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Carolina Lucchesi | Medicina UNIT Osteoartrite A osteoartrite é o tipo mais comum de artrite. Sua alta prevalência, principalmente nos idosos, e seu impacto negativo sobre a função física fazem dessa condição a principal causa de incapacitação em idosos As articulações afetadas, em geral, são o quadril, o joelho, a coluna cervical e lombossacral e a primeira articulação metatarsofalângica (MTF). Nas mãos, as articulações interfalângicas distais e proximais, assim como a base do polegar, são afetadas com frequência. Em geral, são poupados o punho, o cotovelo e o tornozelo. **Desenvolvemos OA em articulações que não foram adequadamente projetadas para tarefas humanas A AO pode ser diagnosticada com base nas anormalidades estruturais ou nos sintomas evocados por essas anormalidades **Consistem em perda da cartilagem (visualizada como perda do espaço articular nas radiografias) e osteófitos. Os sintomas, geralmente representados por dor articular, determinam a incapacitação A evidência radiográfica de OA é comum na região lombossacral e cervical Definição A OA representa uma falência articular, uma doença na qual todas as estruturas da articulação sofreram alterações patológicas, na maioria das vezes simultaneamente. A doença consiste na perda da cartilagem articular hialina, presente em um padrão focal e, inicialmente, não uniforme. Esse quadro é acompanhado de aumento na espessura e na esclerose da placa óssea subcondral, de crescimento excessivo de osteófitos nas margens articulares, de distensão da cápsula articular, de vários graus de sinovite e de fraqueza dos músculos que cruzam a articulação. N Epidemiologia A OA sintomática do joelho (evidência radiográfica de OA e dor na maioria dos dias de um mês recente) ocorre em cerca de 12% dos adultos com idade ≥ 60 anos nos Estados Unidos e em 6% dos adultos com ≥ 30 anos. A OA sintomática na mão ocorre em cerca de 10% dos indivíduos idosos e, com frequência, produz limitação na função. A prevalência de OA aumenta acentuadamente com o avanço da idade, sendo incomum em adultos com < 40 anos e altamente prevalente naqueles com idade > 60 ano Mais comum em mulheres do que em homens Mecanismos Protetores Articulares e sua Falha Os protetores articulares incluem cápsula e ligamentos articulares, músculo, aferentes sensitivos e osso subjacente. A cápsula e os ligamentos articulares funcionam como protetores da articulação, proporcionando um limite para a amplitude de movimento, fixando, dessa forma, a amplitude de movimento da articulação. O líquido sinovial reduz o atrito entre as superfícies da cartilagem articular e é um importante protetor contra o desgaste da cartilagem induzida pelo atrito Essa função de lubrificação depende do ácido hialurônico e da lubricina, uma glicoproteína mucinosa secretada pelos fibroblastos sinoviais, cuja concentração diminui após a lesão da articulação e na presença de inflamação sinovial. Os ligamentos, juntamente com a pele sobrejacente e os tendões, contêm nervos sensitivos mecanorreceptores. Esses mecanorreceptores disparam em frequências diferentes ao longo de toda a amplitude de movimento da articulação, proporcionando feedback aos músculos e tendões por intermédio da medula espinal. Consequentemente, esses músculos e tendões podem assumir a tensão correta nos pontos apropriados do movimento articular para agir como protetores articulares otimizado Músculos e tendões são protetores articulares essenciais. O estresse é minimizado pela contração muscular, que desacelera a articulação antes do impacto e garante que, quando o impacto articular chegar, seja distribuído extensamente pela superfície articular. Artropatia de Charcot: uma OA grave e rapidamente progressiva, instala-se quando uma pequena lesão Carolina Lucchesi | Medicina UNIT articular ocorre na presença de neuropatia periférica das colunas posteriores da medula espinal. Cartilagem e seu papel na falência articular Cartilagem é o tecido-alvo primário e, também, funciona como protetor articular A cartilagem é lubrificada pelo líquido sinovial A rigidez compressível da cartilagem, em comparação com o osso, confere à articulação alta capacidade de absorção dos impactos. As primeiras alterações