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SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................... 3 2. Dobramento do embrião ......................................... 4 3. Derivados das camadas germinativas ............15 Referências bibliográficas ........................................24 3QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO 1. INTRODUÇÃO Ao final da terceira semana do desen- volvimento embrionário, tem-se um embrião trilaminar, isto é, já com três camadas germinativas embrionárias diferenciadas. Essas três camadas germinativas – endoderma, ectoder- ma e mesoderma – são as precurso- ras de todos os tecidos embrionários e a sua diferenciação representa o iní- cio da morfogênese. Ectoderma Mesoderma EndodermaNotocordaTubo neural Figura 1. Corte transversal de embrião, evidenciando o formato achatado do disco embrionário trilaminar. Fonte: Adaptado de Embriologia Médica – Langman. molecular complexo, controlado pela expressão e regulação de genes espe- cíficos em uma sequência ordenada. Por fim, tem-se a fase de diferen- ciação dos tecidos, na qual ocorre a maturação dos processos fisiológicos. Isso significa dizer que as células se organizam em padrões precisos de te- cidos e órgãos, sendo assim capazes de executar funções especializadas. O período que se estende da terceira à oitava semana do desenvolvimento Durante o desenvolvimento, o em- brião humano passa por uma sequ- ência de transformações que, apesar de estarem interrelacionadas, po- dem ser agrupadas em três grandes fases. A primeira delas é a fase de crescimento, na qual há intensa divi- são celular e elaboração de produtos celulares. A segunda é chamada de morfogê- nese, ou seja, é a fase de formação dos órgãos, os quais ganham forma e tamanho. Trata-se de um processo 4QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO é chamado de período embrionário ou de organogênese. Diz respeito à origem de vários tecidos e órgãos específicos, a partir de cada um dos folhetos embrionários. Ao final dele, por volta do final do segundo mês de gestação, os principais sistemas de órgãos já iniciaram seu desenvolvi- mento, o que faz com que o embrião assuma uma aparência humana. SE LIGA! É importante lembrar que no período embrionário os tecidos e órgãos estão se diferenciando rapidamente. Isso significa que a exposição do embrião a agentes teratogênicos (como drogas e vírus, por exemplo), em especial nessa época do desenvolvimento, pode causar grandes anomalias congênitas. É durante a quarta semana do de- senvolvimento embrionário que os folhetos germinativos estabelecidos na terceira semana se diferenciam de modo a formar o primórdio dos gran- des sistemas de órgãos do corpo. Ao mesmo tempo, o disco embrionário trilaminar sofre um processo de do- bramento. É através desse processo que o embrião de formato laminar, plano e achado, assume uma forma cilíndrica e mais parecida com a forma corporal a qual estamos habituados. Figura 2. Microscopia eletrônica de varredura de embrião humano, mostrando a forma característica da quarta semana, logo após a dobra do corpo. Fonte: Em- briologia Humana – Larsen. 2. DOBRAMENTO DO EMBRIÃO Como dito, o dobramento do embrião é um evento muito importante no es- tabelecimento da forma corporal. O dobramento ocorre como resultado de um crescimento rápido e diferencial das diversas regiões do embrião. Esse crescimento diferencial faz com que o embrião sofra dois dobramen- tos em sentidos distintos, isto é, há um dobramento no plano mediano e um dobramento no plano horizon- tal. Isso ocorre porque a velocidade 5QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO de crescimento das laterais do disco embrionário não acompanha o ritmo de crescimento do eixo maior do em- brião, que, por sua vez, aumenta rapi- damente o seu comprimento. O dobramento no crânio e nas regiões laterais do embrião começa a partir do 22º dia, enquanto, na região caudal, começa no 23º dia. A partir de então, o dobramento das extremidades cranial e caudal e o dobramento la- teral do embrião ocorrem simulta- neamente. Além disso, concomitan- temente também há uma constrição relativa na junção do embrião com a vesícula umbilical. Semanas Dias 4 5 35 