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ARTIGO CLONAGEM PRONTO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
METODOLOGIA DE ENSINO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
GILMAR COUTO NASCIMENTO
A CLONAGEM E SUA IMPORTÂNCIA NA CONTEMPORANEIDADE:
ESTUDO DE CÉLULAS-TRONCO E A POSSIBILIDADE DE CURA/CONTROLE DE DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS
FEIRA DE SANTANA – BAHIA
 2017
GILMAR COUTO NASCIMENTO
 
A CLONAGEM E SUA IMPORTÂNCIA NA CONTEMPORANEIDADE:
ESTUDO DE CÉLULAS-TRONCO E A POSSIBILIDADE DE CURA/CONTROLE DE DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS
Artigo de pesquisa do curso de Pós-Graduação, apresentado ao Centro Universitário Leonardo da Vinci, como parte da avaliação do curso de Metodologia de Ensino de Ciências Biológicas. 
Profª. Orientadora: Yara de Souza Almeida.
Feira de Santana – Bahia
2017
A CLONAGEM E SUA IMPORTÂNCIA NA CONTEMPORANEIDADE: 
ESTUDO DE CÉLULAS-TRONCO E A POSSIBILIDADE DE CURA/CONTROLE DE DOENÇAS DEGENRATIVAS
Gilmar Couto Nascimento[footnoteRef:1] [1: Graduado em História pela UNEB e Pós-Graduando em Metodologia De Ensino De Ciências Biológicas
 pelo Centro Universitário Uniasselvi, Polo – Feira de Santana-BA. marcouto2@bol.com.br
 
²Professora graduada em Pedagogia e Pós - graduada em Psicopedagogia  Institucional pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal da Bahia – UFBA ,Pós-Graduanda em Docência do Ensino Superior e Educação a Distância: Gestão e Tutoria –UNIASSELVI -yara.a@ig.com.br
] 
Professora Orientadora: Yara de Souza Almeida²
Resumo
O presente estudo visa analisar o percurso histórico da evolução das técnicas de clonagem, com ênfase no processo de trabalho com células-tronco, seus avanços e riscos, como processo de construção de alternativas para tratamento/controle de doenças degenerativas, a exemplo do mal de Parkinson e Alzheimer, que provocam, no mundo inteiro, a morte e o sofrimento de milhares de pessoas. O estudo é de natureza bibliográfica e de orientação qualitativa, tendo como material de análise estudos publicados nas principais universidades do país, bem como em bancos de dados da área biológica/médica. A importância do mesmo dá-se em relação à complexidade do tema, mesmo em âmbito acadêmico e a importância da sua discussão para a possibilidade de maior entendimento e promoção de medidas legais eficientes para a ampliação e melhoria dos estudos relacionados à clonagem e ao uso de células-tronco no processo de pesquisa e de combate a doenças degenerativas.
Palavras-chave: Clonagem. Células-Tronco. Doenças Degenerativas. Qualidade de Vida. Engenharia Genética. 
ABSTRACT
The present study aims to analyze the historical evolution of cloning techniques, with emphasis on the process of working with stem cells, their advances and risks, as a process of construction of alternatives for treatment / control of degenerative diseases, such as Parkinson and Alzheimer's, which cause the death and suffering of thousands of people worldwide. The study is of bibliographical nature and qualitative orientation, having as study material studies published in the main universities of the country, as well as in databases of the biological / medical area. The importance of this is related to the complexity of the subject, even in the academic field and the importance of its discussion to the possibility of greater understanding and promotion of efficient legal measures for the expansion and improvement of studies related to cloning and the use of Stem cells in the process of research and combat degenerative diseases.
Keywords: Cloning. Stem Cells. Degenerative Diseases. Quality of Life. Genetic Engineering.
1 INTRODUÇÃO
	O presente artigo analisa a possibilidade do uso da clonagem e a utilização de células-tronco para o tratamento de doenças degenerativas, que correspondem atualmente a um dos principais problemas que a humanidade encontra face a busca pela qualidade de vida dentro da perspectiva da preservação da integridade física dos sujeitos. O estudo é importante porque, de maneira geral, o número e pessoas portadores de alguma forma de doença degenerativa é significativo no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, pelo menos 54 milhões de brasileiros têm alguma forma de doença degenerativa (BRASIL, 2017). 
