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PATOLOGIA AULA 01 (06/07/2020) - Alice A Patologia dedica-se ao estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais das células. É uma ponte entre as ciências básicas e a medicina clínica, sendo a base científica de toda a medicina (Robbins & Cotran, 2015). O estudo da patologia está dividido entre Patologia Geral e Patologia Sistêmica. A Patologia Geral trata das reações das células e tecidos aos eventos nocivos, que, na maioria das vezes, não são específicas para um determinado tecido. Já a Patologia Sistêmica estuda as doenças específicas de cada órgão. Aspectos envolvidos no processo de uma doença e que formam o cerne da Patologia PORQUE? – Causa ou Etiologia (genético ou adquirido) COMO? – Patogenia ou Mecanismo (resposta ao agente etiológico) RESULTADO? – Alterações estruturais ou morfológicas Consequências funcionais (significado clínico). DEFINIÇÃO Ciência que estuda as causas das doenças, os mecanismos que as produzem, os locais, as alterações morfológicas e funcionais que apresentam. Ao estudo da patologia não compete: Diagnóstico clínico, Prevenção e Terapêutica (clínica médica). Orientação para elaboração dos casos clínicos Citar possíveis diagnósticos diferenciais; Definir a faixa etária predisponente para a ocorrência da doença (se houver); Comentar a existência de predisposição quanto ao sexo do indivíduo; Citar a causa mais provável que levou o indivíduo a desenvolver a patologia em questão; Descrever os sintomas clínicos apresentados pelo indivíduo e fazer uma correlação com os processos patológicos; Descrever características morfológicas microscópicas e macroscópicas do tecido alterado com ilustrações; Descrever o mecanismo de como o processo patológico foi formado. AULA 02 (08/07/2020) – Fabrícia Gimenes Processos Adaptativos: Atrofia, hipertrofia e hiperplasia LESÕES CELULARES Estágios da reposta celular ao stress e estímulos Causa lesão CÉLULA NORMAL (homeostasia) Stress ↑↓ na demanda ADAPTAÇÃO (metabólica ou estrutural) Incapacidade de adaptação ↓ Estímulo nocivo LESÃO CELULAR (reversível ou irreversível morte celular) Carol Seixas ESTADOS DE ADAPTAÇÃO O corpo humano apresenta fantástica habilidade em se adaptar tanto física quanto psicologicamente aos muitos estresses. A adaptação pode ser afetada por vários fatores, como a idade, condição orgânica e a rapidez com a qual ocorre a necessidade de se adaptar. Modular a função da célula em resposta a cada estímulo. ADAPTAÇÕES CELULARES Transtorno do crescimento Modificações quantitativas, ou seja, alterações no volume ou no peso de um órgão ou tecido. Transtorno da diferenciação celular Envolvem modificações qualitativas, ou seja, há alterações em seu comportamento. EXEMPLOS DE ADAPTAÇÃO Resposta adaptativa de curto prazo – aumento do batimento cardíaco em estados febris. Resposta adaptativa de longo prazo – hipertrofia do ventrículo esquerdo em pessoas com hipertensão crônica. TIPOS DE ADAPTAÇÃO (Há 5 tipos de adaptações celulares): - Atrofia - Hipertrofia - Hiperplasia - Metaplasia - Displasia ADAPTAÇÕES CELULARES Transtorno do crescimento – modificações quantitativas, ou seja, alterações no volume ou no peso de um órgão ou tecido. ATROFIAS E HIPERTROFIAS - Distúrbio de crescimento celular - Elementos da patogenia Demanda funcional Perfusão sanguínea Nutrientes Estímulos tróficos ATROFIA - Ocorre quando há diminuição da nutrição e metabolismo celular; - Diminuição da função e do tamanho celular; - Perda da substância celular, componentes estruturais; Figura 1 Robbins & Cotran. 