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SISTEMA URINÁRIO

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AMANDA SOUZA CORREA 
→ Inflamação: é uma resposta do organismo a 
uma agressão, como cortes e batidas. A 
inflamação pode vir também do sistema 
imunológico. Nesse caso, são as células de 
defesa que agridem o corpo. No processo 
inflamatório, ocorre dilatação dos vasos, 
aumento do fluxo sanguíneo e de outros fluidos 
corporais para o local lesionado. Sintomas: 
vermelhidão; inchaço; dor e aquecimento da 
área. 
→ Infecção: é causada por agentes externos. O 
organismo reage a entrada de micro-
organismos como vírus e bactérias, parasitas ou 
fungos. Nesse processo, as células de defesa 
tentam combater os micro-organismos, o que 
normalmente dá origem ao aparecimento de 
pus. Sintomas: Febre; Dor no local infectado; 
Aparecimento de pus; Dores musculares; 
Diarreias; Fadiga e Tosse. 
 
SINAIS E SINTOMAS 
 
→ Adultos: os sintomas clínicos característicos de 
cistite são a disúria, polaciúria ou aumento da 
frequência urinária, urgência miccional, dor em 
baixo ventre, arrepios de frio ou calafrios, com 
presença ou não de dor lombar. Podem fazer 
parte do quadro clínico mal-estar geral e 
indisposição. Existe superposição entre os 
sintomas clínicos de ITU “baixa” vs “alta” (cistite 
vs pielonefrite). No entanto, a febre e a dor 
lombar são muito mais comuns na pielonefrite, 
que se acompanha também de toxemia e queda 
do estado geral mais importante. 
→ Idoso: é comum dor abdominal ou distúrbio de 
comportamento na ITU. 
→ Crianças: o principal sintoma pode ser dor 
abdominal. Na faixa pré-escolar os sintomas 
podem ser febre, enurese, disúria ou polaciúria 
→ Recém-nascidos: o diagnóstico clínico de ITU se 
torna suspeito quando na presença de icterícia 
fisiológica prolongada associada ou não à perda 
de peso (30% dos casos), hipertermia, presença 
de complicações neurológicas (30%), diarreia, 
vômitos ou cianose. Em lactentes, o déficit 
pôndero-estatural, diarreia ou constipação, 
vômitos, anorexia ou febre de etiologia obscura, 
podem levar à suspeita de ITU. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 
→ A classificação das I.T.Us está diretamente 
relacionada com o local em que a infecção 
ocorre e/ou é mais significativa. 
→ De forma geral, a bactéria Escherichia coli, 
presente no intestino e importante para a 
digestão, pode causar diferente tipos de ITU, 
dependendo do local em que a bactéria se 
instala e infecta. 
→ ITU COMPLICADA: Infecção do trato urinário 
com repercussão sistêmica, que está associada 
a algumas condições pré existentes do indivíduo 
que podem resultam em maior dificuldade no 
tratamento. (anormalidades urológicas, 
imunossupressão, insuficiência renal crônica, 
transplante renal). Com a presença de febre, 
calafrios e fadiga. 
→ ITU ASSOCIADA A CATETER: ocorre em pessoas 
com o uso de cateterismo do trato urinário ou 
que tenha feito uso de cateter nas últimas 48h. 
→ ITU RECORRENTE: Aquela que ocorre pelo 
menos 3 vezes ao ano ou quando ocorre 2 
episódios nos últimos 6 meses 
→ Cistite: infecção do trato inferior, afeta a 
bexiga; 
→ Uretrite: infecção do trato inferior, afeta a 
uretra; 
o Pode ser classificada em: uretrites 
gonocócicas e não gonocócicas. 
o As gonocócicas decorrem da bactéria 
Nesseria gonorrheaee as não gonocócicas 
são causadas por diferentes tipos de 
germes. Há relatos de casos mais raros 
como as uretrites traumáticas (sondas, 
corpo estranho), as uretrites por vírus, 
uretrites associadas à neoplasia ou ao 
condiloma intra-uretral e uretrite 
psicogênica. 
o Uretrite também pode ser provocado por 
alguns vírus, especialmente em 
decorrência de alguma doença 
sexualmente transmissível (DST). 
 