	A experiência com clonagem de animais a partir de células tronco evoluiu bastante. Nos anos 1990, com o êxito da clonagem do primeiro mamífero complexo, a ovelha Dolly, abriu-se uma janela de possibilidades muito grande para a engenharia genética apresentar soluções a problemas de saúde que até então a medicina considera incuráveis, a exemplo do Mal de Parkinson, Fibromialgia, etc. atualmente encontram possibilidades de tratamento baseadas na correção desses problemas a partir da base genética.
	A universidade tem como missão também promover a reflexão acerca da utilização e viabilização de conhecimentos que permitam analisar criticamente e estruturar formas de ampliação, ainda que na perspectiva dos campos de pesquisa, de alternativas que possam despontar como parte da solução, no presente, de problemas que há tempos têm causado prejuízos sociais e pessoais na sociedade. A clonagem, apesar de ser um procedimento que tem ocasionado amplas discussões no contexto social, sobre as implicações médico-legais da prática, em diversos contextos, tem sido apontada como uma importante forma de solucionar questões de saúde pública excepcionalmente importantes. 
	A existência de pesquisas como esta, e que fundamentam novos olhares sobre a questão, procuram estabelecer uma conexão próxima entre os elementos já conhecidos e a capacidade de amplia-los de forma positiva, tende a desmistificar práticas e possibilitar uma maior aceitação e, em plano governamental, eventualmente promover inclusive o aumento dos incentivos a este tipo de pesquisa. 
	Para executar a pesquisa foi utilizada a modalidade bibliográfica, tendo como base artigos científicos realizados na área, com foco nos avanços sobre técnicas de tratamentos com base em células-tronco, com janela de dados aplicável a estudos desta natureza, objetivando um maior esclarecimento sobre a discussão proposta, bem como dos objetivos elencados nesta pesquisa.
	Foram exploradas pesquisas de autores da área da Biologia e Medicina, tendo como principal campo de estudo a engenharia genética. Podem-se destacar neste campo, os trabalhos de Varella (2016), sobre o contexto das melhorias implementadas pela engenharia genética na medicina contemporânea, Bento (2005), que aborda a perspectiva da evolução da engenharia genética em animais e a forma com que o avanço nesta área contribuiu significativamente para o desenvolvimento de teorias genéticas baseadas na clonagem e no uso de células-tronco.
2. EVOLUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE TÉCNICAS EM ENGENHARIA GENÉTICA: A CLONAGEM
Engenharia genética é o ramo da biomedicina que se ocupa do estudo relacionado à genética de um modo geral. Envolve-se principalmente com a possibilidade de melhoramentos/diagnósticos associados às doenças que têm origem nos genes, que são a menor parte do DNA dos seres vivos. Cada ser vivo possui um número específico de pares de genes, os quais por sua vez são “a unidade física e funcional fundamental da hereditariedade” (EL-HANI et al., 2010, p. 94). Como o conceito denota, é a menor parte do ser humano que determinará as características fenotípicas e gerais que o indivíduo carregará ao longo da sua vida. O ser humano, em geral, tem ao todo 23 pares de genes, os quais são responsáveis pela determinação de todas as características que os sujeitos levarão para a sua vida biológica.
O conhecimento do papel e da função dos genes na biologia humana é de excepcional importância, porque permite que os cientistas e biomédicos possam desenvolver terapias eficazes para o controle e a cura em um futuro provavelmente não muito distante, de doenças que, no passado, eram consideradas fatidicamente incuráveis. Ocorre que, diferente das demais doenças convencionais, as doenças degenerativas não são resultado de um fator externo, nem tampouco de umabactéria ou parasita, mas de um arranjo “errado” ou ainda, do efeito de algum agente capaz de promover alterações no aspecto genético dos sujeitos (a exemplo da radiação ionizante) (ZETS, 2002). 
Porém, todo o conhecimento sobre os genes somente muito recentemente (anos de 1960) foi conhecido. Até então, a ciência ignorava por completo a sua existência. O surgimento dos microscópios (século XVII) e o aperfeiçoamento do microscópio eletrônico (anos 1970) permitiu aos cientistas investigar cada vez mais profundamente unidades cada vez menores das células. Todo o conhecimento adquirido permitiu assim identificar as estruturas genéticas e, em um segundo momento (século XX), associou-se os arranjos diferenciados dos genes em relação ao padrão, às manifestações de determinadas doenças que, muito embora sejam comuns em uma determinada população, não tinham bases científicas ate então conhecidas, a exemplo da Síndrome de Down, associada à populações específicas, até que se chegou à conclusão de que sua manifestação era resultado do arranjo incomum de determinado par de cromossomos na cadeia genética da espécie humana (MATOS et al., 2007). 
