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Ádila Cristie Matos Martins UCXIX — Locomoção e preensão Problema 1, TUTORIA t “Já não sou mais a mesma” - OSTEOARTRITE Osteoartrite (OA) - É uma doença progressiva das articulações sinoviais, representando reparo defeituoso do dano articular, resultante de estresses que podem ser iniciados por uma anormalidade em qualquer dos tecidos da articulação sinovial, incluindo cartilagem articular, osso subcondral, ligamentos, meniscos quando presentes, músculos periarticulares, nervos periféricos ou sinóvio - A OA decorre de uma multiplicidade de fatores causais, desencadeantes e agravantes, na qual a perda qualitativa e quantitativa da cartilagem articular acarreta uma significativa remodelação óssea hipertrófica local e uma inflamação secundária, via de regra, de pequena magnitude - Para a caracterização da OA, é obrigatória a presença da DOR, visto que alterações anatomopatológicas, bioquímicas e em métodos de imagem podem ocorrer de modo assintomático, situação que não deve ser diagnósticada com OA - Tem sido considerada uma condição degenerativa da articulação, consequência quase inevitável do envelhecimento. O metabolismo e o fenótipo da cartilagem afetada, no entanto, apontam uma situação oposta, na qual se destacam condrócitos ativados, que produzem aceleradamente todos os componentes da matriz extracelular. Paralelamente, toma curso um processo de degradação que, ao sobrepujar a capacidade anabólica do tecido, determina progressiva perda - Essas alterações podem se iniciar já na idade adulta, mas geralmente ultrapassam o horizonte clínico após a 4 ou 5ª década de vida, tornando-se mais prevalente com o avançar da idade - Do ponto de vista fisiopatológico, a OA é definida como uma insuficiência da cartilagem articular, decorrente do predomínio da degradação sobre a síntese, que evolui com inflamação local, proliferação sinovial e enfraquecimento global dos ligamentos e músculos. Surge como resultado da interação de fatores biológicos (genéticos, inflamatórios, metabólicos, hormonais e envelhecimento) e mecânicos (trauma, displasias, obesidade, maus alinha-mentos, perda de propriocepção, etc) CLASSIFICAÇÃO Osteoartrite primária ou idiopática - Aparece de forma insidiosa, possui causa desconhecida - Grupo mais frequente - Tem como base fenômenos degenerativos que se iniciam já na 2 e 3ª décadas de vida e progridem com o avançar da idade, atingindo 80 a 85% da população com mais de 70 anos - Pode ser localizada (até 2 grupos articulares) ou generalizada (> 2 grupos), mas comumente é poliarticular e quase sempre envolve as mãos - Possui alguns padrões articulares clássicos (mãos, pés, joelho, quadril) Osteoartrite secundária - Causada por trauma/injúria articular prévia, malformações anatômicas, doenças/deformidade congênitas (ex.: Legg-Perthers), outras doenças (ex.: diabetes, obesidade acentuada, osteonecrose, endocrinopatias) e distúrbios metabólicos (ex.: hemocromatose, doença de Wilson, ocronose) - Ocorre em cerca de 5% dos casos - Pode surgir em qualquer idade e em qualquer articulação que apresentam alguma condição predisponente - Habitualmente, ocorre em doentes mais jovens - Podem atingir articulações que geralmente são poupadas na OA primária — usualmente envolve uma ou mais articulações predispostas; como o comprometimento do ombro ou cotovelo em jogadores de beisebol e dos joelhos em jogadores de basquete - O sexo possui certa influência na distribuição. Os joelhos e as mãos são afetados com maior frequência em mulheres e os quadris, nos homens EPIDEMIOLOGIA - A OA afeta 3,5% da população geral e aproximadamente 8,6-10% dos indivíduos acima dos 60 anos. Com o aumento da expectativa de vida, o contingente atingido tende a alcançar cifras alarmantes - Acomete igualmente ambos os sexos até os 40 anos. Na década seguinte, é superior a incidência em mulheres, sobretudo na pós-menopausa e com Ádila Cristie Matos Martins UCXIX — Locomoção e preensão Problema 1, TUTORIA t comorbidades metabólicas ósseas