33 28 26 24 22 21 Figura 3. Linha do tem- po da quarta semana do desenvolvimento. Fon- te: Embriologia Humana – Larsen Dessa forma, o disco embrioná- rio cresce vigorosamente durante a quarta semana, porém o crescimen- to do saco vitelínico fica estagnado. Os dobramentos fazem com que as regiões cranial e caudal se movam ventralmente, conforme o embrião se alonga. Os dobramentos mediano e horizon- tal serão descritos detalhadamente a seguir. Entretanto, antes de tratarmos sobre cada um deles especificamen- te, é preciso entender o porquê de o crescimento celular levar à movimen- tação das estruturas para a região ventral do embrião, e não somente le- var à um aumento de tamanho com o mesmo formato laminar original. Isso é devido ao fato de a notocorda, o tubo neural e os somitos em desen- volvimento enrijecerem o eixo dorsal do embrião. Dessa forma, os dobra- mentos são concentrados nas bordas externas e flexíveis do disco. É por isso que as bordas craniana, caudal e laterais do disco se dobram sob as estruturas axiais dorsais, dando origem assim à superfície ventral do corpo. Por fim, vale lembrar que, apesar de possuírem nomes diferentes, todas as dobras acabam por tornarem-se con- tínuas na posição do que virá a ser o umbigo, formando como um anel de tecidos. 6QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Dobramento do embrião no plano mediano Figura 4. Dobramento mediano do embrião durante a quarta semana, em cortes mediais sagitais. As setas vermelhas indicam o alongamento embrionário em comprimento. Fonte: Adaptado de Embriologia Clínica – Moore. Vista dorsal de um embrião ao início da quarta semana. Plano do corte medial sagital. 1 2 O dobramento mediano do embrião ocorre no sentido craniocaudal e é através dele que o se dá o alonga- mento embrionário em compri- mento. Ele ocorre em consequência do rápido crescimento embrionário no eixo notocordal, isto é, do maior eixo do embrião, e que não é acompanha- do pelo crescimento das laterais. O crescimento da região cranial do embrião, que começa no 22º dia, e da região caudal, que se inicia no dia seguinte, levam à formação de duas pregas, a prega cefálica ou neural e a prega caudal respectivamente. Vamos analisar como ocorre o cres- cimento de cada extremidade indivi- dualmente, mas lembrando que são processos concomitantes. Prega cefálica Na região cranial do embrião, a pre- ga neural forma o primórdio do en- céfalo no início da quarta semana. Inicialmente, devido à proliferação ce- lular, o encéfalo em desenvolvimento, chamado prosencéfalo, projeta-se li- geiramente na direção dorsal, para a cavidade amniótica. Posteriormente, 3 4 7QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO o prosencéfalo em desenvolvi- mento cresce cranialmente, indo além da membrana orofaríngea, e então coloca-se sobre o coração em desenvolvimento. Figura 5. Cortes mediais sagitais de embrião. As setas vermelhas indicam o crescimento dorsal (A) e cranial (B) do encéfalo em desenvolvimento. Fonte: Adaptado de Embriologia Clínica – Moore. HORA DA REVISÃO – Topografia da região cranial do embrião Ao início da quarta semana, a membrana orofaríngea ou bucofaríngea localiza-se na fina área cranial à placa neural. Ela representa o futuro aparelho oromastigatório do embrião, juntamente com o estomodeu, a futura boca. Cranialmente a essa membrana orofaríngea, há também uma outra estrutura impor- tante: a área cardiogênica. Ela tem forma de ferradura e dará origem ao coração. Mais cranialmente ainda, imediatamente caudal à extremidade cranial do disco em- brionário, encontramos uma terceira estrutura importante dessa região: o septo transverso. Ele aparece no 22º dia como uma barra espessa de mesoderma e forma a separação do celoma nas cavidades torácica e abdominal.BA Nível da secção B Mesoderma cardiogênico Encéfalo em desenvolvimento Borda cortada do âmnio Âmnio Septo transverso Coração primitivo Notocorda Tubo neural (futura medula espinhal) Encéfalo em desenvolvimento Celoma pericárdico Membrana bucofaríngea Figura 6. Extremidade cranial do embrião. A: Vista dorsal do embrião de 21 dias. B: Secção sagital da parte cranial do embrião mostrada no plano em A. Fonte: Embriologia Clínica – Moore. Área cardiogênica