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Universidade Federal do Amazonas – UFAM Instituto de Ciências Exatas – ICE Departamento de Química – DQ Relatório de Química Orgânica Experimental I Manaus – AM 2019 Universidade Federal do Amazonas – UFAM Instituto de Ciências Exatas – ICE Departamento de Química – DQ Alunos: Bianca Melo da Silva Gaspar – 21650357 Evelyn Barreiros Conde de Oliveira – 21553868 Matheus Souza Carneiro – 21551613 Wellerson Medeiros Kanarski – 21602701 Data: 05 / 06 /2019 Professora: Dra. Rita de Cassia Saraiva Nunomura Extração da Cafeína Manaus – AM 2019 1. INTRODUÇÃO A cafeína é uma droga psicotrópica do grupo dos estimulantes do sistema nervoso central. Ela é um composto químico de fórmula C8H10N4O2 e é classificado como alcaloide, pertencente ao grupo das xantinas e designado quimicamente como 1,3,7-trimetilxantina. (GUERRA, 2000) A cafeína está presente em plantas amplamente distribuídas nas várias regiões geográficas. É encontrada em diversos grãos e folhas, como por exemplo no guaraná em pó e nas folhas utilizadas para preparar chá preto. Em geral, os seus efeitos sobre o organismo consistem em aumentar o estado de alerta e reduzir a sensação de fadiga, podendo aumentar a capacidade para realizar determinadas tarefas. O chá preto é uma das bebidas mais consumidas no mundo. Essa bebida é feita a partir da infusão de folhas processadas de Camellia sinensis, que é cultivada em mais de 30 países. Possui ação contra os radicais livres, tem potencial anticarcinogênico e antimutagênico. (LIANG,1999) O chá preto é uma das fontes de cafeína mais utilizadas no mundo. Outra fonte de cafeína é o guaraná em pó. Paullinia cupana, ou simplesmente guaraná, pertence a família Sapindaceae, é uma trepadeira lenhosa originária da Amazônia Central, podendo atingir 10 metros de altura, gerando cachos com até 50 frutos, cada qual com uma a três sementes. Estas são valorizadas por seu alto conteúdo de cafeína, que pode variar de 2,5 e 6%, e ainda por seus efeitos estimulatórios quando consumidas como bebida; O conteúdo de cafeína do guaraná é significativamente maior (4 vezes) que o do café, 10 vezes maior do que o do chá, e 30 vezes maior do que o do cacau (EDWARDS et al., 2005). Porém, para obter a cafeína é necessário realizar processos de purificação, que envolvem tanto a destilação da matéria prima a ser utilizada, que nesse caso será o chá preto e o guaraná em pó, quanto os processos de partição utilizando solventes e posteriormente realizar os cálculos para verificar o rendimento de cada procedimento. 2. MATERIAIS E REAGENTES Manta aquecedora; Béqueres de 250 mL; Funil de separação de 250 mL; Funil simples; Provetas de 100 mL; Bastão de vidro; Tesoura; Suporte universal; Papel de filtro; Espátula; Balança analítica; Frasco Âmbar; Balão de destilação de 500 mL; 2 saches de chá preto 100g de pó de guaraná 20g sulfato de sódio anidro 1L agua destilada 600mL Diclometano P.A 150mL Hidróxido de Sódio 150mL hexano 100mL de isopropanol 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 3.1. EXTRAÇÃO DA CAFEINA POR INFUSÃO (CHÁ PRETO) 1. Aqueceu-se com o auxílio de uma manta aquecedora cerca de 150 mL de água em um béquer de 250 mL; 2. Pesaram-se dois sachês de chá preto com frutas vermelhas da marca Mate Leão (amostra A) e dois saches de chá preto da marca Dr. Oetker (amostra B), desprezado o envoltório que retém o conteúdo e anotou-se o valor; 3. Acrescentou-se 2 saches de cada amostra em 2 bequeres diferentes com agua fervida e marcou-se 5 minutos para passar para a próxima etapa; (todas as etapas foram realizadas com as duas amostras separadamente). 4. Resfriou-se o bequer em banho de gelo, até a temperatura ambiente; 5. Em seguida, filtrou-se por filtração simples ajustando o funil de separação com um suporte universal e usando um papel de filtro; 6. Após a filtração obteve-se cerca de 100 mL de chá preto filtrado, em seguida fizeram-se três filtrações sequenciais do filtrado em 20 mL de Diclometano P.A, em um funil de separação retirando-se sempre a pressão do recipiente, abrindo cuidadosamente a tampa do funil. 