como a osteoporose. Na década seguinte, as mulheres apresentam elevação discretamente superior na incidência da OA das mãos, dos quadris e dos joelhos, e essa tendência se torna marcante após os 50 anos. A incidência tende a se estabilizar após os 70 anos nos homens e 80 anos nas mulheres. Na mulher, é mais frequente a forma generalizada idiopática, com o envolvimento das mãos - É o 3º lugar das causas da incapacidade laborativa, ficando atrás apenas das doenças mentais e cardiovasculares - Achados histopatológicos revelam um processo iniciado a bastante tempo, e aos 40 anos, 90% dos indivíduos apresentam alguma alteração tecidual compatível com a doença - Quanto aos achados radiográficos característicos, 52% da população adulta já apresenta osteoartrite de joelhos, mesmo sem sintomas. Além disso, 85% dos indivíduos na faixa de 55 aos 64 anos apresentam algum grau de osteoartrite em uma ou mais articulações, e acima dos 85 anos, essa cifra aproxima-se dos 100% - As principais articulações envolvidas incluem: quadril, joelhos, vértebras lombares inferior e cervical, articulações interfalangeanas proximal e distal dos quirodáctilos, primeiras articulações carpometacárpicas e primeiras articulações tarsometatársicas FISIOPATOLOGIA - A cartilagem normal é um tecido altamente diferenciado, constituído basicamente por uma matriz extracelular responsável por aproximadamente 95% do volume do tecido, enquanto os condrócitos e condroblastos ocupam os 5% restantes - A matriz cartilaginosa é composta por uma rede de proteoglicanos, açúcares com estrutura terciária altamente complexa, capazes de exercer a função de mola biológica. Os proteoglicanos são constituídos por grupamentos denominados agrecanos, ligados ao ácido hialurônico. Os agrecanos, por sua vez, têm um eixo central proteico no qual se ligam polímeros de açúcares denominados glicosaminoglicanos. Existem vários tipos de glicosaminoglicanos e, na cartilagem hialina, predominam o sulfato de condroitina e o sulfato de queratano, que são cadeias de dissacarídeos ricos em glicosamina. Os proteoglicanos sulfatados são, por consequência, altamente aniônicos e hidrofílicos - Já a rede de colágeno da cartilagem exerce funções basicamente de resistência e compactação, além de permitir a interação célula-matriz. O colágeno II é o mais importante, chegando a representar aproximadamente 90% do colágeno total. Os colágenos VI, XI e IX compõem o restante. Na cartilagem em crescimento, existe também o colágeno X. Quando a cartilagem lesada sofre regeneração, ela é substituída por uma fibrocartilagem rica em colágenos I, III e V, que, por serem ectópicos, não têm as propriedades necessárias para conferir resistência e elasticidade ideais ao tecido - Os elementos da matriz são continuamente reciclados para permitir ao tecido capacidade de adaptação à demanda biomecânica. A velocidade desse turnover é bastante lenta na cartilagem normal, porém suficiente para manter o trofismo do tecido - Sabe-se que a OA ocorre basicamente pelo desacoplamento da síntese e da degradação do tecido cartilaginoso, que compromete gravemente as propriedades físico-químicas normais do tecido Ádila Cristie Matos Martins UCXIX — Locomoção e preensão Problema 1, TUTORIA t - As reais causas do desenvolvimento da OA ainda permanecem desconhecidas. No entanto, sabe-se que fatores que aumentam o estresse mecânico e os que propiciam uma cartilagem anormal, isto é, um tecido com capacidades de resistência, elasticidade e dissipação de cargas reduzidas, podem desencadear o surgimento e a piora da OA- O condrócito é o executor e controlador do processo de renovação da cartilagem. Ele é dotado de um arsenal enzimático que degrada o colágeno e os proteoglicanos, e é capaz de elaborar novas moléculas quantitativa e qualitativamente adequadas às necessidades biomecânicas do momento, por meio da ação reguladora de mediadores pró-catabólicos (citocinas) e pró-anabólicos (fatores de crescimento) - A atividade catabólica da cartilagem decorre basicamente da ação da