9ª Ed., p. 80. Etapas da resposta celular ao estresse e estímulos nocivos. - Presença de vacúolos autofágicos; - Reversível; - Pode ser fisiológica ou patológica. MECANISMO DE ATROFIA Redução dos componentes estruturais vacúolos autofágicos Alteração no balanço entre síntese e degradação de proteínas degradação >>> síntese AUTOFAGIA DAS ORGANELAS Diminuição dos nutrientes Sinal de autofagia Formação de vacúolos autofágicos Degradação das organelas citoplasmáticas pelos lisossomos) Nutrientes usados pela célula / corpúsculos residuais não digeridos Lipofuscina * Agressão a proteínas por radicais livres proteínas modificadas são ubiquitinadas e destruídas nos proteassomos. CAUSAS DE LESÃO CELULAR Envelhecimento ou Senescência – atrofia celular sistêmica TIPOS DE ATROFIA Diminuição do suprimento sanguíneo (hipóxia) – ex.: atrofia cerebral em idosos; Redução da carga de trabalho (desuso) – ex.: membro fraturado (imobilizado), repouso prolongado no leito; Pressão (compressão tecidual) – ex.: tumores benignos, cistos; Perda da inervação – Lesão nervosa com redução do tônus fisiológico – ex.: poliomielite, lesão medular, esclerose lateral amiotrófica; Nutrição inadequada – ex.: neoplasia; Interrupção dos sinais tróficos – ex.: atrofia do endométrio – menopausa; Inflamação crônica – ex.: atrofia da mucosa gástrica na gastrite crônica; Hormonal – ex.: mama, endométrio. Figura 2 Robbins & Cotran. 9ª Ed., p. 86. Atrofia cerebral. Figura 3 - http://www.fmv.ulisboa.pt/atlas/cardiovascular/paginas_pt/cardio_025.htm - Miocárdio atrófico. Os miócitos atrofiados são menores, com núcleos menores e apresentam acúmulo do pigmento lipofuscina (que está presente em células que não se multiplicam muito e têm vida longa, sendo um marcador do tempo de vida celular) acastanhado ao redor do núcleo. HIPERTROFIA Aumento do volume celular que acarreta aumento do volume do órgão como um todo; Ocorre devido a estímulos excessivos como aumento da demanda funcional ou estímulo hormonal; Necessita de um aumento no suprimento de oxigênio e nutrientes para que haja uma maior síntese de proteínas estruturais; Reversível; Pode ser fisiológica ou patológica; Aumento de receptores de superfície – síntese de proteínas. CLASSIFICAÇÃO DAS HIPERTROFIAS Fisiológica 1. por estímulos hormonais: Útero na gravidez; Mamas durante a lactação; 2. por aumento de trabalho: Músculo cardíaco após nascimento pela adaptação; Músculo esquelético de atletas e trabalhadores. Patológica Músculo cardíaco lesão em valvas Músculo liso bexiga HNP Megaesôfago e megacólon chagásico Hipertrofia do plexo mioentérico estenose intestinal http://www.fmv.ulisboa.pt/atlas/cardiovascular/paginas_pt/cardio_025.htm Figura 4 - Robbins & Cotran. 9ª Ed., p. 82 Figura 5 - https://slideplayer.com.br/slide/13336729/ - Miocárdio normal e hipertrófico HIPERPLASIA - É o aumento do número de células de um órgão ou parte dele levando ao aumento do volume e função do órgão ou tecido; - Ocorre alterações na taxa de reprodução celular sem alterar as características morfofuncionais; - Possui controle da divisão celular; - Principais estímulos: hormonais, de trabalho, reação inflamatória, processos regenerativos; - Pode ocorrer simultaneamente com a hipertrofia; - É reversível; - Torna-se patológica em decorrência de estimulação hormonal excessiva. Mecanismos de hiperplasia - Modificações do ciclo celular; - Aumento local da produção de fatores de crescimento, citocinas e hormônios; - Aumento do número de receptores para fatores de crescimento nas células afetadas; - Ativação de vias de sinalização intracelulares específicas incluindo reguladores do ciclo celular; proliferação celular. https://slideplayer.com.br/slide/13336729/ TIPOS DE HIPERPLASIA Hiperplasia Fisiológica Hormonal Útero e mama (gravidez e puberdade) Crescimento do endométrio após menstruação Hiperplasia Compensatória - Ocorre quando parte do fígado é removida (hepatectomia parcial) – ação de fatores de crescimento. Degradação da matriz celular fator de crescimento hepático (HGF) inativo na forma ativa capaz de ligar-se ao receptor. Hiperplasia Patológica 1) Reacional – ex.: verrugas genitais – HPV 2) Congênita – ex.: “bebês gigantes” > 5kg 3) Estimulação hormonal excessiva: - ex.1: Hiperplasia do endométrio – hemorragias - ex.2: Hiperplasia nodular da próstata – testosterona - ex.3: Hiperplasia da glândula tireoide Hiperplasia benigna – patológica sob estímulo continuado – pode transformar-se em câncer Hiperplasia nodular da próstata - Um distúrbio masculino que aumenta o tamanho da próstata, dificultando o esvaziamento da bexiga; - Atinge 50% dos homens na faixa dos 50 anos; Aromatase ácida testosterona diidroxitestosterona (controle do crescimento prostático) AULA 03 (13/07/2020) – Fabrícia Gimenes METAPLASIA Alterações de diferenciação envolvem modificações qualitativas: REVERSÍVEL - É uma alteração reversível, na qual um tipo de célula adulto e diferenciado (ex.: epitelial) é transformada em transformado e outro tipo, também adulto e diferenciado, com características diferentes, porém de mesma origem. - Decorrente de uma lesão continuada ou ambiente hostil. PRINCIPAIS CAUSAS 1. Agressão mecânica de longa duração – ex.: Prótese dentária mal ajustada no epitélio ou bochecha. 2. Irritação por calor prolongado – ex.: Haste do cachimbo no lábio, alimentos quentes no epitélio oral ou esofágico como chá verde, chimarrão, etc. 3. Ação irritativa inflamatória – ex.: mucosa brônquica, gástrica e colo uterino. 4. Irritação química – ex.: fumo sobre mucosa respiratória. TIPOS DE METAPLASIA 1) Transformação do epit. pseudoestratificado ciliado em epit. estratificado pavimentoso Metaplasia brônquica Deficiência de vitamina A (necessária para o crescimento normal das células; controla o crescimento celular, diferenciação), tabagismo (destrói os cílios, acaba com o muco). 2) Transformação do epit. colunar mucossecretor em epitélio estratificado pavimentoso escamoso (METAPLASIA ESCAMOSA ENDOCERVICAL) inflamação crônica hormônios, pH ácido vaginal, infecções, etc. Metaplasia células da endocérvice descem (gravidez / mulheres multíparas) e entram em contato com o pH vaginal. - Junção escamocolunar (JEC) células de transição (metaplásicas) importantes para o exame preventivo (células alta taxa de proliferação alvo do HPV. Normal, virginal – JEC acima do orifício externo – sem estímulos metaplásicos. Ectrópio – JEC fora do orifício externo (hormônios) – em contato com o pH vaginal, infecções vaginais e outros agentes agressores – estímulo metaplásico. proliferação excessiva do tecido estratificado – obstrução da saída de glândulas Cistos de Naboth. - Teste de Schiller: solução Lugol – iodo cora células intermediárias ricas em glicogênio da ectocérvice. Teste negativo – colo do útero todo corado de marrom. Teste positivo – regiões não coradas indicativo de lesão / displasia. - Aplicação de ácido acético 3-5% - Teste negativo – mancha avermelhada. - Teste positivo – regiões acetobrânquias. Figura 6 – https://www.anatpat.unicamp.br - Metaplasia escamosa do epitélio endocervical. 3) Transformação do epitélio estratificado pavimentoso em epitélio colunar maduro (semelhante ao esôfago ou intestino) (ESÔFAGO DE BARRETT) risco câncer Causa: refluxo gastroesofágico, hérnia de hiato deslizante (aumento da pressão intra- abdominal). Sintomas: - Sensação de queimação (30 a 60 minutos após ingesta alimentar), piorando com o ato de debruçar ou reclinar. - Eructações e dor torácica. 4) Transformação do epitélio estratificado pavimentoso não ceratinizado em epitélio ceratinizado composto de várias camadas. Epitélio da boca e esôfago próteses mal ajustadas; chimarrão, tabaco -> LEUCOPLASIA. LEUCOPLASIA – clinicamente é identificada como placas ou manchas brancas e correspondem à metaplasia de um epitélio não ceratinizado em ceratinizado composto por várias camadas. METAPLASIA – CONSEQUÊNCIAS METAPLASIA É REVERSÍVEL! Cessado o estímulo, o tecido volta ao padrão de diferenciação original; Novo epitélio mais resistente. PORÉM, - pode ocorrer perda de função. Ex.: perda da função de defesa do epitélio mucossecretor ciliado nos brônquios na metaplasia escamosa; - as influências que induzem a metapalsia, se persistirem, podem iniciar uma transformação maligna no epitélio metaplásico. Figura 7 - Bogliolo 9ª Ed, p. 832 - Colo uterino com extensa área de ectrópio em A, e em B o mesmo caso após Teste de Schiller (a região de ectrópio