Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVESIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM QUÍMICA DISCIPLINA DE QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR DR ARTHUR EUGEN KUMMMERLE VERÔNICA JOYCE VIEIRA DA SILVA EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA DO CHÁ PRETO (Camellia sinensis (L.) Kuntze) Seropédica, RJ Julho/2022 INTRODUÇÃO O presente trabalho foi realizado no laboratório de Química Orgânica da Universidade Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro – UFRRJ, Campus Seropédica, através de uma técnica de extração da cafeína do chá preto (Camellia sinensis (L.) Kuntze). As técnicas aplicadas foram as de Extrações a quente sob refluxo e Métodos de extração líquido/líquido. O composto foi extraído da sua fase aquosa, seguindo os procedimentos descritos no protocolo 01, e por fim, obteve-se um pó branco e brilhante. Nesta experiência, teve-se como objetivo geral a extração e isolamento da cafeína do chá preto, e como objetivos específicos, obter o extrato vegetal de uma fonte rica em cafeína , concentrar a fase orgânica obtida, calcular a quantidade de cafeína obtida e o rendimento da mesma. REFERENCIAL TEÓRICO DO EXPERIMENTO Atualmente, os principais chás provenientes das folhas da árvore Camellia sinensis (L.) Kuntze são: chá verde, chá branco, chá vermelho e o chá preto. A diferença entre eles está no grau de fermentação, na forma em que as folhas são processadas e na época em que são colhidas. Para Florien (2017), a altitude, o solo e o clima também têm um considerável efeito sobre o sabor. O chá branco não contém cafeína e é o menos processado e oxidado de todos, possuindo mais polifenóis e catequinas, substâncias antioxidantes. Já o chá preto é o mais oxidado, com um alto teor de cafeína e menor quantidade de nutrientes. Tabela 1 – Informações gerais do chá preto. Fermentação Eliminação de Enzima Polifenóis (média) Taninos (média) Cafeína (média) 95% Não 14% 9% 1,8% Fonte: http://florien.com.br/wp-content/uploads/2017/05/CAMELLIA- SINENSIS.pdf A cafeína (3,7-diidro-1,3,7-trimetil-1H-purina-2,6-diona) pura é uma substância branca de sabor amargo. Estruturalmente está relacionada às bases purínicas que fazem parte dos ácidos desoxirribonucleicos (DNA). Um grande número de plantas contém cafeína, http://florien.com.br/wp-content/uploads/2017/05/CAMELLIA-%20SINENSIS.pdf encontrada naturalmente em grãos de café (Coffea arabica), folhas de chá (Camellia sinensis), semente do fruto do cacaueiro (Theobroma cacao ), na noz-de-cola (Cola acuminata) e outras fontes vegetais, principalmente da América do Sul como folhas de mate (Ilex paragua risiensis) e sementes de guaraná (Paullinia cupana). Para Burreson; Le Couteur (2006) a cafeína é o terceiro alcaloide associado às Guerras do Ópio, e também uma droga psicoativa, sendo adquirida sem grandes restrições em qualquer lugar do mundo. Simões et al (2012) complementa que, é um estimulante natural, única por ter a maior produção mundial (cerca de 150 mil toneladas) e também por ser uma das raríssimas drogas legalizadas e sem controle de produção. Existe a presença de cafeína em vários alimentos industrializados como chocolates e refrigerantes de cola. Na indústria farmacêutica, analgésicos a contém como ingrediente ativo, sendo esses medicamentos para alívio de dores de cabeça e enxaqueca, ao exemplo, Sonridor Caf. Atua sobre o Sistema Nervoso Central (SNC) como estimulante, principalmente nos fenômenos psíquicos; trabalho intelectual, agudez de percepção e memória. Simões et a l (2012, p . 