IL-1 e do TNF-alfa, sintetizados pelos condrócitos e pela membrana sinovial. Na OA, existe aumento na produção dessas citocinas, bem como de seus receptores. Elas agem principalmente por meio do aumento de produção e ativação de enzimas líticas, como as metaloproteases via elevação do plasminogênio e seus ativadores, e pela diminuição de produção dos inibidores teciduais das metaloproteases (TIMP) e dos inibidores do plasminogênio. Além disso, tanto o TNF-alfa como a IL-1 acarretam a diminuição na síntese dos elementos da matriz e/ou modificam o padrão normal de sua produção - A IL-1 age sobre o condrócito, suprime a produção dos colágenos II e IX, próprios da cartilagem articular, e aumenta a produção dos colágenos I e III, o que gera uma matriz impropriamente reparada e agrava a OA - No aspecto morfológico, esse comprometimento se traduz, inicialmente, por ondulações e perda de continuidade na superfície cartilaginosa (fibrilações e erosões). A cartilagem progressivamente perde espessura, e o osso subcondral pode ficar exposto e sujeito a cargas anormais. O tecido ósseo, por sua vez, responde com hipertrofia e metaplasia óssea encondral, que leva à formação de exostoses marginais: os osteófitos - Com a evolução do processo, fragmentos de cartilagem destacam-se e ficam soltos no líquido sinovial, sendo fagocitados pelas células da membrana sinovial. Isso provoca inflamação sinovial e liberação de citocinas e enzimas proteolíticas no líquido articular, que agravam o processo de degradação da cartilagem - Na análise histológica da cartilagem, inicialmente ocorre um aumento no conteúdo de água, presumivelmente por ruptura na rede colágena, que acarreta uma maior retenção do líquido pelos proteoglicanos. Os condrócitos, distribuídos de maneira homogênea pela matriz, tornam-se metabolicamente mais ativos, com núcleos hipertróficos e multiplicação celular, principalmente junto às fibrilações, formando clones de duas ou mais células - Nas fases finais do processo artrósico, o estado de hidratação da cartilagem diminui por causa da grande depleção dos proteogl icanos. Verificam-se também a morte de c o n d r ó c i t o s e c o n s e q u e n t e aparecimento de áreas acelulares na cartilagem, além de figuras de necrobiose e restos celulares - Componente inflamatório importante também é observado na OA com aumento da atividade de várias citocinas na articulação de enzimas degradadoras da cartilagem, as quais contribuem para a secreção. Envelhecimento da cart i lagem também aumenta a secreção de citocinas, quemocinas e proteases, além do estresse oxidativo FATORES DE RISCO - Idade > 45 anos (+ ainda se for > 65) — devido ao grau de atividade metabólica da cartilagem articular diminuir progressivamente com o passar do tempo (diminuição da resposta dos condrócitos à estimulação da síntese de matriz extracelular) - Sexo feminino — acredita-se que a deficiência de hormônios sexuais (estrógeno) após a menopausa seja o principal fator contribuinte - História familiar / predisposição genética — pode estar envolvido em mutações em genes envolvidos com a secreção de matriz extracelular (ex.: alelo FRZB) - Obesidade — por ação mecânica, carga na articulação - Trauma: rotura de menisco ou meniscectomia, rotura do ligamento cruzado, fraturas — leva a um desequilíbrio de forças mecânicas intra-articulares < 45 anos: 2% 45-65 anos: 30% > 65 anos: 70% Ádila Cristie Matos Martins UCXIX — Locomoção e preensão Problema 1, TUTORIA t - Patologias ortopédicas / deformidades articulares: doença de Legg-Perthers, displasia acetabular, genu valgum ou varum — desalinhamento anatômico articular que leva também a um desequilíbrio de forças mecânicas intra-articulares - Patologia clínica: acromegalia, ocronose, hemocromatose, Doença de Wilson, hipotireoidismo — interferem no turnover da matriz cartilaginosa - Atividades esportivas: ciclismo, futebol, ginástica olímpica, corredores de velocidade (maratonistas) e profissionais: trabalhadores de algodão, moedores, mineiros, perfuradores (britadeira) — sobrecarregam determinadas articulações - Densidade mineral óssea: existe menos frequência da associação entre OA e osteoporose. Pacientes com OA de joelho e quadril normalmente têm maior densidade mineral óssea QUADRO CLÍNICO - O principal sintoma da OA é a DOR ARTICULAR (obrigatório) - No início, é inconstante e de fraca intensidade - Pacientes com doença PRIMÁRIA geralmente são assintomáticos até o final da quinta década de vida - Se uma pessoa jovem apresenta alterações significativas de osteoartrite, uma pesquisa à procura da causa subjacente deve ser realizada - Com a progressão da doença, torna-se contínua e difusa, com característica basicamente mecânica, isto é, PROTOCINÉTICA (dor aparece com início do movimento e melhora com repouso), o que permite diferenciá-la da artrite reumatoide, na qual a dor é do tipo inflamatória (presente mesmo ao repouso) - A evolução do processo leva à perda gradual da estabilidade articular e, consequentemente, à dor de maior intensidade com limitação funcional da articulação. Frequentemente, este quadro crônico e progressivo pode levar a depressão e distúrbios do sono, o que reduz de forma importante a qualidade de vida - No exame físico, é comum encontrar dor à palpação, crepitação aos movimentos e alargamento articular de consistência óssea. Às vezes, estão presentes sinais inflamatórios, derrame articular e comprometimento musculotendíneo - A dor difusa à palpação na OA tem um importante valor propedêutico. A identificação de dor localizada periarticular remete à possibilidade do diagnóstico de bursites, tendinites ou lesões ligamentares/meniscais, muitas vezes associadas à própria OA ou decorrente desta - Os casos de evolução mais grave apresentam redução importante da amplitude do movimento, podendo chegar à anquilose - Rigidez matinal, quando presente, geralmente é de curta duração (< 30 minutos) - Característicos em mulheres são os nódulos de Heberden – osteófitos proeminentes nas articulações interfalangeanas distais. Os punhos, cotovelos e ombros geralmente são poupados - A doença pode estabilizar durante anos, mas na maioria ocorre lenta progressão - A compressão nos forames espinais por osteófitos resulta em pinçamento das raízes nervosas cervical e lombar, com dor articular, espasmo muscular, atrofia muscular e deficits neurológicos - É comum, somente uma ou algumas articulações estarem envolvidas, exceto em uma rara variante generalizada Articulações mais acometidas - MÃOS: é mais frequente em mulheres e tem forte influência genética. As articulações mais afetadas são, em ordem de f re q u ê n c i a , a s i n t e r f a l â n g i c a s d i s t a i s , p r i m e i r a carpometacarpal ou rizartrose e interfalângicas proximais. Podem apresentar nódulos (Heberden e Bouchard — osteófitos). A rizartrose (trapézio como primeiro metacarpal e, em menor frequência, o trapézio com o escafoide), com a formação de osteófitos, acarreta o aspecto “mão quadrada” * Nódulos representam proliferação osteocartilaginosa e constituem uma das manifestações mais comuns e características da OA idiopática Ádila Cristie Matos Martins UCXIX — Locomoção e preensão Problema1, TUTORIA t - JOELHOS: dor protocinética é um sintoma característico. Há uma piora à flexão e, nos casos mais graves, limitação à amplitude completa de flexão e extensão do movimento. Pode evoluir com deformidade em varo e, menos frequente, valgo - QUADRIL: em muitos casos evolui para incapacidade total com indicação cirúrgica. É mais frequente em homens e pode ser uni ou bilateral - COLUNA: se apresenta bastante correlacionada aos movimentos e às posturas, isto é, tem carácter mecânico, e melhora com o repouso e durante o sono. Pode estar relacionada com espasmo muscular paravertebral. Quando existe um desalinhamento lateral, significa osteófitos na face convexa - A dor à flexão geralmente indica comprometimento dos discos intervertebrais, e a dor à extensão, o envolvimento das articulações interapofisárias - O surgimento de complexos disco-osteofitários