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CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
CENTRO UNIVERSITÁRIO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
Profa. Paula Fernanda
DIREITO CIVIL VII MATERIAL 2
1) FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL E CONCEITOS ESSENCIAIS
Seguindo a doutrina de CLÓVIS BEVILÁCQUA, o Direito das Sucessões é o conjunto de normas e princípios segundo o qual se realiza a transmissão do patrimônio de alguém para depois da sua morte.
O direito à herança tem base constitucional explícita (art. 5º, inc. XXX).
CF Art. 5º, XXX - é garantido o direito de herança;
Consagrou-se no Brasil o sistema da divisão necessária (art. 1789). Isso significa que não se tem plena liberdade testamentária quando da existência de herdeiros necessários.
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança. 
Herdeiros necessários: D.A.C = descendente, ascendente e cônjuge
2) TIPOS DE SUCESSÃO NO DIREITO BRASILEIRO
A) Testamentária
É aquela regida por meio de um negócio jurídico especialíssimo, chamado TESTAMENTO.
Se a pessoa morre sem testamento, diz-se que morre “ab intestato”.
B) Legítima
É aquela regulada não pelo testamento, mas pela lei.
OBS: Maria Helena Diniz observa que a sucessão é a título universal quando houver transferência da totalidade ou de parte indeterminada da herança (herdeiro); por outro lado, será a título singular quando o testador transfere ao beneficiário objetos certos e determinados (legatário).
Lembrando que não é possível haver contrato que tenha por objeto herança de pessoa viva (art. 426). É o chamado pacta corvina.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
3) LEI SUCESSÓRIA NO TEMPO E NO ESPAÇO
Conforme o art. 1.785, a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.
Importante se faz observar as regras quanto aos bens do Estrangeiro residente no Brasil, bem como acerca das regras territoriais relativas à capacidade para suceder presentes na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB)
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 1995)
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
No entanto, o parágrafo único do art. 48 do CPC/2015 dispõe que, se o autor da herança não possuir domicílio certo, será competente:
I) o foro de situação dos bens imóveis. Como se nota, essa nova norma menciona apenas os bens imóveis, e não os móveis, que eram englobados pela regra anterior;
II) havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes, o que é inovação legislativa;
III) não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio, o que passa a ser aplicado aos bens móveis.
Já o art. 1.787 prevê que a Lei que regula o direito à herança, a legitimidade para recebê-la, no bojo do inventário ou arrolamento, É A LEI VIGENTE AO TEMPO DA MORTE (REsp 205.517/SP, Resp. 740.127/SC).
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela
4) PRINCÍPIO DA SAISINE E NATUREZA JURÍDICA DA HERANÇA
O princípio da saisine é uma ficção jurídica que visa a impedir que a herança permaneça sem titular: Aberta a sucessão, a herança é transmitida imediatamente aos herdeiros legítimos e testamentários (1.784).
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
OBS: Vale lembrar que a herança, nos termos do art. 1.791, enquanto se processa o inventário ou o arrolamento, é indivisível, cabendo a cada herdeiro apenas uma fração ideal do todo.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
O REsp. 570.723/RJ passou a admitir que herdeiro que ocupe com exclusividade imóvel do inventário (ou arrolamento) deverá pagar aluguel aos outros herdeiros.
Como consequência, o Código Civil atribuiu à sucessão aberta a natureza jurídica de bem imóvel:
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
[...]
II - o direito à sucessão aberta.
5) DAS MODALIDADES DE HERDEIROS NO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 2002
Como visto, o herdeiro ou sucessor é aquele que é beneficiado pela morte do de cujus, seja por disposição de ato de última vontade, seja por determinação da norma jurídica. Sendo assim, como primeiro critério classificador, quanto à origem, o herdeiro pode ser testamentário – quando instituído por testamento, legado ou codicilo –, ou legítimo – quando o direito de suceder decorre da lei.
Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.
Em relação aos últimos, sucessores legítimos, quanto à amplitude de proteção do sistema sucessório nacional, duas são as modalidades de herdeiros previstas no Direito Civil brasileiro, o que do mesmo modo é primaz para a compreensão do conteúdo desta obra.
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
De início, surgem os herdeiros necessários, forçados ou reservatários, aqueles que têm, a seu favor, a proteção da legítima, composta por metade do patrimônio do autor da herança, nos termos do art. 1.846 do atual Código Civil, que enuncia: “pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima”.
Além dos herdeiros necessários, como segunda classe, existem os herdeiros facultativos ou não obrigatórios, aqueles que não têm a seu favor a proteção da legítima, podendo ser preteridos totalmente por força de testamento. Em reforço, podem ser totalmente excluídos por força de doações praticadas pelo falecido enquanto era vivo, não se aplicando a regra da nulidade absoluta parcial doação inoficiosa.
Vale observar que:
Art. 1.849. O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima.
6 A RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS ATÉ AS FORÇAS DA HERANÇA. O ART. 1.792 DO CÓDIGO CIVIL E A INTRA VIRES HEREDITATIS
Seguindo no estudo das regras gerais a respeito da sucessão, o art. 1.792 do Código Civil, a exemplo do seu antecessor, consagra a máxima sucessória intra vires hereditatis, estabelecendo que o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança. Pelo mesmo dispositivo, ao herdeiro cabe o ônus de provar o excesso, salvo se houver inventário que a escuse ou afaste, demonstrando o valor dos bens herdados. A responsabilidade, em casos tais, deve ser proporcional à quota de cada herdeiro, não se cogitando a solidariedade entre os sucessores, que não é imposta pela norma jurídica.
7) 
8) PRAZO PARA ABERTURA E CONCLUSÃO DO INVENTÁRIO
	O Novo Código de Processo Civil confirmou o sentido da norma instrumental anterior, com algumas pequenas alterações.
Nos termos do seu art. 611, o processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte.
Como se percebe, o prazo para a abertura foi modificado de 60 dias para 2 meses, o que não corresponde necessariamente ao mesmo número de dias. Em relação ao prazo de encerramento do inventário, este foi mantido em 12 meses.

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