2.1 A EVOLUÇÃO DAS TÉCNICAS DE CLONAGEM E AS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO
A clonagem humana é, na verdade, a única novidade em termos biológicos, associada ao processo de multiplicação celular. Os organismos unicelulares, em geral, fazem uso da clonagem como parte do processo reprodutivo ordinário destes grupos:
Clonagem é um mecanismo comum de propagação da espécie em plantas ou bactérias. De acordo com Webber (1903) um clone é definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e que são idênticas à célula original e entre elas. Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da divisão de um óvulo fertilizado. A grande revolução da Dolly, que abriu caminho para a possibilidade de clonagem humana, foi a demonstração, pela primeira vez, de que era possível clonar um mamífero, isto é, produzir uma cópia geneticamente idêntica, a partir de uma célula somática diferenciada (ZATZ, 2004, p. 247).
 	As primeiras observações no processo de clonagem deram-se no século XIX, em 1894, o zoólogo Hans Dreisch observava o processo reprodutivo dos ouriços-do-mar, uma descoberta que, mais tarde pode ser repetida pelo embriologista Hans Spemman, que observou o processo de regeneração e reprodução de indivíduos ao partir uma salamandra ao meio, no ano de 1902. Apesar de observados claramente os efeitos do processo de reprodução genética, pouco se fez em âmbito científico para compreende-lo, algo que foi feito apenas em 1952 quando os biólogos Robert Brigs e Thomas King iniciaram experiências que resultaram no clone dos primeiros animais complexos, dois sapos. A partir daí, foram avançando os estudos, até que, em 1980, os primeiros mamíferos foram alvo das pesquisas em clonagem, sendo realizada com sucesso o clone de ratos tendo como base células embrionárias. Em 1986 foram clonadas cordeiros a partir de células embrionárias. 
Até os anos de 1990, o processo de clonagem humana ainda estava muito distante da realidade factual. Porem, os estudos ainda estavam presos ao fato de que as experiências realizadas até então, desde sapos a cordeiros, somente haviam sido utilizadas células embrionárias, isto é, com plena capacidade de multiplicação. São células que, em condições ideais, fatalmente originariam um indivíduo. A diferença, nos casos analisados encontra-se no fato de que além da geração extrauterina, e de serem realizados sob condições menos adversas. Este aspecto somente se modificou com o sucesso da experiência realizada com a ovelha Dolly, em 1997 (VARELLA, 2004). 
 	O diferencial da ovelha Dolly em relação aos demais clones existentes era o fato de sua fecundação ter sido originada a partir de células de um animal adulto. Quando foi oficialmente apresentada ao mundo, Dolly tinha já sete meses de vida e tinha desenvolvimento saudável. Porém, no mesmo ano (1997), percebeu-se que a ovelha sofria de uma forma característica de envelhecimento precoce, o que a inviabilizaria como um espécime considerado bem sucedido nesse tipo de experiência. Dolly, porém foi um verdadeiro triunfo da vontade: resultou de mais de 300 tentativas de promover a reprodução celular a partir de uma célula já desenvolvida (VARELLA, 2004). 
Os estudos no processo de clonagem como parte do trabalho aplicável ao desenvolvimento de terapias para tratamento de humanos deu-se em 1998. Cientistas escoceses apresentaram a ovelha Polly, que, em relação à sua antecessora, além de ter sido concebida a partir de uma célula já desenvolvida, possuía na sua carga genética um gene humano. A explicação para tal aplicação foi a tentativa de compreender a importância de proteínas no combate da fibrose cística, modalidade de doença degenerativa que ataca o sistema nervoso e que é considerada ainda incurável. Polly, porém, possuía genes que produzia uma proteína específica que combatia o avanço desse tipo de enfermidade. Por meio desta experiência, restou comprovado o sucesso do uso de animais no processo de pesquisa e desenvolvimento de mecanismos de controle de genes nocivos ao ser humano a partir de embriões (BENTO et al., 2005). 