decorrentes de acometimento mais avançado pode provocar síndrome da estenose do canal raquimedular - O envolvimento cervical, pode haver dor na região do trapézio e nuca, e cefaleia occipital. Na região lombar, dor piora com permanência em pé ou sentado. A coluna torácica, embora frequente, não se traduz em sintomas importantes * Não confundir com Hiperostose Esquelética Idiopática Difusa (DISH), que ocorre uma calcificação acentuada dos ligamentos paraespinhais Causas de dor na osteoartrite - Existe uma relativa dissociação entre a dor e o grau de lesão dos tecidos articulares e também com os achados dos métodos de imagem - Somente 40% dos casos com alterações marcantes na RX simples apresentam dor - É frequente a queixa de dor significativa em casos de OA radiograficamente leve - Essa relativa dissociação clínico-radiográfica se deve em parte às várias causas capazes de acarretar dor na artrose: EXAMES COMPLEMENTARES - A graduação da lesão articular da OA pode ser realizada por métodos de imagem convencionais, como RX, TC e RM - A TC e a RM, de indicação mais restrita, são realizadas quando se necessita de uma avaliação da cartilagem e das partes moles articulares e extra-articulares adjacentes, principalmente para o diagnóstico diferencial com outras lesões - A RADIOGRAFIA SIMPLES é o exame complementar mais utilizado na rotina diagnóstica, sendo as características mais comuns: - Redução do espaço articular = perda da cartilagem articular - Aumento da densidade óssea subcondral (ou e s c l e r o s e ó s s e a subcondral) - Osteófitos que indicam remodelação óssea - Cistos e erosões osséas * Cistos ou geodos subcondrais e erosões ósseas podem estar presentes nos casos mais graves e são circundadas por um osso com densidade normal ou até aumentada, fato que ajuda na diferenciação com os cistos e as erosões que ocorrem nas artropatias inflamatórias, como a AR, na qual existe osteopenia - Provas de atividade inflamatória: via de regra, estão normais - Líquido sinovial: aspecto amarelo-citrino, pouco inflamatório, isto é com discreta elevação de leucócitos e viscosidade preservada ou levemente diminuída. Sua análise se presta principalmente ao diagnóstico diferencial nos casos em que o derrame articular se instala agudamente, como ocorre, por exemplo, na artropatia por cristais de pirofosfato de cálcio DIAGNÓSTICO - O diagnóstico é feito através da história, exame clínico e exames radiológicos. A dor é sintoma obrigatório - Por existir muitos fatores no desenvolvimento e na evolução, o seu quadro clínico é heterogêneo, variando segundo articulação comprometida, duração e gravidade. Assim, foram definidor critérios diagnósticos para OA de joelhos, mãos e quadris. - In f lamação s inov ia l e bursas causadas pe la fagoc i tose de fragmentos osteocartilaginosos - Ativação química de nociceptores da sinóvia e dos tecidos periarticulares - Distensão da cápsula articular - Osteófitos que causam elevação do periósteo - Compressão dos tecidos moles por osteófitos marginais - Aumento da pressão vascular no osso subcondral - Espasmo e contratura muscular e mioclonias - Esforço muscular para manter a estabilidade articular - Tensão nas inserções tendíneas e capsulares no osso e no periósteo - Compressão nervosa decorrente da distensão inflamatória das estruturas articulares periarticulares - Isquemia decorrente de distensão inflamatória das estruturas articulares e periarticulares - Estresse psicológico Normal Osteoartrite OA avançado . Ádila Cristie Matos Martins UCXIX — Locomoção e preensão Problema 1, TUTORIA t Os mesmos princípios gerais podem ser aplicados para o diagnóstico da OA nas outras articulações Joelhos Quadris Mãos * As dez articulações selecionadas são: segunda e terceira interfalangeanas distais, a segunda e terceira interfalangeanas proximais e a primeira carpometacarpal de ambas as mãos TRATAMENTO - As terapias atuais ainda são insuficientes e não existe, até o momento, terapia farmacológica ou biológica capaz de restaurar a estrutura original e a função