Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@natalia.franca MAPAS MENTAIS DE MICROECONOMIA PARA ANPEC: INCERTEZA FEITO POR NATÁLIA FRANÇA Julho de 2020 @natalia.franca SOBRE MIM Olá! Meu nome é Natália França (@natalia.franca), e é excelente ter você por aqui! A preparação para o exame da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec) requer esforço e dedicação, e meus mapas mentais serão fundamentais na sua trajetória. Antes, vou falar um pouco sobre mim. Formei-me com excelência em Economia pelo Ibmec Minas em 2011. Eu fiz a prova da Anpec em 2012, sendo convidada para os programas de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (CAEN/UFC) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGE/UFRGS). Optei pelo CAEN, dada a familiaridade com minha linha de pesquisa. Finalizei o doutorado em 2019 (no CAEN), tendo um período na Rice University no Texas. Concomitante a minha carreira acadêmica, ingressei no mundo dos concursos públicos. Fui aprovada para o cargo de Analista Administrativo (Economia) na Ebserh em 2018 e para o cargo de Auditor de Controle Interno na Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado do Ceará (CGE/CE) em 2019. Atualmente estou como professora substituta no Departamento de Economia Aplicada na UFC. Não existe fórmula mágica para aprovação em concursos e provas. Temos que ter foco, disciplina, persistência, além de fazer revisões e resolver muitas questões! Nesse sentido, materiais de qualidade são essenciais para potencializar nossos resultados positivos. E aqui está a chave para o seu sucesso, pode contar comigo! BONS ESTUDOS! Natália França (@natalia.franca) 3 @natalia.franca Sumário TEORIA DA UTILIDADE ESPERADA .............................................................................. 4 CONCEITOS INICIAIS ................................................................................................ 5 LOTERIAS ................................................................................................................. 6 HIPÓTESES DAS PREFERÊNCIAS SOBRE LOTERIAS .................................................. 7 FUNÇÃO UTILIDADE ESPERADA .............................................................................. 8 LOTERIAS MONETÁRIAS E AVERSÃO AO RISCO .......................................................... 9 LOTERIAS MONETÁRIAS ........................................................................................ 10 COMPORTAMENTO EM RELAÇÃO AO RISCO ........................................................ 11 COMPORTAMENTO EM RELAÇÃO AO RISCO E UTILIDADE BERNOULLI ............... 12 EQUIVALENTE CERTEZA E PRÊMIO DE RISCO ....................................................... 13 MEDIDAS DE ARROW-PRATT DE AVERSÃO AO RISCO .......................................... 