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BINÔMIO RISCO - RETORNO Prof. Dr. Luis Renato Junqueira Independentemente do tipo de negócio, do setor de atuação, do tamanho da organização ou qualquer outra característica que possa distinguir os empreendimentos, todo investimento, incluindo aqui as aplicações financeiras, apresenta o binômio risco-retorno, que se refere a uma relação direta entre esses fatores. Em outras palavras, o investidor que busca um retorno maior, normalmente deve assumir mais riscos e caso deseje um risco menor deverá abrir mão de maiores possibilidades de ganhos. 1. Conceito de Risco Não há uma unanimidade em relação ao conceito de risco. Para alguns autores, risco é a probabilidade de um cenário com consequências negativas acontecer. Já para outros estudiosos, o risco é a multiplicação da probabilidade de um cenário negativo ocorrer pela perda financeira que o investidor terá caso o cenário negativo se efetive. Nesse caso, há uma equalização entre um investimento muito arriscado, mas com perda financeira pequena caso ele não dê certo, com um projeto pouco arriscado, mas que gera uma alta perda, caso o cenário negativo se concretize. Por exemplo, um investimento com 40% de chance de gerar um prejuízo de R$ 100.000,00 se equivale a um negócio que tenha 80% de chance de causar uma perda de R$ 50.000,00. Em ambos os casos o tamanho proporcional da perda é de R$ 40.000,00. 0,40 x 100.000,00 = 0,80 x 50.000,00 = 40.000,00 Contudo, o conceito de risco mais utilizado na área de finanças é dado por Damodaran (2009) que é relativo à variabilidade, dispersão ou volatilidade dos possíveis resultados de um investimento, independentemente se tais retornos são positivos ou negativos. Uma variabilidade grande nos retornos da organização faz com que ela se torne mais arriscada, uma vez que é possível a geração de um resultado negativo justamente no momento que ela mais precisa de recursos. Já empresas que apresentam retornos menos voláteis permitem uma estimativa e planejamento do futuro com menor margem de erro. Esse conceito pode ser ilustrado pelo gráfico a seguir. Gráfico 1: Volatilidade dos retornos possíveis de um investimento Fonte: elaborado pelo professor Notamos no Gráfico 1 que o ativo representado pela linha azul indica mais volatilidade, portanto, o investidor tem possibilidades de ganhos maiores, mas assume o risco de perdas maiores. Existe ainda uma diferença entre os conceitos de Risco e Incerteza. O Risco é quantificável e, portanto, influencia no processo decisório do investidor. Já a Incerteza não tem como ser mensurada, ou por falta de dados ou por representar um fator inédito ou muito raro, ou seja, inesperado. 2. Binômio Risco-Retorno Como podemos avaliar a seguinte frase: “Risco é um elemento ruim e deve ser evitado pela empresa”. Se considerarmos que, para buscar a possibilidade de maiores ganhos o investidor deve assumir mais riscos, a frase acima não é verdadeira. A eliminação total do risco pode representar a impossibilidade de qualquer ganho. Apesar da noção de que o risco é ruim e devemos evita-lo, o correto seria que o empreendedor conhecesse os riscos do negócio e assumisse aqueles que podem gerar mais benefícios ou menos impacto negativo. Em resumo, o investidor não deve assumir riscos desnecessários, ou extremamente altos que praticamente inviabilizam o negócio, ou ainda aqueles que não são compensados com aumentos na expectativa de retorno. Vale ressaltar que quando falamos de probabilidade ou expectativa de retorno não significa ganho certo, senão não haveria risco algum. Portanto, não se deve dizer que investimentos -10 -5 0 5 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 mais arriscados elevam o retorno. O correto é falar que aplicações mais arriscadas devem vir acompanhadas com maiores expectativas de retorno. 