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5 aula Gestalt

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A Gestalt-terapia de Perls. Suas 
interlocuções com o pensamento 
humanista. Fenômenos psicológicos à luz da 
Gestalt-Terapia
• A Gestalt-terapia é uma
abordagem terapêutica que
enfatiza a responsabilidade e a
liberdade essenciais do ser
humano perante a sua existência.
• Seu desenvolvimento deve-se
principalmente ao trabalho de
Frederik Perls, cujo nome ficou
associado a esse modelo de
atendimento psicoterápico.
A Gestalt-terapia é uma teoria de personalidade e uma teoria de psicoterapia que
vem sendo continuamente desenvolvida por autores contemporâneos. Faz parte da
chamada terceira força em Psicologia, ou corrente humanista, que emergiu como
reação às visões psicanalítica e comportamentalista do ser humano.
São alguns conceitos básicos da Gestalt-terapia:
o ser humano é um ser de relação (relação consigo mesmo, com o mundo, com
os outros);
totalidade e integração (a pessoa como uma unidade psique-corpo-espírito);
o ser humano como unidade indivíduo-meio (o ser humano está
constantemente interagindo com limites sociais e ambientais);
unidade de passado, presente e futuro (o aqui-e-agora é o tempo e o lugar onde
as modificações podem ocorrer);
auto-regulação (o ser humano é um todo unificado que se auto-regula).
• Na Psicologia da Gestalt, Perls descobre que o “homem não percebe as
coisas isoladas e sem relação, mas as organiza no processo perceptivo
como um todo significativo” (Perls, 1988, p.18) a partir de um interesse
motivador.
• a teoria da Gestalt-terapia é uma teoria de processos, ou seja: o que
importa é o relacionamento entre eventos. A visão do gestalt-terapeuta é
uma visão voltada para a dinâmica que acontece em determinado momento
da vida de uma pessoa.
• Assim, entendem-se as estruturas da personalidade como funções ou
conjuntos de funções, não como entidades.
• São mais importantes o ‘como’ e o ‘para que’ do que o ‘o que’ ou o
‘porquê’.
• O principal criador da Gestalt-terapia foi Frederick Salomon Perls, o Fritz
Perls, como ficou conhecido. Fritz nasceu em Berlim, em 1893, filho de pais
judeus.
• Em 1920, aos 27 anos, portanto, graduou-se em Medicina, passando a
trabalhar como neuropsiquiatra.
• Em 1926, em Frankfurt, trabalhou com o neuropsiquiatra Kurt Goldstein e
com sua assistente, Laura Posner, mais tarde co-fundadora da Gestalt-
terapia, assim como Paul Goodman e Ralph Hefferline. Perls e Laura
casaram-se algum tempo depois de seu trabalho com Goldstein.
• Goldstein é um dos expoentes da teoria organísmica, uma das principais
influência exercidas sobre Perls e, por extensão, sobre a Gestalt-terapia.
Vem daí a idéia central na Gestalt-terapia de se considerar o indivíduo como
um todo, uma entidade biopsicossocioespiritual.
• Do trabalho de Goldstein, imensamente importante para a Gestalt-terapia,
pode-se deduzir que “o ser humano é regulado e tende ao equilíbrio. Realiza-
se intensamente atendendo às suas necessidades.
• Para tanto, compõe-se com o ambiente e/ou redistribui intensamente sua
energia pelo organismo. É este o homem uno e integrado.” (Martins, 1995, p.
57). Para Ribeiro (1999, p. 118 e ss), os processos básicos, em termos de
dinâmica específica de comportamento, segundo Goldstein, são 3:
1) Processo de equalização ou centragem do organismo;
2) Auto-realização;
3) Pôr-se em acordo com o meio ambiente.
• A Gestalt-terapia é, de certa forma, filha da
Psicanálise. Fritz Perls e sua mulher, Laura,
eram psicanalistas quando lançaram as
bases da Gestalt-terapia.
• Durante este tempo de trabalho, fizeram
um trajeto desde a Alemanha (de onde
fugiram do terror nazista) até os EUA, onde
finalmente se radicaram, passando pela
Holanda e pela África do Sul, onde
residiram e trabalharam por alguns anos,
até fugirem do fascismo representado pelo
“apartheid”, chegando finalmente aos EUA.
Pouco depois fundam o Instituto de
Gestalt-terapia de Nova Iorque.
• Seguindo as ideias de Reich, Perls enfatiza
a experiência corpórea como possibilidade
de expressão. Fritz desenvolve essa
compreensão na Gestalt-terapia através de
uma concepção holística de homem. Há
um paralelismo entre corpo e mente, de
modo que ambos expressam vivencias. O
homem é um organismo total que busca
constantemente o equilíbrio através de
trocas com o meio.
• De Friedlander, Perls aproveita o conceito de indiferença criativa e a maneira de ver as
polaridades, ou seja, o aspecto da qualidade polar da vida humana: a polaridade da
personalidade é um dos pilares da Gestalt-terapia.
