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1 Elementos do Direito Penal Aula 05 Romulo Quenehen 2 CONCURSO DE PESSOAS, CONCURSO DE CRIMES E PRESCRIÇÃO Do Concurso de Pessoas (art. 29 ao art. 31) É a reunião de duas ou mais pessoas, consciente e voluntária, para a prática de infrações penais. Requisitos Para que se considere o concurso de pessoas, é indispensável que se cumpram alguns requisitos cumulativamente: a) Pluralidade de agentes (inimputável é computado) b) Relevância causal de cada uma das ações c) Identidade de fato (ou identidade de crime) d) Liame subjetivo ou vínculo psicológico (identidade de vontade) Classificação dos Crimes Quanto ao concurso de pessoas, os crimes são classificados em: a) crimes unissubjetivos (regra): aqueles que podem ser perpetrados por um ou mais agentes, não fazendo o tipo penal qualquer distinção; b) crimes plurissubjetivos: exigem a presença de dois ou mais agentes delitivos. Exemplo: participar de rixa ou associação criminosa. Espécies de Concurso de Pessoas No concurso de pessoas, pode haver dois sujeitos, o coautor e o partícipe. A coautoria ocorre quando todos os agentes praticam a conduta principal (o núcleo do verbo) e executam o crime na totalidade. O partícipe é aquele que pratica uma ação, atua nos bastidores, constitui uma conduta acessória, não pratica o núcleo do verbo. A participação poderá ser moral (induzimento ou instigação) ou material (corresponde ao auxílio – cúmplice). 3 Teoria Adotada pelo CP em Matéria de Concursos de Pessoas O Código Penal, em regra, adota a teoria monista (ou unitária), na qual tanto faz ser participe ou coautor, pois quem de qualquer modo concorrer para o crime, na medida de sua culpabilidade, responderá por essa ação (art. 29, CP). As exceções à teoria monista são: a) cooperação dolosamente distinta (art. 29, §2º, CP): aplica-se ao partícipe e coautor. O agente que se desviar do “plano original” e praticar crime diverso do combinado, por este responderá, enquanto que o outro agente (coautor ou partícipe) responderá pelo crime “originalmente combinado”. A pena poderá ser aumentada de metade caso o resultado mais grave fosse previsível; b) participação de menor importância (art. 29, §1º, CP): aplica-se apenas ao partícipe. Há redução de pena para quem tiver participação de menor importância. É importante também citar a teoria da autoria mediata. O autor mediato (ou indireto) usa um agente para realizar o crime. O executor material, nesse caso, não responderá por nada. É o exemplo do autor imediato que contrata um louco para que mate outra pessoa. O mandante responderá pelo crime. Do Concurso de Crimes (art. 69 ao art. 71) Ocorre quando agente, mediante a prática de uma ou várias condutas, pratica um ou mais crimes. Do Concurso de Crimes (art. 69 ao art. 71) As espécies de concurso de crimes são: a) concurso material (art. 69, CP): duas ou mais condutas geram dois ou mais resultados (pluralidade de condutas e pluralidade de crimes – soma das penas); 4 b) concurso formal próprio (art. 70, CP): uma conduta que gera dois ou mais resultados pretendidos (unidade de conduta e pluralidade de crimes – pena acrescida de 1/6 a 1/2). Exemplo: atropelamento culposo de 3 pessoas; c) concurso formal impróprio (art. 70, CP): uma conduta que gera dois ou mais resultados não pretendidos (unidade de conduta e pluralidade de crimes – as penas serão somadas). Exemplo: um homem dá apenas um tiro, mas tenta acertar duas pessoas; d) crime continuado (art. 71, CP): crimes praticados em condições de forma que as subsequentes são tidas como continuação das anteriores. Exemplo: funcionário que furta diariamente pequenas quantias do caixa da empresa para não despertar desconfiança. Os crimes devem guardar tríplice semelhança de tempo, de lugar e de execução. A pena poderá ser aumentada de 1/6 a 2/3. Sistemas de Aplicação de Pena a) Sistema do cúmulo material: cada delito corresponde a uma pena que será somada com as demais. Aplicada no concurso formal material e imperfeito. b) Sistema de exasperação: a pena a ser aplicada é a do delito mais grave, aumentada de certa quantidade. Aplicada no concurso formal perfeito. Prescrição do Crime Prescrição é a perda do direito de punir ou de executar a pena em razão da inércia do Estado em determinado lapso de tempo. A pretensão punitiva ocorre antes do trânsito em julgado, já a pretensão executória ocorre depois do trânsito em julgado. Os fundamentos principais são os da segurança jurídica, ineficiência estatal e impertinência da sanção penal. 5 Menoridade Relativa e Maioridade Senil (art. 115, CP) Redução pela metade do prazo prescricional se: I) ao tempo do crime, o agente fosse menor de 21 anos; II) ao tempo da sentença, o agente fosse maior de 70 anos. Prescrição em Caso de Concurso de Crimes (art. 119, CP) A prescrição atingirá cada um dos crimes, desprezando-se a soma ou a exasperação das penas. A extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um isoladamente. Crimes Imprescritíveis e Inafiançáveis (art. 119, CP) Racismo (art. 5º XLII, CF) Grupos armados contra o Estado Democrático (art. 5º XLIV, CF) Referências BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. v. 1. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2015. GRECO, Rogério. Curso de direito penal. v. I. 18 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2016.
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