3. Tipos de Risco O Risco Total pode ser dividido em Sistemático (ou Não Diversificável) e Não Sistemático (ou Diversificável). Risco Sistemático (ou Não Diversificável): é aquele que abrange a todos os negócios simultaneamente. Independentemente da estratégia utilizada pelo investidor, ele não consegue reduzi-lo. Risco Não Sistemático (ou Diversificável): pode ser reduzido significativamente por meio de uma boa estratégia de diversificação dos investimentos (ou negócios). Um investidor que aplica todos os seus recursos em uma única empresa, por exemplo, do setor de bebidas e alimentação, assumirá o risco total do negócio, tanto aqueles que afetam o segmento todo quanto os relacionados exclusivamente à empresa. Para reduzir o risco não sistemático, o investidor pode dividir seus recursos e aplicar em duas ou mais empresas também do setor de bebidas e alimentação, por exemplo. Nesse caso, ele reduziria o risco específico das empresas individuais, mas ainda teria um risco alto, pois problemas no setor tendem a ser sentidos por todas as companhias pertencentes ao mesmo. Para diminuir ainda mais o risco não sistemático, deve-se aplicar em corporações atuantes em diversos segmentos econômicos, mas ainda haverá o risco de recessão no país, o que afetaria todas as companhias atuantes no mercado interno. Com a globalização, o nível de diversificação pode ser ampliado para investimentos em diversos países diferentes, mas mesmo assim ainda tem um risco sistemático mundial. Por exemplo, a crise de 2008 afetou todos os mercados mundiais, em intensidades distintas, mas praticamente todos os negócios sofreram impactos negativos na época. Obviamente que a amplitude da diversificação depende do volume de recursos disponível, pois os custos de transação não permitem que montantes muito pequenos sejam aplicados em diferentes opções e em vários setores ou mercados ao mesmo tempo. Vejamos o efeito da diversificação no risco não sistemático e, consequentemente, no risco total. Gráfico 2: Redução do Risco pela Diversificação O Gráfico 2 demonstra que quanto maior for a quantidade de ativos pertencentes a uma carteira ou portfólio de um investidor, menor é o risco Não Sistemático (ou Diversificável) e, consequentemente, há uma redução no risco total. Entretanto, não há a possibilidade de eliminar totalmente o risco total, uma vez que sempre haverá o risco Sistemático que não poderá ser reduzido. A diversificação atua na redução do risco não sistemático, mas ela não pode ser feita de qualquer maneira. Como já dito anteriormente, investir em vários negócios que atuam no mesmo setor gera pouca redução no risco. Portanto, há técnicas a serem analisadas para que o investidor faça uma boa diversificação. 4. Diversificação A diversificação pode ser feita pelo investidor ao dividir seus recursos em ações de diferentes empresas ou também pode ser realizada pela própria empresa, ao atuar em mercados distintos com produtos e serviços diversos. Óbvio que a diversificação empresarial exige investimentos mais vultuosos e também pode reduzir a participação da companhia em determinado setor, mas tende a reduzir o risco assumido pela organização. Então, a diversificação bem conduzida se torna preocupação do executivo, pois por meio dela conseguirá reduzir o risco da empresa a um nível menor do que o dos negócios tomados individualmente. Risco diversificável Risco sistemático Risco Total Número de ativos Mas no que consiste tal diversificação bem conduzida, que reduziria o risco geral da empresa ou do investidor? A resposta está na escolha de negócios cujos retornos esperados estejam "negativamente correlacionados uns com os outros". Isto equivale dizer que o ideal seria alcançado quando a um negócio que estivesse momentaneamente