14 OTIMIZAÇÃO COM INCERTEZA ................................................................................. 15 EQUILÍBRIO COM JUSTIÇA E INJUSTIÇA ATUARIAL ............................................... 17 ATIVOS DE RISCO ...................................................................................................... 18 MODELO DE MÉDIA-VARIÂNCIA ........................................................................... 19 AVALIAÇÃO DO RISCO ........................................................................................... 21 MODELO CAPM ......................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 24 4 @natalia.franca Teoria da utilidade esperada 5 @natalia.franca ESTADOS DA NATUREZA PLANO DE CONSUMO CONTINGENTE CONJUNTO DOS RESULTADOS POSSÍVEIS, C BENS CONTINGENTES CONCEITOS INICIAIS Diferentes resultados de um evento aleatório. Exemplo: determinada perda ocorre ou não ocorre; pode chover, fazer sol ou nevar em um dia qualquer. As escolhas em diferentes estados da natureza dependem das crenças do agente sobre a probabilidade de ocorrência de cada estado. Hipótese da independência: as escolhas feitas em um estado da natureza devem independer das escolhas feitas em outro estado da natureza. Especificação das quantidades consumidas de cada bem em cada estado da natureza. Suposição: o agente precisa escolher uma dentre diversas alternativas com risco. O conjunto 𝐶 = {𝑐1, 𝑐2, … , 𝑐𝑁} denota os resultados possíveis em cada alternativa. Eles podem ser dos mais variados tipos: pagamentos monetários, cestas de consumo, etc. O indivíduo não sabe qual resultado vai acontecer, mas conhece as probabilidades de ocorrência de cada um. Os bens podem ser considerados diferentes dependendo do estado da natureza (carregar um guarda-chuva na bolsa e não chover gera uma satisfação diferente do que ter um guarda-chuva em um dia de chuva). 6 @natalia.franca LOTERIA SIMPLES LOTERIA DEGENERADA LOTERIA COMPOSTA LOTERIA REDUZIDA LOTERIAS Representa uma distribuição de probabilidade sobre os resultados em C. Uma loteria simples L é uma lista 𝐿 = {𝑝1, … , 𝑝𝑁}, com 𝑝𝑖 ≥ 0 ∀ 𝑖 e ∑ 𝑝𝑖𝑖 = 1. Em que 𝑝𝑖 é a probabilidade do resultado 𝑐𝑖 ocorrer (resultados são mutuamente excludentes). Um resultado é certo (probabilidade 1) e os demais têm probabilidade nula. Permite que os resultados possíveis sejam loterias. Sejam as loterias simples 𝐿𝑘 = {𝑝1𝑘 , … , 𝑝𝑁𝑘 }, com 𝑘 = 1, … , 𝐾, e as probabilidades 𝛼𝑘 ≥ 0 com ∑ 𝛼𝑘𝑘 = 1. Uma loteria composta é aquela na qual os resultados são loterias simples: {𝐿1, … , 𝐿𝐾; 𝛼1, … , 𝛼𝐾} É uma loteria simples que fornece a mesma distribuição dos resultados que a loteria composta associada. A probabilidade do resultado i na loteria reduzida é dada pela soma sobre k do produto entre a probabilidade de cada loteria simples 𝛼𝑘 e a probabilidade de cada resultado n, 𝑝𝑖𝑘, dentro da loteria 𝐿𝑘. Isto é, 𝑞𝑖 = 𝛼1𝑝𝑖1 + 𝛼2𝑝𝑖2 + ⋯ + 𝛼𝐾𝑝𝑖𝐾 Em que ∑ 𝑞𝑖𝑖 = 1. 