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Texto complementar: O mito do alimento sem química Professor: Luiz Carlos Martins das Neves Existe hoje uma forte tendência à “vilanização” da química. Tal situação leva à propagação de produtos nomeados como “sem química”. Em muito, o papel dos docentes e graduados em áreas relacionadas ao setor de alimentos se mostra crucial para um maior esclarecimento a respeito da importância do estudo dos compostos químicos presentes nos alimentos “in natura” e industrializados. Assim, a busca por uma maior contextualização deste problema e o desenvolvimento de discussões para demonstrar a quantidade de substâncias químicas que estão presentes nos alimentos termina por desenvolver maior senso crítico para o futuro profissional da área de nutrição. Afinal de contas, em um simples mirtilo encontraremos a presença de compostos e ingredientes como benzaldeído, linalol, nonano, pentanal, ácido esteárico, butirato de metilo, ácido aspártico, ácido oleico, sucrose e metilparabeno. Mesmo nunca tendo ouvido falar na maioria destes nomes é importante que se saiba que estes estão presentes em alimentos consumidos e não necessariamente oferecem risco à saúde. Portanto, o termo “sem química” ou frases feitas encontradas em redes sociais como “se não consegue pronunciar o ingrediente, não o ingira” acaba mostrando falta de conhecimento científico sobre a realidade dos alimentos. Por exemplo, a toxicidade do tiopentato de sódio, composto químico usado nas injeções letais dos condenados à morte, é exatamente o mesmo presente nas sementes de maçã, através da substância amigdalina. Obviamente, tendo em vista que ambas as substâncias se mostram tóxicas para uma dose equivalente a 1g por kg de massa corporal, seria necessário um consumo muito elevado de maçãs para se atingir este valor. Além da presença de diferentes compostos químicos de importância nutricional nos alimentos é importante destacar que, em produtos industrializados, diversos compostos químicos serão adicionados por serem fundamentais para ajustar características como sabor, odor e estabilidade. Segundo as definições da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) muitos alimentos industrializados contêm: a) conservantes: substâncias naturais ou artificiais adicionadas a um produto com o propósito de aumentar seu tempo de vida útil protegendo o alimento da ação de micro-organismos ou reações químicas que o tornem impróprio ao consumo; b) corantes: substância ou a mistura de substâncias que possuem a propriedade de conferir ou intensificar a coloração de alimento (e bebida). c) aditivos: qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento. Ao agregar-se poderá resultar em que o próprio aditivo ou seus derivados se convertam em um componente de tal alimento. Esta definição não inclui os contaminantes ou substâncias nutritivas que sejam incorporadas ao alimento para manter ou melhorar suas propriedades nutricionais.
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