Membrana orofaríngea Área cardiogênica A B 8QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Em seguida, pelo processo contínuo de crescimento do prosencéfalo, as estruturas mais craniais do embrião são curvadas ventralmente. Isso sig- nifica dizer que o septo transverso, a área cardiogênica (coração pri- mitivo e celoma pericárdico) e a membrana orofaríngea são deslo- cadas para a superfície ventral do embrião. Dessa forma, a membrana orofaríngea é transferida para a re- gião da futura boca enquanto a área cardiogênica e o septo transverso vão para a posição relativa ao futuro tórax. Após esse dobramento da cabeça, o septo transverso assume posição caudal ao coração. Posteriormente, ele se desenvolverá de modo a for- mar parte do mesentério abdominal do estômago do duodeno e, princi- palmente, o tendão central do dia- fragma, permanecendo assim com a sua função de separação entre as cavidades torácica e abdominal. Notocorda Prosencéfalo Estomodeu Membrana bucofaríngea Intestino anterior Coração primitivo Septo transverso Celoma pericárdico Figura 7. Secção sagital de um embrião com 26 dias. Fonte: Embriologia Clínica – Moore. Outro acontecimento importantíssi- mo do dobramento cranial do embrião é a formação do intestino anterior. Ele é o primórdio da faringe, do esô- fago e do sistema respiratório in- ferior. Localiza-se entre o prosencé- falo e o coração primitivo, sendo que a membrana orofaríngea o separa da boca primitiva, o estomodeu. O estabelecimento do intestino ante- rior se dá pela incorporação de parte do endoderma da vesícula umbili- cal (saco vitelínico) ao embrião, como 9QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO dobramento cefálico, o celoma peri- cárdico, parte da área cardiogênica, assume posição ventral ao coração e cranial ao septo transverso. Além disso, vale lembrar que, nesse está- gio, ainda há ampla comunicação en- tre o celoma intraembrionário e o ce- loma extraembrionário em ambos os lados. consequência da movimentação ven- tral da prega neural. Por fim, a prega cefálica também afe- ta o arranjo do celoma embrionário, isto é, o primórdio da cavidade corpo- ral. Antes do dobramento, o celoma consiste em uma cavidade achatada e em formato de ferradura. Após o Cavidade pericárdica Septo transverso Estomodeu (boca) Tubo neural Intestino anterior Canal pericardioperitoneal Coração Comunicação entre o celoma intraembrionário e o celoma extraembrionário Figura 8. Desenho de embrião após o dobramento (26 a 27 dias), mostrando o celoma intraembrionário em comuni- cação com o celoma extraembrionário. Fonte: Embriologia Clínica – Moore. Prega caudal Assim como ocorre na extremidade cefálica do embrião, a extremidade caudal também se dobra com o surgi- mento de uma prega, agora chamada prega caudal. Ela se forma a partir do 23º dia e é consequência do rápido alongamento da parte distal do tubo neural, que constitui o primórdio da medula espinhal. À medida que o em- brião cresce, a prega caudal se pro- jeta sobre a membrana cloacal, que futuramente dará origem ao ânus. 10QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Também de forma seme- lhante ao que ocorre no do- bramento da prega neural, o dobramento da prega caudal provoca o deslocamento das estruturas da extremidade caudal do embrião no sentido ventral. Dessa forma, além da membrana cloacal, também são deslocados cranial e ven- tralmente a linha primitiva, o pedículo do embrião (que liga a extremidade caudal do disco embrionário na placenta em de- senvolvimento e constitui o primórdio do cordão umbilical) e a região do alantoide, que é um divertículo endo- dérmico da vesícula umbilical. Assim, a linha primitiva, que tinha posição cranial à membrana basal, passa a si- tuar-se caudalmente a ela. Figura 9. Secção sagital da parte caudal do embrião no início da quarta semana. A seta vermelha indica o crescimento da prega caudal. Fonte: Embriologia Clínica – Moore. Tubo neural Linha primitiva Pedículo de conexão Notocorda Membrana cloacal Alantoide Figura 10. Secção sagital da parte caudal do embrião ao final da quarta semana. Fonte: Embriologia Clínica – Moore. Durante o dobramento, a parte caudal da endoderme da vesícula umbilical também é incorporada ao embrião de modo a formar o intestino posterior. Futuramente, ele originará o cólon e o reto. Além disso, a parte terminal do intestino posterior recém-formado se Notocorda Alantoide Membrana cloacal Cordão umbilical Linha primitiva Cavidade amniótica Cloaca Medula espinhal em desenvolvimento 11QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Vista dorsal de um embrião ao início da quarta semana. Plano do corte transversal. 