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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO RECIFE CURSO DE DIREITO Resenha Crítica Corpos brutalizados: Conflitos e materializações nas mortes de LGBT* De Roberto Efrem Filho Maria Eduarda Araújo de Carvalho Disciplina: Direito Penal III Professor(a): Maria Júlia Leonel Recife, 13 de maio de 2020 http://portal.estacio.br/ Não é incomum ver-se crimes nos meios de comunicação como internet, tv e jornais, aliás, costuma-se brincar nas redes sociais – como o Twitter - que o brasileiro já acorda vendo notícia ruim. O que também não é incomum no Brasil é a forma como são feitos e a quem esses crimes são direcionados, sendo a pauta observada a homofobia, sua realidade e confronto pelo Movimento LGBT. A homofobia caracteriza-se como aversão à homossexualidade, mas, trata-se de mais do que uma “repulsa”, o ódio enraizado faz com que os crimes sejam brutais, diferenciando-os dos demais, pois, mostram passionalidade em seu modus operandi, tem excesso nas suas atitudes, certa “dramatização” daí o nome “crimes de ódio”. A classificação vem da intensidade com que o crime é cometido seja ela por marcas ou os locais escolhidos para ferimentos – cabeça esmagada, dezenas de facadas, estrangulamento, mutilação de pênis, facadas no ânus – dando- se a forma de homofobia. É o caso de um homicídio que além da morte, a vítima teve seu pênis decepado no estado da Paraíba. A OAB – Rio de Janeiro fez uma publicação sobre um estudo que traça o perfil dos agressores, onde “40% é homem, heterossexual e tem de 15 a 29 anos”, e, “das vítimas a maioria são homens, gays, negros, entre 15 e 29 anos, agredidos dentro de casa por familiares e vizinhos.” - o que mostra que a tanto quem agride quanto quem é agredido são jovens- mas existem outros públicos que são considerados vítimas em potenciais dessa violência, onde, quanto mais há desfruto sexual da vítima, mais propensa à agressão ela será, os travestis que se prostituem nas ruas e os rapazes que se relacionam explicitamente com outros rapazes seja em casa ou em local público. Ainda quanto a quem são os homofóbicos, estudos levam às pessoas conservadoras, rígidas, favoráveis à manutenção dos papéis sexuais tradicionais, trazendo à tona a questão de que a homofobia deriva do machismo, ou seja, muitos crimes se dão pelo fato de pessoas acharem que o homem homossexual e/ ou travesti não é homem e querem defender o modelo padrão de masculinidade e feminilidade, levando os gays, lésbicas, bissexuais ou transexuais a um grau de inferioridade. O artigo traz discretamente o viés religioso da questão. A religião tem seu papel na formação sociológica do ser humano, pois “sua influência alcança as relações interpessoais, o âmbito sociocultural e o intrapsíquico do indivíduo por meio de crenças, valores, emoções e comportamentos” (Henning-Geronasso & Moré, 2015) e, esta influência alcança a sexualidade e comportamento sexual da pessoa. Por mais que haja algumas instituições religiosas que aceitam a prática homossexual, considerando-a normal ou até mesmo natural, enquanto outras instituições a consideram pecaminosa (Silva, Santos, Licciardi, & Paiva, 2008), a doutrina onde se diz que o correto é mulher relacionar-se com homem e, vice- versa, às vezes, constrói um perfil intolerante às escolhas diversas ao seu ensinamento e ao que o indivíduo considera como certo. Tendo como exemplo, a bíblia, no livro de Levíticos 20:13 há a seguinte frase “O homem que se deitar com outro homem como se fosse uma mulher, ambos cometeram uma abominação, deverão morrer, e seu sangue cairá sobre eles.” Esta passagem reforça a ideia de “abominação” e, aos olhos de muitos por conta da religião se torna algo inviável e abominável o relacionamento homossexual. Em alguns casos, leva o indivíduo de intolerante à extremista, o que impulsiona seus adeptos a manterem determinado comportamento, difundido como correto (Meneses & Cerqueira-Santos, 