Buscar

Mudanças Fisiológicas Gestacionais - Eloiza Souto

Prévia do material em texto

Mudanças Fisiológicas Gestacionais 
Sistema Cardiovascular
Tamanho e Posição do Coração o coração está aumentado na gravidez, devido à hipertrofia do músculo cardíaco e ao aumento do volume das câmaras.
Frequência Cardíaca observa-se um aumento gradativo de freqüência cardíaca que atinge o pico máximo entre as 28ª e 36ª semanas após o que retorna a valores menores, não voltando, contudo, aos níveis normais.
Débito Cardíaco o significativo aumento do débito cardíaco. A partir do segundo mês de gestação observa-se uma elevação do débito cardíaco que atinge um máximo de 30 - 40% entre a 28ª e 36ª semana.
Resistência Vascular Periférica Total A resistência periférica total está reduzida em até 30% a partir da 8ª-12ª semana de gestação, mantendo-se nestes níveis até o termo. Esta alteração é decorrente tanto da ação hormonal como das prostaciclinas, resultando num aumento do fluxo sanguíneo renal, uterino e das extremidades. Tal modificação fisiológica aumenta a oferta de oxigênio e dissipa o calor gerado pelo aumento do metabolismo materno e fetal. Após a dequitação, os valores da resistência vascular periférica voltam praticamente aos níveis basais.
Pressão Arterial As pressões sanguíneas alteram-se muito pouco durante a gravidez. A pressão sistólica usualmente esta diminuída até a metade da gravidez e depois eleva-se novamente atingindo níveis pré-gravidez. A pressão diastólica mostra-se bastante diminuída no início da gravidez, mas retorna a níveis pré-gravidez nos últimos meses.
Pressão Venosa é normal durante a gestação, com exceção das porções mais inferiores do corpo que tendem a elevar-se, sobretudo a partir do segundo trimestre pela ação do volume uterino sobre as veias pélvicas e cava inferior
Modificações Respiratórias
 A função respiratória sofre alterações fisiológicas importantes na gravidez, resultantes da ação hormonal, principalmente da alta porcentagem de progesterona no sangue e do aumento do volume uterino
Vias Aéreas Superiores Durante a gravidez observa-se ingurgitamento capilar venoso nas vias aéreas superiores, frequentemente causando modificações na voz e dificultando a respiração, principalmente próximo ao termo, o que se intensifica nas cardiopatas e toxêmicas
Caixa Torácica O crescimento uterino eleva o diafragma, determinando, a partir do último trimestre, uma diminuição do diâmetro vertical da caixa torácica de até 4 cm; isto é contrabalançado com o aumento de 2 cm no diâmetro anteroposterior e transverso. Conseqüentemente ocorre um aumento de 5 a 7 cm da circunferência da caixa torácica
 Volumes e Capacidades pulmonares não se observam modificações dos volumes pulmonares até o 5º mês de gestação, após o que se nota uma diminuição gradativa do volume de reserva expiratório (VRE), volume residual (VR) e da capacidade residual funcional (CRF). Ao termo, a VRE está de 100-150 ml menor e o VR também está diminuído em aproximadamente 200 ml. Assim a CRF está 20% mais baixa que a da não grávida15. Causando obesidade e patologias da válvula mitral. A capacidade inspiratória aumenta em 5%, mas o volume de reserva inspiratório permanece inalterado. A capacidade pulmonar total está ligeiramente diminuída, mas a capacidade vital não se altera. A gravidez está associada a um acentuado aumento do volume minuto respiratório (VMR), que atinge, ao termo, valores percentuais de até 50%. Isto se deve a um aumento de 40% do VC e 15% da frequência respiratória.
Modificações Hematológicas 
A partir da 8ª semana de gestação ocorre um rápido aumento do volume sanguíneo materno. Observa-se um aumento de aproximadamente 1.500 ml, o que representa um aumento proporcional de 35 a 40% dos valores iniciais. O volume plasmático aumenta de 40 ml.kg-1 para 70 ml.kg-1 no final da gestação e o volume das hemácias também aumentam passando de 25 para 30 ml.kg-1. Acontece a hemodiluição com aparente diminuição dos eritrócitos e hemoglobina. Produz-se pseudo-anemia da gravidez, que pode ser profilaticamente evitada administrando-se ferro a mãe. Muito embora esta anemia dilucional possa diminuir o transporte de oxigênio, outros fatores como a hiperventilação materna e consequentemente o aumento da PO2 arterial, a diminuição da viscosidade sanguínea, resultante da hemodiluição a vasodilatação e o aumento do fluxo sangüíneo atuam melhorando a oferta de oxigênio.
Modificações Gastrointestinais 
O aumento do volume uterino contribui para um deslocamento cefálico do estômago, modificando o ângulo da junção gastresofágica, em prejuízo da função do esfíncter esofágico. A diminuição da função do cárdia, acompanhada do aumento da secreção do suco gástrico observado na gravidez, propiciam a ocorrência de refluxo gastresofágico que leva a um quadro de pirose e até mesmo de esofagite. A hérnia hiatal é uma patologia que está presente em 27% das gestantes nos meses finais da gestação. A pressão intragástrica está aumentada durante a última semana de gestação atingindo valores de até 40 cm H2O. O volume do suco gástrico pode estar aumentado em até 25 ml com um pH inferior a 2,5. Como a pressão do esfíncter esofágico inferior está diminuída e a pressão intragástrica está muito elevada, a possibilidade de regurgitação é muito grande, principalmente quando o decúbito dorsal for adotado. Os opióides, assim como os anticolinérgicos, diminuem o tono do esfíncter esofágico e retardam o esvaziamento gástrico.