7 @natalia.franca RACIONALIDADE EQUIVALÊNCIA DE LOTERIAS AXIOMA DA INDEPENDÊNCIA CONTINUIDADE HIPÓTESES DAS PREFERÊNCIAS SOBRE LOTERIAS ℒ: conjunto de todas as loterias simples sobre o conjunto de resultados C. Sejam 𝐿𝑖, 𝐿𝑗, 𝐿𝑘 loterias quaisquer, tais que 𝐿𝑖, 𝐿𝑗, 𝐿𝑘 ∈ ℒ. Preferências completas: 𝐿𝑖 ≻ 𝐿𝑗 ou 𝐿𝑗 ≻ 𝐿𝑖 ou 𝐿𝑖 ∼ 𝐿𝑗. Preferências transitivas: Se 𝐿𝑖 ≽ 𝐿𝑗 e 𝐿𝑗 ≽ 𝐿𝑘, então 𝐿𝑖 ≽ 𝐿𝑘. Se 𝐿𝑖 e 𝐿𝑗 têm a mesma forma reduzida, então 𝐿𝑖 ∼ 𝐿𝑗. Ou seja, apenas as loterias reduzidas são relevantes para as escolhas envolvendo risco. 𝐿𝑖 ≽ 𝐿𝑗 ↔ 𝛼𝐿𝑖 + (1 − 𝛼)𝐿𝑘 ≽ 𝛼𝐿𝑗 + (1 − 𝛼)𝐿𝑘 𝛼 ∈ (0,1) Ou seja, a ordem de preferências entre as loterias 𝐿𝑖 e 𝐿𝑗 não pode depender (é independente) de uma terceira loteria. O axioma da independência implica: i) representar as preferências na forma da FU esperada; ii) TMS entre dois resultados independe de um terceiro. {𝛼 ∈ [0,1]: 𝛼𝐿𝑖 + (1 − 𝛼)𝐿𝑗 ≽ 𝐿𝑘} ⊂ [0,1] {𝛼 ∈ [0,1]: 𝐿𝑘 ≽ 𝛼𝐿𝑖 + (1 − 𝛼)𝐿𝑗} ⊂ [0,1] São conjuntos fechados. Ou seja, pequenas mudanças nas probabilidades não mudam o ordenamento entre duas loterias. A continuidade implica a existência de uma FU, 𝑈: ℒ → ℝ, representando as preferências. 8 @natalia.franca DEFINIÇÃO TRANSFORMAÇÃO AFIM FUNÇÃO UTILIDADE BERNOULLI QUANDO VALE A PENA PARTICIPAR DA LOTERIA FUNÇÃO UTILIDADE ESPERADA Também denominada função de utilidade von Neumann-Morgenstern (VNM). Se as preferências do consumidor sobre as loterias são racionais, contínuas, independentes e satisfazem a equivalência podem ser representadas por uma FU esperada que tem a forma aditiva. Para cada loteria simples 𝐿 = {𝑝1, … , 𝑝𝑁} em ℒ: 𝑈(𝐿) = 𝑝1𝑢(𝑐1) + 𝑝2𝑢(𝑐2)+ ⋯ + 𝑝𝑁𝑢(𝑐𝑁) = ∑ 𝑝𝑖𝑢(𝑐𝑖) = 𝐸(𝑢(𝑐𝑖))𝑁𝑖=1 Em que 𝑢(. ) é a função utilidade Bernoulli. Para duas loterias quaisquer, tem-se: 𝐿𝑖 ≽ 𝐿𝑗 ↔ 𝑈(𝐿𝑖) ≥ 𝑈(𝐿𝑗) 𝑉(. ) é uma transformação monotônica afim de 𝑈(. ) se: 𝑉(. ) = 𝑎𝑈(. ) + 𝑏, 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ 𝑒 𝑎 > 0 Apenas uma transformação afim positiva preserva a propriedade de utilidade esperada (forma linear). Representa as mesmas preferências da utilidade original. E também preserva a concavidade/convexidade de uma função. 𝑢(𝑐𝑖) indica a utilidade de obter o resultado 𝑐𝑖 com certeza. Seu domínio é o conjunto com todos os resultados possíveis. As considerações sobre a utilidade esperada não impõem restrição alguma na forma da utilidade de Bernoulli. Essa função fornece informações quanto ao comportamento do indivíduo em relação ao risco. Hipóteses: 𝑢(. ) é contínua, estritamente crescente e limitada (acima e abaixo). Seja uma situação sem risco em que o indivíduo recebe (com certeza) 𝑤0. Vale a pena participar da loteria quando: 𝐸(𝑢(𝑐𝑖)) > 𝑢(𝑤0) O