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apostila de vigilância em saúde

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE 1 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 2 
Aula 1 - A evolução da Vigilância em Saúde 
 
1.1 – BREVE HISTÓRICO DA SAÚDE NO MUNDO 
 
Cada período histórico e cada sociedade possuiu seu próprio entendimento 
acerca dos determinantes da saúde, daquilo que condiciona a saúde de sua 
população. Esses condicionantes ou determinantes da saúde são, em geral, 
identificados e nivelados como naturais, individuais ou sociais. 
 
Desde os primeiros agrupamentos humanos até os dias atuais, a noção e as 
ações de Vigilância em Saúde têm evoluído de acordo com a compreensão da 
saúde e com as demandas de cada período histórico. 
 
Durante a Pré-História, os primeiros grupos humanos eram essencialmente 
formados por caçadores e coletores que se deslocavam por diversos territórios 
de acordo, principalmente, com as condições climáticas. Nesses primeiros 
agrupamentos, a noção de saúde-doença estava totalmente ligada ao 
sobrenatural. Os mortos eram sepultados em locais considerados sagrados, 
junto com objetos que os acompanharam durante sua vida. Estudos 
arqueológicos mostram evidências de tratamentos clínicos realizados nos 
mortos; as trepanações, por exemplo, eram provavelmente realizadas no 
sentido de expulsar os maus espíritos. Na realidade, o homem primitivo 
entendia a doença como um resultado de poderes sobrenaturais e, assim, 
pode-se considerar que, desde o início, a história da saúde e da religião 
estiveram intimamente ligadas: ambas buscavam proteger o indivíduo do mal. 
 
As grandes civilizações da Antiguidade, da mesma forma, tinham sua noção de 
saúde-doença essencialmente ligada ao mágico, ao sobrenatural. A medicina 
da civilização suméria, a mais antiga de que se tem conhecimento, era baseada 
na astrologia. Os babilônios, que já conheciam muitas doenças, eram muito 
aprofundados na astrologia e acreditavam que os demônios eram os 
causadores das doenças. Os sacerdotes, que atuavam também como médicos, 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 3 
tinham a responsabilidade de diagnosticar os problemas e realizar os rituais 
necessários para o tratamento. No Egito antigo, as técnicas utilizadas nas 
práticas de saúde são consideradas como o início do desenvolvimento da 
medicina científica, mas a ligação do entendimento das questões de saúde-
doença com o sobrenatural também era muito presente, inclusive com os 
sacerdotes sendo os principais praticantes dos rituais de tratamento e cura. 
 
Nas antigas civilizações grega e romana, o início de sua medicina foi 
essencialmente ligado ao mágico e ao sobrenatural, e com o passar do tempo 
essa concepção começou a sofrer uma real mudança. A Grécia antiga é 
considerada o berço da medicina científica, caracterizada pela atitude de 
compreender e explicar os fenômenos associados à saúde-doença, com 
destaque para os estudos de Hipócrates, o “pai da medicina”. Na Roma antiga, 
além do desenvolvimento de práticas assistenciais de cunho mais científico, 
havia ainda uma forte atitude voltada para a saúde pública, especialmente 
através de ações de saneamento. 
 
No entanto, com a queda de Roma, a história da medicina entrou em um 
período sombrio que modificou bastante a maneira de se entender a saúde e a 
doença. Era o início da Idade Média e a Igreja passava a dominar o pensamento 
e as ações em todas as áreas, inclusive na àrea da saúde. O pensamento 
cristão da época oferecia conforto espiritual, acolhimento e cuidado aos 
doentes, especialmente durante as grandes epidemias, combatendo 
fortemente a assistência ligada àquilo que era considerado, por eles, como 
“magia”. No entanto, esse pensamento cristão não aceitava a investigação 
científica, porque os fenômenos da saúde-doença passaram a ser entendidos 
como vontade de Deus, seja por graça ou castigo. 
 
Com o Renascimento a Ciência ganhou novo fôlego, forte e definitivo. Nessa 
época, a medicina passou a se caracterizar por um importante racionalismo 
científico, baseado no espírito crítico e na experimentação. Com o passar do 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 4 
tempo isso se intensificou, originando a medicina moderna e modificando 
completamente a compreensão da saúde. 
 
1.2 – HISTÓRICO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
 
Entre as mais remotas práticas de intervenção social na saúde humana em toda 
a história, especialmente no sentido de tentar impedir a disseminação de 
doenças, está o isolamento dos indivíduos que posteriormente evoluiu para a 
prática da quarentena. Essa antiga prática de isolamento pode ser entendida 
como uma das primeiras ações desenvolvidas com o objetivo de Vigilância em 
Saúde. 
 
As práticas atuais da Vigilância em Saúde estão principalmente baseadas em 
propostas específicas que tiveram início na Europa do séc. XVIII, que são: a 
medicina de estado alemã, a medicina urbana francesa e a medicina social 
inglesa. A disseminação da Vigilância em Saúde pelo mundo enquanto um 
instrumento entendido como específico e essencial ocorreu principalmente a 
partir de meados do século XX, durante a campanha voltada para a erradicação 
da varíola. 
 
No caso do Brasil, pode-se considerar que as primeiras ações de uma política 
de saúde voltada para a população, só têm início a partir do começo do século 
XX, com as Campanhas Sanitárias de Oswaldo Cruz. Tais campanhas, que 
também podem ser entendidas como relacionadas à vigilância, buscaram 
solucionar o problema das graves epidemias que assolavam o país. Embora 
com muitos percalços, críticas e revoltas, as campanhas acabaram sendo bem 
sucedidas. Com o passar dos anos, as ações que se relacionavam com a 
Vigilância foram sendo ampliadas, incluindo basicamente novas medidas de 
controle de doenças. 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 5 
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica foi estruturado em 1975 e no 
ano seguinte foi criada a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária. A partir da 
criação do Projeto de Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde 
(VIGISUS) nos anos 1990, passa-se a incluir também a Vigilância Ambiental no 
campo da Vigilância em Saúde no Brasil. 
 
