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AMANDA SOUZA CORREA → Inflamação: é uma resposta do organismo a uma agressão, como cortes e batidas. A inflamação pode vir também do sistema imunológico. Nesse caso, são as células de defesa que agridem o corpo. No processo inflamatório, ocorre dilatação dos vasos, aumento do fluxo sanguíneo e de outros fluidos corporais para o local lesionado. Sintomas: vermelhidão; inchaço; dor e aquecimento da área. → Infecção: é causada por agentes externos. O organismo reage a entrada de micro- organismos como vírus e bactérias, parasitas ou fungos. Nesse processo, as células de defesa tentam combater os micro-organismos, o que normalmente dá origem ao aparecimento de pus. Sintomas: Febre; Dor no local infectado; Aparecimento de pus; Dores musculares; Diarreias; Fadiga e Tosse. SINAIS E SINTOMAS → Adultos: os sintomas clínicos característicos de cistite são a disúria, polaciúria ou aumento da frequência urinária, urgência miccional, dor em baixo ventre, arrepios de frio ou calafrios, com presença ou não de dor lombar. Podem fazer parte do quadro clínico mal-estar geral e indisposição. Existe superposição entre os sintomas clínicos de ITU “baixa” vs “alta” (cistite vs pielonefrite). No entanto, a febre e a dor lombar são muito mais comuns na pielonefrite, que se acompanha também de toxemia e queda do estado geral mais importante. → Idoso: é comum dor abdominal ou distúrbio de comportamento na ITU. → Crianças: o principal sintoma pode ser dor abdominal. Na faixa pré-escolar os sintomas podem ser febre, enurese, disúria ou polaciúria → Recém-nascidos: o diagnóstico clínico de ITU se torna suspeito quando na presença de icterícia fisiológica prolongada associada ou não à perda de peso (30% dos casos), hipertermia, presença de complicações neurológicas (30%), diarreia, vômitos ou cianose. Em lactentes, o déficit pôndero-estatural, diarreia ou constipação, vômitos, anorexia ou febre de etiologia obscura, podem levar à suspeita de ITU. CLASSIFICAÇÃO → A classificação das I.T.Us está diretamente relacionada com o local em que a infecção ocorre e/ou é mais significativa. → De forma geral, a bactéria Escherichia coli, presente no intestino e importante para a digestão, pode causar diferente tipos de ITU, dependendo do local em que a bactéria se instala e infecta. → ITU COMPLICADA: Infecção do trato urinário com repercussão sistêmica, que está associada a algumas condições pré existentes do indivíduo que podem resultam em maior dificuldade no tratamento. (anormalidades urológicas, imunossupressão, insuficiência renal crônica, transplante renal). Com a presença de febre, calafrios e fadiga. → ITU ASSOCIADA A CATETER: ocorre em pessoas com o uso de cateterismo do trato urinário ou que tenha feito uso de cateter nas últimas 48h. → ITU RECORRENTE: Aquela que ocorre pelo menos 3 vezes ao ano ou quando ocorre 2 episódios nos últimos 6 meses → Cistite: infecção do trato inferior, afeta a bexiga; → Uretrite: infecção do trato inferior, afeta a uretra; o Pode ser classificada em: uretrites gonocócicas e não gonocócicas. o As gonocócicas decorrem da bactéria Nesseria gonorrheaee as não gonocócicas são causadas por diferentes tipos de germes. Há relatos de casos mais raros como as uretrites traumáticas (sondas, corpo estranho), as uretrites por vírus, uretrites associadas à neoplasia ou ao condiloma intra-uretral e uretrite psicogênica. o Uretrite também pode ser provocado por alguns vírus, especialmente em decorrência de alguma doença sexualmente transmissível (DST). → Pielonefrite: infecção do trato superior, afeta a pelve renal; pode acarretar disúria e polaciúria, dor no flanco e ângulo costovertebral; (não tratado pode causar rapidamente uma sepse e consequentemente morte. o Pode ser causada por bactérias originadas da bexiga, que alcançam a pelve renal por via ascendente, ou pela via hematógena. o Quando há alguma outra infecção