• De Jan Smuts, Fritz traz importantes reflexões sobre o holismo. Com relação ao trabalho
com os sonhos, há influência de Jung, que via os sonhos mais como expressões pessoais
criativas do que como disfarces inconscientes de experiências problemáticas ou apenas
motivados por realizações de desejos.
• Em Gestalt-terapia, os sonhos são entendidos também em termos de situações inacabadas
que clamam por satisfação e finalização. Este conceito (situação inacabada) nos leva a outra
influência recebida pela Gestalt-terapia: a teoria da aprendizagem da Gestalt, desenvolvida
por Wertheimer, Köhler e Koffka, na Alemanha dos anos vinte. Influência tão marcante que
acabou por determinar o nome da teoria que Perls criaria.
• A fundamentação básica da Psicologia da Gestalt é a de que a percepção
depende da totalidade das condições estimulantes, ou seja, depende do
campo total (indivíduo-meio), quer dizer, depende de características do
estímulo e da organização neurológica e perceptiva da pessoa.
• A palavra “Gestalt”, derivada da raiz germânica “Gestalten”, significa todo
ou configuração. Na Psicologia da Gestalt, gestalten são totalidades
significantes da experiência.
• Para a Psicologia da Gestalt o todo é diferente da soma de suas partes. Há
uma condição inata de necessidade humana de organização e de
integridade da experiência perceptual, da qual podemos depreender que
uma pessoa não pode prosseguir seu processo de crescimento até antes de
haver completado qualquer coisa que experiencie como incompleta em sua
vida.
• O conceito da Psicologia da Gestalt de figura e fundo é básico para a Gestalt-
terapia. Tal conceito permite ao ser percipiente organizar suas percepções numa
unidade dinâmica a mais vigorosa possível.
• Os conceitos, oriundos da Psicologia da Gestalt, principalmente o que se refere a
figura e fundo, são importante base para as noções de saúde e de doença da
Gestalt-terapia.
• Também como conceito básico importante é o que trata do aqui e agora em
termos de percepção : a experiência da percepção aqui e agora tem mais
influência na percepção de um objeto ou de uma forma que a experiência
passada com essa mesma figura.
• Além disso, subjacente a estes e a outros conceitos oriundos da
Psicologia da Gestalt está a diferença entre:
• a realidade psíquica (o que eu percebo) e
• a realidade objetiva (o mundo das coisas) e
• a impossibilidade de compreender o homem sem uma visão holística
do mesmo, que agrupe numa Gestalt (numa configuração) as partes
deste homem bem como sua relação com os outros homens e com a
natureza. (Martins, 1995, p. 55)
FIGURA E FUNDO
Percepção Figura-Fundo refere-se à
tendência do sistema visual para simplificar
uma cena com um objeto principal que nós
estamos olhando (a figura) e tudo o que
forma o fundo.
O conceito de percepção figura-fundo é
muitas vezes ilustrado com a clássica ilusão de
“faces ou vasos” , também conhecida como o
Vaso Rubin . Dependendo se você vê o preto
ou o branco na figura, você pode ver duas
faces no perfil (ou seja, você percebe a cor
escura como a figura) ou um vaso no centro
(ou seja, você vê a cor branca como a figura) .
De acordo com a abordagem da Gestalt, o
todo é mais (ou diferente) do que a soma de
suas partes. O termo Gestalt vem da palavra
alemã que significa “forma”.
Como as pessoas distinguem entre a figura e o fundo?
• Ao olhar para uma cena, as pessoas tendem a procurar maneiras de 
diferenciar entre a figura e o fundo. Algumas maneiras pelas quais as 
pessoas realizam isso incluem:
• Borrões: objetos emprimeiro plano tendem a ser nítido e distinto, 
enquanto aqueles no fundo são borradas ou nebuloso.
• Contraste: Alto contraste entre os objetos pode levar à percepção de figura 
e fundo. O vaso Rubin é um exemplo.
• Tamanho: imagens que parecem ser maiores serão percebidas como mais 
estreitas e parte da figura enquanto que aquelas que são menores irão 
parecer estar mais longe e serem parte do fundo.
• Separação: Um objeto isolado a partir de tudo o mais, em uma cena visual 
é mais provável de ser visto como uma figura contra o fundo.
• A cada momento, e de acordo com nossas necessidades e interesses, nossa figura muda. Se
enquanto estou escrevendo, sinto sede, a sede passa a ser minha figura e escrever aqui
torna-se fundo até que minha sede seja satisfeita. Por isso diz-se que este processo de
alternância é fluído.
• Quando não há fluidez nesse processo, e a pessoa não consegue formar figuras claras e
nítidas, ou seja, quando não consegue identificar suas necessidades, aquilo que precisa para
se sentir satisfeita; diz-se que a gestalt (a configuração) não foi fechada, está fixa ou
cristalizada. Outro ponto importante: a mesma figura pode ter significados diferentes de
acordo com o fundo do qual emergem.