1 2 dilata levemente e gera a cloaca, isto é, a bexiga e o reto rudimentares. Dobramento do embrião no plano horizontal Figura 11. Dobramento horizontal do embrião durante a quarta semana, em cortes transversais. Fonte: Adaptado de Embriologia Clínica – Moore. Simultaneamente ao dobramen- to craniocaudal, o embrião se dobra também no plano horizontal. Quando isso acontece, há o surgimento das pregas laterais direita e esquerda, que se flexionam ventralmente em direção ao plano mediano, deixando o embrião com um formato cilíndri- co. Esse dobramento lateral é resul- tado do rápido crescimento da me- dula espinhal e, principalmente, dos somitos. 3 4 12QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO As pregas laterais formam o primór- dio da parede abdominal e, ao se movimentarem ventralmente, incor- poram parte da camada germinativa endodérmica. Essa parte da vesícula umbilical incorporada ao embrião dá origem ao intestino médio, que ge- rará o intestino delgado. Inicialmente, o intestino médio se co- munica amplamente com a vesícula umbilical. Contudo, conforme o do- bramento lateral progride, as pregas laterais comprimem e estreitam a abertura do saco vitelínico, reduzindo assim tal comunicação. Em adição, a região de ligação do âmnio à superfí- cie ventral do embrião também é re- duzida a uma região umbilical estreita. A fusão ventral das pregas laterais reduz a comunicação entre as ca- vidades celômicas intraembrionária e extraembrionária, que se soma à obliteração da maior parte do celo- ma extraembrionário pela expansão da cavidade amniótica. Tal expansão também faz com que o âmnio forme o revestimento epitelial do cordão um- bilical (formado a partir do pedículo de conexão). Dessa forma, como resultado do do- bramento, o ectoderma do disco em- brionário original cobre toda a superfí- cie tridimensional do embrião, exceto na futura região umbilical, de onde surgem o saco vitelínico e o pedí- culo de conexão. É assim que o ecto- derma, juntamente com contribuições dos dermomiótomos, do mesoderma da placa lateral e de células da crista neural, acaba por formar a pele. Por fim, as bordas laterais do disco em- brionário se tocam na terminação da cabeça e da cauda do embrião. Quando as bordas se encontram, elas se fecham em direção ao local do futuro umbigo e as camadas de ectoderma, mesoderma e endoderma se fundem às respectivas camadas do lado oposto. Âmnio Sulco neural Endoderma SomitoMesoderma intermediário Mesoderma somático Mesoderma esplâncnico Celoma intraembrionário A B Figura 12. Cortes transversais de embrião ao 20º (A) e ao 21º dia (B). As setas verdes indicam o crescimento das pregas laterais, que se flexionam ventralmente dando formato cilíndrico ao embrião. Fonte: Embriologia Médica – Langman. 13QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO SE LIGA!Cordão umbilical O cordão umbilical é formado por parte do alan- toide, por parte do saco vitelínico e por parte do mesênquima extraembrionário. Alantoide Âmnio Cordão umbilical Figura 14. Secção sagital de embrião com aproximadamente 28 dias. Fonte: Embriologia Clínica – Moore. Nesta imagem, estão ilustradas essas estruturas ainda relativamente grandes, porém elas sofrerão um estrangulamen- to de forma a gerar uma apenas uma fina união entre o embrião e a placen- ta em formação, que futuramente dará origem ao cordão umbilical tal como conhecemos. Ectoderma Cavidade amniótica Mesonefros Parede corporal Celoma intraembrionário Endoderma da vesícula vitelínica Parede do intestino Mesoderma somático Membrana serosa (peritônio) Mesoderma esplâncnico Mesentério dorsal Mesoderma somático A B Figura 13. Corte transversal de embrião incluindo a futura região umbilical (A) e corte transversal mostrando a fusão das camadas germinativas (B), ao final da quarta semana. Fonte: Embriologia Médica – Langman. 14QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Início no 22º dia DOBRAMENTO DO EMBRIÃO Pregas lateraisPrega caudalPrega cefálica Dobramento horizontalDobramento mediano Crescimento cranial do encéfalo em desenvolvimento, além da membrana orofaríngea Deslocamento da membrana orofaríngea, da área cardiogênica e do septo transverso para a superfície ventral Formação do intestino anterior Início no 23º dia Crescimento caudal da parte distal do tubo neural (futura medula espinhal), além da membrana cloacal Deslocamento da membrana cloacal, da linha primitiva, do pedículo do embrião e do alantoide para a superfície ventral Formação do intestino posterior Início no 22º dia Crescimento dos somitos faz com que as bordas laterais do embrião flexionem-se ventralmente, formando o primórdio da parede abdominal Estreitamento da abertura do saco vitelínico Formação do intestino médio RESUMO DO DOBRAMENTO EMBRIONÁRIO 15QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO 3. DERIVADOS DAS CAMADAS GERMINATIVAS Como dito no início, além do dobra- mento do embrião, a quarta sema- na do desenvolvimento também é marcada pela diferenciação dos folhetos germinativos embrioná- rios, que foram estabelecidos na ter- ceira semana. É por isso que, a seguir, falaremos das estruturas originadas a partir de cada uma das camadas germinativas. Notocorda Ectoderma Cavidade amniótica Mesoderma Endoderma Saco vitelínico Figura 15. Corte transversal mostrando as camadas germinativas no embrião ao décimo dia. Note a distribuição das camadas endodérmica, mesodérmica e ectodérmica. Fonte: Embriologia Médica – Langman. Além disso, o endoderma também origina outras estruturas, tais como o timo, o estroma reticular das tonsilas e o parênquima da tireoide, das para- tireoides, do fígado e do pâncreas. Dá origem também a diversos epitélios, formando o revestimento epitelial de inúmeros órgãos e estruturas, como bexiga urinária, uretra, brônquios, tra- queia, pulmões, faringe e cavidade timpânica por exemplo. O esquema a seguir retrata todos derivados do fo- lheto embrionário endodérmico. Endoderme O folheto embrionário endodérmico inicialmente recobre a superfície ven- tral do embrião e forma o teto da ve- sícula vitelínica. Com o dobramento embrionário, uma grande parte des- se folheto é incorporada ao corpo do embrião e, assim, dá origem ao tubo intestinal, que é dividido em intestino anterior, intestino médio e intestino posterior, conforme vimos anterior- mente. Desta forma, o principal sis- tema orgânico derivado da camada endodérmica é o sistema digestório. 16QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Figura 16. Cortes sagitais através de embriões mostrando os derivados do folheto embrionário endodérmico. Fonte: Embriologia Médica – Langman. Revestimento epitelial do trato gastrointestinal ENDODERMEEstroma reticular das tonsilas amigdalianas Timo Revestimento epitelial da cavidade timpânica Tuba auditiva Revestimento epitelial da bexiga urinária e da uretra Parênquima do fígado e do pâncreas Parênquima da tireoide e das paratireoides Revestimento epitelial do sistema respiratório DERIVADOS DA ENDODERME Intestino faríngeo Broto pulmonar Esôfago Estômago Pâncreas Alça intestinal primária Intestino posterior Esôfago Bolsas faríngeas Membrana cloacal Bexiga urinária Saliência cardíaca Cloaca Proctodeu Alantoide Ducto vitelino Vesícula biliar Fígado Estomodeu Mesoderme Antes de abordarmos os derivados embrionário do mesoderma, preci- samos entender a sua divisão – em mesoderma paraxial, mesoderma intermediário e mesoderma lateral – dado que cada uma das partes ori- ginará estruturas diferentes. Inicialmente, as células mesodérmi- cas formam uma fina lâmina de teci- do de cada lado da linha média. Por volta do décimo dia, as células mais 17QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO próximas à linha média passam a formar uma placa espessa de tecido, chamada mesoderma paraxial. Mais lateralmente a camada mesodérmica permanece fina e é chamada de me- soderma lateral. Posteriormente, em meio ao mesoder- ma lateral, surgem cavidades inter- celulares que se coalescem de modo a formar o celoma intraembrionário, que nessa fase ainda