agente será indiferente entre entrar ou não na loteria quando: 𝐸(𝑢(𝑐𝑖)) = 𝑢(𝑤0) 9 @natalia.franca Loterias monetárias e aversão ao risco 10 @natalia.franca DEFINIÇÃO VALOR ESPERADO UTILIDADE ESPERADA LOTERIAS MONETÁRIAS Uma loteria monetária pode ser descrita por uma função de distribuição acumulada 𝐹: ℝ → [0,1]. Para qualquer valor 𝑥, 𝐹(𝑥) representa a probabilidade do pagamento ser menor ou igual a 𝑥. Se a loteria tem uma função densidade associada, 𝑓(. ): 𝐹(𝑥) = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 ∀ 𝑥𝑥−∞ Observação: Funções de distribuição preservam a estrutura linear das loterias. ℒ é o conjunto de todas as distribuições de probabilidade possíveis com domínio não-negativo [a, ∞). O valor monetário é representado por uma variável aleatória contínua 𝑥. O valor esperado dos pagamentos de uma loteria monetária é (caso contínuo): 𝐸(𝑥) = ∫ 𝑥𝑑𝐹(𝑥) = ∫ 𝑥𝑓(𝑥)𝑑𝑥 Caso a loteria monetária pague prêmios 𝑐𝑖 com probabilidade 𝑝𝑖, o valor esperado é (caso discreto): 𝑉𝐸 = 𝑝1𝑐1 + 𝑝2𝑐2 + ⋯ + 𝑝𝑁𝑐𝑁 = ∑ 𝑝𝑖𝑐𝑖𝑁𝑖=1 A utilidade von Neumann-Morgenstern, cujo domínio é ℒ, pode ser expressa como: 𝑈(𝐹) = 𝐸(𝑢(𝑥)) = ∫ 𝑢(𝑥)𝑑𝐹(𝑥) 𝑢(𝑥) é a função utilidade Bernoulli. Se 𝐹(𝑥) tem função densidade 𝑓(𝑥): 𝑈(𝐹) = 𝐸(𝑢(𝑥)) = ∫ 𝑢(𝑥)𝑓(𝑥)𝑑𝑥 𝑈(𝐹) denota o valor esperado de 𝑢(𝑥). 𝑈(. ) é linear em 𝐹(. ). 11 @natalia.franca PROPENSÃO AO RISCO AVERSÃO AO RISCO NEUTRALIDADE AO RISCO COMPORTAMENTO EM RELAÇÃO AO RISCO O agente prefere participar da loteria do que receber o valor esperado (com certeza). Disposição a pagar pelo bilhete da loteria: um valor maior ou igual ao valor esperado da loteria. O agente prefere receber (com certeza) o valor esperado da loteria do que participar dela. Disposição a pagar pelo bilhete da loteria: um valor menor do que o valor esperado da loteria. O agente é indiferente entre participar da loteria ou receber o valor esperado (com certeza). Disposição a pagar pelo bilhete da loteria: um valor igual ao valor esperado da loteria. 12 @natalia.franca NEUTRALIDADE AO RISCO PROPENSÃO AO RISCO AVERSÃO AO RISCO COMPORTAMENTO EM RELAÇÃO AO RISCO E UTILIDADE BERNOULLI Utilidade do valor esperado da loteria igual à utilidade esperada: 𝑢(𝐸(𝑥)) = 𝑈(𝐹) = 𝐸(𝑢(𝑥)) i) 𝑢(𝑥) linear: 𝑢′′(. ) = 0; iii) Umg constante. Utilidade do valor esperado da loteria maior do que a utilidade esperada: 𝑢(𝐸(𝑥)) ≥ 𝑈(𝐹) = 𝐸(𝑢(𝑥)) Utilidade esperada maior do que a utilidade do valor esperado da loteria: 𝐸(𝑢(𝑥)) = 𝑈(𝐹) ≥ 𝑢(𝐸(𝑥)) i) 𝑢(. ) côncava: 𝑢′′(. ) < 0; ii) Umg decrescente; iii) quanto mais côncava, mais avesso ao risco é o indivíduo. i) 𝑢(𝑥) convexa: 𝑢′′(. ) > 0; ii) Umg crescente; iii) quanto mais convexa, mais propenso ao risco é o indivíduo. 