 
Aula 2 – Conceitos e Fundamentos Básicos 
 
2.1 – CONCEITOS BÁSICOS 
 
Na área da saúde, a noção de vigilância remete à ideia de medidas 
relativas a vigiar, estar atento, o que acaba remetendo à noção de atenção. No 
entanto, conceitualmente, a Vigilância em Saúde se relaciona diretamente à 
forma como a saúde e a doença foram compreendidas pelos indivíduos nos 
distintos locais e períodos da história. 
 
Dessa forma, o entendimento acerca da Vigilância em Saúde requer uma 
análise de conceitos de outros elementos e dimensões. Aqui, vamos conhecer 
os conceitos de saúde, doença e risco que, de uma forma ou de outra, estão 
relacionados ao entendimento da Vigilância em Saúde. 
 
a) SAÚDE: 
Por um longo tempo, a saúde foi entendida e conceituada como um estado em 
que o indivíduo não estivesse acometido por nenhuma doença. Em outras 
palavras, a saúde seria conceituada como ausência de doenças. No entanto, 
esse conceito não atendia plenamente a dimensão do termo. A partir da 
segunda metade do século XX, a Organização Mundial da Saúde (OMS) buscou 
um novo conceito para a saúde, que passou a ser definida como um completo 
estado de bem-estar, incluindo o físico, o mental e o social (não mais apenas 
a ausência de doenças). 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 6 
 
b) DOENÇA: 
De maneira geral, a doença pode ser definida como uma falha ou um 
desarranjo naqueles mecanismos que são essenciais para que o organismo vivo 
esteja totalmente adaptado e em equilíbrio. Acontece quando o organismo não 
reage corretamente à exposição de determinados estímulos que causam 
desordem na estrutura ou na função de um órgão, de um sistema ou até 
mesmo do organismo como um todo. Para que uma doença possa se 
pronunciar, pode haver a ocorrência de dois fatores: agentes patogênicos e/ou 
fatores de risco.c) RISCO: 
No que se refere à área da saúde, que é a de nosso interesse, o risco é em 
geral entendido como a probabilidade de ocorrência de um determinado 
evento, num período específico, em uma população que se encontre exposta a 
um fator de risco. No entanto, além da probabilidade de eventos, a Vigilância 
em Saúde precisa também considerar a possibilidade da ocorrência dos eventos 
danosos à saúde, o chamado o risco potencial, mesmo que tais eventos não 
possam ser conhecidos ou que de fato não aconteçam. 
 
2.2 – CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
 
Por muito tempo, o conceito de vigilância esteve muito ligado com a 
ideia da observação de pessoas com enfermidades. Nos anos 1950, porém, 
essa noção sofre uma importante mudança que lhe garante uma ampliação, 
passando a representar também o controle de diversas situações nocivas à 
saúde nas comunidades. Na década seguinte, a Vigilância em Saúde passou a 
ser conceituada como: 
observação contínua da distribuição e 
tendências da incidência de doenças 
mediante a coleta sistemática, 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 7 
consolidação e avaliação de informes de 
morbidade e mortalidade, assim como de 
outros dados relevantes, e a regular 
disseminação dessas informações a todos 
os que necessitam conhecê-la. (BRASIL. 
Ministério da Saúde. Secretaria de 
Vigilância em Saúde. Curso Básico de 
Vigilância Epidemiológica. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2005) 
Ainda nos anos 1960 surge a proposta da inclusão, no conceito de 
Vigilância, do qualificativo epidemiológica, que em seguida foi adotado pela 
OMS. 
 
Ao longo dos anos muitas discussões foram surgindo, especialmente no 
sentido de buscar uma visão cada vez mais abrangente do instrumento. Entre 
as propostas centrais se consolidou a visão de organizar as ações em torno de 
uma ampla vigilância em saúde, que engloba as ações de Vigilância 
Epidemiológica (voltada para os efeitos sobre a saúde), Vigilância Sanitária 
(voltada para os perigos de agentes específicos) e a Vigilância em Saúde 
Ambiental (voltada para exposições a agentes ambientais). 
 
A Vigilância em Saúde se baseia na produção, na análise e na disseminação de 
informações que possam favorecer a garantia da saúde das populações, seja 
no sentido da observação ou no sentido da tomada de decisões específicas e 
seu acompanhamento. No Brasil, os seus objetivos incluem: 
 
a observação e análise permanentes da 
situação de saúde da população, 
articulando-se em um conjunto de ações 
destinadas a controlar determinantes, 
riscos e danos à saúde de populações que 
vivem em determinados territórios, 
garantindo-se a integralidade da atenção, 
o que inclui tanto a abordagem individual 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 8 
como coletiva dos problemas de saúde. 
(BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes 
Nacionais da Vigilância em Saúde. 
Brasília, 2010) 
 
Os elementos que compõem a Vigilância em Saúde no Brasil são as próprias 
ações de vigilância, de promoção da saúde e de prevenção e controle de 
doenças e outros agravos. Suas diretrizes determinam sua conformação em 
locus de promoção e desenvolvimento de conhecimentos e técnicas. 
 
Além de incluir as ações típicas de Vigilância Epidemiológica, a Vigilância 
Sanitária e a Vigilância Ambiental em Saúde, o campo da Vigilância em Saúde 
no Brasil também inclui a Vigilância da Saúde do Trabalhador. 
 
 
Aula 3 – Vigilância Epidemiológica e Sanitária 
 
3.1 - VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
 
 A Vigilância Epidemiológica se configura como um dos pilares da 
Vigilância em Saúde que inclui, necessariamente, as suas ações;inclusive por 
longo tempo a própria noção de Vigilância em Saúde esteve estritamente ligada 
somente às ações de Vigilância Epidemiológica. 
 