Em 1998 a Universidade do Havaí desenvolve o conceito de “Clonagem em Série” (BRASIL, 2017, p. 01), em que um mesmo indivíduo dá origem, simultaneamente, a vários indivíduos, ou gerações de indivíduos que terão cargas genéticas idênticas. A maioria destes estudos promoveu uma verdadeira revolução no processo de uso de animais para desenvolvimento de terapias genéticas. Na década de 1980, o uso desse tipo de técnica estava ainda reduzido aos anais da ficção científica, porém, o avanço da engenharia genética permitiu que aos poucos o uso de animais pudesse servir como base mesmo para o desenvolvimento de mecanismos de tratamento que se envolve o processo de criação de órgãos e tecidos para uso em seres humanos a partir de animais. A genética do século XXI apresentou este conceito como algo a ser considerado parte do futuro da medicina humana.
2.2 O USO DE CLONAGEM ANIMAL NO TRATAMENTO DE DOENÇAS HUMANAS: PRIMEIRO PASSO PARA O USO DE CÉLULAS-TRONCO
Nos anos 2000, uma empresa americana anuncia a clonagem de porquinhos-da-índia que podem ser usados na produção de tecido e órgãos potencialmente utilizáveis em seres humanos. Além de enorme discussão sobre a natureza da viabilidade ética destes estudos, a engenharia genética avançou em passos largos rumo a esta possibilidade, ao passo em que em 2001 a empresa americana Advanced Cell Technology anuncia o sucesso de clonagem de embriões de seres humanos (BRASIL, 2017). 
A clonagem humana passou a ser algo discutido em sede de legislação. A questão por trás desse procedimento é o medo de ressuscitar doutrinas ideológicas racistas ou produzir uma distopia na humanidade, criando um cenário caótico em que pessoas melhoradas geneticamente seriam alvo de pessoas que não puderam ter acesso a este tipo de tratamento. Atualmente no mundo inteiro a clonagem humana ainda é um procedimento completamente proibido, dadas às implicações que decorrem de sua prática, porém, admite-se atualmente ser algo perfeitamente possível, apesar de, pela não existência de estudos práticos nesta área, ter-se em mente que não se conhecem todos os resultados possíveis de sua realização (EULÁLIA et al., 2004). 
Apesar de sua importância, o uso de embriões humanos em experimentos científicos pode ser admitido sob algumas hipóteses que estão dentro do processo de amadurecimento de questões jurídicas. No Brasil, a questão é trabalhada seguindo os parâmetros da lei 11.105, de 24 de março de 2005, que regulamenta as previsões do artigo 225 parágrafo primeiro, incisos II, IV e V, da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2017). 
O legislador brasileiro admite o uso de embriões humanos em pesquisas sobre clonagem e sobre células-tronco, os embriões que foram produzidos in vitro desde que estejam congelados há mais de 3 anos ecujo uso passe pelo crivo dos fornecedores deste material genético. O objetivo do legislador brasileiro foi assegurar a integridade ética da pesquisa científica no Brasil tendo como base o uso de embriões que, positivamente, não teriam chances reais de passarem pelo processo de fecundação e dar, em tese, origem a indivíduos com capacidade de sobrevivência assegurada fora do útero (BRASIL, 2017). 
Da clonagem às células-tronco, houve um avanço significativo no processo de compreensão do que é e do que não é importante na realidade científica, quando se tem por base o contexto da produção de elementos que viabilizem o estudo em humanos, e que possam, ao mesmo tempo, resultar em questões positivas para a espécie. A clonagem humana, atualmente, ao menos para maioria da comunidade científica ainda é uma questão que não encontra sustentação lógica em si mesma, tanto pelas implicações éticas que poderiam decorrer da sua prática, quanto pela ausência de pressupostos lógicos que permitissem aos institutos com o know-how para a realização de tais procedimentos, envolverem-se em um empreendimento cujos resultados finais não apenas seriam incertos, mas também restariam caóticos ao bom senso e ao bem-estar comum na sociedade contemporânea (MUÑOZ, 2004).