propiciando baixas entradas de caixa para a empresa, correspondesse(m) outro(s) que estivesse(m) garantindo maiores rentabilidades, compensando-o. Sem entrarmos nos méritos estatísticos por enquanto, nos cabe relatar aqui que a medida estatística, dada pelo coeficiente de correlação,assume valores dentro de uma faixa de +1, para séries que apresentam correlação positiva perfeita, até -1, para séries com correlação negativa perfeita. Vamos a exemplos gráficos, começando pela correlação positiva perfeita, que se constitui no caso em que a diversificação não reduzirá absolutamente o risco da empresa. Gráfico 3: Correlação Positiva Perfeita de Negócios Retorno Esperado N M Tempo Note-se que a combinação dos negócios da empresa assinalada no Gráfico 3 não a ajuda a reduzir riscos empresariais. A falta de retornos em determinados períodos, relacionados ao negócio N, não é compensada por entradas do negócio M. Pelo contrário, ocorre um reforço da tendência. Já na figura abaixo, temos a exemplificação de uma combinação ótima de negócios, em que se reduz, drasticamente, o risco da empresa. Gráfico 4: Correlação Negativa de Negócios Retorno Esperado N M Tempo Vê-se, aí, o caso de correlação negativa perfeita, no qual a empresa enfrenta situações adversas em um negócio N por intermédio do negócio M, que possibilita entradas de caixa compensatórias. Entretanto, na prática as correlações perfeitas, tanto a positiva quanto a negativa, não existem. O mais comum no mercado é o caso intermediário, ilustrado no Gráfico 5, em que os negócios N e M apresentam alguma correlação, podendo ser positiva ou negativa, mas não perfeita. Gráfico 5: Correlação de Negócios Retorno Esperado N M Tempo Assim, se for seguida a regra de bem diversificar, ou seja, se houver combinação de negócios cujos retornos esperados estejam negativamente correlacionados, o risco global da empresa ou para o investidor pode se reduzir sobremaneira. Com isso, os administradores podem enfrentar de fato uma das dimensões fundamentais na gerência dos negócios, ou seja, o risco. 5. Mensuração do Risco Considerando que o risco, para a área de Finanças, está ligado à volatilidade dos possíveis retornos, ele pode ser medido por meio do Desvio-Padrão, que é uma medida de dispersão cujo resultado é dado na mesma unidade de medida da variável analisada. Como no caso do risco, analisam-se os percentuais de retorno prováveis, o risco também é dado em percentual. Já o retorno esperado é calculado com base na média dos possíveis ganhos, podendo ser uma média simples ou ponderada. Para compararmos investimentos isolados ou carteira de investimentos que apresentem risco e retorno distintos, utilizamos o Coeficiente de Variação. Vamos ver o exemplo a seguir, no qual existem 3 (três) negócios que apontam para um mesmo retorno esperado de 12% por período e igual risco, expresso por um mesmo desvio- padrão sobre estes retornos de 3,2%. Vejamos: Tabela 1: Retornos Esperados e Níveis de Riscos para Negócios e Portfólios Período Retornos dos Negócios Retornos dos Portfolios X Y Z XY XZ XYZ 1 8% 16% 8% 12% 8% 10,7% 2 10% 14% 10% 12% 10% 11,3% 3 12% 12% 12% 12% 12% 12,0% 4 14% 10% 14% 12% 14% 12,7% 5 16% 8% 16% 12% 16% 13,3% Estatística Valor esperado 12% 12% 12% 12% 12% 12% Desvio padrão 3,2% 3,2% 3,2% 0% 3,2% 1,1% Coef. Variação 26,67% 26,67% 26,67% 0 26,67% 9,17% Obs: os portfólios são compostos a partir de aplicações iguais sobre cada um dos negócios. Foram coletados os retornos percentuais em cada período de cada negócio (X, Y, Z). Para encontrarmos os retornos dos portfólios, foram calculadas as médias entre eles. Por exemplo, no período 1 o negócio X retornou 8% e o Y 16%, portanto o Portfólio XY retornou 12%, que é a média entre 8% e 16%. Depois foram calculadas as médias dos cinco períodos