Buscar

pedagogia hospitalar

Prévia do material em texto

1.ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR: Ética e respeito ao aluno em 
tratamento de saúde/hospitalizado. 
 
O Ambulatório de Hemato-Onco-Pediatria do Hospital de Clínicas da 
Universidade Federal do Paraná – HC/UFPR é um dos espaços físicos 
utilizados pelo Programa de Escolarização Hospitalar que serve como exemplo 
de ética pública e social, refletindo a responsabilidade pelo bem dos 
alunos/pacientes, pois garante a eles o direito da continuidade de seus 
estudos, mesmo estando impossibilitados de freqüentar a escola regular. O 
Programa tem como objetivo além de cumprir a legislação, oferece atividades 
de ensino-aprendizagem, e o convívio com conteúdos e com a dinâmica da 
realidade escolar, o que traz inúmeras vantagens para sua recuperação, nos 
aspectos da saúde, emocional e educacional. Médicos relatam diminuição no 
uso de analgésicos nos pacientes que recebem atendimento pedagógico. As 
escolas que acolhem os alunos/pacientes atendidos pelo Programa, elogiam o 
acompanhamento curricular, realizado por estes, sem defasagens 
significativas. O programa oferece a estas crianças e adolescentes, no contexto 
hospitalar, a vivência de uma intensa, comprometida e prazerosa experiência, 
proporcionando a eles, no retorno a suas escolas, o conforto de se sentirem 
adaptados e felizes. A existência e o sucesso do Programa em nossa cidade se 
devem a preocupação com a ética do consenso nas atitudes da Secretaria 
Municipal de Educação de Curitiba, das Equipes de Humanização e da 
Diretoria dos Hospitais da cidade, preocupação esta, que se estende às 
equipes multiprofissionais que atuam nas unidades pediátricas destes 
ambientes. A Escolarização Hospitalar representa um catalisador das 
necessidades curriculares, além de suprir as necessidades emocionais dos 
alunos/pacientes, oferecendo à eles a oportunidade de continuar seus estudos, 
conviver com colegas e com a realidade escolar, retornando para a escola em 
equilíbrio e valorizado, o que resulta da segurança e da consciência de que não 
foram privados de seus direitos de criança e de adolescente durante o 
tratamento de saúde. 
Segundo LIBÂNEO, a educação é [...] o sentido de ações, processos 
influências, estruturas, que intervêm no desenvolvimento humano e indivíduos 
e grupo na sua relação ativa com muito natural e sócia, num determinado 
contexto de relação entre grupos e classes sociais [...](2008, p.30). 
O autor menciona que a educação acontece por diferentes ações na 
sociedade, entende-se que esses processos educacionais acontecem não 
somente na escola. Eles podem ser encontrados em situações fora dela 
.Encontrando-se em outro lugar enfatiza-se que: “O pedagogo fazendo a 
prática social esta exercendo seu papel especifico na sociedade que é o de 
vincular o ato educativo e ato político, a teoria e a pratica de 
transformação”(GADOTTI 1978). 
O sentido da pedagogia diversificou no decorrer das necessidades do 
ser humano, por esse meio o pedagogo encontra-se para orientar aos que 
estão ao seu alcance constituindo uma sociedade melhor realizando esse 
trabalho em ambientes de educação do tipo informal, não formal e formal. 
 
2- SURGIMENTO DA PEDAGOGIA HOSPITALAR 
 
 
Gonzalez Apud Spilz (2007, pg. 346), que em 1930, antes ou depois da 
segunda guerra mundial onde houve milhares de crianças hospitalizadas. Com 
grande interesse na psicopatologia da criança, destaca-se a importância da 
efetividade para a criança durante o tratamento, que elas reivindicavam com 
grande ansiedade e insistência a figura materna, não precisa ser 
necessariamente a mãe e que se dedicasse a dar carinho e amor, pois ao 
contrário caiam então na chamada depressão analítica é graves alterações que 
sofrem a criança em seu quadro psicológico e de saúde por estarem separadas 
do seu meio familiar. 
 
“As crianças mais afetadas pela hospitalização costumam se 
desenvolver alterações psicopatológicas e características 
graves, como imaturidade afetiva e perturbações na 
identificação. A situação das crianças hospitalizadas durante a 
segunda guerra mundial chegou a tal extremo que Spitz criou o 
termo “síndrome hospitalar”, entre tantos outros traços, próprios 
da “síndrome hospitalar”, verificou que as crianças 
hospitalizadas, muito mais do que comida reivindicavam com 
grande insistência e ansiedade presença de figura terna, 
delicada e que desse carinho a elas, pois, do contrario caiam 
na depressão analítica “(Gonzalez, 2002). 
 