A ciência, no entanto, compreende importante que se considere as subdivisões da pesquisa com o processo de clonagem como parte de um conjunto de conhecimentos que, isoladamente, não se envolvem na produção de riscos reais à sociedade humana, nem tampouco apontam a severas possibilidades de danos. Este exemplo dá-se com o uso de células-tronco. 
Células-tronco são definidas como células multiversáteis. Após a fecundação, a junção dos gametas feminino e masculino, o óvulo e o espermatozoide, o que se observa a seguir é a criação da chamada célula-ovo, ou zigoto. Esta célula em si não é a célula-tronco, mas ela é a base inicial da vida. É no processo de divisão da célula zigomática que se pode observar como células de características semelhantes se agrupam de maneira a formar inicialmente os tecidos, em seguida os órgãos, sistemas... até restarem na formação de um ser humano completo. Porém, nesse processo de multiplicação celular nem sempre se observam células específicas se reproduzindo. Há células que não têm uma função específica e que, ao identificar lacunas no processo de reprodução das demais, imediatamente assumem o trabalho daquelas, restando praticamente qualquer órgão ou tecido que possa, finalmente, ser produzido a partir desse processo: é a chamada célula-tronco (COELHO, 2005). 
Basicamente existem dois tipos de células-tronco. Na espécie humana, o que as diferencia, além da capacidade funcional, é o momento em que aparecem. São as células totipotentes e as pluripotentes, ou ainda multipotentes. Mais limitadas, as totipotentes surgem ainda quando o embrião possui entre 16-32 células, isto é, os primeiros dias de vida. Sua existência é detectável entre três e quatro dias de existência e sua abrangência é, apesar de mais plástica, especializadas. Quando o embrião atinge o número de 32 a 64 células começa a surgir as células-tronco pluripotentes. Estas surgem em geral ao quinto dia de vida e são responsáveis por uma ampla gama de possibilidades no embrião que são de suma importância para a sua vida extrauterina. A diferenciação de função surge quando o embrião entra em fase de blastocisto, então, as células totipotentes tendem a se arranjar na área externa do blastocisto, elas darão origem à placenta, ao passo em que as células pluripotentes, ao se arranjarem na área embrionária interna, tendem a produzir toda sorte de tecidos (COELHO, 2005). 
É importante que se observe que as células-tronco possuem duas subdivisões, classificações para fins de estudo, quais sejam as células embrionárias, as que foram objeto de análise até este ponto do presente artigo, e as células adultas. Estas são células-tronco encontradas na medula óssea, testículo e intestino, músculo e cérebro. Estas últimas desempenham função diferenciada do contexto das células-tronco embrionárias, já que somente podem ser utilizada na regeneração dos tecidos, ao passo em que as células-tronco embrionárias podem ser utilizadas em praticamente qualquer tipo de tratamento, posto que estas ainda não têm definido seu potencial de existência no organismo (BRASIL, 2017). 
2.3 AS CÉLULAS-TRONCO E O POTENCIAL NO TRATAMENTO DE DOENÇAS DEGENERATIVAS
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), doença é a ausência de saúde. Doenças degenerativas são classificadas como enfermidades latentes, que não são transmissíveis e que têm base inicial no próprio paciente, em geral adquiridas por vias hereditárias. Em outras palavras, as doenças degenerativas são enfermidades que possuem causas complexas, e que em geral são responsáveis pela queda na qualidade de vida dos pacientes que as possuem. Isto posto, convém relacionar ainda que estas doenças não têm cura, embora muitas tenham tratamentos que permitem retardar de forma muito eficiente o aparecimento dos primeiros sintomas e a consequente ampliação da qualidade de vida dos pacientes (OMS, 2017).
A medicina contemporânea tem buscado alternativas para o tratamento deste tipo de enfermidades, baseadas no máximo possível de controle e, quando necessário, na correção destes problemas ainda na fase embrionária. É sabido que atualmente, com o nível de evolução tecnológica e técnica, é possível aos médicos e geneticistas em geral, com o aparato adequado e com o tempo necessário, promover uma seleção adequada na reprodução in vitro, capaz mesmo de determinar questões importantes para a maioria dos pais, como a cor dos olhos e o tipo de cabelo. Porém, por questões éticas, tais avanços não podem ser disponibilizados para o público comum. Todavia, é possível determinar, com base na qualidade do material genético disponível, qual a probabilidade que determinada combinação genética possui de ocasionar gestações com problemas genéticos graves, hipóteses em que se classificam os embriões como inviáveis e que os coloca diretamente no rol dos que são destinados à utilização no contexto dos estudos com células-tronco (BRASIL, 2017). 