da cartilagem danificada nem o tecido sinovial na OA - Tem por objetivos básicos o alívio dos sintomas, a recuperação da função, o retardo da evolução e a regeneração dos tecidos lesados - É baseado no controle dos sintomas e da dor, por meio de abordagens farmacológicas, não farmacológicas e cirúrgicas individualizadas, conforme as necessidades do paciente Tratamento farmacológico - Se apoia em duas vertentes: 1. Tratamento com medicações sintomáticas de curta duração (analgésicos e AINE) 2. Tratamento com fármacos de ação lenta que se subdividem em: sintomáticos de ação lenta e modificadores de doença de ação lenta Sintomático de curta duração - Paracetamol é o inicial para dor média a moderada, com base na eficácia, tolerância e no custo. A dose recomendada pode atingir até 3g/dia. Deve-se ficar atento quanto à hepatotoxicidade. Além desse, outros analgésicos, como a codeína e o tramadol, tiveram sua eficácia comprovada na OA. Em nosso meio, recomenda-se também a dipirona - Miorrelaxantes podem ajudar nas contraturas musculares, quando presentes Clínico Clínico e radiográfico 1. Dor nos joelhos na maior parte dos dias do último mês 1. Dor nos joelhos na maior parte dos dias do último mês 2. Crepitação na movimentação ativa 2. Osteófitos à radiografia 3. Rigidez matinal com duração ≤ 30 minutos 3. Líquido sinovial típico de OA 4. Idade ≥ 38 anos 4. Idade ≥ 40 anos 5. Alargamento ósseo no exame físico do joelho 5. Rigidez matinal com duração ≤ 30 minutos 6. Crepitação na movimentação ativa Admite-se a OA quando estão presentes os itens: 1, 2, 3, 4 ou 1, 2, 5 ou 1, 4, 5 Admite-se a OA quando estão presentes os itens: 1, 2 ou 1, 3, 5, 6 ou 1, 4, 5, 6 Clínico e radiográfico 1. Dor nos quadris na maior parte dos dias do último mês 2. Hemossedimentação ≤ 20 mm/h 3. Osteófitos femorais e/ou acetabulares à radiografia 4. Redução do espaço articular à radiografia Admite-se a OA quando estão presentes os itens: 1, 2, 3 ou 1, 2, 4, 5 ou 1, 3, 4 Clínicos 1. Dor ou rigidez das mãos na maior parte dos dias do último mês 2. Alargamento do tecido duro articular em duas ou mais de dez articulações selecionadas 3. Edema em duas ou menos articulações metacarpofalangeanas 4a. Alargamento do tecido duro em duas ou mais articulações interfalangeanas 4b. Deformidade em duas ou mais de de dez articulações selecionadas Admite-se a OA quando estão presentes os itens: 1, 2, 3, 4a ou 1, 2, 3, 4b Ádila Cristie Matos Martins UCXIX — Locomoção e preensão Problema 1, TUTORIA t - O uso de AINES são eficazes, mas não tem evidencias consistentes da vantagem terapêutica de determinado AINE. Quanto à tolerabilidade, principalmente ao aspecto gastrointestinal,os inibidores específicos da COX-2 se mostraram mais seguros, vantagem também encontrada em alguns inibidores inespecíficos da cicloxigenase, como o meloxicam e a nimesulida. - Sendo assim os AINEs uma opção para casos com baixa resposta ao paracetamol e como indicação inicial nos casos com manifestações graves e moderadas, indicado a opção prioritária de alguma COX-2, principalmente nos pacientes com risco de eventos adversos no TGI alto (idade ≥ 65, comorbidades, uso de corticoide oral, histórico de úlcera péptica e/ou sangramento alto e uso de anticoagulantes) ou uso de AINE com associação a um gastroprotetor (famotidina ou omeprazol) - Podem ser usados AINEs tópicos e capsaicina, com bom efeito analgésico - Nos casos de fenômenos inflamatórios pronunciados, a infiltração intra-articular de corticosteroide acarreta uma rápida e eficiente resposta Ação lenta - Sintomáticos de ação lenta: melhoram os sintomas, não são analgésicos comuns ou AINE e têm início de ação lenta com efeito residual após a suspensão. Sendo estes: hialuronatos, cloroquina, sulfato de glicosamina, sulfato de condroitina, diacereína, extratos insaponificados de soja e abacate - Modificadores de doença (impropriamente chamados condroprotetores): podem prevenir, retardar ou reverter a progressão do processo osteoartrítico. Sendo estes: diacereína, sulfato de glicosamina