• Se eu vejo um copo recipiente com água e algo começa a pegar fogo, nesse momento a água 
significa apagar o fogo. Se estou com sede e vejo a água, ela tem o significado de saciar 
minha sede.
Qualquer correlação que se possa fazer entre esse processo e o conceito de homeostase 
abordado no post anterior não é mera coincidência. Enquanto nossas nossas gestalts em 
aberto não tiverem um fechamento, nosso equilíbrío fica capenga e por conseguinte, nossa 
saúde também...
Conceito de pregnância, principal lei 
• A pregnância é uma qualidade que possuem as figuras que se podem 
captar através do sentido da visão. Essa qualidade está vinculada à 
forma, à cor, textura e outras características que fazem que a pessoa 
que observa a possa captar de forma mais rápida e simples.
• Quanto maior a pregnância, maior é a facilidade com que o ser 
humano capta a figura. Isto significa que, entre 3 ou 4 figuras, aquela 
que tiver maior pregnância é aquela que consegue chamar em 
primeiro a atenção.
• Composições com alta pregnância 
são aquelas facilmente 
interpretadas, ou seja, que 
possuem suas informações de 
forma que o receptor consiga 
entendê-las rapidamente, assim 
que bate o olho na imagem. Já 
aquelas peças em que a 
legibilidade é mais complicada e 
complexa e, consequentemente, 
demanda um esforço do 
espectador para conseguir 
interpretar suas informações e 
sentidos são ditas de baixa 
pregnância. 
A imagem é considerada uma
composição de alta pregnância, uma vez
que possui uma legibilidade clara:
primeiro o espectador enxerga os blocos
de lego e, depois, consegue associá-los à
forma dos personagens do desenho
animado “Os Simpsons”.
Aqui temos um ponto que merece ser
destacado: a pregnância da forma
também depende dos conhecimentos e
contextos prévios de cada pessoa, ou
seja, de sua bagagem cultural. Nesse
caso, por exemplo, uma pessoa que não
conheça o desenho animado não
conseguirá interpretar a imagem da
forma desejada pelos criadores do
anúncio.
A segunda imagem é um exemplo de
composição de baixa pregnância, uma
vez que a quantidade de cores,
formas e elementos acaba tornando a
imagem cheia ao ponto do espectador
necessitar de um certo tempo para
conseguir identificar que, por exemplo, as
casas estão de cabeça para baixo.
• De uma maneira simples, podemos entender o conceito de Gestalt
como a interpretação de um inteiro que é visto de uma forma maior
do que a soma de suas partes, como, por exemplo:
• quando observamos os piscas-pisca de natal, que são várias luzes
piscando, e enxergamos um movimento nelas. Isso acontece porque
nosso cérebro tende a preencher os espaços que faltam, o que
provoca a sensação de que as luzes se movem em um sentido pela
variação entre as que estão acesas e as que se apagam.
As Leis da Gestalt do Objeto
Unidade
Afirma que a nossa percepção de algo pode ser feita a partir de uma 
única parte ou de várias partes que formam um todo.
• Segregação
• Oposto da unidade. Aqui está a nossa capacidade de olhar um único 
objeto e isolar cada uma das partes.
• Unificação
• A unificação acontece quando existem elementos iguais ou 
semelhantes distribuídos de forma coerente e harmônica.
Os princípios básicos da unificação são as leis de proximidade e a lei 
de semelhança.
• Proximidade
• Se refere a elementos que estão próximos. Elementos próximos uns 
dos outros tendem a se agruparem e são percebidos como um todo 
ou unidades dentro de um todo.
• Semelhança
• Se refere a elementos semelhantes.Elementos semelhantes tendem a 
se agruparem formando um como um todo ou unidades dentro de 
um todo. Essa semelhança pode ser cor, forma, tamanho, textura, etc.
• Continuidade
• A continuidade acontece quando elementos estão próximos e dão a 
impressão de seguir uma determinada direção. Quando existe uma 
repetição ordenada dos elementos.
• Fechamento
• O fechamento se estabelece para a formação de unidades através da 
nossa percepção. Nosso cérebro interpreta uma forma completa se os 
elementos estão estruturados de uma forma definida.
•
• Pregnância da Forma
• Quanto mais evidente for a forma do 
objeto, quanto mais intuitivo e de fácil 
compreensão é a leitura, maior é o grau 
de pregnância do objeto.
• Quanto melhor ou mais clara for a 
organização, maior a pregnância!
• 1) Quanto mais clara for a organização 
visual da forma do objeto, em termos de 
facilidade de compreensão e rapidez de 
leitura ou interpretação, maior será o seu 
grau de pregnância.
• 2) Naturalmente, quanto pior ou mais 
confusa for a organização visual da forma 
do objeto, menor será o seu grau de 
pregnância.

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