13 @natalia.franca EQUIVALENTE CERTEZA, EC PRÊMIO DE RISCO, PR PROPENSÃO AO RISCO AVERSÃO AO RISCO NEUTRALIDADE AO RISCO EQUIVALENTE CERTEZA E PRÊMIO DE RISCO O equivalente certeza de uma loteria monetária é o montante de riqueza, 𝑐(𝐹, 𝑢), ofertado com certeza, que faz com que o indivíduo seja indiferente entre participar da loteria ou não (troca uma situação incerta por uma certa). 𝑢(𝑐(𝐹, 𝑢)) = 𝐸(𝑢(𝑥)) i) Menor valor que o agente estaria disposto a vender o bilhete de loteria para se livrar do risco, considerando sua renda inicial nula. ii) Maior valor que o indivíduo estaria disposto a pagar para comprar o bilhete da loteria. O prêmio de risco de uma loteria monetária corresponde à diferença entre o valor esperado da loteria e seu equivalente certeza: 𝑃𝑅 = 𝐸(𝑥) − 𝑐(𝐹, 𝑢) Alternativamente, pode ser obtido da seguinte forma: 𝑢(𝐸(𝑥) − 𝑃𝑅) = 𝐸(𝑢(𝑥)) Aversão ao risco: 𝑃𝑅 mede o máximo que o agente está disposto a pagar para se livrar do risco. Propensão ao risco: 𝑃𝑅 indica o montante mínimo de dinheiro que a pessoa aceitaria receber para ter risco. 𝑐(𝐹, 𝑢) > 𝐸(𝑥) 𝑃𝑅 < 0 𝑐(𝐹, 𝑢) < 𝐸(𝑥) 𝑃𝑅 > 0 𝑐(𝐹, 𝑢) = 𝐸(𝑥) 𝑃𝑅 = 0 14 @natalia.franca O coeficiente de aversão absoluta, 𝑟𝐴(𝑥), é uma medida da curvatura de 𝑢(. ), útil para realizar comparações entre os indivíduos: 𝑟𝐴(𝑥, 𝑢) = − 𝑢′′(𝑥)𝑢′(𝑥) 𝑟𝐴(𝑥, 𝑢) > 0: aversão ao risco 𝑟𝐴(𝑥, 𝑢) < 0: propensão ao risco 𝑟𝐴(𝑥, 𝑢) = 0: neutralidade ao risco COEFICIENTE DE AVERSÃO ABSOLUTA COEFICIENTE DE AVERSÃO RELATIVA Função utilidade CRRA (Constant Relative Risk Aversion) Função utilidade com coeficiente de aversão relativa ao risco constante: 𝑢(𝑥) = { 𝑥1−𝛾1 − 𝛾 ; 𝑠𝑒 𝛾 ≠ 1ln 𝑥; 𝑠𝑒 𝛾 = 1 𝑟𝑅(𝑥, 𝑢) = 𝛾 Seja uma função de utilidade de Bernoulli 𝑢(. ) duas vezes continuamente diferenciável. Útil para realizar comparações ao longo da distribuição de renda. 𝑟𝑅(𝑥, 𝑢) = 𝑥𝑟𝐴(𝑥, 𝑢) = −𝑥 𝑢′′(𝑥)𝑢′(𝑥) 𝑟𝑅(𝑥, 𝑢) decrescente em 𝑥: Indivíduos mais ricos são menos avessos ao risco. Observação: aversão relativa ao risco decrescente implica aversão absoluta ao risco decrescente, mas a recíproca não é necessariamente verdadeira. MEDIDAS DE ARROW-PRATT DE AVERSÃO AO RISCO Função utilidade CARA (Constant Absolute Risk Aversion) Função utilidade com coeficiente de aversão absoluta ao risco constante: 𝑢(𝑥) = −𝑒−𝛼𝑥, 𝛼 > 0 𝑟𝐴(𝑥, 𝑢) = 𝛼 Comparação entre indivíduos Dadas as funções de utilidade de Bernoulli 𝑢1(. ) e 𝑢2(. ), diz-se que 𝑢2(. ) é mais avesso ao risco que 𝑢1(. ) se: i) 𝑟𝐴(𝑥, 𝑢2) ≥ 𝑟𝐴(𝑥, 𝑢1) ∀ 𝑥; ii) 𝑢2(. ) é uma transformação côncava de 𝑢1(. ): 𝑢2(. ) é “mais côncava” que 𝑢1(. ); iii) 𝑐(𝐹, 𝑢2) ≤ 𝑐(𝐹, 𝑢1) ∀ 𝐹(. ); iv) 𝑃𝑅(𝑢2) ≥ 𝑃𝑅(𝑢1); v) qualquer risco que 𝑢2(. ) aceitar partindo de uma posição sem risco também será aceita por 𝑢1(. ). 