2013), como por exemplo, matar por um “bem”, como diz um entrevistado do artigo. Tem-se por referência o caso do homicídio, onde foram feitas cruzes sob o corpo do rapaz. É difícil definir-se ao certo qual o motivo que levou uma pessoa a matar, violentar ou gays, lésbicas, bissexuais ou transexuais, porque a mídia e autoridades governamentais competentes acabam considerando a orientação sexual ou a identidade de gênero da vítima fatores aleatórios e não como a causa do crime, como por exemplo o feminicídio, que se caracteriza como um homicídio praticado pelo motivo da vítima ser do sexo feminino (Lei nº 13.104, de 2015). Por conta da não caracterização do crime, os números de mortes feitas e lesões denunciadas pelo motivo de homofobia, tendem a ser menor do que os dados mostram. Leva-se em conta também as agressões não denunciadas que ocorrem no dia-a-dia em escolas, na vizinhança, no trabalho, nas esquinas por medo de ser ridicularizado pelo motivo ao qual se deu o ataque ter o desprezo público à causa. O objetivo de revelar a violência é ter visibilidade e reconhecimento da fraqueza de LGBT’s na sociedade atual, mas, além da busca por visibilidade à sua causa, procura-se investimento político. Mesmo com os avanços, ainda há pouquíssima representatividade dessa população em partidos e na política do país. Não só no Movimento LGBT há a reivindicação e visibilidade das mortes e violências, o feminismo e a reforma agrária também usam essas fatalidades como símbolo de seus movimentos. A transparência quanto às vítimas, faz com que se tornem referências, mas, mais do que isso se tornam símbolos do movimento, uma causa a que lutar seu direito à vida, seus direitos políticos que até recentemente eram negados como, por exemplo, direito à união estável homossexual reconhecido no ano de 2011 pelo STF. Em síntese, há uma vulnerabilidade social dos integrantes do Movimento LGBT, devido à inércia dos órgãos competentes para legislar, investigar e julgar casos de intolerância, no reconhecimento dos crimes de ódio brutais que evidentemente resultam da homofobia, resultando em certa impunidade para os agressores que não se contentam somente em matar ou agredir, mas em deixar sua marca para que saibam que aquele crime foi derivado de ódio à sexualidade e opção sexual alheia. Referências bibliográficas: https://noticias.unb.br/publicacoes/112-extensao-e-comunidade/1958-seminario-aborda- insercao-lgbt-na-politica https://www.brasildefato.com.br/2017/06/19/cerca-de-10-da-populacao-brasileira-pessoas- lgbti-sao-sub-representadas-na-politica https://direitofamiliar.jusbrasil.com.br/artigos/496272286/uniao-estavel-e-casamento-entre- pessoas-do-mesmo-sexo http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2017000200015 https://www.goethe.de/ins/br/pt/kul/fok/vio/20824652.html https://oab-rj.jusbrasil.com.br/noticias/3187653/vitima-conhece-seu-agressor-na-maioria-dos- casos-de-homofobia Resolução dos casos concretos – Direito Penal III Aluna: Maria Eduarda Araujo de Carvalho Matrícula: 201802465944 Caso Concreto Aula 1: Filho acusado de concretar a mãe em armário é condenado por júri. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/rio-grande-do-sul/filho-acusado-de-concretar-a-mae-em- armario-e-condenado-por-juri/. Postado em: 21 nov 2018, 15h36 Homem foi condenado a 27 anos de prisão; motivo do crime seria seguro de vida, segundo promotoria. O filho acusado de matar e concretar a mãe em um armário, em Porto Alegre, em maio de 2015, foi condenado a 27 anos de reclusão. A condenação ocorreu na última segunda-feira,19, durante um júri que durou quase 12 horas. A sentença proferida pela juíza Karen Luise Boanova. O Ministério Público acusou Ricardo Jardim de matar a mãe, Vilma Jardim, de 74 anos, e concretá-la em um armário feito sob medida para a ocultação do cadáver. Segundo a promotoria, o motivo do crime seria um seguro de vida deixado pelo pai em nome da mãe. Durante o júri, o