se comuni- ca com o celoma extraembrionário, como dito anteriormente. Essa cavi- dade acaba por dividir o mesoderma lateral em duas camadas, a camada mesodérmica somática e a camada mesodérmica esplâncnica. Conec- tando o mesoderma paraxial ao me- soderma lateral, tem-se o mesoder- ma intermediário. Mesoderma somático intraembrionário Mesoderma esplâncnico intraembrionário Mesoderma paraxial Celoma intraembrionário Pregas neurais formando o tubo neural Mesoderma intermediário Figura 17. Secção transversal do disco embrionário trila- minar. Fonte: Adaptado de Embriologia Básica – Moore. Mesoderma paraxial A partir da terceira semana, o meso- derma paraxial começa a se organizar em segmentos chamados somitôme- ros. Esses segmentos aparecem pri- meiramente na região cefálica do em- brião e, posteriormente, são formados na direção cefalocaudal. Na região da cabeça, os somitômeros organizam- -se em neurômeros e contribuem para a formação do mesênquima na cabeça. A partir da região occipital, os somitômeros organizam-se em somitos, com a aparição de novos pares na sequência craniocaudal. O 18QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO (formando a somatopleura), formará as pregas laterais que fecham a pare- de corporal ventral. Dessa forma, essa camada do mesoderma lateral dará origem à derme da pele na parede corporal e nos membros, aos ossos e ao tecido conjuntivo dos membros e ao esterno. Por outro lado, a camada esplâncni- ca do mesoderma, juntamente com o endoderma (formando a esplancno- pleura), formará a parede do tudo intestinal. Além disso, as células dessa camada que circundam o celo- ma intraembrionário darão origem às membranas serosas ou mesoteliais, que revestem as cavidades peritone- al, pleural e pericárdica e secretam fluidos serosos. Enquanto isso, as cé- lulas da camada somática formarão uma membrana serosa fina ao redor de cada órgão dessas cavidades. primeiro (occipital) e os últimos cinco a sete (coccígeos) somitos desapare- cem mais tarde. Os remanescentes formarão o esqueleto axial. Em cada somito, células se diferencia- rão. Algumas irão originar as vérte- bras e as costelas. Outras, formarão a maior parte dos músculos da pare- de corporal (músculos transversos e oblíquos externos e internos do ab- dome) e a maioria dos músculos dos membros. Um último grupo formará a derme para a pele do dorso, os músculos do dorso, a parede corpo- ral (músculos intercostais) e alguns músculos dos membros. Mesoderma intermediário O mesoderma intermediário diferen- cia-se em estruturas urogenitais. Ele se divide em grupos celulares segmentares, os nefrótomos, e em uma massa tecidual não segmenta- da, o cordão nefrogênico. Ambas asestruturas originarão as unidades excretórias do sistema urinário e as gônadas. Mesoderma lateral O mesoderma lateral, dividido em somático e esplâncnico, reveste a cavidade intraembrionária e recobre os órgãos, respectivamente. Quan- do ocorre o dobramento embrionário, o mesordema somático, juntamen- te com o ectoderma sobrejacente 19QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO SAIBA MAIS: Sangue e vasos sanguíneos As células e os vasos sanguíneos também surgem do mesoderma. Os vasos sanguíneos se formam por vasculogênese e por angiogênese. A vasculogênese trata-se do surgimento dos vasos a partir de ilhotas sanguíneas, enquanto a angiogênese se refere à ramificação de vasos a partir de vasos já existentes. Formação do tubo Células mesodérmicas Hemangioblastos Figura 18. Formação de vaso sanguíneo por vasculogênese. Fonte: Embriologia Médica – Langman. As ilhotas sanguíneas surgem de células mesodérmicas que são induzidas a originar heman- gioblastos, precursores comuns de vasos e de células sanguíneas. As primeiras ilhotas têm origem no mesoderma que cerca a parede da vesícula vitelínica. Posteriormente, algumas ilhotas surgem no mesoderma lateral e em outras regiões. Após essas primeiras células sanguíneas, surgem as células-tronco hematopoéticas defi- nitivas, derivadas do mesoderma que circunda a aorta. Essas células vão colonizar o fígado, que se constitui o principal órgão hematopoético do embrião e do feto. 20QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO MESODERMA Derme da pele da