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Fertilização e Clivagem (anotações de aula) FECUNDAÇÃO - sequência de eventos coordenados que se inicia com o contato de um sptz com um cito II - processo pelo qual o gameta masculino (sptz) une-se ao gameta feminino (cito II) para forma um zigoto (ou célula-ovo) - relembrando a estrutura dos gametas: ETAPAS DO PROCESSO DE FERTILIZAÇÃO 1. Encontro dos gametas - tubas uterinas: parede formada por uma camada de musculatura lisa (promove contração muscular) e apresenta epitélio ciliado (batimento dos cílios que cria uma corrente em direção ao útero); luz das tubas contínua com a luz do útero - caminho do ovócito na tuba: captado pelas fímbrias -- infundíbulo → ampola → istmo → região intramural → luz do útero - a fertilização acontece na ampola da tuba uterina - é levado pelas contrações musculares e batimentos ciliares da tuba uterina - depois de ampola, o cito não está mais apto a receber o sptz, por isso, a fecundação não acontece muito após ampola → cito já está em processo de degeneração - se não houver fecundação, o cito é degradado com os restos celulares fagocitados - tempo entre a ovocitação e a chegada do útero: 5 dias - sinais que direcionam o sptz para a tuba uterina: i) quimiotaxia → sinais químicos secretados pelo cito e pela corona radiata que guiam os sptz capacitados ii) termotaxia → diferente de +2ºC entre o istmo e a ampola da uma uterina guiam os sptz capacitados iii) reotaxia → sptz capacitados migram contra corrente estabelecida pela tuba uterina (secreções e movimentos ciliares) - percurso até o sítio de fertilização depende da motilidade espermática e contrações uterinas → 10 milhões de sptz são liberados normalmente na ejaculação mas cerca de 100 a 1000 chegam ao sítio de fertilização - pH do sêmen: 7 a 8,3 → ligeiramente básico para neutralizar o pH vaginal (proteção contra acidez bactericida vaginal) - tuba uterina: epitélio simples colunar com células ciliadas e secretoras intercaladas → produto de secreção é rico em glicogênio que protege o ovócito/futuro embrião e também auxilia na nutrição do futuro embrião ● Modificações espermáticas: o stpz, assim que chega ao trato reprodutor feminino, é incapaz de fertilizar o cito II 1) Capacitação espermática: ocorre no trato reprodutor feminino → acontece devido ao contato do sptz com secreções do trato reprodutor feminino (duração de 7h) - remoção de uma cobertura glicoproteica e proteínas do plasma seminal da superfície do sptz - resultadas da capacitação espermática: - componentes da MP do sptz são alterados, principalmente colesterol (MP com menos colesterol se torna mais fluida, mais instável, que é importante para a reação acrossômica) - alterações metabólicas: aumenta AMPc, aumenta consumo de O2, fosforilação de proteínas → resulta na hiperatividade do sptz (batimento flagelar mais vigoroso) 2) Reação acrossômica ● Barreiras para a fecundação: 1) Corona radiata: - vencida pelos batimentos da cauda do sptz (batimento flagelar hiperativado depois da capacitação espermática → passa por entre as cels da corona até a zona pelúcida) - liberação de enzimas: hialuronidase (degrada ácido hialurônico) liberadas pelo sptz 2) Zona pelúcida: digestão por enzimas dentro do acrossomo → liberação das enzimas só acontece se há um reconhecimento entre os gametas - reconhecimento sptz-zona pelúcida é espécie-específico → só após esse reconhecimento há a liberação das enzimas que degradam a zona pelúcida 2. Reconhecimento entre os gametas: - zona pelúcida: camada glicoproteica secretada pelo ovócito; resistente e permeável - glicoproteínas: ZP1, ZP2, ZP3, ZP4 → ZP3: responsável pelo reconhecimento espécie específico e ligação à MP do sptz e também responsável por iniciar a reação acrossômica - ZP2 e ZP3: formam filamentos longos // ZP1 e ZP4: formam pontes cruzadas REAÇÃO ACROSSÔMICA: fusão da MP do sptz com a membrana externa da vesícula acrossomal → liberação de enzimas estocadas no acrossoma (esterases, neuraminidases, colagenases, hialuronidase, 6-N-acetilglicosaminidase, acrosina) - digestão enzimática das glicoproteínas da zona pelúcida - somente sptz capacitados passam pela corona radiata e submetem-se à reação acrossômica - somente após o término da reação acrossômica o sptz consegue atravessar a zona pelúcida - restante da MP após reação acrossômica (região equatorial do sptz) → proteínas fertilinas que também participam no reconhecimento do gameta 3. Fusão entre membranas plasmáticas dos gametas - as MPs do ovócito e do sptz se fundem e se rompem na área de fusão - integrinas do ovócito reconhecidas pelas fertilinas do sptz → fusão - a cabeça, a peça intermediária e a cauda do sptz penetram no citoplasma do ovócito, enquanto a MP é incorporada à MP do ovócito ATUALIZAÇÕES SOBRE FERTILIZAÇÃO: - função da ADAM 3 (proteína presente no sptz): importante para a migração do sptz pelo oviduto mas não é essencial para a ligação à zona pelúcida (antigamente, acreditava-se que ela era importante para o reconhecimento de ZP3) - reação acrossômica: reação pode acontecer antes do contato do sptz com a zona pelúcida (ao contrário do que se acreditava que a reação só obrigatoriamente se iniciava com o reconhecimento espécie-específico) - segunda penetração: sptz