→ Pielonefrite: infecção do trato superior, afeta a 
pelve renal; pode acarretar disúria e polaciúria, 
dor no flanco e ângulo costovertebral; (não 
tratado pode causar rapidamente uma sepse e 
consequentemente morte. 
o Pode ser causada por bactérias originadas 
da bexiga, que alcançam a pelve renal por 
via ascendente, ou pela via hematógena. 
o Quando há alguma outra infecção no 
organismo, a bactéria pode viajar pela 
corrente sanguínea e acabar se alojando 
nos rins. 
o SINAIS: podem surgir de forma repentina 
(aguda) ou progressivamente (crônica), 
sendo que o paciente apresentador 
intermitente (cólica renal); dor no rim 
afetado devido ao aumento deste órgão; 
disúria (dificuldade para urinar); 
dificuldade ou sensação de urgência para 
urinar; urina fétida e concentrada; 
hematúria; sensação de mal-estar com 
arrepios; náuseas e vômito; febre alta. 
 
CAUSAS 
 
As infecções do trato urinário geralmente ocorrem 
quando as bactérias entram no trato urinário 
através da uretra e começam a se multiplicar na 
bexiga. Principais causas que desencadeiam a ITU: 
 
→ Gênero: infecções urinárias são mais comuns 
em pessoas cuja uretra é menor, como no caso 
do sistema reprodutor feminino, ou seja, o 
caminho que a bactéria precisa percorrer para 
chegar até a bexiga é menor. Até os 6 meses de 
idade, é mais recorrente em meninos, por conta 
de uma má formação. 
→ Vida sexualmente ativa: facilita a infecção 
urinária, especialmente as vaginais. 
→ Contraceptivos: o uso de alguns tipos de 
contraceptivos, como espermicidas, também 
pode ser considerado um fator de risco. 
→ Menopausa: após a menopausa, as infecções 
urinárias podem acontecer com mais frequência 
do que antes, uma vez que a baixa quantidade 
de estrogênio causa mudanças no trato urinário 
de modo a deixá-lo mais vulnerável à ação de 
bactérias. 
→ Bloqueio: apresentar algum tipo de bloqueio no 
trato urinário, como pedra nos rins e aumento 
da próstata, também é um fator de risco. 
→ Baixa imunidade: ter o sistema imunológico 
suprimido impede que as defesas do corpo 
atuem propriamente, facilitando a entrada de 
bactérias que causam infecções. 
→ Cateter: o uso de cateter para urinar também 
aumenta os riscos de infecção. 
→ Gravidez, uso de fraldas (crianças ou adultos) 
 
PRINCIPAIS AGENTES PATOLÓGICOS 
 
→ Gram-negativos entéricos especialmente a E. 
coli (mais prevalente em mulheres), que é o 
mais frequente independente da série 
estudada, seguido dos demais gram-negativos 
como Klebsiella, Enterobacter, Acinetobacter, 
Proteus (mais prevalente em homens), 
Pseudomonas; 
→ Nas ITU complicadas, a incidência de 
Pseudomonas é maior e de gram-positivos 
resistentes como Enterococcus também; 
→ A frequência dos germes causadores de ITU 
varia na dependência de onde foi adquirida a 
infecção, intra ou extra-hospitalar e difere em 
cada ambiente hospitalar considerado. 
 
EXAMES 
 
Parcial de Urina (EAS ou Urina tipo I) 
o Exame físico: é analisado ODOR (que pode 
ser alterado pela má conservação ou 
demora para entrega da coleta); COR; 
ASPECTO e DENSIDADE (alteração de pH 
pode mudar a densidade). 
o Exame químico: pH – alcalino significa má 
conservação/manipulação ou vômitos antes 
da coleta, ou relacionada com outras 
alterações significativas presença de 
algumas bactérias específicas; ácido pode 
sugerir alguma patologia (diabetes, uso de 
diuréticos, acidose no sangue ou doença dos 
túbulos renais). Proteínas – proteinúria 
indica eliminação excessiva de proteínas na 
urina (albumina), pode aparecer após 
esforço intenso ou quadros febris; em 
adultos pode indicar patologias com lesão 
renal (Glomerulose; Nefropatia 
membranosa; Nefropatia diabética). Corpos 
cetônicos – são produzidos pelo 
metabolismo dos ácidos graxos e 
carboidratos no fígado, pode aparecer 
alterações no exame por patologias 
(diabetes; hipertiroidismo; glicosúria renal; 
doenças de armazenamento do glicogênio), 
mas em pacientes hígidos (saudável) não 
necessariamente tem significado clínico 
(jejum prolongado; dietas hiperlipídicas; 
gestação; uso de ácidos como AAS ou 
ascórbico; alcoolismo, etc). Bilirrubina – 
problemas hepáticos. Hemoglobina, Nitrito 
e Leucócitos – A presença dos 3 indica 
possível infecção urinária. O nitrito aparece 
pois bactérias (normalmente gram-
negativas) metabolizam o nitrato (presente 
normalmente na urina) e transformam em 
nitrito,é uma indicação INDIRETA de 
infecção. 
o Análise de sedimentos (microscópico): 
Contagem de Leucócitos, Hemácias, Células 
do epitélio (em mulher quando presente 
indica contaminação da amostra), Flora 
Bacteriana, Cilindros (presença indica lesão 
renal – ITU superior, quando não presente e 
relacionada a outras alterações é cistite), 
Cristais (presença de fosfato amoníaco por 
exemplo, indica má 
conservação/manipulação, pois aparecem 
na amostra após 6h da coleta), Filamento de 
Muco (tb pode indicar contaminação ou 
infecção). 
 