da OA podem ocorrer na cartilagem. As duas principais macromoléculas na cartilagem são o colágeno tipo 2, que confere à cartilagem sua resistência à tensão, e o agrecano, uma macromolécula de proteoglicana acoplada ao ácido hialurônico, que consiste em glicosaminoglicanos com altas cargas negativas. Na cartilagem normal, o colágeno tipo 2 é trançado firmemente, confinando as moléculas de agrecano nos interstícios entre os filamentos de colágeno, forçando- as, com altas cargas negativas, a ficarem muito próximas umas das outras. A molécula de agrecano, por meio da repulsão eletrostática de suas cargas negativas, confere à cartilagem sua rigidez compressiva Os condrócitos, células localizadas dentro desse tecido avascular, sintetizam todos os elementos da matriz e produzem enzimas que a degradam. A sinóvia e os condrócitos sintetizam e liberam citocinas e fatores de crescimento, os quais proporcionam um mecanismo de feedback que modula a síntese de moléculas da matriz O estresse osmótico e mecânico sobre os condrócitos induz essas células a alterarem a expressão gênica e aumentarem a produção de citocinas inflamatórias e enzimas de degradação da matriz. As metaloproteinases matriciais (MPMs) (particularmente colagenases e ADAMTS-5) são enzimas de importância crucial na degradação da matriz da cartilagem. À medida que se instala o processo osteoartrítico, suas atividades e efeitos se propagam por meio de toda a matriz, principalmente nas camadas superficiais da cartilagem. Resumindo!! Sinovite provoca a liberação de citocinas, alarminas, moléculas de padrões moleculares associados à lesão (DAMPs) e complemento, que ativam os condrócitos por meio de receptores de superfície celular. Os condrócitos produzem as moléculas da matriz (colágeno tipo 2, agrecano) e as enzimas responsáveis pela degradação da matriz (p. ex., ADAMTS-5 e metaloproteinases matriciais [MPMs]). Ocorre invasão do osso através da cartilagem calcificada, desencadeada pelo fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) e por outras moléculas. IL, interleucina; TGF, fator de crescimento transformador; TNF, fator de necrose tumoral. A sinóvia, a cartilagem e o osso influenciam o desenvolvimento da doença por meio de citocinas, quimiocinas e até mesmo ativação do complemento, que, por sua vez, atuam sobre os receptores de superfície celular dos condrócitos Os fragmentos de matriz liberados da cartilagem estimulam a sinovite. Citocinas inflamatórias, como a interleucina 1β (IL-1β) e o fator de necrose tumoral α (TNF-α), induzem os condrócitos a sintetizar prostaglandina E2 e óxido nítrico. A combinação dos efeitos sobre os condrócitos desencadeia a degradação da matriz. As enzimas na matriz são mantidas sob controle por inibidores da ativação, como o inibidor tecidual da metaloproteinase (TIMP). A proteína morfogênica do osso 2 (BMP-2, de bone morphogenetic protein 2) e o fator de crescimento transformador β (TGF-β, de transforming growth factor β) desempenham papéis proeminentes na estimulação do desenvolvimento dos osteófitos. Enquanto a cartilagem articular saudável é avascular, em parte devido à presença de inibidores da angiogênese na cartilagem, a doença caracteriza-se pela invasão de vasos sanguíneos na cartilagem a partir do osso subjacente. Esse processo é influenciado pela síntese do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) na cartilagem e no osso. Esses vasos sanguíneos são acompanhados de nervos que podem produzir inervação nociceptiva. Provavelmenteem consequência da lesão oxidativa crônica, os condrócitos articulares exibem um declínio na sua capacidade de síntese mantêm a capacidade de produzir mediadores pró-inflamatórios e enzimas de degradação da matriz, achados que caracterizam um fenótipo secretor senescente. Carolina Lucchesi | Medicina UNIT Com o envelhecimento, a cartilagem é facilmente lesionada por traumas menores e, às vezes, despercebidos, incluindo aqueles que fazem parte das atividades diárias. A cartilagem da OA caracteriza-se pela depleção gradual de agrecano, pela desestruturação da matriz colágena firmemente trançada e pela perda de colágeno tipo 2. Essas mudanças são acompanhadas por maior vulnerabilidade da cartilagem, que perde a sua rigidez compressiva. Fatores