15 @natalia.franca Otimização com incerteza 16 @natalia.franca FORMULAÇÃO SUPOSIÇÕES CURVA DE INDIFERENÇA, CI RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA, RO EQUILÍBRIO OTIMIZAÇÃO COM INCERTEZA O consumidor escolhe o melhor plano de consumo contingente (o que é consumido em cada estado da natureza) pelo qual pode pagar, maximizando a sua função de utilidade esperada. i) Um consumidor avesso ao risco tem uma renda inicial 𝑤, que pode ter uma redução de um montante 𝐿 com probabilidade 𝜋. ii) Existem dois estados da natureza: bom (não ocorre a perda) e ruim (ocorre a perda). iii) Existem dois bens contingentes: renda no estado bom (𝑤𝐺) e renda no estado ruim (𝑤𝐵). iv) Há um mercado de seguros que oferece um seguro contra o estado ruim cobrando 𝛾 por unidade monetária em cada estado da natureza. v) 𝐾 é a renda segurada. A utilidade esperada do agente é dada por: 𝐸(𝑢) = (1 − 𝜋)𝑢(𝑤𝐺) + 𝜋𝑢(𝑤𝐵) Logo, a inclinação da CI (que é umacurva de nível de 𝐸(𝑢)) é: 𝑇𝑀𝑆 = 𝑑𝑤𝐺𝑑𝑤𝐵 = − 𝜋𝑢′(𝑤𝐵)(1 − 𝜋)𝑢′(𝑤𝐺) Quando o indivíduo compra seguro, sua renda nos estados bom e ruim são dadas por: { 𝑤𝐺 = 𝑤 − 𝛾𝐾𝑤𝐵 = 𝑤 − 𝐿 + 𝐾 − 𝛾𝐾 Dessa forma, a RO é: 𝑤𝐺 = 𝑤 − 𝛾𝐿1 − 𝛾 − 𝛾1 − 𝛾 𝑤𝐵 Se 𝐾 = 0, tem-se a dotação: { 𝑤𝐺0 = 𝑤𝑤𝐵0 = 𝑤 − 𝐿 O equilíbrio se dá na tangência entre a CI e a RO: 𝜋𝑢′(𝑤𝐵)(1 − 𝜋)𝑢′(𝑤𝐺) = 𝛾1 − 𝛾 17 @natalia.franca SEGUROS ATUARIALMENTE JUSTOS SEGUROS JUSTOS: QUANTIDADE ADQUIRIDA SEGUROS ATUARIALMENTE INJUSTOS SEGUROS INJUSTOS: QUANTIDADE ADQUIRIDA EQUILÍBRIO COM JUSTIÇA E INJUSTIÇA ATUARIAL O ganho esperado da seguradora é nulo. 𝛾𝐾 − 𝜋𝐾 − (1 − 𝜋)0 = 0 Assim, o valor do seguro por unidade monetária cobrado corresponde ao valor da probabilidade de ocorrência do sinistro. 𝛾 = 𝜋 Loterias atuarialmente justas: Geram um ganho esperado líquido igual a zero. Se uma seguradora oferece um seguro atuarialmente justo: 𝛾 = 𝜋 → 𝛾1 − 𝛾 = 𝜋1 − 𝜋 Dada a condição de equilíbrio e o resultado acima: 𝜋𝑢′(𝑤𝐵)(1 − 𝜋)𝑢′(𝑤𝐺) = 𝜋1 − 𝜋 → 𝑢′(𝑤𝐵) = 𝑢′(𝑤𝐺) Consumidor avesso ao risco: Umg decrescente, logo 𝑢′(𝑤𝐵) = 𝑢′(𝑤𝐺) → 𝑤𝐵 = 𝑤𝐺 Igualando a renda em ambos os estados da natureza: 𝑤 − 𝜋𝐾 = 𝑤 − 𝐿 + 𝐾 − 𝜋𝐾 → 𝐾 = 𝐿 Consumidor faz seguro total. O ganho esperado da seguradora é positivo: 𝛾𝐾 − 𝜋𝐾 − (1 − 𝜋)0 > 0 O valor cobrado é superior à probabilidade de ocorrência do sinistro: 𝛾 > 𝜋 Se uma seguradora oferece um seguro atuarialmente injusto: 𝛾 > 𝜋 → 𝛾1 − 𝛾 > 𝜋1 − 𝜋 Dada a condição de equilíbrio e o resultado acima: 𝜋𝑢′(𝑤𝐵)(1 − 𝜋)𝑢′(𝑤𝐺) = 𝛾1 − 𝛾 → 𝑢′(𝑤𝐵) > 𝑢′(𝑤𝐺) Consumidor avesso ao risco: Umg decrescente, logo 𝑢′(𝑤𝐵) > 𝑢′(𝑤𝐺) → 𝑤𝐵 < 𝑤𝐺 Aplicando a desigualdade na renda dos estados da natureza: 𝑤 − 𝜋𝐾 > 𝑤 − 𝐿 + 𝐾 − 𝜋𝐾 → 𝐾 < 𝐿 Consumidor compra menos que o seguro total. 18 @natalia.franca ATIVOS DE RISCO 19 @natalia.franca DEFINIÇÃO CARTEIRA DE INVESTIMENTOS 𝑝 = 𝑟𝑚 − 𝑟𝑓𝜎𝑚 é o preço do risco O preço do risco mede como risco e retorno podem ser substituídos ao se fazerem escolhas de carteira de títulos (ou portfólio). 