UROCULTURA 
 
o Caso a urina contenha germes, em 48 horas 
será possível identificar a formação de 
colônias de bactérias, podendo, deste 
modo, identificarmos qual tipo de bactéria 
está presente; 
o Deve ser coletado o jato médio, pois assim 
não será contaminada a amostra com 
bactérias da uretra (pois o primeiro jato 
apenas limpa a uretra), e sim coletada a 
urina diretamente da bexiga. 
o A urina de qualquer micção pode ser 
valorizada desde que obtida com um 
intervalo de no mínimo duas horas após a 
micção anterior, período que corresponde 
ao tempo de latência para o crescimento 
bacteriano, para que se evitem falsos 
negativos. 
o Em crianças procede-se a coleta em saco 
coletor. 
 
ANTIBIOGRAMA (TSA) 
 
o Determina o perfil de sensibilidade e 
resistência das bactérias aos antibióticos. 
o Auxilia na indicação do antibiótico correto 
para tratar a infecção do paciente, evitando, 
assim, o uso de antibióticos desnecessários 
e que não combatem a infecção, além do 
surgimento de resistência. 
o Normalmente o antibiograma é realizado 
após a identificação de microrganismos em 
grande quantidade no sangue, urina, fezes e 
tecidos. 
o Antibiograma por difusão em agar: neste 
procedimento são colocados pequenos 
discos de papel que contêm diferentes 
antibióticos em uma placa com meio de 
cultura apropriado para crescimento do 
agente infeccioso. Após 1 a 2 dias na estufa, 
é possível observar se ouve ou não 
crescimento a volta do disco. Na ausência de 
crescimento, diz-se que o microrganismo é 
sensível àquele antibiótico, sendo 
considerado o mais indicado para o 
tratamento da infecção. 
 
RESPOSTA IMUNOLÓGICA DO ORGANISMO 
 
→ O organismo humano, quando está com sua 
imunidade baixa, fica mais susceptível a contrair 
doenças infecciosas pois não possui, em níveis 
adequados, os mecanismos de defesa. 
→ Em muitas dessas situações existe uma reação 
de hipersensibilidade com resposta imune 
exagerada e não modulada que tem como 
consequência dano tecidual. 
→ Embora isoladamente os anticorpos por si só 
não tenham a capacidade de destruir bactérias, 
anticorpos podem neutralizar os 
microorganismos, impedindo sua ligação com o 
tecido do hospedeiro. 
→ Adicionalmente, em associação com o 
complemento, os anticorpos podem lisar 
bactérias e funcionar como opsoninas, 
facilitando a fagocitose. Os neutrófilos, 
eosinófilos e macrófagos exercem sua ação 
microbicida de forma mais ampla contra vários 
tipos de agentes e são células importantíssimas 
para a defesa do hospedeiro. 
→ Os neutrófilos têm ação microbicida 
fundamental contra bactérias; os macrófagos 
são células importantes na defesa contra 
agentes intracelulares (protozoários e bactérias 
intracelulares); e os eosinófilos, não tanto pela 
atividade fagocítica, mas pela atividade 
citotóxica contra helmintos. 
→ A resposta mediada pelas células T é 
extremamente efetiva no mecanismo de defesa 
contra agentes intracelulares, como vírus, 
protozoários, fungos e bactérias intracelulares. 
 
→ Os rins permanentes desenvolvem-se a partir de 
duas fontes de origem mesodérmica (broto 
uretérico e blastema metanéfrico). 
→ O sistema urogenital desenvolve-se a partir do 
mesênquima intermediário derivado da parede 
dorsal do embrião. Durante o dobramento do 
embrião no plano horizontal, o mesênquima 
intermediário é deslocado ventralmente e 
perde sua conexão com os somitos. 
 