Porém, com o crescimento no numero de estudos secundários, principalmente com o uso de células-tronco adultas em pacientes portadores de doenças crônico-degenerativas. Atualmente, por conta de fatores diversos, como alimentação, aspectos genéticos, exposição a ambientes ionizantes, etc. tem-se observado um número expressivo de pessoas com doenças crônico-degenerativas. A maioria destas, pelo seu aspecto inexorável, trazem muitos prejuízos à qualidade de vida dos sujeitos que as possuem, além de, com o decorrer da sua evolução, demandar mais da infraestrutura de saúde e, em muitos casos, obrigar que o paciente se recolha a instituições que promovem um tratamento mais intenso e em sistema ininterrupto. Evidentemente, por não ter cura, qualquer doença crônico-degenerativa fatalmente irá levar o paciente ao óbito, o que se busca, em sede de estudos, especialmente na área das terapias genéticas, é justamente uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes por meio de um retardo considerável na intensidade de crises decorrentes destas doenças e na prorrogação de estágios mais avançados onde, de fato, o paciente passe a ser privado de sua autonomia pessoal (THULER et al., 2009). 
Terapias gênicas são modelos de terapias que visam principalmente, por meio de uso de material genético, original do paciente ou de terceiros, ou ainda especificamente modificados para tal fim, corrigir problemas crônicos e degenerativos, estimulando a correta multiplicação celular, com vistas a promover o controle, em casos de problemas que envolvem a gênese descontrolada, ou ainda, a regeneração de tecidos importantes, como o tecido muscular, no caso de doenças que impedem esta regeneração correta (MOTA et al, 2005). 
Ao que estudos indicam, as terapias genéticas com células-tronco são o futuro da medicina no que diz respeito ao tratamento de doenças crônico-degenerativas.Elas apresentam, em relação às terapias tradicionais, uma série de vantagens que são evidentes. Entre elas, o aspecto prático: como as células-tronco são altamente aproveitáveis, elas dispensam a necessidade de se esperar que exista um doador de órgãos, ou de tecidos, bem como de material que seja compatível com o tratamento desejado, isto posto, torna-se possível conceber um tratamento que é direcionado mais efetivamente e em menos tempo. Além disso, principalmente em procedimentos que atuam sobre doenças degenerativas do coração, o processo de transplante de órgãos, além de demorado, em função da quase sempre ausência de doadores compatíveis, a terapia genética é muito menos invasiva, bem como possui taxas de rejeição zero, além de dispensar a necessidade de medicação que inibe o processo de rejeição do novo órgão. Em decorrência destes aspectos, é compreendido como certo que as terapias à base de células-tronco são o futuro de diversos tratamentos, entre eles o tratamento oncológico, conhecido pela sua agressividade e pela alta taxa de mortalidade dos pacientes que a ele se submetem (PRANKE, 2011). 
Existem diferenças grandes, no processo de escolha entre células-tronco embrionárias e adultas. Estas diferenças começam pela legislação específica. Como mencionado anteriormente, a lei 11.105/05 impõe certos limites à utilização de células-tronco embrionárias, entre eles, o fato de ser necessária a propriedade do material genético, sua inviabilidade e anuência de ambos os doadores, bem como o decurso de pelo menos 3 anos em estado de armazenamento. Para a maioria dos portadores de doenças crônico-degenerativas, o decurso de 3 anos é um espaço de tempo muito grande, o qual muitos não têm condições de dispor. Apesar disso, as células embrionárias tendem a ser muito mais poderosas que as adultas. Isto porque elas são extremamente plásticas: podem ser utilizadas em quaisquer modalidades de tratamento: dos mais simples aos mais complexos. Além disso, nas células embrionárias, o processo de proliferação é praticamente interminável, isto é, elas estão em constante e acelerada renovação – são consideradas importais. Por serem tão compatíveis e por ainda não estarem compondo um tecido efetivamente, a única desvantagem das células-tronco embrionárias é a possibilidade de desenvolvimento de teratomas, tumores decorrentes do encontro de diferentes tecidos, que podem ser malignos ou benignos (ANDRADE et al., 2015). 