de Risco Vulnerabilidade articular e a aplicação de carga sobre a articulação Os fatores de risco para OA podem ser compreendidos em termos de seu efeito sobre a vulnerabilidade articular ou sobre a aplicação das cargas Fatores de risco sistêmico A idade é o fator de risco mais potente para OA. Em algumas articulações, como as das mãos, a OA ocorre em > 50% dos idosos com idade > 70 anos. O envelhecimento faz aumentar a vulnerabilidade articular A cartilagem se adelgaça com o envelhecimento, e a cartilagem mais fina sofre maior estresse de cisalhamento, correndo maior risco de sofrer lesão. Além disso, os protetores articulares falham mais frequentemente com o envelhecimento. Os músculos que cruzam a articulação ficam mais fracos com o envelhecimento e respondem também com menor rapidez aos impulsos iminentes. O influxo dos nervos sensitivos torna-se mais lento Os ligamentos se distendem tornando-se menos capazes de absorver os impulsos. Hereditariedade e genética A OA é uma doença altamente hereditária Cerca de 50% dos casos de OA nas mãos e nos quadris na comunidade podem ser atribuídos à herança. Entretanto, o percentual de OA no joelho que pode ser herdado é de, no máximo, 30%, com alguns estudos sugerindo que a hereditariedade não desempenha nenhum papel Evidências emergentes identificaram mutações genéticas que conferem um alto risco de OA, das quais a mais bem reproduzida é um polimorfismo no gene do fator de diferenciação do crescimento 5 (GDF5). Esse polimorfismo diminui a quantidade de GDF5; esse fator de diferenciação do crescimento influencia principalmente o formato articular, que tende a ser o mecanismo pelo qual os genes que predispõem à OA aumentam o risco de doença. Fatores de risco no ambiente articular No quadril, três anormalidades incomuns de desenvolvimento que ocorrem in utero ou durante a infância – a displasia congênita, a doença de Legg- Perthes e o deslizamento da epífise da cabeça do fêmur – deixam as crianças com distorções na anatomia da articulação do quadril, que, com frequência, evoluem para OA nas fases subsequentes da vida. As meninas são acometidas predominantemente pela displasia acetabular, uma forma leve de deslocamento congênito As grandes lesões de uma articulação também podem produzir anormalidades anatômicas que tornam a articulação suscetível à OA. As lacerações das estruturas ligamentosas e fibrocartilaginosas que protegem as articulações, como o menisco, no joelho, e o labrum, no quadril, podem levar ao desenvolvimento prematuro de OA. As lacerações meniscais aumentam com o envelhecimento Outra fonte de anormalidade anatômica é o desalinhamento da articulação Os joelhos varos (pernas arqueadas) com OA são um risco extremamente alto de perda da cartilagem no compartimento medial ou no interno do joelho, ao passo que o desalinhamento em valgo (joelho virado Carolina Lucchesi | Medicina UNIT para dentro) predispõe à rápida perda da cartilagem no compartimento lateral. Há evidências de que o desalinhamento no joelho não apenas provoca perda da cartilagem, mas também resulta em lesão no osso subjacente, produzindo lesões da medula óssea que são observadas por imagem de ressonância magnética (RM) indivíduos com densidade óssea aumentada têm alto risco de OA, sugerindo que a resistência do osso ao impacto durante a utilização da articulação pode desempenhar um papel proeminente no desenvolvimento da doença. Fatores relacionados com as cargas A obesidade precede o surgimento da Obesidade. doença. Trata-se de um fator de risco mais potente para a doença nas mulheres do que nos homens. Nas mulheres, a relação peso:risco de doença é linear, de forma que cada aumento no peso será acompanhado de um aumento proporcional no risco O efeito da obesidade sobre o desenvolvimento e a progressão da doença é mediado principalmente por meio da aplicação de cargas maiores nas articulações responsáveis pela sustentação do peso corporal . Os Uso repetido da articulação e exercício trabalhadores que realizam tarefas repetitivas por muitos anos como parte de suas ocupações correm alto risco de desenvolver OA nas articulações que são utilizadas repetidamente Os trabalhadores cujas tarefas exigem a flexão regular do joelho ou levantam ou carregam cargas