no organismo, a bactéria pode viajar pela corrente sanguínea e acabar se alojando nos rins. o SINAIS: podem surgir de forma repentina (aguda) ou progressivamente (crônica), sendo que o paciente apresentador intermitente (cólica renal); dor no rim afetado devido ao aumento deste órgão; disúria (dificuldade para urinar); dificuldade ou sensação de urgência para urinar; urina fétida e concentrada; hematúria; sensação de mal-estar com arrepios; náuseas e vômito; febre alta. CAUSAS As infecções do trato urinário geralmente ocorrem quando as bactérias entram no trato urinário através da uretra e começam a se multiplicar na bexiga. Principais causas que desencadeiam a ITU: → Gênero: infecções urinárias são mais comuns em pessoas cuja uretra é menor, como no caso do sistema reprodutor feminino, ou seja, o caminho que a bactéria precisa percorrer para chegar até a bexiga é menor. Até os 6 meses de idade, é mais recorrente em meninos, por conta de uma má formação. → Vida sexualmente ativa: facilita a infecção urinária, especialmente as vaginais. → Contraceptivos: o uso de alguns tipos de contraceptivos, como espermicidas, também pode ser considerado um fator de risco. → Menopausa: após a menopausa, as infecções urinárias podem acontecer com mais frequência do que antes, uma vez que a baixa quantidade de estrogênio causa mudanças no trato urinário de modo a deixá-lo mais vulnerável à ação de bactérias. → Bloqueio: apresentar algum tipo de bloqueio no trato urinário, como pedra nos rins e aumento da próstata, também é um fator de risco. → Baixa imunidade: ter o sistema imunológico suprimido impede que as defesas do corpo atuem propriamente, facilitando a entrada de bactérias que causam infecções. → Cateter: o uso de cateter para urinar também aumenta os riscos de infecção. → Gravidez, uso de fraldas (crianças ou adultos) PRINCIPAIS AGENTES PATOLÓGICOS → Gram-negativos entéricos especialmente a E. coli (mais prevalente em mulheres), que é o mais frequente independente da série estudada, seguido dos demais gram-negativos como Klebsiella, Enterobacter, Acinetobacter, Proteus (mais prevalente em homens), Pseudomonas; → Nas ITU complicadas, a incidência de Pseudomonas é maior e de gram-positivos resistentes como Enterococcus também; → A frequência dos germes causadores de ITU varia na dependência de onde foi adquirida a infecção, intra ou extra-hospitalar e difere em cada ambiente hospitalar considerado. EXAMES Parcial de Urina (EAS ou Urina tipo I) o Exame físico: é analisado ODOR (que pode ser alterado pela má conservação ou demora para entrega da coleta); COR; ASPECTO e DENSIDADE (alteração de pH pode mudar a densidade). o Exame químico: pH – alcalino significa má conservação/manipulação ou vômitos antes da coleta, ou relacionada com outras alterações significativas presença de algumas bactérias específicas; ácido pode sugerir alguma patologia (diabetes, uso de diuréticos, acidose no sangue ou doença dos túbulos renais). Proteínas – proteinúria indica eliminação excessiva de proteínas na urina (albumina), pode aparecer após esforço intenso ou quadros febris; em adultos pode indicar patologias com lesão renal (Glomerulose; Nefropatia membranosa; Nefropatia diabética). Corpos cetônicos – são produzidos pelo metabolismo dos ácidos graxos e carboidratos no fígado, pode aparecer alterações no exame por patologias (diabetes; hipertiroidismo; glicosúria renal; doenças de armazenamento do glicogênio), mas em pacientes hígidos (saudável) não necessariamente tem significado clínico (jejum prolongado; dietas hiperlipídicas; gestação; uso de ácidos como AAS ou ascórbico; alcoolismo, etc). Bilirrubina – problemas hepáticos. Hemoglobina, Nitrito e Leucócitos – A presença dos 3 indica possível infecção urinária. O nitrito aparece pois bactérias (normalmente gram- negativas) metabolizam o nitrato (presente normalmente na urina) e transformam em nitrito,é uma indicação INDIRETA de