coletados do espaço perivitelino, que já sofreram reação acrossômica, podem penetrar zona pelúcida novamente → ainda não há explicação de como isso pode acontecer - reconhecimento das integrinas CD9 e JUNO (do ovócito) pela fertilina IZUMO 1 (sptz): IZUMO 1 só é exposta na superfície da membrana do sptz após a reação acrossômica BLOQUEIO À POLISPERMIA 1. Bloqueio rápido: despolarização da membrana do ovócito (mudança de carga elétrica) - após a fusão do sptz com o ovócito, a membrana do gameta feminino sofre um despolarização e fca positiva → essa despolarização de membrana leva a uma onda de íons cálcio intracitoplasmática (induz o bloqueio lento) - início imediato porém de curta duração (alguns minutos) → polarização volta ao normal 2. Bloqueio lento: ovócito libera enzimas que ocasionam modificações químicas e estruturais na zona pelúcida, impedindo que esta estrutura seja reconhecida por outros sptz - antes que o bloqueio rápido termine, inicia-se o bloqueio lento → modificações permanentes na zona pelúcida - grânulos corticais: grânulos que contém enzimas localizados próximos à MP do ovócito → íons cálcio estimulam que os grânulos se unam à MP (movimentação de filamentos de actina) e, por exocitose, liberem as enzimas que existem dentro deles (proteases, fosfatases ácidas, peroxidase, mucopolissacarídeos, ativador de plasminogênio) → REAÇÃO CORTICAL → enzimas liberadas alteram permanentemente a zona pelúcida - ZP3 → REAÇÃO ZONAL → ausência de reconhecimento entre zona pelúcidae outros sptz 4. Combinação de cromossomos e ativação do ovo - antes da fecundação: cito II parado em metáfase II → sem síntese de DNA, RNA, proteínas e baixo consumo de O2 - onda de cálcio → alguns segundos ou minutos após a fusão dos gametas - após a fecundação: bloqueio à polispermia, retomada do metabolismo, início do desenvolvimento embrionário - penetração do sptz no ovócito → término da meiose II; formação do óvulo e 2º corpo polar - formação dos pronúcleos masculino e feminino → masculino: núcleo do sptz que estava muito condensado se expande // feminino: núcleo expandido do óvulo (após término de meiose II) - fusão dos pronúcleos (cariogamia) → combinação cromossômica → formação do zigoto RESULTADOS DA FECUNDAÇÃO - estimula o cito II, que estava parado em metáfase II, a completar a meiose II → formando óvulo e segundo corpo polar - restaura a diploidia no zigoto → com a fusão dos pronúcleos - variabilidade genética: o zigoto é único → crossing over, segregação independente - determinação do sexo cromossômico: XX ou XY → depende do sptz - ativação metabólica do ovo - possibilita o início da clivagem do zigoto CLIVAGEM (OU SEGMENTAÇÃO) - as primeiras divisões celulares que ocorrem no ovo são atípicas → muito rápidas, sincronizadas e sem período de recuperação citoplasmática (não há crescimento da célula antes que ela entre novamente em divisão) - sem o período de crescimento, as céls vão se tornando progressivamente menores - as células resultantes da clivagem são chamadas blastômeros - a formação dos blastômeros após cada clivagem tem por finalidade estabelecer o tamanho típico das células somáticas → o zigoto é uma célula muito maior do que a média das cels somáticas - após o estabelecimento da relação núcleo/citoplasma característica de células somáticas, as clivagens cessam e são substituídas por mitoses - tipo de clivagem em mamíferos → holoblástica igual (ovos se dividem por inteira com formação de blastômeros de tamanho igual); em mamífero, o processo de clivagem ocorre por dias (cerca de 5 dias) - presença da zona pelúcida impede que esses blastômeros se destaquem um dos outros - blastômeros, até o estágio de oito blastômero, apresenta totipotência → se um desses blastômeros se separarem, ele tem a capacidade de formar um ser humano por completo (tecidos intra e extra embrionários) - a partir de oito blastômeros, as cels perdem a totipotência - 8 a 32 blastômeros: MÓRULA (ainda envolto pela zona pelúcida) - compactação (início no estágio de 8 blastômeros) → aumento da interação entre os blastômeros: formação de uma massa compacta de células fortemente aderidas (perda da individualização dos blastômeros) - a compactação acontece pois há expressão de moléculas de adesão celular e formação de junções intercelulares (junções oclusivas, GAP, aderentes, desmossomos) - a compactação é pré-requisito para a blastulação - ao final da clivagem, os blastômero da mórula sobre uma reorganização formando o blastocisto. - acúmulo de líquido entre os blastômeros faz com que eles se desloquem e sejam rearranjados → líquido proveniente da atividade da bomba Na+/K+ ATPase dos blastômeros - durante a compactação da mórula, antes mesmo da formação do blastocisto, as células que irão formar o trofoblasto e o embrioblasto iniciam sua diferenciação → primeira vez que acontece uma diferenciação celular no embrião, pois, até antes desse momento, todos os blastômeros eram totipotentes - as células localizadas mais internamente na mórula compactada irão formar o embrioblasto // as células localizadas mais externamente na mórula compactada irão formar o trofoblasto - no momento que o embrião chega na luz uterina, a morfologia do embrião é de blastocisto.
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