 
→ É derivado da crista urogenital e cordão 
nefrogênico 
→ O sistema urinário origina-se a partir da 
mesoderme intermediária (tecido conjuntivo 
embrionário primordial que consiste de células 
mesenquimais), a qual localiza-se entre a 
mesoderme para-axial somítica e a mesoderme 
lateral. 
→ A formação dos cordões nefrogênicos se dá a 
partir do deslocamento central da porção 
intermediaria da mesoderme e da separação 
dos somitos durante o dobramento do 
embrião. 
→ As cristas urogenitais são originadas a partir do 
desenvolvimento dos cordões nefrogênicos de 
ambos os lados da linha média, na forma de 
relevos longitudinais na parede dorsal do 
celoma. 
→ Uma elevação longitudinal do mesoderma, a 
crista urogenital, forma-se em cada lado da 
aorta dorsal. 
→ Da mesma forma que a mesoderme somítica, 
em cada cordão nefrogênico ocorre um 
processo de segmentação, que dá origem aos 
nefrótomos, sobretudo em sua extremidade 
cefálica. 
→ A parte da crista que dá origem ao sistema 
urinário é o cordão nefrogênico. 
→ Se desenvolvem a partir do mesoderma 
intermediário ao longo da parede posterior da 
cavidade abdominal, e, inicialmente, os ductos 
excretórios de ambos os sistemas entram em 
uma cavidade comum, a cloaca. 
Desenvolvem-se três sistemas urinários em 
sequência, do segmento cranial ao caudal: 
- Pronefro (não funcional, degenera): se forma na 
região cervical. 
No início da quarta semana, o pronefro é 
representado por sete a dez sólidos grupos de 
células na região cervical. Eles se originam a partir 
de unidades excretórias vestigiais, os nefrótomos, 
que regridem antes que se formem outros mais 
caudais. Até o final da quarta semana, todos os 
indícios do sistema pronéfrico desapareceram. 
 
- Mesonefro (temporariamente funcional – 4ª a 8ª 
semana): se forma na região torácica e lombar, os 
ductos e túbulos dos mesonefros formam o 
conduto dos espermatozoides dos testículos para a 
uretra e nas mulheres esses ductos regridem. No 
início da quarta semana durante a regressão do 
sistema pronéfrico, aparecem os primeiros túbulos 
excretores do mesonefro. Eles se alongam 
rapidamente, formam uma alça em feitio de “S” e 
envolvem o tufo de capilares que formará o 
glomérulo em sua extremidade medial. O glomérulo 
surge a partir de um ramo da artéria aorta que se 
contorce formando-o. Ao redor do glomérulo, os 
túbulos formam a cápsula de Bowman, e, em 
conjunto, essas estruturas constituem o corpúsculo 
renal. Lateralmente, o túbulo desemboca no ducto 
coletor lateral, conhecido como ducto 
mesonéfrico ou wolffiano. Na metade do segundo 
mês, o mesonefro forma um grande órgão ovoide 
de cada lado da linha média. Pelo fato de a gônada 
em desenvolvimento se encontrar em seu lado 
medial, a crista formada por ambos os órgãos é 
conhecida como crista urogenital. Enquanto os 
túbulos caudais ainda estão se diferenciando, os 
túbulos craniais e os glomérulos apresentam 
alterações degenerativas; no final do segundo mês, 
a maioria deles desapareceu. No homem, alguns 
túbulos caudais e o ducto mesonéfrico persistem e 
participam na formação do sistema genital; nas 
mulheres, ao contrário, eles desaparecem. 
 
- Metanefro (rim permanente): Como os rins se 
desenvolvem na região pélvica e, a seguir, 
“ascendem” para seu local na região lombar, as 
posições anormais do rim, como rim pélvico e em 
ferradura, ocorrem. se desenvolvem desde o 
começo da quinta semana e dele derivam os 
néfrons definitivos. O rim definitivo formado a 
partir dos metanefros se torna funcional por volta 
da 12ª semana. A urina é depositada na cavidade 
amniótica e se mistura ao líquido amniótico que é 
engolido pelo feto e reciclado pelos rins. Durante a 
vida fetal, os rins não são responsáveis pela 
excreção de escórias metabólicas, uma vez que a 
placenta realiza essa função. 
Sistema coletor – O broto ureteral dá origem ao 
ureter, à pelve renal, aos cálices maiores e menores 
e a aproximadamente 1 a 3 milhões de túbulos 
coletores. 
 
 
 
 
Sistema excretório – O rim se desenvolvea partir de 
duas origens: (1) mesoderma metanéfrico, que 
fornece as unidades excretórias; e (2) o broto 
ureteral, que dá origem ao sistema coletor. 
 