infecção. o Análise de sedimentos (microscópico): Contagem de Leucócitos, Hemácias, Células do epitélio (em mulher quando presente indica contaminação da amostra), Flora Bacteriana, Cilindros (presença indica lesão renal – ITU superior, quando não presente e relacionada a outras alterações é cistite), Cristais (presença de fosfato amoníaco por exemplo, indica má conservação/manipulação, pois aparecem na amostra após 6h da coleta), Filamento de Muco (tb pode indicar contaminação ou infecção). UROCULTURA o Caso a urina contenha germes, em 48 horas será possível identificar a formação de colônias de bactérias, podendo, deste modo, identificarmos qual tipo de bactéria está presente; o Deve ser coletado o jato médio, pois assim não será contaminada a amostra com bactérias da uretra (pois o primeiro jato apenas limpa a uretra), e sim coletada a urina diretamente da bexiga. o A urina de qualquer micção pode ser valorizada desde que obtida com um intervalo de no mínimo duas horas após a micção anterior, período que corresponde ao tempo de latência para o crescimento bacteriano, para que se evitem falsos negativos. o Em crianças procede-se a coleta em saco coletor. ANTIBIOGRAMA (TSA) o Determina o perfil de sensibilidade e resistência das bactérias aos antibióticos. o Auxilia na indicação do antibiótico correto para tratar a infecção do paciente, evitando, assim, o uso de antibióticos desnecessários e que não combatem a infecção, além do surgimento de resistência. o Normalmente o antibiograma é realizado após a identificação de microrganismos em grande quantidade no sangue, urina, fezes e tecidos. o Antibiograma por difusão em agar: neste procedimento são colocados pequenos discos de papel que contêm diferentes antibióticos em uma placa com meio de cultura apropriado para crescimento do agente infeccioso. Após 1 a 2 dias na estufa, é possível observar se ouve ou não crescimento a volta do disco. Na ausência de crescimento, diz-se que o microrganismo é sensível àquele antibiótico, sendo considerado o mais indicado para o tratamento da infecção. RESPOSTA IMUNOLÓGICA DO ORGANISMO → O organismo humano, quando está com sua imunidade baixa, fica mais susceptível a contrair doenças infecciosas pois não possui, em níveis adequados, os mecanismos de defesa. → Em muitas dessas situações existe uma reação de hipersensibilidade com resposta imune exagerada e não modulada que tem como consequência dano tecidual. → Embora isoladamente os anticorpos por si só não tenham a capacidade de destruir bactérias, anticorpos podem neutralizar os microorganismos, impedindo sua ligação com o tecido do hospedeiro. → Adicionalmente, em associação com o complemento, os anticorpos podem lisar bactérias e funcionar como opsoninas, facilitando a fagocitose. Os neutrófilos, eosinófilos e macrófagos exercem sua ação microbicida de forma mais ampla contra vários tipos de agentes e são células importantíssimas para a defesa do hospedeiro. → Os neutrófilos têm ação microbicida fundamental contra bactérias; os macrófagos são células importantes na defesa contra agentes intracelulares (protozoários e bactérias intracelulares); e os eosinófilos, não tanto pela atividade fagocítica, mas pela atividade citotóxica contra helmintos. → A resposta mediada pelas células T é extremamente efetiva no mecanismo de defesa contra agentes intracelulares, como vírus, protozoários, fungos e bactérias intracelulares. → Os rins permanentes desenvolvem-se a partir de duas fontes de origem mesodérmica (broto uretérico e blastema metanéfrico). → O sistema urogenital desenvolve-se a partir do mesênquima intermediário derivado da parede dorsal do embrião. Durante o dobramento do embrião no plano horizontal, o mesênquima intermediário é deslocado ventralmente e perde sua conexão com os somitos. → É derivado da crista urogenital e cordão nefrogênico → O sistema urinário origina-se a partir da mesoderme intermediária (tecido