 Nesse sentido, torna-se bastante clara a grande relevância da Vigilância 
Epidemiológica para o campo da Vigilância em Saúde e, portanto, para a 
garantia da saúde, seja do indivíduo ou das populações. 
 
No caso do Brasil , a Vigilância Epidemiológica é estruturada oficialmente a 
partir do ano de 1975, através da Lei nº 6.259, de 30/10/1975, que dispõe 
sobre a organização das suas ações, sobre o Programa Nacional de 
Imunizações e estabelece normas relativas a notificação compulsória de 
doenças, além de outras determinações. 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 9 
 
Ainda do ponto de vista da legislação, amplamente relevante para a 
conformação da Vigilância Epidemiológica, entre os dispositivos relacionados 
diretamente a esse instrumento estão o Decreto nº 78.231 de 12/08/1976, que 
regulamentou a Lei nº 6.259, de 30/10/75, a própria Constituição Federal de 
1988, que cria o Sistema Único de Saúde (SUS), a Lei nº 8.080/90, a Portaria 
nº 5, de 21/02/2006 (que define a relação das doenças de notificação 
compulsória para todo o território nacional) e a Portaria nº. 1.378, de 
09/07/2013, que regulamenta as responsabilidades e define as diretrizes para 
a execução e o financiamento das ações de Vigilância em Saúde. 
 
 A Lei 8.080/90, conhecida como Lei Orgânica da Saúde, que entrou em 
vigor em 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção, 
a proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
serviços correspondentes, além de outras decisões a respeito do tema. 
 
 A partir de determinação dessa Lei, a Vigilância Epidemiológica é 
definida como: 
 
um conjunto de ações que proporcionam o 
conhecimento, a detecção ou prevenção de 
qualquer mudança nos fatores 
determinantes e condicionantes de saúde 
individual ou coletiva, com a finalidade de 
recomendar e adotar as medidas de 
prevenção e controle das doenças ou 
agravos. (BRASIL. Lei 8.080, de 19 de 
setembro de 1990) 
 
 Com base em sua conceituação, e de acordo com a legislação 
correspondente, a Vigilância Epidemiológica tem principalmente os seguintes 
objetivos: 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 10 
• Acompanhamento do comportamento epidemiológico daquelas doenças que 
estão sendo observadas; 
• Detecção de casos de surtos e epidemias; 
• Promoção da aplicação de medidas de controle no tempo correto; 
• Aprofundamento do entendimento acerca das doenças; 
• Análise acurada das medidas, dos programas, das intervenções preventivas, 
do controle, e da erradicação das doenças. 
 
 Entre as principais etapas da Vigilância Epidemiológica, que são 
necessárias para o pleno atendimento a seus objetivos, podemos destacar as 
seguintes: 
 
• Detecção e identificação de casos; 
• Investigação epidemiológica; 
• Elaboração, organização, estabelecimento e análise de dados e informações; 
• Indicação, orientação e implementação de medidas de controle; 
• Resultado do Sistema; 
• Disseminação de informações; 
• Avaliação das medidas e ações. 
 
A Vigilância Epidemiológica tem a responsabilidade de notificar as questões 
graves de saúde e os surtos de enfermidades que são de notificação 
compulsória, os de interesse nacional, estadual e municipal. 
 
3.2 - VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
 
 A Vigilância Sanitária se configura como um dos pilares que representam 
a organização da Vigilância em Saúde. Suas ações estão relacionadas à área 
da saúde coletiva e é possível que seja, originalmente, uma das caracterizações 
mais remotas da saúde pública. No entanto, hoje representa uma de suas faces 
de maior complexidade. 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 11 
 
 De acordo com a Lei 8.080/90, a Vigilância Sanitária é entendida como: 
um conjunto de ações capaz de eliminar, 
diminuir ou prevenir riscos à saúde e de 
intervir nos problemas sanitários 
decorrentes do meio ambiente, da 
produção e circulação de bens e da 
prestação de serviços de interesse da 
saúde, abrangendo: 
I - o controle de bens de consumo que, 
direta ou indiretamente, se relacionem com 
a saúde, compreendidas todas as etapas e 
processos, da produção ao consumo; e 
II - o controle da prestação de serviços que 
se relacionam direta ou indiretamentecom 
a saúde. (BRASIL. Lei 8.080, de 19 de 
setembro de 1990) 
 
No Brasil, através da Lei n. 9.782, foi criada, em janeiro de 1999, a 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é vinculada ao Ministério 
da Saúde e integra o SUS (seguindo, portanto, seus princípios e diretrizes). A 
Anvisa é responsável pelas ações de fiscalização sanitária, voltadas para o 
monitoramento do mercado e para a averiguação de possíveis irregularidades 
em empresas e produtos sujeitos à Vigilância, com o objetivo de prevenir ou 
minimizar os riscos à saúde da população. 
A Agência funciona como uma autarquia, cujas áreas de atuação 
envolvem todos aqueles setores que têm correlação com os produtos e serviços 
que possam, em alguma medida, impactar a saúde dos cidadãos. Entre outras 
atribuições, a Anvisa é também responsável por coordenar o Sistema Nacional 
de Vigilância Sanitária, junto com outros órgãos públicos relacionados ao setor 
saúde. 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 12 
Nesse sentido, cabe considerar que a Vigilância Sanitária se configura 
como um serviço de saúde, desenvolvendo ações de ampla relevância e com 
cunho estratégico: do ponto de vista sanitário, regula todas aquelas ações, 
ambientes e métodos que se relacionam tanto com a produção quanto com o 
consumo dos bens e serviços, públicos e privados, que sejam relativos à saúde. 
Nessa perspectiva, se ocupa daquelas áreas do setor produtivo que têm 
impacto direto na saúde (indústria e comércio de alimentos, de saneantes, de 
medicamentos, de serviços médico-hospitalares etc.). Portanto, pode-se 
observar que a Vigilância Sanitária: 
Conforma um campo singular de 
articulações complexas entre o domínio 
econômico, o jurídico-político e o médico-
sanitário. Engloba atividades de natureza 
multiprofissional e interinstitucional que 
demandam conhecimentos de diversas 
áreas do saber que se intercomplementam 
de forma articulada. Constitutiva das 
práticas em saúde, seu escopo de ação se 
situa no âmbito da prevenção e controle de 
riscos, proteção e promoção da saúde. 
(COSTA, E.A. [org]. Vigilância Sanitária: 
temas para debate [online]. Salvador: 
EDUFBA, 2009) 
 