Percebe-se que acriança já esta sendo reconhecida como um ser em 
fase de aprendizagem necessitando de atenção na hora da hospitalização. A 
criança sente-se em um local desconhecido, mais eis aqui uma preocupação 
que vem de observação das crianças hospitalizadas desde o período da guerra 
até hoje, como é visível no programa de escolarização, o processo com as 
professoras são rigorosamente selecionadas e direcionadas a trabalhar nas 
unidades. Essa necessidade de pessoas afetivas eduque essas crianças não 
se pode confundir, entretanto com a própria identidade profissional da 
professora, mais sim com a saúde da criança hospitalizada. 
2.2 ESPAÇOS FÍSICOS DO PHE 
 
O espaço foi cedido pela direção do hospital em 2007, este espaço ao 
lado do hospital foi destinado a organização e gerenciamento do programa. 
Contém nesse espaço sala dos professores, copa, almoxarifado, uma sala para 
atendimento as classes de ensino fundamental séries iniciais (1° ao 5° ano) e 
uma para fundamental ( 6 ao 9 ano), ensino médio e EJA, há espaço da 
biblioteca, o hospital disponibiliza uma linha telefônica e um computador com 
internet para uso do PHE. 
A preocupação em disponibilizar um espaço como se fosse à escola, 
uma verdadeira escola dentro do hospital, para tornar todo o trabalho 
agradável. 
Segundo a pedagoga o atendimento nos setores de pediatria ocorre nos 
leitos ou em espaços que podem ser adaptados como salas para classe 
hospitalar. As aulas que acontecem nos leitos são para as crianças e ou 
adolescentes impossibilitados de se locomover. Já os que podem sair do leito, 
recebem aula no refeitório adaptado pela professora. Futuramente a destinação 
de uma sala para o PEH em cada setor, já ocorre em alguns setores. 
 
 
metologia 
 
Tentar definir pedagogia hospitalar poderá nos trazer alguns 
esclarecimentos quanto à função e possíveis contribuições do professor no 
hospital. Poderá também nos ajudar a analisar sua formação e sua preparação 
para atuar com crianças nesse ambiente visivelmente diferente da sala de aula. 
Podemos entender pedagogia hospitalar como uma proposta 
diferenciada da pedagogia tradicional, uma vez que se dá em âmbito hospitalar 
e que busca construir conhecimentos sobre esse novo contexto de 
aprendizagem que possam contribuir para o bem-estar da criança enferma. 
A contribuição das atividades pedagógicas para o bem-estar da criança 
enferma passa por duas vertentes de análise. A primeira aciona o lúdico como 
canal de comunicação com a criança hospitalizada, procurando fazê-la 
esquecer, durante alguns instantes, o ambiente agressivo no qual se encontra, 
resgatando sensações da infância vivida anteriormente à entrada no hospital. 
Essa vertente procura distrair a criança e, muitas vezes, o que consegue é 
irritá-la, e certamente não contribui para que ela reflita sobre a própria 
experiência e aprenda com ela. A segunda trabalha, ainda que de forma lúdica, 
a hospitalização como um campo de conhecimento a ser explorado. Ao 
conhecer e desmitificar o ambiente hospitalar, ressignificando suas práticas e 
rotinas como uma das propostas de atendimento pedagógico em hospital, o 
medo da criança, que paralisa as ações e cria resistência, tende a 
desaparecer, surgindo, em seu lugar, a intimidade com o espaço e a confiança 
naqueles que ali atuam. 
professor necessita ser de ressignificação daquele espaço para a 
criança enferma. Porém, nada impedirá que este seja, simultaneamente, um 
espaço educativo (nosentido amplo do termo), e mais tarde, para crianças que 
permaneçam por longo tempo, um espaço escolar, com a incorporação e 
acompanhamento dos conteúdos escolares da série em que a criança se 
encontra matriculada. A partir do contato com a professora dava escola, ou na 
dificuldade de estabelecer contato com a instituição, os conteúdos poderão ser 
elaborados pelo próprio professor, de acordo com o nível de conhecimento e 
aprendizagem identificado na criança hospitalizada. 
Embora a grande maioria de professores que atuam com crianças em 
hospitais possua formação em nível de pós-graduação na área educacional, 5 
a formação em serviço é, indubitavelmente, o que tem assegurado um nível de 
qualidade crescente nessa modalidade de atendimento pedagógico, uma vez 
que não existe um curso, reconhecido pelo MEC, voltado para esse tipo de 
profissionalização. Mas apenas isso não basta. Precisamos garantir maiores e 
melhores condições de acompanhamento pedagógico-educacional à clientela 
infanto-juvenil internada, o que certamente virá com a formação específica de 
profissionais nessa área de conhecimento. 
O ofício do professor no hospital apresenta diversas interfaces (política, 
pedagógica, psicológica, social, ideológica), mas nenhuma delas é tão 
constante quanto à da disponibilidade de estar com o outro e para o outro. 
Certamente, fica menos traumático enfrentar esse percurso quando não se 
está sozinho, podendo compartilhar com o outro a dor, por meio do diálogo e 
da escuta atenciosa. 
Durante o tempo de hospitalização, o volume de informações a que as 
crianças e seus acompanhantes estão submetidos precisam ser trabalhado de 
modo pedagógico num contexto de atividades de socialização das crianças e 
de seus conhecimentos, sejam eles escolares, informais ou hospitalares (no 
caso das crianças reincidentes ou com maior tempo de internação). A criança 
aprende a criar mecanismos para minimizar a sua dor, e esses mecanismos 
podem ser socializados e até utilizados por outras crianças. Essa também é 
uma prática educativa, mediada pelo indivíduo mais experiente da cultura. 
O importante é perceber a criança e seus familiares como seres 
pensantes que, quando chegam ao hospital, já trazem histórias de vida, 
conhecimentos prévios sobre o que é saúde, doença, e sobre sua ação nessa 
dinâmica. A atuação do professor deve proporcionar uma articulação 
significativa entre o saber do cotidiano do paciente e o saber científico do 
médico, sempre respeitando as diferenças que existem entre ambos os 
saberes.

Continue navegando