𝑟𝑥 − 𝑟𝑓 = (𝑟𝑚−𝑟𝑓𝜎𝑚 ) 𝜎𝑥 é o prêmio do risco: retorno além do ativo livre de risco para compensar o risco envolvido. RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA MODELO DE MÉDIA-VARIÂNCIA Neste modelo, a utilidade de uma distribuição de probabilidades que proporcione ao investidor a riqueza 𝑤𝑖, com probabilidade 𝑝𝑖, pode ser expressa como uma função da média, 𝜇𝑊, e da variância, 𝜎𝑊2 , dessa distribuição: 𝑈(𝜇𝑊, 𝜎𝑊2 ). Em que: 𝜇𝑊 = 𝐸(𝑊) = ∑ 𝑝𝑖𝑤𝑖𝑆𝑖=1 𝜎𝑊2 = ∑ 𝑝𝑖(𝑤𝑖 − 𝜇𝑊)2𝑆𝑖=1 O desvio padrão é a raiz quadrada da variância: 𝜎𝑊 = √𝜎𝑊2 . A média é uma medida de retorno, enquanto que variância e desvio padrão mensuram risco. Um consumidor avesso ao risco considera retorno um bem e risco um mal. Consumidor aloca sua riqueza em dois ativos: i) um ativo livre de risco com retorno fixo 𝑟𝑓; ii) um ativo de risco com retorno esperado 𝑟𝑚 e desvio padrão 𝜎𝑚. Quando o consumidor aplica uma parcela 𝑥 de sua renda no ativo com risco, ele cria uma carteira tal que: i) Rentabilidade esperada: 𝑟𝑥 = 𝑥𝑟𝑚 + (1 − 𝑥)𝑟𝑓 ii) Desvio padrão do retorno esperado: 𝜎𝑥 = 𝑥𝜎𝑚 A relação entre risco e retorno da carteira de investimentos é: 𝑟𝑥 = 𝑟𝑓 + (𝑟𝑚 − 𝑟𝑓𝜎𝑚 ) 𝜎𝑥 Essa relação representa a restrição orçamentária e mede o custo de conseguir um maior retorno esperado em termos do aumento do risco. Seja a riqueza representada por uma variável aleatória 𝑊, que assume os valores 𝑤𝑖 (𝑖 = 1, … , 𝑆) com probabilidade 𝑝𝑖. 20 @natalia.franca CURVAS DE INDIFERENÇA, CI Alavancagem financeira Os agentes podem multiplicar a rentabilidade por meio de endividamento. EQUILÍBRIO Tangência entre CI e RO. TMS entre risco e retorno deve ser igual ao preço do risco: 𝑇𝑀𝑆 = rm − 𝑟𝑓σm MODELO DE MÉDIA-VARIÂNCIA Indivíduos avessos ao risco: CI positivamente inclinada (pois o risco é um mal). No equilíbrio, as TMS de todas as pessoas serão iguais, logo o preço de risco de equilíbrio deverá ser igual para todas elas. Taxa marginal de substituição entre risco e retorno 𝑇𝑀𝑆 = − Δ𝑈/Δ𝜎Δ𝑈/Δ𝜇 21 @natalia.franca COMBINAÇÃO DE DOIS ATIVOS DE RISCO ESCOLHA ENTRE DOIS ATIVOS DE RISCO Ativo 1 será escolhido se: r1 − 𝑟𝑓σ1 ≥ r2 − 𝑟𝑓σ2 Nesse caso, o ativo 1 domina o ativo 2. Contém todas as carteiras de ativos de risco que oferecem o maior retorno dado o risco. AVALIAÇÃO DO RISCO Sejam dois ativos de risco com rentabilidades esperadas e variâncias dadas por (𝜎12, 𝑟1) e (𝜎22, 𝑟2). O agente monta um portfólio 𝑧 com os dois ativos de risco: 𝛼 é a participação do ativo 1 e (1 − 𝛼) é a participação do ativo 2. O portfólio terá a rentabilidade esperada e a variância do retorno dadas por: 𝑟𝑧 = 𝛼𝑟1 + (1 − 𝛼)𝑟2 𝜎𝑧2 = 𝛼2𝜎12 + (1 − 𝛼)2𝜎22 + 2𝛼(1 − 𝛼)𝜎1,2 𝜎1,2 é a correlação entre os retornos dos dois ativos de risco. Sejam um ativo livre de risco com retorno fixo 𝑟𝑓 e dois ativos de risco com rentabilidades esperadas e variâncias dadas por (𝜎12, 𝑟1) e (𝜎22, 𝑟2). O agente só pode criar