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LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e Prática. São Paulo: Heccus Editora, 2015. [6ª Ed., Orig. 2000] Capítulo 7 – “Princípios e características da gestão escolar participativa”, pp. 113-122. 1. Retomando os conceitos de gestão democrática, participação e direção. (pp. 115-117) “A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes, procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação mediadora dos professores e pela organização e gestão da escola. A principal função social e pedagógica da escola é a de assegurar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais pelo seu empenho na dinamização do currículo, no desenvolvimento dos processos do pensar, na formação da cidadania participativa e na formação ética. Para isso, faz-se necessário superar as formas conservadoras de organização e gestão, adotando formas alternativas, criativas, de modo que aos objetivos sociais e políticos da escola correspondam estratégias compatíveis e eficazes de organização e gestão”. (p. 115) 1.1. “Cultura personalista” na gestão pública brasileira: o poder governamental é personalidade, centrando na pessoa. 1.1.1. Isso criou alguns obstáculos à organização da participação popular nos processos decisórios, inclusive na escola: 1.1.1.1. A relação política vira uma relação entre pessoas, e não entre grupos, organizações, entidades etc. 1.1.1.2. O hábito é esperar que as decisões venham prontas “de cima”. 1.1.1.3. E as camadas populares ficam em desvantagem na efetivação da participação, graças à desigualdade de acesso aos mecanismos de representação política (meios de comunicação, escolaridade, poder financeiro etc.). 1.1.2. Romão, 1997: essas dificuldades de mobilização das camadas populares marcam a diferença, inclusive, entre as relações que as famílias de classe média e alta e das camadas populares têm com a escola. 1.1.2.1. As camadas populares levam desvantagem considerável na hora das reivindicações e práticas de participação. 1.2. A conquista da cidadania passa pelo esforço dos educadores em estimular a participação popular desde a escola. 1.2.1. Gadotti e Romão, 1997: está diretamente ligada à democratização da gestão e à melhoria da qualidade do ensino. 1.3. Dois sentidos da participação na escola: 1.3.1. Participação como instrumento: prática pedagógica, formativa, de conquista da autonomia dos sujeitos na escola. 1.3.1.1. A escola deixa de ser uma redoma, e torna-se uma comunidade educativa de fato: parte da sociedade. 1.3.1.1.1. A escola ensina e estimula a participação no âmbito mais amplo da sociedade. 1.3.2. Participação como processo organizacional: compartilhamento dos processos de tomada de decisão. 1.3.2.1. A participação é ingrediente dos próprios objetivos da escola e da educação. 2. A direção como princípio e atributo da gestão democrática. (pp. 117-118) 2.1. A direção escolar é diferente da direção empresarial: ela é imperativo social e pedagógico. 2.1.1. Vai além de mera busca da eficiência: toma-se posição frente a objetivos sociais e políticos da escola. 2.1.2. Predomínio da “intencionalidade pedagógica”: mediação na formação da personalidade humana. 2.1.2.1. Dá-se direção consciente e planejada ao processo educacional: consenso em torno de objetivos sociopolíticos. 2.2. Portanto, a prática de gestão e direção participativa converge para a elaboração e execução do projeto pedagógico-curricular. 3. Alguns princípios da organização e gestão escolar participativa. (pp. 118-122) 3.(1). Autonomia das escolas e da comunidade educativa. 3.1.1. Autonomia é o fundamento da concepção democrático-participativa da gestão escolar, sua razão de ser: autogoverno. 3.1.2. Significa poder de decisão sobre seus objetivos e formas de organização, com relativa independência do poder central. 3.1.2.1. Autonomia relativa: as escolas integram um sistema escolar e dependem de políticas públicas e gestão pública. 3.1.2.2. Assim, ao mesmo tempo que age como instância educadora (com planejamento, organização, orientação e controle interno de suas atividades, segundo suas próprias características), a escola adequa-se às diretrizes gerais do sistema de ensino. 3.1.2.2.1. O que nem sempre é pacífico: há sistemas desprovidos de política global, mal organizados, mal administrados; há aplicação mecânica de diretrizes; há entes públicos que conferem autonomia para se desobrigar de suas responsabilidades etc. 3.(2). Relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe escolar. 3.2.1. Exercício responsável e compartilhado da direção escolar. 3.2.2. Significa a participação na gestão e a gestão da participação. 3.2.2.1. Por um lado: viabilizar a participação, pela comunicação, busca de um consenso em questões básicas, diálogo. 3.2.2.2. Por outro: cumprimento das responsabilidades compartilhadas, com uma mínima divisão de tarefas. 3.2.3. Ou seja: não se restringe às eleições, assembleias, reuniões. 3.(3). Envolvimento da comunidade no processo escolar. 3.3.1. Estabelecer vínculos estreitos com a comunidade educativa: pais, entidades e organizações paralelas à escola. 3.3.2. Significa ter participação efetiva de pais nos colegiados para elaborar e monitorar o projeto pedagógico-curricular e nas demais entidades da sociedade civil que fiscalizam a execução da política educacional. 3.3.2.1. A participação efetiva da comunidade escolar dá respaldo maior ao poder público para encaminhar projetos que atendam melhor às necessidades educacionais da população. 3.(4). Planejamento das tarefas. 3.4.1. Ação racional, estrutura e coordenada para atingir os objetivos da escola. 3.4.2. Significa propor objetivos, estratégias, provimento e ordenação de recursos, cronogramas e forma de controle e avaliação. 3.4.2.1. O projeto pedagógico (ou plano de ação da escola) é o instrumento unificador das atividades. 3.4.2.1.1. Nele devem convergir o interesse e o esforço coletivo dos membros da escola. 3.(5). Formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da comunidade escolar. 3.5.1. A escola é um espaço educativo para todos: é o local em que os profissionais desenvolvem sua profissionalidade. 3.5.2. Significa que todos devem conhecer o estado real da escola, observar e avaliar constantemente o desenvolvimento do processo de ensino, analisar os resultados alcançados e compartilhar experiências docentes bem-sucedidas. 3.(6). Utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus múltiplos aspectos, com ampla democratização das informações. 3.6.1. Procedimentos de coleta e tratamento de dados com transparência. 3.6.2. Significa verificar a qualidade das aulas, cumprimento dos programas, a qualificação profissional e experiência docente, as características socioeconômicas dos alunos, os resultados do trabalho, a adequação dos métodos etc. 3.6.2.1. Isso tudo tem que estar acessível a todos os membros da comunidade escolar. 3.(7). Avaliação compartilhada. 3.7.1. Todos as decisões e procedimentos organizativos devem ser avaliados. 3.7.2. Significa uma avaliação mútua entre direção, professores e comunidade. 3.(8). Relações humanas produtivas e criativas assentadas na busca de objetivos comuns. 3.8.1. Mudar as relações autoritárias para relações baseadas no diálogo e no consenso. 3.8.2. Significa um clima amistoso de trabalho, combinando exigência e respeito, severidade e tato humano nas interações entre direção, funcionários técnicos, professores, alunos. 1
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