 Cabe ainda ressaltar que suas ações objetivam, fundamentalmente, 
proteger os meios de satisfação das necessidades básicas e, embora tais ações 
sejam exclusivamente de competência do Estado, as questões que envolvem a 
área da Vigilância Sanitária são de responsabilidade pública. 
 
 
Aula 4 – Vigilância Ambiental e do Trabalho 
 
4.1 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL 
 
 O campo da Vigilância Ambiental em Saúde teve como ponto de partida 
a Conferência Pan-Americana sobre Saúde e Ambiente no Desenvolvimento 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 13 
Humano Sustentável (COPASAD), realizada no ano de 1995, em Washington 
(Estados Unidos), a partir da qual foi elaborado um plano de ação para a região, 
dentro da perspectiva do desenvolvimento sustentável. Com base nas 
propostas definidas na Conferência, o Brasil elaborou o Plano Nacional de 
Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável com as diretrizes para sua 
implementação. 
 
 Um dos mais relevantes aspectos resultantes da Conferência foi o 
reconhecimento de que as condições ambientais podem afetar diretamente a 
situação de saúde dos indivíduos e das populações. Portanto, condições 
ambientais adversas podem provocar importantes riscos à saúde. 
 
 Com base nesse importante reconhecimento, que trouxe à tona a 
necessidade de rever o entendimento das propostas de Vigilância em Saúde 
então vigentes, passa a se tornar premente a busca por caminhos para integrar 
a tônica ambiental às práticas da saúde pública. 
 
 Alinhado com essas perspectivas, o Brasil, através do Ministério da 
Saúde, se esforçou para estabelecer a saúde ambiental, principalmente através 
da organização da proposta da Vigilância Ambiental em Saúde. Após diversas 
propostas e determinações desenvolvidas e oficializadas ao longo dos anos, as 
competências da Vigilância Ambiental foram atualizadas em 2005, através da 
efetivação do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA), 
incorporado ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e, portanto, integrado 
aos demais modelos de vigilância. 
 
 Assim, como parte integrante da Vigilância em Saúde, a Vigilância em 
Saúde Ambiental é definida como: 
 
Um conjunto de ações que propiciam o 
conhecimento e a detecção de mudanças 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 14 
nos fatores determinantes e 
condicionantes do meio ambiente que 
interferem na saúde humana, com a 
finalidade de identificar as medidas de 
prevenção e controle dos fatores de risco 
ambientais relacionados às doenças ou a 
outros agravos à saúde. (BRASIL. 
Ministério da Saúde. Portaria n. 3.252, 
de 22 de dezembro de 2009) 
No que se refere a sua área de atuação, o campo da Vigilância em Saúde 
Ambiental tem a responsabilidade de desenvolver ações sobre todos aqueles 
fatores ambientais de risco que possam impactar a saúde humana e também 
atua nas inter-relações entre o homem e o meio ambiente. Nesse sentido, 
exige a contínua articulação entre diversos atores nas esferas pública e privada, 
intra e intersetorial e com a comunidade. 
 
De acordo com a legislação, o SINVSA é responsável tanto pela 
recomendação quanto pela adoção de medidas de promoção da saúde 
ambiental, de prevenção e de controle dos fatores de riscos relacionados ao 
seu universo de atuação. Suas ações são direcionadas, principalmente, para as 
seguintes áreas: 
 
- Qualidade da água (relacionada ao consumo humano); 
 
- qualidade do ar; 
 
- qualidade do solo; 
 
- contaminantes ambientais; 
 
- desastres naturais e acidentes com produtos perigosos. 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 15 
 
 Finalmente, cabe aqui a importante observação de que a Vigilância em 
Saúde Ambiental deve incluir, necessariamente, o ambiente de trabalho. 
 
4.2 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 
 
No Brasil, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora tem 
como objetivo a adequada determinação das questões e dimensões que se 
relacionam com a produção e efetivação das ações voltadas para a atenção 
integral à saúde dos trabalhadores, ressaltando as ações de vigilância. 
 
Portanto, a Vigilância em Saúde do Trabalhador, que é uma das dimensões que 
integram a esfera da Vigilância em Saúde, deve, necessariamente, ser 
enfatizada no processo dessa política. Nesse sentido, tal política deve promover 
os meios para o seu fortalecimento e a integração da Vigilância em Saúde do 
Trabalhador com as outras dimensões da área da Vigilância em Saúde. 
 
De acordo com a legislação relacionada, o campo da Vigilância da Saúde 
do Trabalhador no país: 
 
visa à promoção da saúde e à redução da 
morbimortalidade da população 
trabalhadora, por meio da integração de 
ações que intervenham nos agravos e seus 
determinantes decorrentes dos modelos de 
desenvolvimento e processo produtivos. 
(BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 
3.252, de 22 de dezembro de 2009) 
 
Assim, as ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador devem ser 
desenvolvidas de forma integrada, ou seja, devem ser constituídas de ações de 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 16 
promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores 
expostos aos riscos e agravos relacionados às condições de trabalho. 
 