pesadas exibem alta taxa de OA no joelho Patologia Inicialmente, a cartilagem mostra fibrilação e irregularidade superficiais. À medida que a doença progride, surgem erosões focais nessas áreas, as quais, por fim, se estendem até o osso subjacente. Com a progressão adicional, a erosão da cartilagem que desce até o osso se expande e envolve uma área maior da superfície articular, embora a OA continue sendo uma doença focal com perda não uniforme de cartilagem Após lesão da cartilagem, os condrócitos sofrem mitose e aglomeração. Embora a atividade metabólica desses aglomerados de condrócitos seja alta, o efeito final dessa atividade é promover a depleção de proteoglicanas na matriz que circunda os condrócitos. Isso ocorre pelo fato de a atividade catabólica ser maior do que a atividade de síntese. As cargas negativas das proteoglicanas ficam expostas, e a cartilagem fica edemaciada por ação da atração iônica pelas moléculas de água. Como na cartilagem lesionada as proteoglicanas não são mais forçadas a permanecerem em estreita proximidade, a cartilagem não recupera sua elasticidade após a aplicação da carga, como fazia quando era saudável, tornando-se vulnerável à lesão adicional. Os condrócitos ao nível basal da cartilagem sofrem apoptose. Com a perda da cartilagem, surgem alterações no osso subcondral. Estimulados pelos fatores de crescimento e pelas citocinas, os osteoclastos e os osteoblastos na lâmina óssea subcondral, imediatamente abaixo da cartilagem, acabam sendo ativados. A formação óssea produz espessamento e maior rigidez da placa subcondral que ocorre até antes da ulceração da cartilagem. Existem habitualmente pequenas áreas de osteonecrose nas articulações com a doença em fase avançada. Na margem da articulação, próximo das áreas de perda da cartilagem, ocorre formação de osteófitos. Esses osteófitos começam como evaginações de cartilagem nova, e, com a invasão neurovascular do osso, essa cartilagem sofre ossificação. Os osteófitos constituem um importante marco radiográfico da OA. A sinóvia produz líquidos lubrificantes que minimizam o estresse de cisalhamento durante o movimento. Nas articulações sadias, a sinóvia consiste em uma única camada descontínua cheia de gordura e contendo dois tipos de célula-macrófagos e fibroblastos; no entanto, na OA, ela pode tornar-se algumas vezes edemaciada e inflamada. Observa-se a migração dos macrófagos periféricos para o tecido, e as células que revestem a sinóvia proliferam. As citocinas inflamatórias e as alarminas secretadas pela sinóvia ativam os condrócitos, que produzem enzimas que aceleram a destruição da matriz. Outras alterações patológicas ocorrem na cápsula, que fica distendida e edemaciada,podendo tornar-se fibrótica. Os cristais de fosfato de cálcio básico e de pirofosfato de cálcio di-hidratados são evidenciados ao exame Carolina Lucchesi | Medicina UNIT microscópico na maioria das articulações com OA em estágio terminal. Fontes de dor A dor na OA tem origem provavelmente em estruturas fora da cartilagem. As estruturas inervadas na articulação são a sinóvia, os ligamentos, a cápsula articular, os músculos e o osso subcondral. Com base em estudos de RM realizados em joelhos osteoartríticos as prováveis fontes de dor são a inflamação sinovial, os derrames articulares e o edema da medula óssea. A presença de sinovite na RM mostra correlação com a presença e a intensidade da dor no joelho. O estiramento capsular devido ao líquido existente na articulação estimula as fibras nociceptivas nessa área, levando à sensação de dor. A dor pode ter origem também fora da articulação, incluindo as bursas próximo das articulações, a exemplo da a bursite anserina e a síndrome da banda iliotibial. Os nociceptores periféricos podem se tornar mais responsivos à estimulação sensitiva, conhecida como sensibilização periférica, e também pode haver aumento na atividade nociceptiva ascendente central, conhecida como sensibilização central. Manifestações Clínicas A dor surge durante ou imediatamente após o uso da articulação e, em seguida, desaparece de modo gradual. Nas fases iniciais da doença, a dor é episódica, induzida frequentemente pela utilização hiperativa de uma articulação acometida À medida que a doença progride, a dor torna-se