6) completa a lista de benefícios afirmando que a cafeína cria maior disposição, melhoria geral na coordenação motora do usuário, estímulo do metabolismo, redução da fadiga muscular e aceleração do ritmo cardíaco. Ela é metabolizada no fígado e, tem uma meia-vida de cerca de 3-6 horas. Como a morfina e a nicotina, a cafeína também é um composto viciador. Entre os sintomas de abstinência estão dores de cabeça, fadiga e sonolência. O abuso pode promover ainda graves perturbações como ansiedade, palpitações, taquicardia, agitação, e , em doses mais elevadas, alucinações, restrição ao sono, vômitos e diarreia. Ratificando Burreson; Le Couteur (2006), a cafeína é eliminada do corpo de maneira relativamente rápida, embora poucos de nós tenhamos intenção de abandonar esse que é o vício predileto da humanidade. Para esse procedimento, o maior problema no isolamento da cafeína (5% no peso das folhas de chá) é o acompanhamento de um conjunto de componentes químicos da s quais ela precisa ser separada. A celulose é o principal componente das folhas, sendo o principal material constituinte de todas as células vegetais. Como a celulose é praticamente insolúvel em água, ela não apresenta problemas no processo de isolamento. Cafeína, por outro lado, é solúvel em água e uma das principais substâncias extraídas da solução de chá preto, por exemplo. Tabela 2 – Componentes químicos do chá. CELULOSE É o principal componente das folhas, mas é insolúvel em água e, portanto não apresenta problemas para ser isolado. CLOROFILA Responsável pela fotossíntese e cor verde das plantas; É parcialmente solúvel e m diclorometano e muito mais solúvel em água que a celulose; A extração com CH2Cl2 permite obter cafeína quase pura com uma coloração ligeiramente esverdeada, devido à presença de clorofila. TANINOS Compostos coloridos que devido à presença d os grupos fenólicos em sua estrutura são ácidos; São mais solúveis em CH2Cl2 que em água; Na presença de base há formação de sal (fenóxidose, carboxilatos, mais solúveis em água que em CH2Cl2). FLAVONOIDES São pigmentos coloridos que de caráter ácido; São mais solúveis em CH2Cl2 que em água; Na presença de base há formação de sal. INFUSÃO – É o processo de extração de compostos químicos ou sabores de materiais vegetais utilizando -se um solvente, tal como água, óleos ou álcoois, permitindo que o material vegetal permaneça suspenso no solvente por certo período de tempo. Infusão também é o nome do líquido resultante desse processo. EXTRAÇÃO COM SOLVENTES – Separar a substância orgânica da solução aquosa. EXTRAÇÃO MÚLTIPLA – Utilizado um solvente extrator, o diclorometano, já que a cafeína apresenta alta solubilidade no solvente bem como os taninos e flavonoides, que são eliminados por extração quimicamente ativa. EXTRAÇÃO QUIMICAMENTE ATIVA – Neste tipo de extração, um composto é alterado quimicamente a fim de mudar o coeficiente de distribuição nos dois solventes. SECAGEM – Remoção d a água de mistura de líquidos orgânicos, utilizando, por ação direta, uma substância secante . O agente secante utilizado é o sulfato de sódio anidro. É necessário que o agente secante não reaja com nenhum componente da mistura e não se dissolva no produto. Na2SO4 + 10 H2O Na2SO4.10H2O MATERIAIS E MÉTODOS Materiais e Reagentes Os reagentes utilizados na prática experimental foram cloreto de sódio (NaCl), carbonato de cálcio (CaCO3), sulfato de sódio anidro (Na2SO4) e diclorometano ou cloreto de metileno (CH2Cl2). Também folhas de chá preto (Camellia sinensis (L.) Kuntze) e água destilada (H2O). Os materiais utilizados foram balão de destilação, 5 pedrinhas de porcelana, béquer, erlenmeyer, espátula, funil de haste longa, funil de separação, pisseta, papel filtro , algodão, manta aquecedora e balança analítica. Métodos 1. Adicionar aum balão de fundo redondo de 250 mL: 5 g de folhas de chá preto