conjuntivo embrionário primordial que consiste de células mesenquimais), a qual localiza-se entre a mesoderme para-axial somítica e a mesoderme lateral. → A formação dos cordões nefrogênicos se dá a partir do deslocamento central da porção intermediaria da mesoderme e da separação dos somitos durante o dobramento do embrião. → As cristas urogenitais são originadas a partir do desenvolvimento dos cordões nefrogênicos de ambos os lados da linha média, na forma de relevos longitudinais na parede dorsal do celoma. → Uma elevação longitudinal do mesoderma, a crista urogenital, forma-se em cada lado da aorta dorsal. → Da mesma forma que a mesoderme somítica, em cada cordão nefrogênico ocorre um processo de segmentação, que dá origem aos nefrótomos, sobretudo em sua extremidade cefálica. → A parte da crista que dá origem ao sistema urinário é o cordão nefrogênico. → Se desenvolvem a partir do mesoderma intermediário ao longo da parede posterior da cavidade abdominal, e, inicialmente, os ductos excretórios de ambos os sistemas entram em uma cavidade comum, a cloaca. Desenvolvem-se três sistemas urinários em sequência, do segmento cranial ao caudal: - Pronefro (não funcional, degenera): se forma na região cervical. No início da quarta semana, o pronefro é representado por sete a dez sólidos grupos de células na região cervical. Eles se originam a partir de unidades excretórias vestigiais, os nefrótomos, que regridem antes que se formem outros mais caudais. Até o final da quarta semana, todos os indícios do sistema pronéfrico desapareceram. - Mesonefro (temporariamente funcional – 4ª a 8ª semana): se forma na região torácica e lombar, os ductos e túbulos dos mesonefros formam o conduto dos espermatozoides dos testículos para a uretra e nas mulheres esses ductos regridem. No início da quarta semana durante a regressão do sistema pronéfrico, aparecem os primeiros túbulos excretores do mesonefro. Eles se alongam rapidamente, formam uma alça em feitio de “S” e envolvem o tufo de capilares que formará o glomérulo em sua extremidade medial. O glomérulo surge a partir de um ramo da artéria aorta que se contorce formando-o. Ao redor do glomérulo, os túbulos formam a cápsula de Bowman, e, em conjunto, essas estruturas constituem o corpúsculo renal. Lateralmente, o túbulo desemboca no ducto coletor lateral, conhecido como ducto mesonéfrico ou wolffiano. Na metade do segundo mês, o mesonefro forma um grande órgão ovoide de cada lado da linha média. Pelo fato de a gônada em desenvolvimento se encontrar em seu lado medial, a crista formada por ambos os órgãos é conhecida como crista urogenital. Enquanto os túbulos caudais ainda estão se diferenciando, os túbulos craniais e os glomérulos apresentam alterações degenerativas; no final do segundo mês, a maioria deles desapareceu. No homem, alguns túbulos caudais e o ducto mesonéfrico persistem e participam na formação do sistema genital; nas mulheres, ao contrário, eles desaparecem. - Metanefro (rim permanente): Como os rins se desenvolvem na região pélvica e, a seguir, “ascendem” para seu local na região lombar, as posições anormais do rim, como rim pélvico e em ferradura, ocorrem. se desenvolvem desde o começo da quinta semana e dele derivam os néfrons definitivos. O rim definitivo formado a partir dos metanefros se torna funcional por volta da 12ª semana. A urina é depositada na cavidade amniótica e se mistura ao líquido amniótico que é engolido pelo feto e reciclado pelos rins. Durante a vida fetal, os rins não são responsáveis pela excreção de escórias metabólicas, uma vez que a placenta realiza essa função. Sistema coletor – O broto ureteral dá origem ao ureter, à pelve renal, aos cálices maiores e menores e a aproximadamente 1 a 3 milhões de túbulos coletores. Sistema excretório – O rim se desenvolvea partir de duas origens: (1) mesoderma metanéfrico, que fornece as unidades excretórias; e (2) o broto ureteral, que dá origem ao