para cada negócio e portfólio, encontrando o Valor Esperado. Em seguida, foram apresentados os desvio-padrões e os coeficientes de variação para cada negócio e portfólio (os cálculos serão detalhados mais adiante). Resultados do Quadro: Combinando proporções iguais de investimentos nos negócios X e Y (ativos com correlação negativa perfeita), forma-se um portfólio sem risco (desvio-padrão igual a zero). Este é o ideal máximo em diversificações de negócios. Combinando proporções iguais de investimentos nos negócios X e Z (ativos com correlação positiva perfeita), forma-se um portfólio com o mesmo nível de risco dos negócios individuais. Vale dizer, este é um exemplo de diversificação mal conduzida, que em nada reduz o risco da empresa. Combinando proporções iguais de investimentos nos negócios X, Y e Z, forma-se um portfólio com risco menor do que os dos negócios individuais. Tal diversificação tende à direção certa. Vale ressaltar que no exemplo acima, as correlações perfeitas foram inseridas apenas para ilustrar as situações. Na vida real não encontramos correlações perfeitas entre empreendimentos, portanto, a eliminação total do risco, por meio da diversificação de negócios com correlação negativa perfeita não é possível na prática. 5.1. Quando há cenários com chances distintas de acontecerem Em algumas situações, existem oportunidades de investimentos cujos retornos dependem do cenário econômico ou das condições mercadológicas ou da concorrência, entre outros fatores, que se estabelecerão no futuro. Além disso, às vezes é possível estimar a probabilidade de ocorrência de cada cenário possível. Quando temos essa situação, os cálculos de retorno esperado, risco e coeficiente de variação são feitos da seguinte forma. O retorno esperado é medido pela média ponderada entre os ganhos prováveis pela probabilidade de cada cenário ocorrer. RPR ii Já o desvio-padrão é calculado a partir da seguinte fórmula: RRP 2ii E para proporcionalizar o risco assumido para cada unidade de retorno esperado, utilizamos o Coeficiente de Variação. Quanto menor for o Coeficiente de Variação melhor, pois menos risco está sendo assumido para cada unidade de retorno esperado. R CV Vejamos o exemplo: uma empresa possui três oportunidades de investimento, sendo que para cada uma delas existem quatro cenários possíveis com distintas probabilidades de ocorrência. Os retornos esperados em cada cenário para cada oportunidade de investimento são: Cenários Probabilidade de Ocorrência Negócios X Y Z 1 10% 10,00% 22,00% 12,25% 2 40% 12,00% 17,00% 11,50% 3 30% 14,00% 12,00% 14,50% 4 20% 16,00% 7,00% 13,00% Valor esperado Desvio padrão Coeficiente de variação Negócio X: RETORNO ESPERADO 13,20%ou 1320,0R 032,0042,0048,001,0R 16,020,014,030,012,040,010,010,0R RPR ii RISCO 1,8330%ou 018330,0000336,0 0001568,00000192,00000576,00001024,0 132,016,020,0132,014,030,0 132,012,040,0132,010,010,0 RRP 22 22 2 ii COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 13,89%ou 1389,0 1320,0 018330,0 CV R CV Negócio Y: RETORNO ESPERADO 14,00%ou 1400,0R 014,0036,0068,0022,0R 07,020,012,030,017,040,022,010,0R RPR ii RISCO 4,583%ou 04583,00021,000098,000012,000036,000064,0 14,007,020,014,012,030,0 14,017,040,014,022,010,0 RRP 22 22 2 ii COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 32,73%ou 3273,0 14,0 04583,0 CV R CV Negócio Z: RETORNO ESPERADO 12,775%ou 12775,0R 026,00435,0046,001225,0R 13,020,0145,030,0115,040,01225,010,0R RPR ii RISCO 1,2572%ou 012572,0000158063,0 000001013,0000089269,0000065025,0000002756,0 12775,013,020,012775,0145,030,0 12775,0115,040,012775,01225,010,0 RRP 22 22 2 ii COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 9,841%ou 09841,0 12775,0 012572,0 CV R CV Então, os resultados dos negócios individuais ficaram assim: Cenários Probabilidade de