Entre os principais objetivos da Vigilância em Saúde do Trabalhador no 
Brasil, podem ser destacados os seguintes: 
 
• Identificar o perfil da situação de saúde dos trabalhadores, determinando seu 
perfil socioeconômico e ambiental e evidenciando o território; 
 
• Investigar e acompanhar continuamente os riscos à saúde dos trabalhadores 
e das populações expostas; registrar e monitorar os casos, realizando 
inquéritos epidemiológicos; 
 
• Efetuar, com base nos territórios, estudos da situação de saúde dos 
trabalhadores; 
 
• Realizar a intervenção e controledos fatores de riscos e agravos à saúde dos 
trabalhadores; 
 
• Monitorar adequadamente as intervenções realizadas; 
 
• Promover a disseminação de informações; 
 
• Elaborar e desenvolver ações de educação em saúde do trabalhador. 
 
 
Aula 5 – Epidemiologia e Processo Saúde-Doença 
 
5.1 – EPIDEMIOLOGIA: CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 17 
Tendo como base a clínica, a estatística e a medicina social, a Epidemiologia 
pode ser definida como a ciência dedicada ao estudo da distribuição e dos 
determinantes dos fenômenos e processos relacionados à saúde-doença em 
humanos. 
 
Através da Epidemiologia, busca-se, por meio de medidas que possam 
atingir a coletividade, produzir conhecimentos e tecnologias voltadas para o 
favorecimento da saúde dos indivíduos. Desse modo, é uma ciência 
fundamentalmente social e coletiva, sendo um ramo da área da saúde coletiva. 
 
Entre os objetivos fundamentais da Epidemiologia, podemos destacar os 
seguintes: 
 
 Caracterizar a extensão, a relevância e a distribuição das situações adversas 
relacionadas à saúde nas populações; 
 
Explorar os dados fundamentais para a determinação das prioridades em 
saúde; 
 
Conhecer os dados necessários para a garantia da adequada elaboração, 
desenvolvimento e monitoração das ações de promoção e recuperação da 
saúde da prevenção e controle de doenças; 
 
Determinar a etiologia das doenças. 
 
Os estudos epidemiológicos são divididos em Epidemiologia Descritiva 
e Epidemiologia Analítica. A Epidemiologia Descritiva se dedica a analisar a 
frequência e o comportamento da distribuição das doenças nas populações, 
considerando os aspectos relacionados às pessoas, ao espaço e ao tempo. Por 
sua vez, a Epidemiologia Analítica se dedica à análise dos fatores causais que 
se relacionam com a distribuição das doenças. 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 18 
 
5.2 – PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
 
No ano de 1947, a Organização Mundial da Saúde adotou o conceito de 
saúde como: um completo estado de bem-estar físico, mental e social, não 
apenas a ausência de doença. Tal conceito busca determinar a abrangência da 
situação de saúde, que, devido à sua complexidade, envolve necessariamente 
uma série de fatores. 
 
O entendimento da condição de saúde pode ser melhor apreendido a 
partir da união das três seguintes dimensões: a subindividual, a individual e a 
coletiva. 
 
A dimensão subindividual envolve o elemento biológico (fisiológico ou 
patológico). A saúde é compreendida na variação entre o normal/anormal ou 
funcional/disfuncional. Nessa dimensão, a doença possui características clínicas 
específicas e é diagnosticada pelo profissional de saúde. 
 
A dimensão individual se baseia numa lógica em que o anormal ou o 
disfuncional acontece em pessoas que possuem natureza biológica e social 
desfavoráveis ou inadequadas. Assim, a saúde-doença depende de condições 
tanto biológicas quanto sociais. Nesse caso, entende-se que o estado de saúde 
pode variar entre situações extremas. 
 
A dimensão coletiva envolve o entendimento de que o processo saúde-
doença não pode ser apenas o conjunto da situação biológica e social 
individual. A condição de saúde depende de um processo social bem maior e 
mais complexo, que inclui variados fatores e relações que poderão ser 
determinantes (domicílio, família, região, país etc.). 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 19 
Percebe-se, assim, que a garantia da qualidade da saúde de um 
indivíduo ou população vai muito além da adequada oferta de serviços de 
saúde. Para a garantia do direito universal à saúde são necessárias ações muito 
mais amplas e abrangentes. 
 
O Brasil adota oficialmente essa perspectiva, incluindo um conceito 
amplo e abrangente de saúde definido na Constituição Federal de 1988: 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever 
do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução 
do risco de doença e de outros agravos e 
ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação. (BRASIL. Constituição da 
República Federativa. Texto 
Constitucional promulgado em 05 de 
outubro de 1988) 
 
É essencial que os profissionais de saúde compreendam que, tanto a 
saúde quanto a doença, se relacionam ao contexto de sua abrangência 
complexa, envolvendo as percepções que os indivíduos e a coletividade têm 
desses fenômenos. 
 
 
Aula 6 – Critérios Para Inclusão de Agravos 
 
6.1 – DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA 
 
O surgimento de novos casos de uma determinada doença, seja 
transmissível ou não; ou de um agravo, passível de prevenção e controle pelos 
serviços de saúde, aponta risco para a população, podendo gerar ameaças à 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 20 
saúde individual e coletiva. Assim, torna-se essencial que sejam detectados e 
controlados em seus estágios iniciais. 
 
A notificação compulsória, baseada na lista de agravos constante no 
instrumento legal próprio, é a comunicação às autoridades sanitárias da 
ocorrência de casos individuais e de conjuntos de casos ou de surtos de 
doenças e agravos, sejam eles suspeitos ou que já estejam confirmados. 
 
A comunicação deve ser feita pelos profissionais de saúde, ou mesmo 
por qualquer cidadão, com o objetivo de que as medidas de controle cabíveis 
e necessárias sejam tomadas. 
 