As células-tronco adultas são de mais fácil obtenção. Elas podem ser encontradas em dois locais no corpo humano, que servem de base de classificação. Elas podem ser células-tronco hematopoéticas, encontradas na medula óssea, no sangue periférico e no sangue do cordão umbilical. Elas têm acentuada capacidade de auto-renovação (embora não tão fortes quanto as embrionárias), diferenciação, mobilização e homing. O corpo humano é capaz de produzir na medula espinhal, cerca de 3 milhões de células hematopoéticas por segundo; as células-tronco mesenquimais (CTM) aparecem no tecido adiposo, na medula óssea, no sistema periférico fetal, na membrana sinoval, no sangue periférico pós-natal, no pâncreas, fígado, tendão, no líquido amniótico e no sangue do cordão umbilical. Esse tipo de célula encontra-se, na medula espinhal, em proporção que varia entre 1 CTM para cada 10.000 a 100.000 células da medula óssea e em geral atuam como suporte hematopoético e formador do estroma, que é o meio ambiente em que as células desenvolvem-se e podem transformar-se nos tecidos mais importantes do corpo (BRASIL, 2017; PRANK, 2005).
Porém, mesmo com todas as limitações, as células-tronco podem ser ainda uma das poucas alternativas restantes, principalmente para pacientes de doenças crônico-degenerativas, porque elas são eficientes, seguras e em muitos casos, a certeza de compatibilidade e sucesso no tratamento como um todo. Diversos contextos de tratamento são visualizados como alternativas eficientes para o uso de células-tronco. Pode-se destacar o tratamento de doenças do Sistema Nervoso Central (SNC), como Parkinson, Alzheimer, bem como tratamentos alternativos para a regeneração celular da medula espinhal em pacientes que sofreram de paraplegia ou tetraplegia causados por danos físicos à estrutura da medula espinhal (BRASIL, 2017).
Além dessas modalidades de tratamento, são visualizadas possibilidades promissoras no tratamento de doencas crônico-degenerativas do trato cardíaco e na recuperação de células cardíacas vitimadas pelo enfarto do miocárdio, isquemia crônica, miocardiopatia dilatada e a doença de Chagas, assim como também no tratamento do diabetes, uma das enfermidades crônicas mais comuns na sociedade, por fatores genéticos e comportamentais. Estudos apontam ainda que as células-tronco podem ser utilizadas com alta taxa de eficiência no combate às doenças hematológicas (leucemia, principalmente) e doenças genéticas, doenças autoimunes, Acidentes Vasculares Cerebrais, doenças hepáticas, doenças renais, reconstituição óssea, danos ao sistema ocular, transplante de órgãos entre outros, que a ciência médica tem se esforçado em averiguar a efetividade (PRANK, 2005). 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa analisou os avanços com as células-tronco na contemporaneidade, estabelecendo o contraponto entre a evolução das técnicas de clonagem e como esta, de simples interesse científico fundamentado na possibilidade, transformou-se em matéria de discussão sobre aspectos éticos e decantou no interesse sobre a perspectiva do trabalho com terapias genéticas voltadas a melhoria de pessoas que são portadores de doenças crônico-degenerativas. Estas doenças, que em sua maioria têm origens em uma base genética predisposta, encontram no contexto do trabalho com células-tronco, potencial efetivo de tratamento, especialmente em face de uma série de pressupostos necessários que podem ser cumpridos no sentido de promover a viabilização destes tratamentos. 
No Brasil os estudos nessa área encontram-se já avançados, e, embora a legislação vigente imponha ainda claros limites, algumas pesquisas encontram-se já em nível próximo do que se pratica nos países do hemisfério norte, pioneiro nas técnicas, e algumas terapias encontram-se já em aplicação em seres humanos, com resultados muito positivos, o que eventualmente é divulgado na imprensa e na mídia. Evidentemente os cuidados com os aspectos éticos são essenciais para que o país possa ser participante ativo no processo de formalização deste tipo de pesquisa, em especial no que diz respeito à possibilidade do desenvolvimento de terapias genéticas que possam trazer qualidade de vida e longevidade às pessoas que padecem desse tipo de enfermidade, que, em geral, não dão uma perspectiva muito positiva aos pacientes que as possuem.
REFERÊNCIAS
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