contínua e começa até mesmo a incomodar durante a noite. A rigidez da articulação afetada pode ser proeminente, porém a rigidez matinal costuma ser de curta duração (< 30 minutos). Nos joelhos, pode ocorrer deformação devido, em parte, à fraqueza dos músculos que cruzam a articulação. Os sintomas mecânicos, como deformidade ou bloqueio, também poderiam significar desarranjo interno, como ruptura do menisco ou do ligamento cruzado anterior; entretanto, esses sintomas, que são comuns em indivíduos com OA do joelho A OA é a causa mais comum de dor crônica no joelho em pessoas com > 45 anos de idade, porém o diagnóstico diferencial é longo A artrite inflamatória é provável quando existe rigidez matinal prolongada e muitas articulações estão afetada As bursites ocorrem geralmente ao redor dos joelhos e dos quadris Para a dor no quadril, a OA pode ser identificada pela perda da rotação interna durante a movimentação passiva; a dor isolada em uma área lateral ao quadril reflete normalmente a presença de bursite troncantérica. Diagnóstico Nenhum exame de sangue é indicado como rotina na avaliação dos pacientes com AO O exame do líquido sinovial costuma ser mais útil do ponto de vista diagnóstico do que uma radiografia. Se a contagem de leucócitos do líquido sinovial for > 1.000/μL, existe a probabilidade de artropatia inflamatória, gota ou pseudogota, sendo as últimas duas também identificadas pela presença de cristais. As radiografias são indicadas para avaliar a possibilidade de OA somente quando a dor articular e os achados físicos forem atípicos ou se a dor persistir após a instituição de um tratamento efetivo para a AO A RM pode revelar a extensão da patologia em uma articulação osteoartrítica, porém não está indicada como parte da propedêutica diagnóstica. Tratamento Os objetivos do tratamento da OA consistem em aliviar a dor e minimizar a perda da função física. Até o ponto em que a dor e a perda de função forem consequências de inflamação, fraqueza da articulação e frouxidão e instabilidade, o tratamento da OA envolverá a correção de cada um desses comprometimentos. Os pacientes com sintomas leves e intermitentes podem necessitar apenas de tranquilização ou tratamentos não farmacológicos. Pacientes com dor Carolina Lucchesi | Medicina UNIT contínua e incapacitante tendem a necessitar tanto de terapia não farmacológica como de farmacoterapia Terapia não Farmacológica Sabendo que a OA é uma doença induzida mecanicamente, a base do tratamento consiste em alterar as cargas sobre a articulação dolorida e melhorar a função dos protetores articulares As maneiras de reduzir as cargas focais ao longo da articulação consistem em: 1. evitar atividades dolorosas, que geralmente são aquelas que sobrecarregam a articulação; 2. melhorar a força e o condicionamento dos músculos que cruzam a articulação, a fim de aprimorar sua função; e 3. remover as cargas que atuam sobre a articulação, seja redistribuindo-as dentro da articulação com uma órtese ou uma tala ou reduzindo a carga articular durante a sustentação do peso corporal com uma bengala ou uma muleta. O tratamento mais simples para muitos pacientes é evitar as atividades que precipitam dor. **paciente de meia-idade cuja corrida de longa distância provoca os sintomas de OA no joelho, uma forma menos rigorosa de atividade com sustentação do peso corporal pode aliviar todos os sintomas. Nas articulações das mãos afetadas pela OA, a imobilização, uma vez que limita o movimento, frequentemente minimiza a dor em pacientes com comprometimento, sobretudo na base do polegar. As articulações responsáveis pela sustentação do peso corporal, como as dos joelhos e dos quadris, podem ser aliviadas ao utilizar uma bengala na mão oposta à articulação afetada, para sustentar parcialmente o peso. O grau de fraqueza se correlaciona Exercício. fortemente com a intensidade da dor articular e o grau de limitação física. Um dos principais elementos do tratamento da OA consiste em melhorar o funcionamento dos músculos que circundam a articulação. As atividades que aumentam a dor na articulação devem ser evitadas, e o programa de exercício precisa ser individualizado para melhorar ao máximo a sua efetividade Os exercícios de baixo impacto, como a hidroginástica e o