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LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e Prática. São Paulo: Heccus Editora, 2015. [6ª Ed., Orig. 2000] Capítulo 6 – “O sistema de organização e gestão da escola”, pp. 99-112. 1. As concepções de organização e gestão escolar (pp. 99-106) 1.1. Diferentes tempos nos estudos sobre organização do trabalho escolar: 1.1.1. Anos 1930: no contexto dos Pioneiros, surge uma concepção burocrática e funcionalista da administração escolar, importando conceitos da administração empresarial para a escola – disciplina de Administração Escolar. 1.1.2. Anos 1980: no contexto da renovação dos cursos de Pedagogia, enfoque crítico, em geral restrito à análise da organização do trabalho escolar no capitalismo – disciplina de Organização do Trabalho Escolar. 1.2. Ou seja: embate entre uma concepção científico-racional e uma concepção sociocrítica. 1.2.1. Concepção científico-racional: visão burocrática e tecnicista da escola. 1.2.1.1. A escola é uma realidade objetiva e neutra, logo, planeável, organizável e controlável. 1.2.1.2. Buscam-se melhores índices de eficiência e eficácia. 1.2.1.3. Forte peso da estrutura organizacional, a definição e hierarquia de funções, as normas e a decisão centralizada. 1.2.1.4. É o modelo mais comum na realidade educacional brasileira. 1.2.2. Concepção sociocrítica: visão da escola como um sistema de interações sociais. 1.2.2.1. A escola não é uma realidade neutra: é algo construído pela comunidade educativa. 1.2.2.2. Busca-se a construção coletiva de projetos e ações. 1.2.2.3. Vigoram formas democráticas de gestão e tomada de decisão. 1.2.2.4. Há algumas experiências bem-sucedidas no cenário brasileiro. 1.3. Estudos recentes, porém, tem indo além dessa polarização: ampliação do leque de estilos de gestão. 1.3.1. Vejam-se: Juan Manuel Escudero e Maria Teresa Gonzáles, Profesores y escuela: hacia una reconversión de los centros y calidad docente, 1994; Heloisa Lück, A escola participativa: o trabalho do gestor escolar, 2001; Licínio Lima, A escola como organização educativa: uma abordagem sociológica, 2001. 1.3.2. Esquematicamente: 1.3.2.1. Concepção técnico-científica: importação das ferramentas da administração de empresas, mas indo além da burocracia clássica, com a atualização em torno da ideia de “gestão da qualidade total”. 1.3.2.1.(1). Divisão técnica do trabalho escolar: prescrição detalhada de funções e tarefas. 1.3.2.1.(2). Poder centralizado no diretor. 1.3.2.1.(3). Administração regulada: menos atenção aos objetivos, mais ao sistema de normas e controle. 1.3.2.1.(4). Comunicação verticalizada: mais regras, menos consensos. 1.3.2.1.(5). Maior ênfase nas tarefas do que nas interações pessoais. 1.3.2.2. Concepção autogestionária: valorização do poder instituinte da organização escolar, recusando a centralização da direção, por meio da participação direta e por igual de todos os membros, em co-responsabilização. 1.3.2.2.(1). Vínculo das formas de gestão interna com formas de autogestão social. 1.3.2.2.(2). Decisões coletivas (assembleias e reuniões). 1.3.2.2.(3). Alternância no exercício de funções, com grupos em auto-organização. 1.3.2.2.(4). Recusa de normas e sistemas de controle, pela busca de responsabilidade coletiva. 1.3.2.2.(5). Crença no poder instituinte da escola, contra o poder instituído. 1.3.2.2.(6). Ênfase nas relações pessoais, mais do que nas tarefas. 1.3.2.3. Concepção interpretativa: análise dos processos de organização em sua subjetividade. 1.3.2.3.(1). A escola não é uma estrutura dada: ela é construída social e subjetivamente. 1.3.2.3.(2). Privilegia a ação organizadora: valores e práticas compartilhados. 1.3.2.3.(3). Destaca o valor humano das ações, ao invés do formal, normativo. 1.3.2.4. Concepção democrático-participativa: valoriza a tomada de decisões coletiva, mas sem abrir mão da responsabilidade individual dos membros da comunidade escolar. 1.3.2.4.(1). Definição explícita de objetivos sociopolíticos e pedagógicos da escola. 1.3.2.4.(2). Articulação entre as atividades de direção e a participação das pessoas da escola. 1.3.2.4.(3). Alto nível de qualificação e competência profissional. 1.3.2.4.(4). Busca objetividade na gestão, através de dados, sem prejuízo dos significados culturais e pessoais. 1.3.2.4.(5). Avaliação com finalidade pedagógica: diagnóstico, acompanhamento, reorientação, decisões. 1.3.2.4.