 1- FORMA AGUDA: PSEUDOGOTA • Ocorre em 25% dos pacientes. O início é súbito, atingindo seu pico geralmente em 24 horas, e se caracterizando pelo desenvolvimento de sinais francos de inflamação nas articulações envolvidas. • De modo geral, a crise aguda compromete apenas uma articulação, mas em alguns pacientes pode evoluir rapidamente para um processo poliarticular que dura por 1- 2semanas. • O joelho é o local mais frequentemente acometido, embora as outras articulações principais (punho, tornozelo, cotovelo, quadril, coluna etc.) também possam estar envolvidas. • A pseudogota também pode se relacionar a fatores precipitantes (como traumatismos, pós- -operatório e doenças clínicas agudas), lembrando bastante a crise gotosa aguda. • Em geral, os episódios de artrite são intermitentes, sendo a mesma articulação afetada em crises subsequentes. Febre e leucocitose podem estar presentes. • A artrocentese revela um líquido hemorrágico e inflamatório (semelhante ao da gota). maioria dos pacientes com pseudogota apresenta evidências radiológicas de condrocalcinose. 2- FORMA SUBAGUDA: DOENÇA PSEUDORREUMATOIDE • Caracterizada pelo comprometimento poliarticular (incluindo as mãos e os punhos), com crises subagudas que duram várias semanas ou até meses. • Os pacientes se queixam de rigidez matinal e de fadiga, podendo eventualmente ocorrer limitação dos movimentos e deformidades articulares em flexão. 3- FORMA CRÔNICA: PSEUDO-OSTEOARTRITE • Cerca de 50% dos pacientes com doença por depósito de cristais de pirofosfato de cálcio apresentam uma forma crônica de apresentação. • Esse grupo é composto principalmente por mulheres de meia-idade e idosas. • As alterações articulares degenerativas são lentamente progressivas e tendem a acometer várias articulações (joelho sempre o principal). Metade dos pacientes desse grupo sofre crises agudas intermitentes. • Essa forma de artropatia por pirofosfato de cálcio pode ser clinicamente diferenciada da osteoartrite por acometer algumas articulações que a osteoartrite costuma poupar (punhos, metacarpofalangeanas, cotovelos e ombros), e pela rápida destruição articular. 4- DEPOSIÇÃO DE CÁLCIO EM TENDÕES E LIGAMENTOS • Essa forma pode se manifestar clinicamente com síndrome do túnel do carpo ou com deposição em discos vertebrais e ligamentos paraespinhais, gerando rigidez e simulando espondilite anquilosante. • Pode haver acometimento do ligamento flavo, causando estenose do canal medular. Os depósitos podem ser vistos com um aspecto linear na radiografia. DIAGNOSTICO • O diagnóstico deve ser feito pelo achado dos cristais típicos de Diidrato de Pirofosfato de Cálcio (DDPC), NA ARTROCENTESE + evidências radiológicas de condrocalcinose. Os principais diagnósticos diferenciais da DPPC: são a gota, a artrite séptica, a artrite reumatoide e a osteoartrite. REUMATO – MED 7 – JULIANA BRANCO • Sempre pedir exames de gram e cultura → artrite séptica • Diferenciar a gota e a pseudogota: - Critério definitivo: presença dos cristais + condrocalcinose (ou o achado de calcificação em tendões ou ligamentos). - Critério presuntivo: quadro clínico característico + condrocalcinose ou presença dos cristais fracamente birrefringentes positivos sem condrocalcinose. • Realizado o diagnóstico, devem ser afastadas hemocromatose e hiperparatireoidismo, já que essas duas doenças podem abrir o quadro com artropatia por pirofosfato de cálcio. TRATAMENTO • Deve ser feito com AINEs + aspiração articular (primeira escolha) ou colchicina (segunda escolha), ou ainda, corticoide intra-articular (terceira escolha). • A indometacina, 75-150 mg diários, costuma ser eficaz, devendo ser prescrita por uma a duas semanas. • A terapia crônica profilática com colchicina VO, na dose de 0,5-1,5 mg/dia, pode reduzir acentuadamente a frequência das crises agudas. • Ao contrário da gota, não há nenhuma forma eficaz de remover os depósitos de pirofosfato de cálcio da sinóvia ou cartilagem... III - ARTROPATIA POR HIDROXIAPATITA • Os cristais de fosfato básico de cálcio (hidroxiapatita ou apatita) são provenientes dos ossos e podem eventualmente ganhar o espaço sinovial (provocam periartrite, bursite ou sinovite) ou ainda se depositarem em tendões (tendinite). • O principal local de deposição dos cristais de apatita é o tendão do músculo supraespinhoso, A calcificação deste tendão aparece na radiografia do ombro.
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