A bexiga desenvolve-se durante a 4a e 7a semanas, 
enquanto a cloaca, o repositório comum para os 
rins primitivos e o sistema intestinal, subdivide-se 
no seio urogenital e, posteriormente, no canal 
anal por meio do septo urorretal. A porção anterior 
desse seio se diferencia na bexiga. A porção 
restante do seio diferencia-se nas 
porções prostática e membranosa da uretra nos 
homens e da uretra nas mulheres. 
 
 
 
 
 
 
 
EMBRIOLOGIA DO NÉFRON 
 
→ Se desenvolve na quinta semana gestacional, a 
partir do mesoderma metanéfrico; 
→ Cada túbulo coletor recém-formado é coberto 
em sua extremidade distal por um capuz de 
tecido metanéfrico. Sob a influência indutora do 
túbulo, as células desse capuz formam 
pequenas vesículas, as vesículas renais, que, por 
sua vez, dão origem a pequenos túbulos com 
formato de “S”. Capilares crescem na 
reentrância da extremidade proximal do “S” e 
se diferenciam em glomérulos. Esses túbulos, 
junto com seus glomérulos, formam os néfrons, 
ou unidades excretórias. A extremidade 
proximal de cada néfron forma a cápsula de 
Bowman, que tem um glomérulo penetrado 
profundamente nela. A extremidade distal 
forma uma conexão aberta com um dos túbulos 
coletores, estabelecendo uma comunicação 
entre a cápsula de Bowman e a unidade 
coletora. O alongamento contínuo do túbulo 
excretor resulta na formação do túbulo 
proximal convoluto, da alça de Henle e do 
túbulo convoluto distal. 
→ O túbulo coletor, resultado do divertículo 
metanéfrico, é coberto, em sua extremidade 
distal, por um capuz de tecido metanéfrico. Sob 
a influência indutora do túbulo, as células do 
tecido do capuz formam pequenas vesículas, as 
vesículas renais, que por sua vez, dão origem a 
pequenos túbulos. Estes túbulos, juntamente 
com tubos capilares, denominados glomérulos, 
formam néfrons ou unidades excretoras. A 
extremidade proximal de cada néfron forma a 
cápsula de Bowman. O alongamento contínuo 
do túbulo excretor leva a formação do túbulo 
contorcido proximal, da alça de Henle e do 
túbulo contorcido distal. 
 
NÉFRON 
 
▪ Corpúsculo renal ou de Malpighi: formado pelo 
Glomérulo renal e pela Cápsula de Bowman, 
saco epitelial invaginado que envolve o 
glomérulo, resultando na formação de dois 
folhetos, parietal e visceral. 
 
 
 
▪ Túbulo contorcido proximal: parede composta 
por um epitélio cúbico simples, com células 
apresentando uma grande quantidade de 
microvilosidades. 
 
 
 
▪ Alça de Henle: um segmento delgado, 
constituída por um epitélio simples 
pavimentoso, e um segmento espesso que 
apresenta o epitélio cúbico simples. 
 
 
▪ Túbulo contorcido distal: epitélio cúbico 
simples. 
 
 
▪ Tubos coletores: varia de cúbico a cilíndrico 
simples. 
 
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 
→ A filtração glomerular é determinada pelo: 
Balanço das forças hidrostáticas e 
coloidosmóticas, atuando através da membrana 
capilar. Coeficiente de filtração capilar (Kf), o 
produto da permeabilidade e da área de 
superfície de filtração dos capilares. A filtração 
glomerular corresponde a cerca de 20% do fluxo 
plasmático renal (FPR) e possuem elevada 
intensidade de filtração, maior que a maioria 
dos outros capilares e isso se deve à alta 
pressão hidrostática glomerular e ao alto Kf. No 
ser humano adulto médio, a FG é cerca de 
125ml/dia ou 180L/dia. A fração do filtrado é: 
FG/FPR. 
 
→ Observe que na figura 1 o FG é, em média, 
cerca de 20% do FPR, enquanto a velocidade de 
fluxo da urina é inferior a 1% do FG. Portanto, 
mais de 99% do líquido filtrado normalmente é 
reabsorvido. 
 