Ocorrência Negócios X Y Z 1 10% 10,00% 22,00% 12,25% 2 40% 12,00% 17,00% 11,50% 3 30% 14,00% 12,00% 14,50% 4 20% 16,00% 7,00% 13,00% Valor esperado 13,20% 14,00% 12,775% Desvio padrão 1,833% 4,583% 1,2572% Coeficiente de variação 13,89% 32,73% 9,841% Dentre os negócios individuais, o que apresenta a maior expectativa de retorno é o Y, mas também é o que possui o maior risco. Já os menores retorno esperado e risco foram do negócio Z. Quando verificamos o Coeficiente de Variação, o negócio mais indicado para investir é o Z, pois apresenta o menor risco para cada unidade de retorno esperado. Vejamos agora o efeito da diversificação sobre o Risco. Imagine que a empresa anterior realize mais de um dos negócios ao mesmo tempo. O retorno esperado para cada cenário é calculado pela média entre os negócios. Por exemplo, no cenário 1 o negócio X tem uma expectativa de retorno de 10% e o Y tem de 22%. Então, o Portfólio XY tem uma expectativa de 16%, que é a média entre os dois, e assim por diante. Cenários Probabilidade de Ocorrência Portfólios X e Y Y e Z X, Y e Z 1 10% 16,00% 17,13% 14,75% 2 40% 14,50% 14,25% 13,50% 3 30% 13,00% 13,25% 13,50% 4 20% 11,50% 10,00% 12,00% Valor esperado Desvio padrão Coeficiente de variação Agora vejamos os cálculos relativos aos Portfólios: Portfólio X e Y: RETORNO ESPERADO 13,60%ou 1360,0R 023,0039,0058,0016,0R 115,020,013,030,0145,040,016,010,0R RPR ii RISCO 1,375%ou 01375,0000189,0 0000882,00000108,00000324,00000576,0 136,0115,020,0136,013,030,0 136,0145,040,0136,016,010,0 RRP 22 22 2 ii COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 10,11%ou 1011,0 1360,0 01375,0 CV R CV Portfólio Y e Z: RETORNO ESPERADO 13,388%ou 13388,0R 02,003975,0057,001713,0R 10,020,01325,030,01425,040,01713,010,0R RPR ii RISCO 1,99972%ou 0199972,000039989,0 00022957,0000000571,0000029722,0000140026,0 13388,010,020,013388,01325,030,0 13388,01425,040,013388,01713,010,0 RRP 22 22 2 ii COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 14,937%ou 14937,0 13388,0 0199972,0 CV R CV Portfólio X, Y e Z: RETORNO ESPERADO 13,325%ou 13325,0R 024,00405,0054,001475,0R 12,020,0135,030,0135,040,01475,010,0R RPR ii RISCO 0,7587%ou 007587,0000057563,0 000035113,0000000919,0000001225,0000020306,0 13325,012,020,013325,0135,030,0 13325,0135,040,013325,01475,010,0 RRP 22 22 2 ii COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 5,69%ou 0569,0 13325,0 007587,0 CV R CV Então, os resultados finais dos portfólios ficaram assim: Cenários Probabilidade de Ocorrência Portfólios X e Y Y e Z X, Y e Z 1 10% 16,00% 17,13% 14,75% 2 40% 14,50% 14,25% 13,50% 3 30% 13,00% 13,25% 13,50% 4 20% 11,50% 10,00% 12,00% Valor esperado 13,60% 13,39% 13,33% Desvio padrão 1,37% 2,00% 0,76% Coeficiente de variação 10,11% 14,93% 5,69% Considerando as seis opções dadas (negócios X, Y ou Z e portfólios XY, YZ e XYZ), a melhor opção é o portfólio envolvendo os três negócios simultaneamente, pois apresenta o menor Coeficiente de Variação. A sua expectativa de retorno é melhor que dos negócios X ou Z e se aproxima do portfólio YZ, ficando um pouco abaixo do negócio Y e do portfólio XY. Entretanto, o risco assumido é bem menor em relação às demais opções. 5.2. A partir de uma série histórica com retornos ocorridos (mais utilizado no mercado de ações) Outra forma de estimar o retorno esperado e o risco de um investimento é utilizando dados do passado, que indicam o comportamento do ativo. Obviamente que não há garantia que o futuro repetirá o passado, mas são os dados mais confiáveis que temos para realizar estimativas. Claro que para realizarmos os cálculos que serão apresentados a seguir, deve-se ter um histórico do que já aconteceu com aquele ativo, caso contrário não é possível utilizar as fórmulas demonstradas mais adiante. Essa forma de calcular é muito utilizada