sistema coletor. A bexiga desenvolve-se durante a 4a e 7a semanas, enquanto a cloaca, o repositório comum para os rins primitivos e o sistema intestinal, subdivide-se no seio urogenital e, posteriormente, no canal anal por meio do septo urorretal. A porção anterior desse seio se diferencia na bexiga. A porção restante do seio diferencia-se nas porções prostática e membranosa da uretra nos homens e da uretra nas mulheres. EMBRIOLOGIA DO NÉFRON → Se desenvolve na quinta semana gestacional, a partir do mesoderma metanéfrico; → Cada túbulo coletor recém-formado é coberto em sua extremidade distal por um capuz de tecido metanéfrico. Sob a influência indutora do túbulo, as células desse capuz formam pequenas vesículas, as vesículas renais, que, por sua vez, dão origem a pequenos túbulos com formato de “S”. Capilares crescem na reentrância da extremidade proximal do “S” e se diferenciam em glomérulos. Esses túbulos, junto com seus glomérulos, formam os néfrons, ou unidades excretórias. A extremidade proximal de cada néfron forma a cápsula de Bowman, que tem um glomérulo penetrado profundamente nela. A extremidade distal forma uma conexão aberta com um dos túbulos coletores, estabelecendo uma comunicação entre a cápsula de Bowman e a unidade coletora. O alongamento contínuo do túbulo excretor resulta na formação do túbulo proximal convoluto, da alça de Henle e do túbulo convoluto distal. → O túbulo coletor, resultado do divertículo metanéfrico, é coberto, em sua extremidade distal, por um capuz de tecido metanéfrico. Sob a influência indutora do túbulo, as células do tecido do capuz formam pequenas vesículas, as vesículas renais, que por sua vez, dão origem a pequenos túbulos. Estes túbulos, juntamente com tubos capilares, denominados glomérulos, formam néfrons ou unidades excretoras. A extremidade proximal de cada néfron forma a cápsula de Bowman. O alongamento contínuo do túbulo excretor leva a formação do túbulo contorcido proximal, da alça de Henle e do túbulo contorcido distal. NÉFRON ▪ Corpúsculo renal ou de Malpighi: formado pelo Glomérulo renal e pela Cápsula de Bowman, saco epitelial invaginado que envolve o glomérulo, resultando na formação de dois folhetos, parietal e visceral. ▪ Túbulo contorcido proximal: parede composta por um epitélio cúbico simples, com células apresentando uma grande quantidade de microvilosidades. ▪ Alça de Henle: um segmento delgado, constituída por um epitélio simples pavimentoso, e um segmento espesso que apresenta o epitélio cúbico simples. ▪ Túbulo contorcido distal: epitélio cúbico simples. ▪ Tubos coletores: varia de cúbico a cilíndrico simples. FILTRAÇÃO GLOMERULAR → A filtração glomerular é determinada pelo: Balanço das forças hidrostáticas e coloidosmóticas, atuando através da membrana capilar. Coeficiente de filtração capilar (Kf), o produto da permeabilidade e da área de superfície de filtração dos capilares. A filtração glomerular corresponde a cerca de 20% do fluxo plasmático renal (FPR) e possuem elevada intensidade de filtração, maior que a maioria dos outros capilares e isso se deve à alta pressão hidrostática glomerular e ao alto Kf. No ser humano adulto médio, a FG é cerca de 125ml/dia ou 180L/dia. A fração do filtrado é: FG/FPR. → Observe que na figura 1 o FG é, em média, cerca de 20% do FPR, enquanto a velocidade de fluxo da urina é inferior a 1% do FG. Portanto, mais de 99% do líquido filtrado normalmente é reabsorvido. ASCENSÃO RENAL → Inicialmente, os rins permanentes primordiais situam-se próximos um do outro na pelve, ventrais ao sacro. → À medida que o abdome e a pelve crescem, os rins gradualmente se posicionam no abdome e se afastam. Os rins atingem sua posição adulta durante o começo do período fetal. → Essa “ascensão” resulta principalmente do crescimento do corpo do embrião caudal aos rins. De fato, a parte caudal do embrião cresce afastando-se dos rins, de modo que eles, progressivamente, ocupam