 
ASCENSÃO RENAL 
→ Inicialmente, os rins permanentes primordiais 
situam-se próximos um do outro na pelve, 
ventrais ao sacro. 
→ À medida que o abdome e a pelve crescem, os 
rins gradualmente se posicionam no abdome e 
se afastam. Os rins atingem sua posição adulta 
durante o começo do período fetal. 
→ Essa “ascensão” resulta principalmente do 
crescimento do corpo do embrião caudal aos 
rins. De fato, a parte caudal do embrião cresce 
afastando-se dos rins, de modo que eles, 
progressivamente, ocupam sua posição normal 
em cada lado da coluna vertebral. 
→ Inicialmente, o hilo de cada rim (depressão do 
bordo medial), onde os vasos sanguíneos, 
ureter e nervos entram e saem, situa-se 
ventralmente, contudo, à medida que os rins 
mudam de posição, o hilo rota medialmente 
quase 90°. 
→ Pela nona semana, os hilos estão direcionados 
anteromedialmente. Finalmente, os rins se 
tornam estruturas retroperitoneais (externas ao 
peritônio) na parede abdominal posterior. 
Nessa época, os rins entram em contato com as 
glândulas suprarrenais. 
 
 
 
POSSÍVEIS ANOMALIAS 
 
ANOMALIAS DO TAMANHO 
As anomalias do tamanho, da forma e da posição 
dos rins ocorrem nas fases iniciais do 
desenvolvimento e são resultantes da incorreta 
união entre os blastemas metanéfricos. No rim 
hipoplásico há falência do desenvolvimento, e 
apesar de pequenos e pouco numerosos, os 
componentes do sistema coletor funcionam 
normalmente e guardam relação com o volume do 
parênquima, características que devem ser 
diferenciadas do rim atrófico adquirido, pequeno e 
contraído. A presença de hipoplasia renal tem sido 
associada a infecções e hipertensão arterial. A 
hiperplasia, outra anomalia do tamanho, é 
associada à agenesia ou hipoplasia do lado 
contralateral, sendo denominado, de forma mais 
adequada, hipertrofia compensatória. 
 
ANOMALIAS DA FORMA 
Durante a migração dos rins para a fossa renal, eles 
cruzam as artérias umbilicais. Qualquer alteração na 
posição destas artérias pode causar a fusão dos 
blastemas nefrogênicos, resultando em uma fusão 
que pode ser parcial, como ocorre nos rins em 
ferradura e na ectopia renal cruzada com fusão, ou 
total, como no rim em panqueca. O rim em 
ferradura é a anomalia renal mais comum e mais 
encontrada entre os homens. O grau de fusão renal 
é variável e ocorre, na maioria dos casos, entre os 
polos inferiores dos rins, que se encontram mais 
próximos da linha média do que os rins normais. O 
istmo, situado mais comumente na frente da aorta 
ou da veia cava inferior, une as duas massas renais 
e pode conter parênquima funcionante ou 
corresponder a uma faixa de tecido fibroso, por isso 
pode ser necessária a sua avaliação funcional por 
meio de radionuclídeo antes de qualquer 
procedimento intervencionista. O próprio istmo 
dificulta a rotação renal, assim como sua ascensão 
devido à artéria mesentérica inferior. Seu 
suprimento sanguíneo pode ser variado e, 
usualmente, o sistema coletor encontra-se 
anteriorizado. A maioria dos pacientes é 
assintomática e o achado é incidental durante 
exames de imagem. Quando sintomáticos, 
geralmente são relatados hidronefrose, infecção ou 
formação calculosa. Tem sido associada a uma 
maior propensão para neoplasias malignas, como o 
tumor de Wilms, assim como malformações 
sistêmicas, como na síndrome de Turner. Na 
anomalia que caracteriza os rins em panqueca, os 
rins formam uma massa única, mediana, situada na 
cavidade pélvica ou ao nível da bifurcação aórtica, 
de aspecto achatado, não reniforme, lobulado, com 
o sistema coletor anteriorizado e ureteres curtos, 
que drenam em orifícios independentes ou em 
ureter único. Sua irrigação sanguínea, também 
anômala, é fator de risco para o comprimento 
vascular renal, desde uma simples gestação até 
traumas pélvicos. 
 