e 2,5 g de CaCO3, e acrescentar 150 mL de água destilada e 5 pedrinhas de porcelana; 2. Colocar o condensador de refluxo e aquecer a mistura à ebulição durante 30 minutos; 3. Filtrar em funil de Buckner acoplado a um kitassato, a pressão reduzida para remover o restante da massa de chá preto que não será utilizada; 4. Transferir o filtrado para um Erlenmeyer e adicionar 5 g de NaCl ao filtrado e agitar; 5. Transferir a solução para uma ampola (funil) de decantação e extrair a cafeína em duas etapas com 2 (duas) porções de 15 mL de CH2Cl2; 6. Recolher a fase orgânica (fase inferior) em um bécher de 50 mL e adicionar 2 g de MgSO4 anidro a esta fase recolhida (fase orgânica). Agitar vigorosamente durante 10 minutos, de forma a absorver alguma água que ainda persista; 7. Proceder a uma filtração simples, transferindo a solução resultante para um outro bécher, este previamente tarado (você precisará desse valor para calcular o rendimento de extração); 8. Deixar evaporar o diclorometano até aproximadamente 5 mL e aquecer cuidadosamente em chapa de aquecimento até a formação de cristais; 9. Pesar o bécher e determinar o % (m/m) de cafeína contida na massa de chá preto utilizada; 10. Determinar o ponto de fusão do sólido obtido. RESULTADOS E DISCUSSÕES O ingrediente ativo que torna o café, chocolate, refrigerantes de cola, e o chá tão prazeroso para o homem é cafeína . Este é um alcaloide, pertencente ao grupo das xantinas – as metilxantinas, uma classe de compostos que contém nitrogênio e tem as propriedades de uma base orgânica amínica (alcalina, ou seja, alcaloide). Para Cunha et al (sem data), as xantinas, na forma de suas plantas progenitoras, são possivelmente conhecidas mais antigamente como estimulantes. A cafeína é mais solúvel em água quente , também no clorofórmio, benzeno e insolúvel e m éter de petróleo. Por ser uma base fraca, seus sais s e dissociam facilmente na água. Pode ser descrita como um pó branco ou cristais aciculares brilhantes. É facilmente sublimável sob a ação do calor. Estrutura da cafeína (1,3,7 – trimetilxantina) Tabela 3 – Propriedades da cafeína. Fórmula estrutural C8H10N4O2 Peso molecular 194,19 u Densidade 1,23 g/mL Ponto de fusão 238° C Solubilidade em água 1/46 mL Como dito, anteriormente, o chá possui outro componentes, e estes são igualmente extraíveis da solução. Quando a extração é realizada a través da água quente, os taninos hidrolisáveis são parcialmente hidrolisado s, significando que o ácido gálico livre é também encontrado no chá. Os taninos, por causa dos grupos fenólicos, e o ácido gálico, por causa do grupo carboxílico, são chamados ácidos. Assim, para que estes componentes de características ácidas sejam isoladas, é adicionada uma solução básica de carbonato de cálcio (Ca2CO3) ao chá preto. Este procedimento converteu os componentes em sais de cálcio. O carbonato de cálcio quando em solução dissocia-se, liberando íons Ca 2+. Os taninos e o ácido gálico, que possuem certas solubilidades em diclorometano, quando reagem com o Ca2+ formam sais insolúveis e precipitam, sendo facilmente removidos por filtração. Ca2CO3 Ácido tânico Sais de cálcio A cor marrom da solução d o chá preto é devido aos pigmentos flavonoides e clorofilas e seus respectivos produtos de oxidação. Embora a clorofila seja solúvel em diclorometano, a maioria das outras substâncias n o chá não é , os sais de ácido gálico e os taninos. Então, a extração com diclorometano da solução básica d e chá remove quase toda a cafeína pura. O diclorometano é facilmente removido por destilação (ponto de ebulição igual a 40° C) deixando apenas a cafeína. Assim, pode ser então, purificada por recristalização ou sublimação. A água presente em solução