7. Agitou-se suavemente o sistema algumas vezes e retirou-se cuidadosamente o Diclorometano; 8. Realizou-se duas adições sequenciais de 20 mL de solução de Hidróxido de Sódio (NaOH), “lavagens”, em um funil de separação, agitando suavemente o sistema e retirando a pressão abrindo a tampa do funil; 9. Em seguida retirou-se o Diclorometano abrindo cuidadosamente a torneira do funil de separação; 10. Realizou-se novamente uma “lavagem”, usando-se 10 mL de água destilada, e retirou-se o Diclorometano; 11. Em um funil colocou-se um novo papel de filtro e adicionaram-se algumas gramas de sulfato de sódio anidro e realizou-se uma filtração simples; 12. Pesou-se um balão de fundo redondo de 500 mL e anotou-se o resultado; 13. Após a filtração simples, colocou-se a solução em no balão de fundo redondo de 500 mL e fez-se o método de “Banho Maria” para solubilizar a cafeína e pesou-se o balão; 14. Pesou-se um frasco âmbar e anotou-se o resultado; 15. Acrescentou-se ao balão cerca de 5 gotas de hexano; 16. Então, transferiu-se a cafeína cristalizada para o frasco âmbar já pesado; 17. Em seguida, pesou-se o valor do frasco; 18. Anotou-se o peso de um novo papel de filtro e em seguida realizou-se uma filtração a frio da cafeína cristalizada com o isopropanol e logo após a filtração pesou-se o papel de filtro; 3.2. EXTRAÇÃO DA CAFEINA POR SOXHLET (PÓ DE GUARANÁ) 1. Em um sistema Sorhlet acrescentou-se Diclorometano até a metade do balão de fundo redondo que se encontrava em aquecimento por meio de uma manta aquecedora, ligada na sua potência mínima; 2. Acrescentou-se ao cartucho do sistema cerca de 40 g de pó de Guaraná que encontrava-se envolvido com papel de filtro; 3. Fizeram-se duas filtrações sequênciais do filtrado em 20 mL de solução de Hidróxido de Sódio (NaOH), “lavagens”, em um funil de separação, agitando suavemente o sistema e retirando a pressão abrindo a tampa do funil, tudo isso com cuidado; 4. Em seguida retirou-se o Diclorometano abrindo cuidadosamente a torneira do funil de separação; 5. Realizou-se novamente duas “lavagens”, usando-se 10 mL de água destilada, e retirou-se o Diclorometano; 6. Em um funil colocou-se um novo papel de filtro e adicionaram-se algumas gramas de sulfato de sódio anidro e realizou-se uma filtração simples; 7. Pesou-se um balão de fundo redondo de 500 mL e anotou-se o resultado; 8. Levou-se o balão ao rotoevaporador por 20 minutos para eliminar o diclorometano presente; 9. Transcorrido o tempo, acrescentou-se ao balão cerca de 100 mL de isopropanol vagarosamente; 10. Levou-se o frasco para o rotoevaporador para diluir a cafeína no isopropanol adicionado a quente; 11. Após a diluição, adicinou-se 5 gotas de hexano, tampando o frasco e levando-o ao congelador por 1 hora; 12. Filtrou-se a cafeína que recristalizou com isopropanol a frio em um papel de filtro já pesado; 13. Levou-se o papel a estufa e então, realizou-se uma nova pesagem do papel de filtro; 4. RESULTADOS E DISCUSÕES 4.1 EXTRAÇÃO DA CAFEINA POR INFUSÃO (CHÁ PRETO) Utilizando o chá preto A com massa de 5,331 ± 0,02g e o chá preto B com massa de 4,103 ± 0,02g(referentes a 2 sachês), realizou-se o processo de extração por indução. Nas amostras de chá diluído, adicionou-se o diclorometano pois, devido sua polaridade, a cafeína apresenta alta solubilidade neste solvente, assim como outros taninos e outros flavonoides, com isso foi possível separar a cafeína de outros compostos presentes no chá preto, comocelulose e óleos essencias. Através desse método, o coeficiente de distribuição da solução é alterado, com isso foi possível observar duas fases presentes no funil de destilação. Como o diclorometano apresenta maior densidade, a fase inferior(DCM) foi recuperada e a fase superior descartada. Em seguida, afim de retirar impurezas que tambem são solúveis no DCM assim como a cafeína, lavou-se a solução com NaOH, visto que o NaOH reage com os flavonoides tansformando-os em um sal solúvel na fase aquosa, como mostrado na reação a seguir. Lavou-se a solução com água para remoção de substâncias soluveis tais como os sais formados na reação com o NaOH. Após esse processo, foi feita a remoção da água por ação direta utilizando o agente secante Sulfato de Sódio Anidro. Na2SO4 + 10 H2O → Na2SO4.10 H2O