Além das doenças e agravos em seres humanos, qualquer fato que possa 
acarretar a ocorrência de doenças na população também é de notificação 
compulsória, como nos casos de alguns eventos ambientais e doenças ou morte 
de determinados animais. 
As notificações compulsórias podem ser imediatas ou semanais de 
acordo com a gravidade do caso. A notificação compulsória imediata (NCI) é a 
notificação que deve ser realizada no prazo máximo de 24 horas após o 
conhecimento do episódio de doença, agravo ou evento de saúde pública, 
através do meio de comunicação mais rápido disponível, A notificação 
compulsória semanal (NCS) é aquela que deve ser feita no prazo máximo de 7 
dias após o conhecimento do episódio de doença ou agravo. 
 
Há, ainda, a notificação compulsória negativa: 
 
comunicação semanal realizada pelo 
responsável pelo estabelecimento de 
saúde à autoridade de saúde, informando 
que na semana epidemiológica não foi 
identificado nenhuma doença, agravo ou 
evento de saúde pública constante da Lista 
de Notificação Compulsória. (BRASIL. 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 21 
Ministério da Saúde. Portaria n. 1.271, 
de 06 de junho de 2014) 
 
Os médicos e demais profissionais de saúde, bem como os indivíduos 
responsáveis pelos serviços públicos e privados que prestam assistência à 
saúde e ao paciente, estão obrigados a realizar a notificação. 
 
As autoridades de saúde têm a responsabilidade de garantir a adequada 
atualização e divulgação dos dados públicos da notificação compulsória, seja 
para os profissionais da área da saúde, para os órgãos de controle social ou 
para a população. 
 
A Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e 
eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o 
território nacional é dada por instrumento legal específico e deve ser 
periodicamente revisada e atualizada, no sentido de atender às necessidades 
da situação de saúde. Atualmente, essa lista é definida pela Portaria n. 1.271, 
de 06 de junho de 2014, e consta de seu anexo. 
 
6.2 – CRITÉRIOS DE SELEÇÃO 
 
Existem variados critérios que são usados para selecionar as 
enfermidades que integram a relação das doenças de notificação compulsória. 
A seguir, serão destacados aqueles critérios mais comumente utilizados. 
 
O critério que considera o Regulamento Sanitário Internacional 
determina que as doenças definidas como de notificação compulsória 
internacional devem ser, obrigatoriamente, incluídas nas listas de todos os 
países membros da OPAS/OMS. O Regulamento SanitárioInternacional se 
configura como um instrumento voltado para o estabelecimento de 
procedimentos que tem como objetivo a proteção contra a disseminação de 
doenças no âmbito internacional. 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 22 
Os diversos critérios utilizados são: 
 
• Magnitude, que considera aquelas doenças caracterizadas por 
frequência elevada, que afetam contingentes populacionais amplos e se 
traduzem pela prevalência, incidência, mortalidade ou pela possibilidade 
de anos de vida perdidos. 
 
 
• Potencial de disseminação, que considera a capacidade de 
transmissão da doença através de vetores e outras fontes de infecção 
e, assim, representa importante risco para outras pessoas ou para as 
populações. 
 
 
• Vulnerabilidade, se refere aos casos daquelas doenças para as quais 
há métodos específicos de prevenção e controle, o que possibilita a ação 
real e efetiva dos serviços de saúde sobre os indivíduos, os grupos e as 
populações. 
 
 
 
• Transcendência, que pode ser conceituada da seguinte maneira: 
 
um conjunto de características 
apresentadas por doenças e agravos, de 
acordo com sua apresentação clínica 
epidemiológica. (TEIXEIRA, M.G. et al. 
Seleção das doenças de notificação 
compulsória: critérios e recomendações 
para as três esferas de governo. Inf. 
Epidemiol. Sus v.7 n.1 Brasília mar. 1998) 
 
Entre aquelas de maior relevância, pode-se citar: 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 23 
a) Severidade: determinada (mensurada) através dos índices de 
hospitalizações, letalidade e consequências adversas; 
 
b) Relevância econômica: determinada com base em “restrições comerciais, 
perdas de vida, absenteísmo no trabalho, custo de diagnóstico e tratamento” 
(TEIXEIRA et al., 1998); 
 
c) Relevância social: considera, entre outros, os valores enraizados na 
sociedade relacionados ao evento, incluindo o estigma, a indignação, o medo 
etc. 
 
 
• Compromissos internacionais. Com base na premissa de que a 
situação de saúde do povo de um país qualquer pode influenciar (e, 
portanto, tem que interessar) a todos os outros países, o Brasil possui 
acordos com países membros da OPAS/OMS, voltados para elaboração 
e desenvolvimento de esforços associados que possam auxiliar a atingir 
metas de controle ou erradicação de determinadas doenças. 
 
 
• Epidemias, surtos e agravos inusitados, através do qual: 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 24 
todas as suspeitas de epidemias ou de 
ocorrência de agravo inusitado 
devem ser imediatamente 
notificadas aos níveis hierárquicos 
superiores pelo meio mais rápido de 
comunicação disponível e 
devidamente investigados. 
(TEIXEIRA, M.G. et al. Seleção das 
doenças de notificação compulsória: 
critérios e recomendações para as três 
esferas de governo. Inf. Epidemiol. 
Sus v.7 n.1 Brasília mar. 1998) 
 
Nesse caso, os modelos e procedimentos específicos para a notificação 
têm que ser determinados e instituídos com base na forma de apresentação 
clínico-epidemiológica do evento. 
 
Os critérios aqui discutidos não esgotam o assunto, é fundamental 
ressaltar que é preciso que sejam sempre observados e analisados 
conjuntamente. Cabe ainda a observação de que, para a inclusão de uma 
doença, não é necessário que todos os critérios sejam atendidos ao mesmo 
tempo. 
 
 
Aula 7 – Avaliação de Sistemas de Vigilância 
 
7.1 – DIRETRIZES DA AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE VIGILÂNCIA 
 
Os sistemas de Vigilância em Saúde são essenciais para favorecer a garantia 
da saúde dos indivíduos e populações, devendo ter a capacidade de buscar e 
observar a situação de saúde, planejar e desenvolver ações necessárias, 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 25 
acompanhar as ações e disseminar informações. No Brasil, a coordenação do 
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (SNVS) é feita pela Secretaria de 
Vigilância em Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde. 
 