e ácido hialurônico - Os fármacos sintomáticos de ação lenta na OA apresentam-se como alternativa ao uso isolado de analgésicos e AINE, podendo exercer um efeito poupador sobre estes ou até substituir o seu uso Tratamento não farmacológico - Deve-se identificar fatores de risco, orientar paciente quanto à natureza e evolução, seja treinado em medidas de proteção articular (evitar posturas inadequadas) e que visem minimizar os riscos (perder peso, atividade física ideal, programas de fortalecimento muscular - que melhora a estabilidade) - A proteção articular e a conservação de energia são medidas muito eficazes. Recomenda-se que o paciente transfira carga para articulações maiores, poupe articulações afetadas e distribua os esforços bilateralmente - Exercícios promovem a melhora do tônus muscular e da resistência das estruturas articulares e periarticulares, melhorando o suporte e estabilidade articular. Deve-se ajustar a frequência, duração e grau de dificuldade dos exercícios caso gere dor articular - Repouso só é recomendado em situações de piora aguda dos sintomas, pois, em excesso, acarreta ganho de peso e atrofia das estruturas articulares, agravando o problema - Palmilhas, bengalas e calçados especiais são medidas auxiliares - O realinhamento da patela com desvio laterolateral por meio de fita adesiva é uma medida simples e te sua principal indicação nas situações de OA da faceta lateral patelofemoral ou femoropatelar com ângulo Q aumentado - A aplicação do calor tem ação sobre terminações nervosas e fibras gama do fuso muscular, além de melhorar a extensibilidade do colágeno e do músculo - O frio reduz a espasticidade muscular e aumenta o limiar da dor - Outros: estimulação elétrica transcutânea do nervo, acupuntura e pulsos eletromagnéticos Tratamento cirúrgico - Geralmente utilizada quando o clínico falha - Inclui irrigação, debridamento artroscópico, fenestração do osso subcondral, remoção de osteófitos, osteotomia, colocação de próteses e artrodese - O transplante de cartilagem e o implante de condrócitos, ativados ou não com fatores de crescimento, já são uma realidade, porém têm indicação limitada aos casos de lesões focais, em indivíduos mais jovens, sendo pouco eficientes na perda difusa da cartilagem, como ocorre na OA. A mais nova perspectiva intervencionista é o emprego da engenharia tecidual a partir de células-tronco e condrócitos - Educação - Programas de autoajuda - Suporte social - Perda de peso - Exercícios aeróbicos, fortalecimento e alongamento - Terapias físicas - Artefatos de assistência para deambulação - Calçados apropriados - Palmilhas em cunha - Joelheiras similares - Terapia ocupacional - Proteção articular e conservação de energia - Artefatos de assistência para atividades cotidianas - Adesivo patelar Ádila Cristie Matos Martins UCXIX — Locomoção e preensão Problema 1, TUTORIA t - Em suma, a OA é uma doença articular progressiva cujo tratamento requer a combinação de intervenções no estilo de vida, modalidades farmacológicas e não farmacológicas - Analgésicos, AINE e infiltrações intra-articulares com corticosteroide e ácido hialurônico são eficazes, sobretudo no alívio da dor - Já as substâncias sintomáticas de ação lenta precisam ser ainda mais bem avaliadas, assim como os fármacos modificadores do curso da doença, diante das diferentes preparações disponíveis e escassez de estudos - Em geral, a combinação de fármacos possibilita um efeito mais adequado, ao se associar um analgésico ou AINE com um ou mais fármacos de ação lenta, como, em nosso meio, a cloroquina REFERÊNCIAS 1.CLÍNICA MÉDICA USP, VOLUME 5 — MARTINS (capítulo 8 e 24) 2.Osteoartrite — Osmosis 3.Reumato, volume 4 — MedCurso (2019) 4.MANUAL INFORMATIVO PARA O DOENTE COM OSTEOARTROSE — Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) (2016) 5.Patologia - Bases patológicas das doenças — ROBBINS (8ª edição — capítulo 26, pág. 1243-1245) 6.Patologia — Bogliolo (8ª edição - capítulo 25, pág. 1063-1064)
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