Depois de filtrado, a solução foi levada ao rotoevaporador para concentração da amostra que consiste em separar a cafeína do solvente (DCM). A cafeína foi armazenada em um frasco âmbar e solublizada com isopropanol a frio para não solubilizar a caféina e retirar as impurezas restantes. Em seguida, realizou-se o processo de recristalização com adição de 5 gotas de Hexano PA como catalisador, e levou-se ao congelador por 1 hora. O valor da massa do papel filtro A, antes de receber a amostra, era de 2,51 ± 0,02g e do papel filtro B de 2,42 ± 0,02g. Após filtradas as amostras e secas em estufa, a massa do papel filtro A foi de 3,23 ± 0,02g e do papel filtro B de 3,24 ± 0,02g. Com isso, obteve-se um total de 0,72 ± 0,02g de cafeína na amostra A e 0,82 ± 0,02g de cafeína na amostra B. O rendimento percentual foi calculado pelos valores da massa da cafeína encontrada e a massa da amostra utilizada. Amostra A Massa Cafeína: 0,72g Massa Amostra: 5,33g R% = 𝑴𝒂𝒔𝒔𝒂 𝑪𝒂𝒇𝒆í𝒏𝒂 𝑴𝒂𝒔𝒔𝒂 𝑨𝒎𝒐𝒔𝒕𝒓𝒂 x 100% R% = 0,72𝑔 5,33𝑔 x 100% ≅ 13,5% Amostra B Massa Cafeína: 0,82g Massa Amostra: 4,10g R% = 0,82𝑔 4,10𝑔 x 100% ≅ 20% 4.2 EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA A PARTIR DO GUARANÁ EM PÓ Utilizando 40 ± 0,02g de Guaraná em Pó, pelo método de extração por Soxhlet, obteve- se um total de 1,59 ± 0,02g de cafeína. O processo de extração por Soxhlet segue o mesmo processo da extração por infusão que foi realizado anteriormente com o Chá Preto, diferenciando-se, apenas, no processo inicial em que, o DCM é adicionado lentamente a amostra de guaraná para solubilização da cafeína. O rendimento percentual foi calculado pelos valores da massa da cafeína encontrada e a massa do guaraná utilizada. Assim temos: Massa Cafeína: 1,59g Massa Guaraná: 40g R% = 𝑴𝒂𝒔𝒔𝒂 𝑪𝒂𝒇𝒆í𝒏𝒂 𝑴𝒂𝒔𝒔𝒂 𝑮𝒖𝒂𝒓𝒂𝒏á x 100% R% = 1,59𝑔 40𝑔 x 100% ≅ 3,96% 5. CONCLUSÃO De acordo com a literatura a cada 200ml de chá preto (equivalente a 1 sachê de chá preto) é possivel encontrar de 30 a 60mg de cafeína, com isto, neste experimento não foi possível calcular o teor de cafeína nas amostras de chá preto, por um possível erro de manipulação do material ocasionando valores que não condizem com a realidade, uma vez que, baseando-se neste experimento cada sachê de chá preto analisado teria em média 400mg de cafeína, cerca de 10 vezes a mais que o valor médio encontrado na literatura e que, de acordo com OMS (Organização Mundial da Saúde) é o limite máximo de cafeína a ser ingerido diariamente por um adulto de peso médio igual a 75 kg, para não sofrer intoxicaçao por cafeína. Através da extração por Soxhlet foi possível encontrar o teor de cafeína na mostra de guaraná em pó de 3,96%, valor que condiz com os valores médios da literatura. Apesar de não ter sido possível calcular o valor correto de cafeína através da técnica de infusão foi possível concluir que a técnica de Soxhlet é mais vantajosa quanto ao rendimento visto que tal técnica é de extração continua, porém a desvantagem deste método com o método aplicado com o chá preto é a grande quantidade de regente necessário para extração, que se agrava ainda mais neste caso pois o reagente utilizado é um organoclorado (DCM). 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] EDWARDS, H. G. M.; FARWELL, D. W.; OLIVEIRA, L. F. C.; ALIA, J. M.; LE HYARIC, M.; AMEIDA, M. V. FT-Raman spectroscopic studies of guarana and some extracts. Analytica Chimica Acta, Amsterdan, v. 532, p. 177-186, 2005. [2] LIANG et al., 1999; CATTERALL et al., 2003) e capacidade para reduzir doenças cardiovasculares (DUFFY et al., 2001) LIANG, Y.C. et al. Suppression of extracellular signals and cell proliferation by the black tea polyphenol, theaflavin-3,3´- digallate. Carcinogenesis, Oxford, v.20, n.4, p.733-736, [3] 1999.GUERRA, Ricardo Oliveira; BERNARDO, Gerlane Coelho; GUTIERREZ, Carmen Villaverde.Cafeína e esporte. Rev Bras Med Esporte, Niterói , v. 6, n. 2, p. 60-62, Apr. 2000 . [4] BRENELLI, E.C.S.et al. A extração de cafeína em bebidas estimulantes - uma nova abordagem para um experimento clássico em química orgânica. Quím. Nova vol.26 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2003.
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