Devido ao aumento da progesterona sobre a musculatura lisa propiciando relaxamento, o peristaltismo fica diminuído e, a consequência deste relaxamento ocasiona o retardo no esvaziamento gástrico e no trânsito intestinal, resultando em: náuseas, vômitos, constipação, além da pirose; Há alteração do apetite, podendo ocorrer aversão, desejo e perversão
Modificações no Sistema Nervoso Central
A gestante apresenta grande labilidade emocional frente às mudanças físicas, hormonais e psicológicas que ocorrem com seu organismo e irritabilidade. A insegurança e o medo de ser mãe acompanham a gestante até o final da gestação, A tentar para depressão pós-parto.
Modificações Renais 
Devido ao aumento do volume sanguíneo, os rins filtram maior quantidade de sangue, resultando em maior volume de urina eliminada. Polaciúria – devido a ação da progesterona no relaxamento da musculatura lisa, ocasionando a dilatação dos ureteres e no final da gravidez, pelo aumento da pressão do útero sobre a bexiga. (se atentar a dor).
Modificação Tegumentar
Depósito de gordura nas mamas, nádegas e abdome causando um estiramento da pele, resultando em estrias; Hiperpigmentação na pele: linha nigra (vai do monte de vênus à cicatriz umbilical) e cloasma (manchas castanhas no rosto). Sudorese, espinhas e pêlos em excesso (lanugem), devido à hiperatividade das glândulas sudoríparas sebáceas e dos folículos pilosos.
Mamas tem sua sensibilidade aumentada; Aparecimento da rede venosa de Haller, devido a hipervascularização, resultando na dilatação venosa; Hiperpigmentação e aumento das aréolas; Hipertrofia das glândulas sebáceas das aréolas (com função de lubrificação da aréola) Tubérculos de Montgomery; Ereção e aumento do tamanho dos mamilos, com possível presença de colostro em torno de 7 a 8 semanas.
Modificação Genital
Tem sua sensibilidade aumentada; Aparecimento da rede venosa de Haller, devido a hipervascularização, resultando na dilatação venosa; Hiperpigmentação e aumento das aréolas; Hipertrofia das glândulas sebáceas das aréolas (com função de lubrificação da aréola) – Tubérculos de Montgomery; Ereção e aumento do tamanho dos mamilos, com possível presença de colostro em torno de 7 a 8 semanas. A produção do muco cervical torna-se abundante. Ele torna-se espesso, opaco, viscoso, formando um tampão chamado de tampão mucoso, que obstrui o canal cervical, protegendo a cavidade uterina.
Modificações Musculo Esquelética 
São progressivas e decorrem da influência de hormônios, do crescimento fetal e do ganho de peso, ocorre relaxamento das articulações e ligamentos sacroilíacos e da sínfise púbica com objetivo de aumento a cavidade pélvica e tornar o partomais fácil. O centro da gravidade da mulher desloca-se para frente o que exige realinhamento das curvaturas da coluna vertebral, ocorrendo a curvatura da lombosacra (lordose), e desenvolve uma curvatura compensatória na área cervicotorácica para auxiliar no equilíbrio, passando a exercer a marcha anserina, mais acentuada próxima do termo.
Modificações do Sistema Endócrino
Mudanças significativas no perfil endócrino ocorrem durante a gestação, destacando-se quatro hormônios que desempenham um papel fundamental para a mãe e para o feto. Dois desses são os hormônios sexuais femininos estrogênio e progesterona, os quais são secretados pelo ovário durante o ciclo menstrual normal, passando a ser secretados em grandes quantidades pela placenta durante a gestação. Outros dois importantíssimos são: a gonadotrofina coriônica e a somatomamotropina coriônica humana.
Estrogênio as principais funções proliferação de determinadas, aumento da vagina, desenvolvimento dos grandes e pequenos lábios, crescimento de pelos pubianos, alargamento pélvico, crescimento das mamas e de seus elementos glandulares além de deposição de tecido adiposo em áreas específicas femininas, tais como coxas e quadris.
Progesterona ao contrário do estrogênio, a progesterona praticamente não exerce influência sobre as características sexuais femininas, mas sim sobre o preparo do útero para receber o óvulo fertilizado e da mama para secreção do leite. Durante a gestação, a progesterona atua disponibilizando para o uso do feto, nutrientes que ficam armazenados no endométrio. A progesterona também é responsável pelo efeito inibidor da musculatura uterina. Gonadotrofina coriônica a função desse hormônio é manter ativo o corpo lúteo durante o primeiro trimestre. Sem o corpo lúteo em atividade a secreção de progesterona e estrogênio seria afetada e assim o feto cessaria seu desenvolvimento e seria eliminado dentro de poucos dias.
Somatomamotropina coriônica humana esse hormônio é responsável principalmente pela nutrição adequada do feto, diminuindo, dessa forma, a utilização da glicose pela mãe e tornando-a disponível em maior quantidade para o feto. Ocorre também uma mobilização aumentada de ácidos graxos do tecido adiposo materno, elevando a utilização dos mesmos como fonte de energia em lugar da glicose. Um outro efeito desse hormônio é auxiliar o crescimento fetal, efeito esse semelhante ao do hormônio do crescimento, contudo esse efeito é relativamente fraco.

Continue navegando