sua posição normal em cada lado da coluna vertebral. → Inicialmente, o hilo de cada rim (depressão do bordo medial), onde os vasos sanguíneos, ureter e nervos entram e saem, situa-se ventralmente, contudo, à medida que os rins mudam de posição, o hilo rota medialmente quase 90°. → Pela nona semana, os hilos estão direcionados anteromedialmente. Finalmente, os rins se tornam estruturas retroperitoneais (externas ao peritônio) na parede abdominal posterior. Nessa época, os rins entram em contato com as glândulas suprarrenais. POSSÍVEIS ANOMALIAS ANOMALIAS DO TAMANHO As anomalias do tamanho, da forma e da posição dos rins ocorrem nas fases iniciais do desenvolvimento e são resultantes da incorreta união entre os blastemas metanéfricos. No rim hipoplásico há falência do desenvolvimento, e apesar de pequenos e pouco numerosos, os componentes do sistema coletor funcionam normalmente e guardam relação com o volume do parênquima, características que devem ser diferenciadas do rim atrófico adquirido, pequeno e contraído. A presença de hipoplasia renal tem sido associada a infecções e hipertensão arterial. A hiperplasia, outra anomalia do tamanho, é associada à agenesia ou hipoplasia do lado contralateral, sendo denominado, de forma mais adequada, hipertrofia compensatória. ANOMALIAS DA FORMA Durante a migração dos rins para a fossa renal, eles cruzam as artérias umbilicais. Qualquer alteração na posição destas artérias pode causar a fusão dos blastemas nefrogênicos, resultando em uma fusão que pode ser parcial, como ocorre nos rins em ferradura e na ectopia renal cruzada com fusão, ou total, como no rim em panqueca. O rim em ferradura é a anomalia renal mais comum e mais encontrada entre os homens. O grau de fusão renal é variável e ocorre, na maioria dos casos, entre os polos inferiores dos rins, que se encontram mais próximos da linha média do que os rins normais. O istmo, situado mais comumente na frente da aorta ou da veia cava inferior, une as duas massas renais e pode conter parênquima funcionante ou corresponder a uma faixa de tecido fibroso, por isso pode ser necessária a sua avaliação funcional por meio de radionuclídeo antes de qualquer procedimento intervencionista. O próprio istmo dificulta a rotação renal, assim como sua ascensão devido à artéria mesentérica inferior. Seu suprimento sanguíneo pode ser variado e, usualmente, o sistema coletor encontra-se anteriorizado. A maioria dos pacientes é assintomática e o achado é incidental durante exames de imagem. Quando sintomáticos, geralmente são relatados hidronefrose, infecção ou formação calculosa. Tem sido associada a uma maior propensão para neoplasias malignas, como o tumor de Wilms, assim como malformações sistêmicas, como na síndrome de Turner. Na anomalia que caracteriza os rins em panqueca, os rins formam uma massa única, mediana, situada na cavidade pélvica ou ao nível da bifurcação aórtica, de aspecto achatado, não reniforme, lobulado, com o sistema coletor anteriorizado e ureteres curtos, que drenam em orifícios independentes ou em ureter único. Sua irrigação sanguínea, também anômala, é fator de risco para o comprimento vascular renal, desde uma simples gestação até traumas pélvicos. ANOMALIAS DA POSIÇÃO O rim ectópico resulta da falha na migração deste da cavidade pélvica para a fossa renal e comumente está relacionado a má rotação. Observa-se leve predileção pelo lado esquerdo e 10% dos casos podem ser bilaterais. A ectopia cranial é usualmente intratorácica e a ectopia caudal pode ser classificada em abdominal, ilíaca (lombar) ou pélvica (sacral), sendo esta a mais comum, além da associação com malformações genitais. Na ectopia renal congênita,a posição mais baixa do rim é acompanhada de um ureter mais curto, de vasos renais com origem ectópica (vasos sanguíneos próximos a ele, podendo ser irrigado por vasos múltiplos) e algum grau de malformação do sistema coletor que torna esta condição