treinamento de resistência na água, costumam ser mais bem tolerados pelos pacientes do que aqueles que envolvem cargas de impacto, como corrida ou exercícios na esteira. . O desalinhamento no Correção do desalinhamento plano frontal (varo-valgo) aumenta acentuadamente o estresse da articulação, o que pode resultar em progressão da doença, dor e incapacitação. A correção do desalinhamento varo-valgo, seja cirúrgica ou com órtese, pode aliviar a dor em pacientes com joelhos mal alinhados Farmacoterapia Os fármacos disponíveis são administrados pelas vias oral, tópica e intra-articular. Paracetamol, fármacos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e inibidores de cicloxigenase 2 (COX-2) O paracetamol (acetaminofeno) é o analgésico de escolha inicial para pacientes com OA nos joelhos, nos quadris ou nas mãos, mesmo que seu efeito terapêutico nessa condição seja pequeno Carolina Lucchesi | Medicina UNIT **Os pacientes de alto risco incluem aqueles com eventos GIs prévios, idade ≥ 60 anos e uso de glicocorticoides. Os AINEs são os medicamentos mais populares para o tratamento da dor osteoartrítica. Podem ser administrados topicamente ou por via oral Os AINEs administrados por via oral exercem efeitos colaterais substanciais e frequentes, dos quais o mais comum é a toxicidade para o trato gastrintestinal (GI) superior, incluindo dispepsia, náuseas, distensão abdominal, hemorragia GI e úlceras. Para minimizar o risco dos efeitos colaterais GIs relacionados com AINEs, os pacientes devem receber AINEs após a refeição; se o risco for alto, os pacientes devem tomar um agente gastroprotetor, como um inibidor de bomba de prótons. A American Heart Association identificou o rofecoxibe e todos os outros inibidores da COX-2 como fármacos que colocam os pacientes em alto risco, embora o celecoxibe em baixas doses (≤ 200 mg/dia) não esteja associado auma elevação do risco. O único AINE convencional que parece ser seguro em termos cardiovasculares é o naproxeno; entretanto, esse fármaco apresenta toxicidade GI. Existem outros efeitos colaterais comuns dos AINEs, como a tendência a desenvolver edema em consequência da inibição das prostaglandinas responsáveis pelo suprimento sanguíneo aferente para os glomérulos renais e, por motivos semelhantes, certa tendência pela insuficiência renal reversível. Injeções intra-articulares: glicocorticoides e ácido Como a inflamação sinovial tende a ser hialurônico uma importante causa de dor nos pacientes com OA, os tratamentos anti-inflamatórios locais administrados por via intra-articular podem ser eficazes em reduzir a dor, pelo menos temporariamente As injeções de glicocorticoide são úteis para ajudar os pacientes a superar as exacerbações agudas da dor, porém seus efeitos, em geral, duram menos de 3 meses. Para Outras classes de fármacos e nutricêuticos pacientes com OA sintomática do joelho ou do quadril que não demonstraram uma resposta adequada aos tratamentos anteriormente descritos e que não desejam se submeter ou não são candidatos à artroplastia total da articulação, os analgésicos opioides apresentaram Carolina Lucchesi | Medicina UNIT eficácia modesta, de modo que o seu uso pode ser tentado. Diretrizes recentes não recomendam o uso de glicosamina ou condroitina para a AO Quando as terapias clínicas falham e o paciente apresenta uma redução inaceitável em sua qualidade de vida, assim como dor e incapacitação persistentes, é indicada a artroplastia total da articulação pelo menos para a OA do joelho e do quadril. . Para pacientes com OA do Tratamento cirúrgico joelho isolada no compartimento medial, as operações para realinhamento do joelho destinadas a reduzir a sobrecarga medial podem aliviar a dor. Essas cirurgias incluem a osteotomia tibial alta, em que a tíbia é fraturada logo abaixo do platô tibial e realinhada de modo a transferir a carga para o compartimento lateral normal, ou a substituição unicompartimental com realinhamento. Artroplastia total do joelho ou do quadril. Esse tratamento consiste em cirurgias altamente eficazes que aliviam a dor e melhoram a função na grande maioria dos paciente . O transplante de Regeneração da cartilagem condrócitos não se revelou eficaz na OA,
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