Considerando sua ampla relevância, torna-se fundamental que os sistemas de 
Vigilância em Saúde sejam constantemente avaliados, no sentido de garantir 
que as questões relacionadas à saúde da população estejam sendo 
apresentadas e monitoradas adequadamente. 
 
Entre os principais objetivos da avaliação de sistemas de Vigilância em Saúde, 
podem ser destacados os seguintes: 
 
- Verificar se os objetivos do sistema foram (ou estão sendo) alcançados; 
 
- garantir que as ações de vigilância são, de fato, as mais adequadas às 
necessidades das questões monitoradas; 
 
- analisar se há a necessidade de alguma modificação no sistema; 
 
- propor estratégias para a melhoria da qualidade, eficiência e utilidade do 
sistema. 
 
 Um sistema de vigilância precisa ter credibilidade e utilidade, para que 
seu uso possa, de fato, favorecer as ações de observação, prevenção e controle 
que visem à garantia da situação de saúde. Nesse sentido, a avaliação da real 
utilidade do sistema precisa ser adequada; para sua determinação, é preciso 
levar em consideração os atributos dos sistemas, como por exemplo: 
 
• Simplicidade: um sistema deve ter a estrutura simplificada, especialmente 
para facilitar sua operação. Quanto mais simples puder ser o sistema, melhor 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 26 
e mais fácil será sua operação e menos tempo será gasto com análise e 
manutenção; 
 
• Flexibilidade: o sistema precisa ter a capacidade de se adaptar, com poucos 
recursos (financeiros, humanos e técnicos), às mudanças que possam ser 
exigidas (relacionadas com novas informações ou mesmo com a própria forma 
de operação); 
 
• Aceitabilidade: o sistema deve ser atrativo para os indivíduos e 
organizações, no sentido de garantir seu interesse em fornecer dados precisos; 
 
• Representatividade: quanto maior for a capacidade do sistema em mostrar 
com precisão a ocorrência e a distribuição dos eventos, mais representativo ele 
será; 
 
• Estabilidade: o sistema deve ser confiável na sua capacidade de coletar e 
gerenciar dados e deve ser disponível quando seu uso for necessário. 
 
7.2 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
 
A informação se configura como um dos mais relevantes instrumentos para o 
campo da Vigilância em Saúde. A tomada de decisões, o desenvolvimento e o 
acompanhamento das ações gerenciais em saúde podem ser amplamente 
favorecidos através da efetiva coleta e apresentação de informações corretas, 
principalmente no sentido de melhor direcionar a elaboração, a implantação e 
o desenvolvimento das ações voltadas para a melhoria da situação de saúde. 
Assim, é muito importante contar com Sistemas de Informação da Vigilância 
em Saúde bem estruturados e desenvolvidos. 
 
Sistemas de Vigilância têm sido 
desenvolvidos para contemplar uma gama 
de necessidades em saúde pública. Estes 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 27 
sistemas variam de um sistema simples 
que coleta dados de uma única fonte, até 
sistemas eletrônicos que recebem dados 
de muitas fontes em formatos múltiplos, 
para pesquisas complexas. (Updated 
guidelines for evaluating public 
health surveillance systems: 
recommendations from de Guidelines 
Working Group. Morbidity and Mortality, 
2001) 
 
 
No Brasil, entre os Sistemas de Informações em Saúde que são de interesse 
maior para a área da vigilância, – ferramentas voltadas para coletar e 
monitorar, de forma padronizada, dados de relevância para o setor –podem ser 
destacados os seguintes: 
 
• Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM): é voltado para a coleta dos 
dados de mortalidade, a partir de Declarações de Óbito; 
 
• Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC): tem a finalidade de 
agrupar as informações relacionadas a todos os nascimentos ocorridos no país, 
a partir de dados provenientes dos Cartórios de Registro Civil; 
 
• Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAM): é voltado para 
a reunião dos dados de notificação e pesquisa acerca das doenças e agravos 
da Lista Nacional de Notificação Compulsória; 
 
• Sistemade Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI): 
permite analisar o risco de ocorrência de epidemias ou surtos, com base nas 
informações acerca da quantidade de indivíduos vacinados; 
 
Além dos sistemas citados, há ainda outros sistemas de informação em saúde 
no Brasil que têm importância para a Vigilância, como por exemplo, o Sistema 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 28 
de Vigilância Epidemiológica da Malária (SIVEP – Malária) e o Sistema do 
Programa Nacional de Controle da Dengue (SisPNCD), entre outros. 
 
 
Aula 8 – Vigilância na Atenção Básica 
 
8.1 – INTEGRAÇÃO ENTRE ATENÇÃO BÁSICA E VIGILÂNCIA EM 
SAÚDE 
 
De maneira geral, os sistemas de saúde cuja orientação é pautada de 
forma eficiente pela Atenção Básica, costumam ser mais igualitários, apresentar 
maiores índices de satisfação dos usuários e conseguir melhores resultados 
com custos mais baixos. 
 
 No Brasil, a Atenção Básica – representada especialmente pela proposta 
e processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família – tem seu contexto 
apoiado nas realidades locais e se pauta no entendimento dos indivíduos e do 
processo saúde-doença com base em toda sua abrangência e complexidade. 
Suas ações são direcionadas pelos princípios do SUS, mas também por 
princípios próprios, tais como acessibilidade, territorialização e adscrição da 
população-alvo, humanização, resolutividade e atenção contínua. 
 
Atendendo ao objetivo de garantir a integralidade da assistência, que é uma 
das diretrizes do SUS, a Vigilância em Saúde tem como uma de suas 
responsabilidades o dever de se incluir no contexto da construção das redes de 
atenção, que são organizadas sob a coordenação da Atenção Primária à Saúde. 
 