mais suscetível a refluxo, infecções, litíase e quadros obstrutivos. Não deve ser confundido com o rim anormalmente móvel, nem com o rim ptótico. Na ectopia simples, o rim está do mesmo lado em que se originou. A localização pélvica, a mais comum, está associada a ausência de sua morfologia habitual, pois o rim é frequentemente mal rotacionado e tem sua imagem superposta aos ossos da bacia, dificultando a sua identificação. A ectopia renal cruzada se dá quando um dos rins se encontra contralateral à inserção de seu ureter na bexiga urinária. O rim ectópico quase sempre tem ureter mais curto, e, portanto, situação mais baixa em relação ao rim normal, que pode exibir grau variado de ptose e de vício de rotação. O rim normal pode manter-se separado do rim ectópico ou formar massa única com ele. Quando em fusão, 85% dos casos, pode ser identificada em diversas formas de apresentação, sendo mais comum a fusão do polo superior do rim ectópico com o polo inferior do outro. ANOMALIAS DE ROTAÇÃO A migração do rim, desde a cavidade pélvica até o seu sítio lombar definitivo, ocorre simultaneamente com a sua rotação no plano longitudinal. À medida que migra cefalicamente, cada rim sofre uma rotação medial de aproximadamente 90°, e os hilos se orientam para a linha média, alinhados e voltados um para o outro anteromedialmente(1,18). É importante estabelecer um correto diagnóstico a fim de excluir outras condições patológicas que podem produzir distorção similar dos rins. A má rotação dos rins é comumente associada a um rim ectópico ou em fusão, além da possibilidade de obstrução parcial da pelve e ureter dos rins. Pode ocorre em ambos os rins e observam-se mais a rotação incompleta e a não rotação quando comparada aos outros subtipos. Raramente ocorre uma superrotação dispondo o hilo renal voltado para o dorso. ANOMALIAS DE NÚMERO A agenesia renal, com provável causa multifatorial, é definida como ausência de tecido renal secundária a falha na embriogênese, podendo ser uni ou bilateral. O rim supranumerário é extremamente raro e acha-se separado dos outros dois, além de possuir suprimento sanguíneo próprio. A agenesia unilateral é uma anomalia relativamente comum que ocorre aproximadamente 1 vez em cada 1.000 recém- nascidos. Possui bom prognóstico quando não associada a outras anomalias sistêmicas e está relacionada ao rim contralateral geralmente hipertrofiado como resultado compensatório. A agenesia da glândula adrenal ipsilateral é encontrada em 10% dos casos e a artéria e a veia renais não se desenvolvem. O ureter correspondente está ausente na maioria dos casos, podendo corresponder a um cordão fibroso que pode terminar ectopicamente, por exemplo, na vesícula seminal contralateral. Deve-se suspeitar de agenesia renal unilateral em crianças com somente uma artéria umbilical. A agenesia bilateral ocorre 1 vez em cada 3.000 recém-nascidos, sendo incompatível com a vida e geralmente encontrada em natimortos. Estas crianças têm um aspecto facial característico e estão frequentemente associadas a outros transtornos congênitos, como ocorre na síndrome de Potter. A urina fetal não é produzida, resultando em grave oligodrâmnia. ANOMALIAS DA ANATOMIA LOBAR Os defeitos da anatomia cortical dos rins, como a persistência das lobulações fetais, “corcova de dromedário” e hipertrofia dos septos de Bertin, representam variações anatômicas frequentes do parênquima renal e podem simular tumores renais, porém com o parênquima saudável. As lobulações do contorno renal são vistas em cerca de 5% dos adultos submetidos ao estudo por imagem dos rins. Trata-se da persistência de sulcos corticais bem definidos na superfície renal que são encontrados no rim fetal e costumam desaparecer durante a infância como consequência do crescimento e aumento do número de néfrons. Podem ser ainda confundidos com cicatrizes renais. Já o rim em “corcova de dromedário” caracteriza-se por ser uma alteração