para determinar o retorno esperado e o risco das ações negociadas na bolsa de valores, devido ao fácil acesso ao histórico de seu comportamento. Entretanto, ele pode ser utilizado para qualquer empreendimento, desde que os dados do passado sejam conhecidos. O retorno esperado é medido pela média entre os ganhos passados. n i RR Na estatística, se uma série representar todos os dados disponíveis, calcula-se o desvio- padrão populacional. Mas se a série de dados for referente à uma amostra, encontramos o desvio-padrão amostral. No caso de calcular o risco de um ativo, normalmente, utilizamos o desvio-padrão amostral, uma vez que em geral consideramos uma amostra do seu passado. Portanto, a fórmula é: 1 RR 2 n i E para proporcionalizar o risco assumido para cada unidade de retorno esperado, utilizamos o Coeficiente de Variação. Quanto menor for o Coeficiente de Variação melhor, pois menos risco está sendo assumido para cada unidade de retorno esperado. R CV Exemplo: considere os retornos mensais de três ações distintas: Meses Ações ITAÚ GERDAU NATURA 1 -5,80% 13,50% 15,00% 2 3,20% -12,80% -10,80% 3 9,00% -0,90% -3,90% 4 2,10% 3,00% 9,50% 5 -3,50% 5,20% 7,20% Valor esperado Desvio padrão Coeficiente de variação Vejamos os cálculos do retorno esperado, do risco e do coeficiente de variação para cada uma das ações acima. ITAÚ: RETORNO ESPERADO %00,1R 5 50,310,200,920,380,5 R R R n i RISCO 5,84%ou 0584,00034135,0 4 002025,0000121,00064,0000484,0004624,0 15 01,0035,001,0021,0 01,009,001,0032,001,0058,0 1 RR 22 222 2 n i COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 584,25%ou 8425,5 01,0 0584,0 CV R CV GERDAU: RETORNO ESPERADO %60,1R 5 20,500,390,080,1250,13 R R R n i RISCO 9,62%ou 0962,00092535,0 4 001296,0000196,0000625,0020736,0014161,0 15 016,0052,0016,003,0 016,0009,0016,0128,0016,0135,0 1 RR 22 222 2 n i COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 601,219%ou 01219,6 016,0 0962,0 CV R CV NATURA: RETORNO ESPERADO %40,3R 5 20,750,990,380,1000,15 R R R n i RISCO 10,5019%ou 105019,0011029,0 4 001444,0003721,0005329,0020164,0013456,0 15 034,0072,0034,0095,0 034,0039,0034,0108,0034,015,0 1 RR 22 222 2 n i COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 308,88%ou 08880,3 034,0 105019,0 CV R CV Então, os resultados das ações foram: Meses Ações ITAÚ GERDAU NATURA 1 -5,80% 13,50% 15,00% 2 3,20% -12,80%-10,80% 3 9,00% -0,90% -3,90% 4 2,10% 3,00% 9,50% 5 -3,50% 5,20% 7,20% Valor esperado 1,00% 1,60% 3,40% Desvio padrão 5,84% 9,62% 10,50% Coeficiente de variação 584,25% 601,22% 308,88% Uma opção para o investidor diminuir o risco não sistemático é a montagem de carteiras, nas quais são misturados ativos. O retorno esperado para cada carteira é calculado pela média entre os ativos. Por exemplo, no mês 1 a carteira Itaú/Gerdau, considerando que foram investidos valores iguais em cada ativo, apresentou um retorno de 3,85%, que é a média entre os retornos do Itaú e da Gerdau. Para os demais meses e as outras carteiras faz-se o mesmo processo, cujos resultados estão apresentados a seguir. Meses CARTEIRAS ITAÚ/GERDAU GERDAU/NATURA ITAÚ/NATURA 1 3,85% 14,25% 4,60% 2 -4,80% -11,80% -3,80% 3 4,05% -2,40% 2,55% 4 2,55% 6,25% 5,80% 5 0,85% 6,20% 1,85% Valor esperado Desvio padrão Coeficiente de variação ITAÚ/GERDAU: RETORNO ESPERADO %30,1R 5 85,055,205,480,485,3 R R R n i RISCO 3,64%ou 0364,0001326,0 4 0000203,00001563,00007563,0003721,00006503,0 15 013,00085,0013,00255,0 013,00405,0013,0048,0013,00385,0 1 RR 22 222 2 n i COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 280,11%ou 8011,2 013,0 0364,0 CV R CV ITAÚ/NATURA: RETORNO ESPERADO %50,2R 5 20,625,640,280,1125,14 R R R n i RISCO 9,9287%ou 099287,0009858,0 4 001369,000140625,0002401,0020449,001380625,0 15 025,0062,0025,00625,0 025,0024,0025,0118,0025,01425,0 1 RR 