filho negou o crime. Segundo ele, os dois discutiram e ela pegou uma faca na cozinha e perfurou a própria garganta e a cabeça. Antes de morrer, teria feito carinho na mão do filho para acalmá-lo, segundo o depoimento dele. A discussão teria ocorrido porque ele acusou a mãe de alterar a dosagem de remédios e causar a morte do pai. Conforme o Tribunal de Justiça, o laudo mostrou 13 golpes e o réu confessou três. Diante do caso concreto apresentado, responda de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas: a) Com base nos estudos sobre os crimes contra a vida, tipifique a conduta do agente. A conduta pode ser tipificada com base no Art. 121, § 2º , I e V do Código Penal (Homicídio Qualificado por motivo torpe e feminicídio) e também no Art. 211 por ocultação de cadáver (crime contra o respeito aos mortos). b) Quais os elementos caracterizadores do feminicídio? Aplicam-se ao caso concreto? Pelo Art 121, § 2º- A, são caracterizadores do feminicídio a violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Aplica-se ao caso concreto pelo motivo de violência doméstica onde o filho matou a mãe. c) São aplicáveis os institutos repressores da lei de crimes hediondos (lei n.8072/1990)? Sim, no rol de crimes hediondos contém o homicídio qualificado. CASO CONCRETO 7 Leia o caso concreto abaixo e responda às questões formuladas com base nas leituras indicadas no plano de aula e pelo seu professor. Ana Eliza foi surpreendida por João quando chegava à porta da sua garagem, por volta das 20h de uma quinta-feira. João em posse de uma arma de fogo anunciou um assalto e determinou que a ofendida passasse para o banco do passageiro, subtraindo-lhe seu carro fiat/palio, uma aliança em ouro, um relógio da marca Michael Kors, uma bolsa preta da mesma marca que o relógio, um telefone celular, tipo ?Iphone?, modelo 8, óculos de sol, marca Ray Ban e documentos pessoais. Depois da abordagem João tomou a direção do automóvel, dirigindo-se a um bairro próximo da casa de Ana Eliza e, mediante grave ameaça exercida com o uso de arma de fogo, visando obter para si indevida vantagem econômica, no interior da agência do Banco Itaú, constrangeu a vítima, a sacar de sua conta corrente e repassar-lhe a quantia de R$ 2.000,00 ( dois mil reais). Circulou com o veículo e a vítima por cerca de uma hora, parou o automóvel próximo a um posto de gasolina e libertou Ana Eliza. Dos fatos, João restou denunciado pelos crimes de roubo e extorsão. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre crimes contra o patrimônio, responda às questões formuladas. 1.Qual a correta tipificação da conduta de João? Responda, de forma objetiva e fundamentada: A circunstância apresenta um concurso material de crimes entre roubo majorado com emprego de arma de fogo e restrição da liberdade da vítima (Art. 157, § 2º, V e § 2º- A, I) e extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima (Art. 158, § 3º). 2. Suponha que João apresente, sucessivamente, as seguintes teses defensivas, a saber: (i) a absolvição do crime de roubo reconhecendo-se um único crime nas condutas praticadas pelo réu, em razão do instituto da progressão criminosa; (ii) o afastamento da circunstância relativa ao emprego de arma de fogo, uma vez que nenhum armamento foi apreendido com o réu. Responda, de forma objetiva e fundamentada se os argumentos defensivos devem prosperar. I- Nessa situação prevalece o Instituto da Progressão Criminosa, onde o dolo inicial do agente era dirigido a determinado resultado e, durante os atos de execução, resolve ir além, e produzir um resultado mais grave, sendo assim absolvida a conduta menos grave, devendo o agente responder apenas pela extorsão. II- Neste caso não haverá prosperidade, pois há a irrelevância da apreensão e perícia da arma de fogo para a caracterização de causa de aumento de pena, quando evidenciado o seu emprego por outros meios de prova.
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