(6). Ênfase tanto nas tarefas, como nas relações interpessoais. 1.3.3. As concepções de gestão refletem diferentes posições políticas e conceitos sobre o papel da escola na sociedade. 1.3.3.1. A concepção técnico-científica valoriza o poder e a autoridade, bem como a produtividade impessoal. 1.3.3.2. As outras têm em comum a oposição às formas de dominação e subordinação, mas divergem sobre como efetivar esse desejo por relações mais justas e humanas. 1.3.4. Neste livro, assume-se a posição democrático-participativa, ainda que aponte para necessidade de mecanismos para atingir com êxito os objetivos da escola. 1.3.4.1. Valorizam-se, portanto, os elementos internos do processo organizacional (planejamento, direção, avaliação). 1.3.4.1.1. Não basta tomar decisões democraticamente: é preciso pô-las em prática. 1.3.4.2. Neste aspecto, a concepção interpretativa tem dado boas contribuições: construção da “cultura da escola”. 1.3.4.2.1. Mais adiante serão pontuadas as características realçadas por essa visão na gestão e participação. 1.4. É importante salientar que esses são traços gerais dos estilos de gestão: não existem em estado puro. 1.4.1. Em geral, aliás, muitas equipes advogam uma concepção democrática, mas acabam praticando o tipo técnico-científico. 2. Estrutura organizacional de uma escola. (pp. 107-111) 2.1. “Estrutura”: disposição das funções que assegura o funcionamento. 2.1.1. Como há interrelações entre essas funções, uma boa forma de representar essa estrutura é por um organograma. 2.1.1.1. A forma do organograma reflete a concepção de organização e gestão. 2.2. Apesar da variação, por conta das legislações locais, pode-se apresentar algo assim: 2.2.1. Conselho de Escola: órgão colegiado com atribuições consultivas e deliberativas, em assuntos pedagógicos, administrativos e financeiros. 2.2.2. Direção: aquele que coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola, auxiliado pelo corpo de especialistas e técnicos-administrativos. 2.2.3. Setor Técnico-Administrativo: responde pelas atividades-meio. 2.2.3.1. Secretaria Escolar: cuida da documentação, escrituração e correspondência da escola e funcionários. 2.2.3.2. Zeladoria: cuida da manutenção, conservação e limpeza do prédio e distribuição da merenda. 2.2.3.3. Vigilância: cuida do acompanhamento dos alunos fora da sala de aula e auxílio aos professores. 2.2.3.4. Multimeios: biblioteca, laboratórios, audiovisual etc. 2.2.4. Setor Pedagógico: coordenação pedagógica e orientação educacional. 2.2.4.1. Dependendo da legislação, são duas funções, ou unificadas em um mesmo profissional. 2.2.4.2. Coordenador ou professor-coordenador: supervisiona, assessora e avalia as atividades pedagógico-curriculares dos professores, e relaciona-se com os pais e comunidade no campo da aprendizagem dos alunos. 2.2.4.3. Orientador educacional: cuida do atendimento e acompanhamento escolar dos alunos e do relacionamento com a comunidade. 2.2.4.4. Conselho de Classe/Série: órgão deliberativo sobre a avaliação escolar dos alunos e outras medidas relativas à melhoria do desempenho escolar dos estudantes. 2.2.5. Instituições auxiliares: 2.2.5.1. Associação de Pais e Mestres: entidade representativa dos membros da comunidade escolar. 2.2.5.2. Grêmio Estudantil: entidade representativa dos estudantes, para fins educacionais, culturais, sociais. 2.2.5.3. Caixa Escolar: entidade destinada a organizar assistência social a alunos carentes e supervisionar a utilização dos recursos financeiros da escola. 2.2.6. Corpo docente e corpo discente. 2.2.6.1. Corpo docente: todos os professores em exercício na escola – formam aequipe escolar junto com a direção e os especialistas. 2.2.6.2. Corpo discente: todos os alunos e suas associações representativas. 3. As funções do sistema de organização e gestão da escola. (pp. 111-112) 3.1. Dada a complexidade do funcionamento da escola, faz-se necessário o uso de funções no processo organizacional. 3.1.1. Sendo os resultados da escola fruto de uma atividade coletiva, não se depende apenas das capacidades e responsabilidade individual, mas sim de ações coordenadas para objetivos comuns. 3.1.1.1. Nas teorias clássicas: quatro funções do processo administrativo – planejamento, organização, direção, controle. 3.1.1.2. Nos capítulos seguintes (após tratar da gestão participativa), se analisará melhor cada uma dessas funções. 1
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