22 222 2 n i COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 397,15%ou 97148,3 025,0 099287,0 CV R CV GERDAU/NATURA: RETORNO ESPERADO %20,2R 5 85,180,555,280,360,4 R R R n i RISCO 3,7069%ou 037069,0001374125,0 4 00001225,0001296,000001225,00036,0000576,0 15 022,00185,0022,0058,0 022,00255,0022,0038,0022,0046,0 1 RR 22 222 2 n i COEFICIENTE DE VARIAÇÃO 168,50%ou 6850,1 022,0 037069,0 CV R CV Os resultados das carteiras ficaram assim: Meses CARTEIRAS ITAÚ/GERDAU GERDAU/NATURA ITAÚ/NATURA 1 3,85% 14,25% 4,60% 2 -4,80% -11,80% -3,80% 3 4,05% -2,40% 2,55% 4 2,55% 6,25% 5,80% 5 0,85% 6,20% 1,85% Valor esperado 1,30% 2,50% 2,20% Desvio padrão 3,64% 9,93% 3,71% Coeficiente de variação 280,11% 397,15% 168,50% Considerando as três ações individualmente e ainda as carteiras propostas acima, percebe- se que a mais indicada para o investidor é a carteira Itaú/Natura, que apresentou um risco menor que as ações individuais e, apesar de ter um risco ligeiramente maior que a carteira Itaú/Gerdau, sua expectativa de retorno é maior, gerando o coeficiente de variação mais baixo dentre as seis opções. A redução do risco das carteiras deve-se à diversificação, sendo que ela apresenta um melhor resultado, com relação à redução do risco, quando é feita com ativos negativamente correlacionados. A Correlação varia entre -1 e +1 e depende da Covariância entre os ativos, ou seja, a variação dos retornos de um ativo em relação à variação dos retornos de outro ativo. Para calcularmos a Correlação, temos que encontrar a Covariância Amostral entre os dois ativos: 1 RRRR ,, , n COVAR BBiAAi BA BA BA, BA,CORREL COVAR Vamos calcular a Covariância entre os ativos e em seguida vamos encontrar a Correlação entre eles: COVARIÂNCIA AMOSTRAL ENTRE AS AÇÕES ITAÚ E GERDAU: 00368,0COVAR 4 00162,00001540,0002,0003168,0008092,0 COVAR 15 016,0052,001,0035,0... 016,00135,001,0058,0 COVAR 1 COVAR uItaú/Gerda uItaú/Gerda uItaú/Gerda GerdauGerdaui,ItaúItaúi, uItaú/Gerda RRRR n CORRELAÇÃO ENTRE AS AÇÕES ITAÚ E GERDAU: 6550,0CORREL 0962,00584,0 00368,0 CORREL CORREL GerdauItaú, GerdauItaú, GerdauItaú GerdauItaú, GerdauItaú, COVAR COVARIÂNCIA AMOSTRAL ENTRE AS AÇÕES GERDAU E NATURA: 0095748,0COVAR 4 001368,00008540,0001825,0020448,0013804,0 COVAR 15 034,0072,0016,0052,0... 034,015,0016,00135,0 COVAR 1 COVAR uraGerdau/Nat uraGerdau/Nat uraGerdau/Nat NaturaNaturai,GerdauGerdaui, uraGerdau/Nat RRRR n CORRELAÇÃO ENTRE AS AÇÕES GERDAU E NATURA: 9478,0CORREL 1050,00962,0 0095748,0 CORREL CORREL NaturaGerdau, NaturaGerdau, NaturaGerdau NaturaGerdau, NaturaGerdau, COVAR COVARIÂNCIA AMOSTRAL ENTRE AS AÇÕES ITAÚ E NATURA: 0044728,0COVAR 4 00171,0000671,000584,0003124,0007888,0 COVAR 15 034,0072,001,0035,0... 034,015,001,0058,0 COVAR 1 COVAR aItaú/Natur aItaú/Natur aItaú/Natur NaturaNaturai,ItaúItaúi, aItaú/Natur RRRR n CORRELAÇÃO ENTRE AS AÇÕES ITAÚ E NATURA: 7290,0CORREL 1050,00584,0 0044728,0 CORREL CORREL NaturaItaú, NaturaItaú, NaturaItaú NaturaItaú, NaturaItaú, COVAR Com os resultados das Correlações podemos perceber porque a carteira Itaú/Natura apresentou o melhor resultado. Foi pela maior correlação negativa entre tais ações. Obviamente que é possível montar carteiras com três ou mais ações. Basta encontrar os retornos de cada mês considerando o percentual de cada ativo na carteira e refazer os cálculos de retorno esperado, risco e coeficiente de variação. Por exemplo, se o investidor montar uma carteira com 50% de ações do Itaú, 30% da Gerdau e 20% da Natura, o retorno do mês 1 terá sido: Mês 1 = -0,0580 x 0,50 + 0,1350 x 0,30 + 0,15 x 0,20 = 4,15% Basta fazer o cálculo anterior para os demais meses e, com a série desta carteira formada, encontrar o retorno esperado, o desvio-padrão amostral e o coeficiente de variação.
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