ANOMALIAS DA POSIÇÃO 
O rim ectópico resulta da falha na migração deste 
da cavidade pélvica para a fossa renal e comumente 
está relacionado a má rotação. Observa-se leve 
predileção pelo lado esquerdo e 10% dos casos 
podem ser bilaterais. A ectopia cranial é 
usualmente intratorácica e a ectopia caudal pode 
ser classificada em abdominal, ilíaca (lombar) ou 
pélvica (sacral), sendo esta a mais comum, além da 
associação com malformações genitais. Na ectopia 
renal congênita,a posição mais baixa do rim é 
acompanhada de um ureter mais curto, de vasos 
renais com origem ectópica (vasos sanguíneos 
próximos a ele, podendo ser irrigado por vasos 
múltiplos) e algum grau de malformação do sistema 
coletor que torna esta condição mais suscetível a 
refluxo, infecções, litíase e quadros obstrutivos. Não 
deve ser confundido com o rim anormalmente 
móvel, nem com o rim ptótico. Na ectopia simples, 
o rim está do mesmo lado em que se originou. A 
localização pélvica, a mais comum, está associada a 
ausência de sua morfologia habitual, pois o rim é 
frequentemente mal rotacionado e tem sua 
imagem superposta aos ossos da bacia, dificultando 
a sua identificação. A ectopia renal cruzada se dá 
quando um dos rins se encontra contralateral à 
inserção de seu ureter na bexiga urinária. O rim 
ectópico quase sempre tem ureter mais curto, e, 
portanto, situação mais baixa em relação ao rim 
normal, que pode exibir grau variado de ptose e de 
vício de rotação. O rim normal pode manter-se 
separado do rim ectópico ou formar massa única 
com ele. Quando em fusão, 85% dos casos, pode 
ser identificada em diversas formas de 
apresentação, sendo mais comum a fusão do polo 
superior do rim ectópico com o polo inferior do 
outro. 
 
ANOMALIAS DE ROTAÇÃO 
A migração do rim, desde a cavidade pélvica até o 
seu sítio lombar definitivo, ocorre simultaneamente 
com a sua rotação no plano longitudinal. À medida 
que migra cefalicamente, cada rim sofre uma 
rotação medial de aproximadamente 90°, e os hilos 
se orientam para a linha média, alinhados e 
voltados um para o outro 
anteromedialmente(1,18). É importante 
estabelecer um correto diagnóstico a fim de excluir 
outras condições patológicas que podem produzir 
distorção similar dos rins. A má rotação dos rins é 
comumente associada a um rim ectópico ou em 
fusão, além da possibilidade de obstrução parcial da 
pelve e ureter dos rins. Pode ocorre em ambos os 
rins e observam-se mais a rotação incompleta e a 
não rotação quando comparada aos outros 
subtipos. Raramente ocorre uma superrotação 
dispondo o hilo renal voltado para o dorso. 
 
ANOMALIAS DE NÚMERO 
A agenesia renal, com provável causa multifatorial, 
é definida como ausência de tecido renal 
secundária a falha na embriogênese, podendo ser 
uni ou bilateral. O rim supranumerário é 
extremamente raro e acha-se separado dos outros 
dois, além de possuir suprimento sanguíneo 
próprio. A agenesia unilateral é uma anomalia 
relativamente comum que ocorre 
aproximadamente 1 vez em cada 1.000 recém-
nascidos. Possui bom prognóstico quando não 
associada a outras anomalias sistêmicas e está 
relacionada ao rim contralateral geralmente 
hipertrofiado como resultado compensatório. A 
agenesia da glândula adrenal ipsilateral é 
encontrada em 10% dos casos e a artéria e a veia 
renais não se desenvolvem. O ureter 
correspondente está ausente na maioria dos casos, 
podendo corresponder a um cordão fibroso que 
pode terminar ectopicamente, por exemplo, na 
vesícula seminal contralateral. Deve-se suspeitar de 
agenesia renal unilateral em crianças com somente 
uma artéria umbilical. A agenesia bilateral ocorre 1 
vez em cada 3.000 recém-nascidos, sendo 
incompatível com a vida e geralmente encontrada 
em natimortos. Estas crianças têm um aspecto 
facial característico e estão frequentemente 
associadas a outros transtornos congênitos, como 
ocorre na síndrome de Potter. A urina fetal não é 
produzida, resultando em grave oligodrâmnia. 
 
ANOMALIAS DA ANATOMIA LOBAR 
Os defeitos da anatomia cortical dos rins, como a 
persistência das lobulações fetais, “corcova de 
dromedário” e hipertrofia dos septos de Bertin, 
representam variações anatômicas frequentes do 
parênquima renal e podem simular tumores renais, 
porém com o parênquima saudável. As lobulações 
do contorno renal são vistas em cerca de 5% dos 
adultos submetidos ao estudo por imagem dos rins. 
Trata-se da persistência de sulcos corticais bem 
definidos na superfície renal que são encontrados 
no rim fetal e costumam desaparecer durante a 
infância como consequência do crescimento e 
aumento do número de néfrons. Podem ser ainda 
confundidos com cicatrizes renais. Já o rim em 
“corcova de dromedário” caracteriza-se por ser 
uma alteração da forma e do contorno da face 
posterolateral do rim esquerdo consequente a uma 
proeminência focal do parênquima renal, 
provavelmente devido a uma impressão do baço 
durante a vida embrionária. Outra condição 
benigna que pode simular neoplasia é a hipertrofia 
do septo de Bertin, que corresponde a colunas de 
tecido cortical renal, localizadas entre as pirâmides, 
resultantes da fusão de dois ou mais lobos renais. 
Essas colunas podem ser mais espessas, 
hipertróficas e profundas, protruindo no seio renal 
e manifestando-se como nódulo cortical de aspecto 
regular, bem definido, situado na junção do terço 
renal superior com o médio. A hipertrofia do septo 
de Bertin possui sinais que são sugestivos à UE e à 
US, porém não específicos, devendo-se realizar TC, 
cujos achados são bem característicos, 
apresentando-se isodensos em relação ao 
parênquima cortical e impregnando-se 
uniformemente pós-contraste. 
 