carteiras combinando o ativo livre de risco com apenas um ativo de risco. Conclusão: o agente deverá escolher o ativo que paga o maior preço do risco (RO mais inclinada). Diversificação Ativos com correlação negativa, 𝜎1,2 < 0, reduzem o risco da carteira. FRONTEIRA EFICIENTE 22 @natalia.franca MODELO CAPM 23 @natalia.franca Em equilíbrio, todos os ativos devem ter a mesma taxa de retorno ajustada pelo nível de risco. Sejam dois ativos i e j com taxas de retorno de 𝑟𝑖 e 𝑟𝑗 e betas 𝛽𝑖 e 𝛽𝑗. No equilíbrio, a equação a seguir deve ser satisfeita: 𝑟𝑖 − 𝛽𝑖(𝑟𝑚 − 𝑟𝑓) = 𝑟𝑗 − 𝛽𝑗(𝑟𝑚 − 𝑟𝑓) 𝑟𝑚 é o retorno esperado do mercado. EQUILÍBRIO NO MERCADO DE ATIVOS DE RISCO O MODELO CAPM QUANTIDADE DE RISCO Pontos acima da reta de mercado: 𝑟𝑖 − 𝛽𝑖(𝑟𝑚 − 𝑟𝑓) > 𝑟𝑓 O retorno ajustado pelo risco do ativo i é superior ao do ativo sem risco. Logo, a demanda pelo ativo i cresce (eleva o preço e reduz a rentabilidade) até o ponto em que as rentabilidades sejam iguais. MODELO CAPM A quantidade de risco de um ativo depende da sua correlação com outros ativos. Beta (𝛽𝑖): mede a quantidade de risco de um ativo, denotado por i, em relação ao risco do mercado de ativos como um todo. 𝛽𝑖 = 𝑔𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑖𝑔𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 = 𝜎𝑚,𝑖𝜎𝑚2 Em que, 𝜎𝑚,𝑖 é a covariância do retorno do ativo i com o retorno do mercado; 𝜎𝑚2 é a variância do retorno do mercado. 𝛽𝑖 = 1: ação tem o mesmo grau de risco do mercado; 𝛽𝑖 > 1: ação tem um grau de risco maior do que o do mercado; 𝛽𝑖 < 1: ação tem um grau de risco menor do que o do mercado. A reta do mercado Representa combinações de retorno esperado e beta para os ativos mantidos em equilíbrio. A partir da condição de equilíbrio (fazendo 𝑗 = 𝑓 e usando o fato 𝛽𝑓 = 0): 𝑟𝑖 = 𝑟𝑓 + 𝛽𝑖(𝑟𝑚 − 𝑟𝑓) 𝑟𝑖: retorno esperado do ativo i. Essa equação, denominada reta do mercado, é o principal resultado do modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model), um modelo de precificação de ativos. Conclusão: A melhor combinação de ativos de risco corresponde à carteira de mercado. Para obter o preço do ativo i hoje, é preciso trazê-lo a valor presente: 𝑃𝑟𝑒ç𝑜𝑖 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑖(1 + 𝑟𝑖) Agentes são avessos ao risco e têm as mesmas expectativas quanto aos retornos esperados, variâncias e betas de todos os ativos. 24 @natalia.franca REFERÊNCIAS VARIAN, Hal R. Microeconomia-princípios básicos. Elsevier Brasil, 2006. MAS-COLELL, Andreu et al. Microeconomic theory. NewYork: Oxford university press, 1995. SCHMIDT, Cristiane; BERTOLAI, Jefferson; COIMBRA, Paulo. Microeconomia-questões anpec, 5a edição. Elsevier Brasil, 2015. ROBERTO GUENA. Preparatório ANPEC: Material de Microeconomia, 2020. Disponível em: robguena.fearp.usp.br/anpec/.
Compartilhar