parede corporal Parede do tubo intestinal Mesoderma somático Mesoderma esplâncnico Mesoderma lateralMesoderma intermediárioMesoderma paraxial Derme da pele dos membros Ossos e tecido conjuntivo dos membros Esterno Membranas serosas (pleura, pericárdio e peritônio) Sistema urinário Gônadas Vértebras e costelas Músculos transversos e oblíquos internos e externos do abdome Músculos dos membros Músculos intercostais Músculos do dorso Derme da pele do dorso DERIVADOS DO MESODERMA 21QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Ectoderme A partir da terceira semana do de- senvolvimento, ocorre o processo de neurulação, que consiste na formação do tubo neural. Ele se dá pelo espes- samento do ectoderma sobrejacente à notocorda, formando pregas neurais que se elevam e se fundem na linha média. Por esse processo, as células que formam a placa neural, antece- dente ao tubo neural, são diferenciadas no neuroectoderma, em oposição ao chamado ectoderma de superfície. Prega neural Crista neural Sulco neural Notocorda Aproximação das pregas neurais Sulco neural Sulco neural Crista neural Crista neural Canal neuralTubo neural Ectoderma de superfície 1 2 3 4 Figura 19. Desenhos esquemáticos, ilustrando o processo de neurulação, que acontece na terceira semana. Fonte: Embriologia Clínica – Moore. O neuroectoderma do tubo neural origina o sistema nervoso central. Enquanto isso, as células da crista neural dão origem aos melanócitos da pele e dos folículos pilosos, aos gânglios sensoriais, aos neurônios simpáticos e entéricos, às células de Schwann e às células da medu- la suprarrenal. Além disso, também contribuem para a formação do es- queleto craniofacial, dos neurônios dos gânglios craniais, das células da glia e de melanócitos e outros ti- pos celulares. Alguns espessamentos endodérmi- cos também originarão as vesículas ópticas, que formarão as estruturas necessárias à audição e à manuten- ção do equilíbrio, e os placódios dos cristalinos, que formarão os cristali- nos dos olhos. O ectoderma chamado de superfície dá origem ao epitélio sensorial do ouvido, do nariz e do olho, à toda a epiderme, incluindo o cabelo e as unhas, às glândulas subcutâneas e mamárias, à parte anterior da hipófi- se e ao esmalte dos dentes. 22QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO DERIVADOS DA ECTODERME ECTODERMA Neuroectoderma Ectoderma de superfície Epiderme Tubo neural Crista neural Esmalte dos dentes Parte anterior da hipófise Glândulas subcutâneas e mamárias Epitélio sensorial do ouvido, do nariz e do olho Gânglios sensoriais Sistema nervoso central Tecido conjuntivo da cabeça Melanócitos Nervos cranianos Parte posterior da hipófise Medula suprarrenal 23QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Prega cefálica QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO Pregas laterais Prega caudal Endoderme Mesoderme Ectoderme Dobramento embrionário Diferenciação dos folhetos Formação do intestino anterior Deslocamento: membrana orofarígea, área cardiogênica e septo transverso Formação do intestino médio Estreitamento da abertura do saco vitelínico Formação do intestino posterior Deslocamento: membrana cloacal, linha primitiva, pedículo do embrião e alantoide Revestimento epitelial: sistemas respiratório e digestório, bexiga e uretra e cavidade timpânica Tuba auditiva, timo, tireoide e paratireoides, fígado, pâncreas Músculos e esqueleto (exceto crânio) Sistema urinário e gônadas Derme e membranas serosas Sistema nervoso central, gânglios e nervos, hipófise, epitélio sensorial Epiderme, glândulas mamárias e subcutâneas Medula suprarrenal RESUMO DA QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO 24QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Moore, Keith L. Embriologia clínica. 10 ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Sadler, T. W. Langman, embriologia médica. 13 ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Gary C. Schoenwolf ... [et al.]. Larsen embriologia humana. 5 ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Moore, Keith L. Embriologia básica. 8 ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 25QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO
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