apresenta-se clara, não se cora com iodo). DISPLASIA É uma proliferação celular controlada, mas com redução ou ausência de diferenciação celular. - Está associada ou origina-se de tecido metaplásico; - Possui muitas características das células malignas, exceto a invasão; - Distúrbios na maturação com graus variados de atipias; - Cariomegalia (poliploidia) aumento na atividade celular; - Pleomorfismo (alteração de forma da célula e do núcleo); - Hipercromasia (núcleo mais corado – mais compactado); - Nem sempre progride para uma neoplasia; - Quando não afeta toda a espessura epitelial é facilmente reversível; - Quando afeta toda a espessura epitelial é denominada carcinoma in situ displasia severa, mas ainda não rompeu a lâmina basal = não é câncer! DISPLASIA CERVICAL - São lesões pré-cancerosas: câncer de colo uterino; - Se detectada precocemente, impede a progressão para a malignidade (Papanicolau); - Havendo persistência do estímulo, há aumento da divisão celular com aumento do número de atipias celulares nas várias camadas epiteliais. AULA 04 (15/07/2020) – Fabrícia Gimenes FATORES QUE PREDISPÕEM À DISPLASIA CERVICAL - Idade precoce na primeira relação sexual; - Múltiplos parceiros sexuais; - Um parceiro com múltiplas parceiras sexuais anteriores. HPV - Tropismo pelo epitélio cervical maior prevalência em mulheres > 200 tipos identificados Tipos oncogênicos incluem: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 58 HPV 16 (54%) e HPV 18 (13%) foram responsáveis pela maioria dos cânceres cervicais em todo o mundo. Tipos não-oncogênicos incluem: 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54 HPV 6 e 11 são mais frequentemente associados a verrugas genitais externas. - O Papilomavírus entra no eptélio cervical através de uma microlesão e infecta a célula basal. - As células infectadas multiplicam-se; - As células infectadas podem sofrer alterações; (1 – 2 anos) - Evolução das células alteradas; - Lesão de alto grau - Câncer: as células malignas podem romper a membrana basal e invadir os tecidos envolventes. (10 + anos). Presente também na vagina, vulva, região pubiana, perianal, ânus, pênis, bolsa escrotal, orofaringe e boca. Câncer cervical - 500 mil novos casos anuais, em torno de 20 mil no Brasil; - Terceiro tipo mais frequente de câncer no Brasil. Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) - É o conjunto das lesões displásicas nos seus diversos graus de proliferação e atipias; - Conforme a intensidade e extensão da lesão são classificados em três grupos: NIC I ou displasia leve ou Lesão de Baixo Grau (LSIL). NIC II ou displasia moderada ou Lesão de Alto Grau (HSIL). NIC III ou displasia acentuada/carcinoma in situ ou Lesão de Alto Grau (HSIL). NICs Classificação de Richart Lesão de Baixo/Alto Grau Classificação de Bethesda As NICs são frequentes em mulheres de classes socioeconômicas baixas e portadoras de DST como HPV; A detecção precoce do carcinoma in situ e o tratamento na fase pré invasiva podem levar à cura total; Os carcinomas in situ detectados tardiamente podem apresentar células com características invasivas; O tratamento pode ser através da cauterização ou curetagem do epitélio lesado; Diagnóstico: colposcópio/Papanicolau. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO Métodos para rastreamento do câncer cervical e da infecção pelo HPV. Examescitológicos; Colposcopia, peniscopia; Biópsia cervical; Biologia molecular. CONDIÇÕES NÃO HEREDITÁRIAS PREDISPONENTES AO DESENVOLVIMENTO NEOPLÁSICO MALIGNO Hiperplasia endometrial carcinoma do endométrio; Displasia cervical câncer cervical; Metaplasia e displasia brônquica carcinoma brocogênico; Leucoplasia da cavidade oral, vulva e pênis carcinoma; Figura 8 – Robbins & Cotran, p. 1850. Fígado cirrótico carcinoma hepatocelular; Processo inflamatório crônico (colite ulcerativa, gastrite por H. pylori, hepatite viral produção de citocininas estímulo para o crescimento de células transformadas.
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