pode formar emulsão ( mistura entre dois líquidos imiscíveis em que um deles, a fase dispersa, encontra -se n a forma de finos glóbulos presente na camada orgânica inferior, a fase contínua, formando uma mistura 10 estável). Então, o sulfato de sódio anidro pode ser utilizado para retirar a água da solução, desfazendo, desta forma, a emulsão. Para quebrar a emulsão, em alguns casos, basta deixar a mistura em repouso por alguns minutos. Em outros, a emulsão persiste por horas e dias. Neste caso, o processo pode ser acelerado por adição de agentes antiemulsificantes. Uma das causas da formação está relacionada com a diferença muito pequena de densidade entre duas fases (orgânica e aquosa). A adição de uma substância capaz de aumentar a diferença de densidade contribui para quebrar a emulsão. A adição de cloreto de sólido , por exemplo, aumenta a densidade, enquanto a adição de solventes orgânicos miscíveis em água, como o etanol, tende a diminuir a densidade. Cálculo da quantidade de cafeína obtida e rendimento A massa de cafeína extraída pode ser calculada a través dos valores obtidos do béquer vazio e com o produto. Massa da cafeína obtida = Massa do conjunto Massa do béquer + cafeína – Massa do béquer 70,00 g – 70,05 g Massa cafeína obtida = - 0,05 g Tendo conhecimento da quantidade de cafeína existente e d a amostra que foi utilizada, pode-se calcular por uma simples regra de três o percentuais de cafeína. 1,8 g da amostra 100% - 0,05 g de cafeína x x = - 2,77% O cálculo do rendimento não foi o esperado. Na realização de um trabalho experimental, é normal deparar-se com erros associados a medições efetuadas, assim como a m edição de massas, volumes, e equipamentos do laboratório que não são devidamente precisos. Porém, no final do experimento, ficou perceptível que a cafeína foi extraída. CONCLUSÃO Os resultados esperados referente a extração da cafeína, seguindo os procedimentos enunciados anteriormente , não foram obtidos com êxito, ou por erro do operador, o u falha da balança analítica, visto que o peso final obtido foi menor que o peso inicial da vidraria . Porém, obteve-se através de cálculos uma quantidade negativa de 2,77 % de cafeína presente em uma amostra de 1,8% no chá preto. Contudo, a cafeína não foi obtida de forma pura, embora tivesse como característica cristais brancos no fundo do béquer. BIBLIOGRAFIA Livros BURRESON, J.; LE COUTEUR, P. Os Botões de Napoleão: As 17 Moléculas que Mudaram a História. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. p. 225-246. Sites ALMEIDA, L. A. Extração da Cafeína. Universidade do Estado do Amapá, Macapá, 2013. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfudcAA/extracao- cafeina#> CORSO, D. L. S.; LOPES, E. C. S. Química Orgânica Experimental I: Extração e Purificação da Cafeína. Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2010. Disponível em: <http://cempeqc.iq.unesp.br/Jose_Eduardo/Semin%C3%A1rios%202010/P11_GRUPO 03_BAC_2010.pdf> CUNHA, G. et al. Prática de Química Orgânica Aplicada À Biot ecnologia: Isolamento da Cafeína do Chá. Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABr78AF/pratica-f inal-isolamento-cafeina#> FLORIEN. Camellia sinensis. Piracicaba – SP, 2017. Disponível em: <http://florien.com.br/wp-content/uploads/2017/05/CAMELLIA-SINENSIS.pdf> SIMÕES, M. B. et al. Extração da Cafeína do Chá. Universidade Estadual Paulista, São Paulo,2012. Disponível em: <http://www.cempeqc.iq.unesp.br/Jose_Eduardo/Blog/Extracao_da_cafeina_2012.pdf> FERREIRA,Igor. Relatório Recristalização e Ponto de Fusão da Cafeína extraída do Chá-preto Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/52614832/relatorio- de-qo-i-extracao-da-cafeina-do-cha-preto>
Compartilhar