ANOMALIAS DOS CÁLICES E DAS PAPILAS 
O divertículo pielocalicinal é uma cavidade cística, 
revestida de urotélio, situada no interior do 
parênquima renal e que pode ser adquirida ou 
congênita (mais comum) e única ou múltipla. 
 Podem ser divididos em dois tipos: 
 
1) o mais frequente é representado por lesões 
menores que acometem os cálices menores e que 
estão próximas à região do polo renal superior; 
2) o menos frequente, e de localização central nos 
rins, está relacionado a pelve renal ou cálices 
maiores. Os divertículos menores são normalmente 
assintomáticos e achados incidentais aos exames de 
imagem. Os maiores geralmente são sintomáticos e 
a estase urinária favorece o surgimento de infecção 
urinária e a formação de cálculos. Enquanto a 
incidência do divertículo pielocalicinal é baixa, a 
frequência da formação calculosa associada ao 
divertículo é alta. 
 
URETER, BEXIGA E URETRA 
 
 
URETER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BEXIGA 
 
 
LOCALIZAÇÃO 
 
→ Os dois rins se situam na parede do abdômen, 
fora da cavidade peritoneal 
(RETROPERITONEAIS). Podendo ser encontrado 
iniciando-se ao nível da décima segunda 
vértebra torácica (T11) e terminando ao nível da 
terceira vértebra lombar (L3). Cada rim de 
humano adulto pesa cerca 150 gramas e tem 
um tamanho aproximado de uma mão fechada. 
 
 
ESTRUTURA 
→ O lado medial de cada rim apresenta região 
chamada hilo. Pelo hilo passam: 
o Artéria renal 
o Veia renal 
o Vasos linfáticos 
o Suprimento nervoso 
o Ureter 
→ O rim é revestido por uma cápsula fibrosa que 
protege as estruturas renais. 
→ Em corte frontal, os rins apresentam três 
regiões principais: 
1. O CÓRTEX, a região mais externa, situada 
logo abaixo da cápsula do rim 
2. A MEDULA, região central, dividida em 
medula externa e medula interna 
3. A PIRÂMEDE RENAL (medula externa). A 
PAPILA, a extremidade mais interna da medula 
renal interna, esvazia seu conteúdo em 
estruturas denominadas CÁLICE MENORES E 
MAIORES que se estendem para o URETERES. 
 
ESTRUTURA DOS NÉFRONS 
→ As unidades funcionais dos rins são os 
NÉFRONS. Cada rim contém aproximadamente 
um milhão de néfrons. Cada néfron é formado 
pelo GLOMÉRULO e pelo TÚBULO RENAL. 
→ Glomérulo: O glomérulo é uma rede capilar 
glomerular que emerge da arteríola aferentes. 
Os capilares glomerulares são envolvidos pela 
cápsula de Bowman, contínua com a primeira 
porção do túbulo renal. 
 
→ Túbulos: O néfron segue como estrutura 
tubular, que são especializadas pelas funções de 
reabsorção e secreção. Contém os seguintes 
seguimentos: Túbulo proximal; Alça de Henle; 
ramo descendente, ramo ascendente; Túbulo 
distal; Ductos coletores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VASCULARIZAÇÃO 
→ O sangue entra em cada rim pela artéria renal, 
que se ramifica em: 
o Artéria segmentareso Artérias interlobar 
o Artérias arqueadas Artérias radiais 
corticais 
→ Os ramos arteriais de menor calibre se 
subdividem no primeiro grupo de arteríolas: 
ARTERÍOLAS AFERENTES. 
→ O sangue deixa os capilares glomerulares por 
meio do segundo grupo de arteríolas, as 
ARTERÍOLAS EFERENTES. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANATOMIA RENAL 
 
 
ANATOMIA DA BEXIGA

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