Nesse sentido, é fundamental haver uma efetiva inserção das ações de 
Vigilância em Saúde nas práticas rotineiras dos profissionais e equipes que 
atuam regularmente no âmbito da Atenção Primária à Saúde, garantindo o 
compartilhamento de técnicas e tecnologias. 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 29 
 
 A integração das práticas da Vigilância em Saúde com a Atenção Básica 
se conforma especialmente através das ações interdisciplinares, da abordagem 
integral, do favorecimento do controle social, da exigida proposta de 
intersetorialidade, da responsabilização territorial que demanda vigilância 
continuada em saúde, da necessidade de estruturação, avaliação e 
monitoramento das ações desenvolvidas, entre outras. 
 
 As principais diretrizes para o favorecimento de uma efetiva integração 
da Vigilância com a Atenção Básica no Brasil são as seguintes: 
 
- Inserção progressiva das atividades próprias de Vigilância nas ações rotineiras 
das equipes de Saúde da Família, promovendo a harmonização das áreas de 
atuação; 
 
- Integração do planejamento e organização das estratégias e atividades, tanto 
individuais quanto coletivas; 
 
- Avaliação e acompanhamento efetivados e desenvolvidos de forma integrada; 
 
- Reorganização das estratégias de ação e das práticas através da integração 
de métodos e instrumentos capazes de auxiliar “a integração da vigilância, 
prevenção, proteção, promoção e atenção à saúde, tais como linhas de 
cuidado, clinica ampliada, apoio matricial, projetos terapêuticos e protocolos, 
entre outros” (BRASIL, 2010); 
 
- Educação continuada dos profissionais envolvidos, pautada na proposta da 
integração dos campos da gestão, da clínica, da promoção e da vigilância. 
 
8.2 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 30 
 Há pelo menos duas décadas o Brasil iniciou o processo de busca da 
reorientação do modelo assistencial com base na Atenção Primária e na Saúde 
da Família. Isso evidenciou uma grande necessidade de formação e qualificação 
de profissionais para a atuação nessa área. Nesse sentido, foram inclusive 
instituídas novas diretrizes curriculares para os cursos da área da saúde. 
 
Da mesma forma, o direcionamento da organização das ações de 
Vigilância em Saúde para a esfera municipal, entre outros fatores, também 
acabou por demandar esforços continuados de formação profissional 
adequada. Quando se tem em mente a busca pela melhor forma de monitorar 
e garantir a qualidade da situação de saúde, o planejamento e desenvolvimento 
das ações precisam estar em sintonia. 
 
As áreas componentes da Vigilância em Saúde são tradicionalmente 
fundamentadas em saberes e condutas que, muitas vezes, fazem presumir uma 
total independência entre elas. Nesse sentido, apostar numa formação e 
qualificação profissional que seja capaz de promover a superação deste 
entendimento, além de garantir profissionais mais adequados às reais 
necessidades do perfil da Atenção Básica, acaba sendo uma dinâmica de 
grande relevância para o setor de saúde. 
 
Certamente, instituir novos direcionamentos para os currículos de cursos 
da área, embora seja uma estratégia relevante, não basta para, por si só, 
promover a necessária alteração da essência de como as ações são assimiladas 
e compreendidas. 
 
Assim, torna-se essencial que os modelos de formação profissional 
voltados para a Vigilância em Saúde e Atenção Básica envolvam diversos 
aspectos e naturezas , incluindo: 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 31 
 - Utilizar a pesquisa na formação, especialmente no sentido de 
instrumentalizar o desenvolvimento do método base da Vigilância em Saúde, 
pautado na tríade informação-decisão-ação; 
 
- Envolver os princípios do planejamento estratégico para, além de favorecer 
as práticas, facilitar a mobilização e motivação de todos os atores envolvidos 
na Atenção Básica; 
 
- Garantir a plena compreensão dos conceitos-chave e das dimensões sociais 
para o desenvolvimento pleno do processo; 
 
- Educar educadores, ou seja, promover transformações nos saberes e nas 
formas de transmissão dos mesmos; 
 
- Permitir o domínio do entendimento, da aplicação da interdisciplinaridade e 
da intersetorialidade, na medida em que o acompanhamento das ações 
desenvolvidas, especialmente quando voltadas para famílias ou comunidade, 
frequentemente exige a transposição dos limites tradicionais da atenção básica. 
Na verdade, algumas vezes é necessário até mesmo ultrapassar os limites da 
própria intersetorialidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 32 
BIBLIOGRAFIA: 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa. Texto Constitucional 
promulgado em 05 de outubro de 1988. 
BRASIL. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. 
BRASIL. Projeto VIGISUS – Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância 
em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, 1998. 
203p. 
BRASIL. Lei n. 9.782, de 26 de janeiro de 1999. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Curso Básico 
de Vigilância Epidemiológica. Brasília: Ministério da Saúde. 2005. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 3.252, de 22 de dezembro de 2009. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de 
Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2010. 
 
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde - 
Parte 1 / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília: CONASS, 2011. 
320 p. (Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011, 5,I). 
 
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Acesso em: 10 dez. 2015. 
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de novembro de 2015. 
 
MONKEN, M. e BATISTELLA, C. Vigilância em Saúde. Dicionário da Educação 
Profissional em Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ. Disponível em: 
 
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE 33 
<http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes>. Acesso em: 18 nov. 
2015. 
 
NARVAI, P.C.et al. Práticas de saúde pública. In: Saúde pública: bases 
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PAIM, J. S. & ALMEIDA FILHO, N. de. A Crise da saúde pública e a utopia 
da saúde coletiva. Salvador: Casa da Qualidade, 2000. 
ROUQUAYROL, M.; SILVA, M. Epidemiologia e Saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: 
MedBook, 2013. 
SCLIAR, M. Do mágico ao social: trajetória da saúde pública. São Paulo: 
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WALDMAN, E. A. Vigilância em Saúde Pública. São Paulo: Faculdade de 
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Cidadania)

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