da forma e do contorno da face posterolateral do rim esquerdo consequente a uma proeminência focal do parênquima renal, provavelmente devido a uma impressão do baço durante a vida embrionária. Outra condição benigna que pode simular neoplasia é a hipertrofia do septo de Bertin, que corresponde a colunas de tecido cortical renal, localizadas entre as pirâmides, resultantes da fusão de dois ou mais lobos renais. Essas colunas podem ser mais espessas, hipertróficas e profundas, protruindo no seio renal e manifestando-se como nódulo cortical de aspecto regular, bem definido, situado na junção do terço renal superior com o médio. A hipertrofia do septo de Bertin possui sinais que são sugestivos à UE e à US, porém não específicos, devendo-se realizar TC, cujos achados são bem característicos, apresentando-se isodensos em relação ao parênquima cortical e impregnando-se uniformemente pós-contraste. ANOMALIAS DOS CÁLICES E DAS PAPILAS O divertículo pielocalicinal é uma cavidade cística, revestida de urotélio, situada no interior do parênquima renal e que pode ser adquirida ou congênita (mais comum) e única ou múltipla. Podem ser divididos em dois tipos: 1) o mais frequente é representado por lesões menores que acometem os cálices menores e que estão próximas à região do polo renal superior; 2) o menos frequente, e de localização central nos rins, está relacionado a pelve renal ou cálices maiores. Os divertículos menores são normalmente assintomáticos e achados incidentais aos exames de imagem. Os maiores geralmente são sintomáticos e a estase urinária favorece o surgimento de infecção urinária e a formação de cálculos. Enquanto a incidência do divertículo pielocalicinal é baixa, a frequência da formação calculosa associada ao divertículo é alta. URETER, BEXIGA E URETRA URETER BEXIGA LOCALIZAÇÃO → Os dois rins se situam na parede do abdômen, fora da cavidade peritoneal (RETROPERITONEAIS). Podendo ser encontrado iniciando-se ao nível da décima segunda vértebra torácica (T11) e terminando ao nível da terceira vértebra lombar (L3). Cada rim de humano adulto pesa cerca 150 gramas e tem um tamanho aproximado de uma mão fechada. ESTRUTURA → O lado medial de cada rim apresenta região chamada hilo. Pelo hilo passam: o Artéria renal o Veia renal o Vasos linfáticos o Suprimento nervoso o Ureter → O rim é revestido por uma cápsula fibrosa que protege as estruturas renais. → Em corte frontal, os rins apresentam três regiões principais: 1. O CÓRTEX, a região mais externa, situada logo abaixo da cápsula do rim 2. A MEDULA, região central, dividida em medula externa e medula interna 3. A PIRÂMEDE RENAL (medula externa). A PAPILA, a extremidade mais interna da medula renal interna, esvazia seu conteúdo em estruturas denominadas CÁLICE MENORES E MAIORES que se estendem para o URETERES. ESTRUTURA DOS NÉFRONS → As unidades funcionais dos rins são os NÉFRONS. Cada rim contém aproximadamente um milhão de néfrons. Cada néfron é formado pelo GLOMÉRULO e pelo TÚBULO RENAL. → Glomérulo: O glomérulo é uma rede capilar glomerular que emerge da arteríola aferentes. Os capilares glomerulares são envolvidos pela cápsula de Bowman, contínua com a primeira porção do túbulo renal. → Túbulos: O néfron segue como estrutura tubular, que são especializadas pelas funções de reabsorção e secreção. Contém os seguintes seguimentos: Túbulo proximal; Alça de Henle; ramo descendente, ramo ascendente; Túbulo distal; Ductos coletores. VASCULARIZAÇÃO → O sangue entra em cada rim pela artéria renal, que se ramifica em: o Artéria segmentareso Artérias interlobar o Artérias arqueadas Artérias radiais corticais → Os ramos arteriais de menor calibre se subdividem no primeiro grupo de arteríolas: ARTERÍOLAS AFERENTES. → O sangue deixa os capilares glomerulares por meio do segundo grupo de arteríolas, as ARTERÍOLAS EFERENTES. ANATOMIA RENAL ANATOMIA DA BEXIGA
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