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Relatório - TUTORIA - SP1 - Unidade 2 - 3° periodo

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1 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS 
UNIDADE BÁSICA DAS BIOCIÊNCIAS 
CURSO DE MEDICINA 
 
 
 
 
SITUAÇÃO PROBLEMA 1: “TUDO TEM GOSTO DE PALHA” 
 
 Ana Luiza Dutra Oliveira 
 Caroline de Lima Leandro 
 Fernanda Fernandes Andrade 
João Otávio Leal Farina 
Leonardo Santos Assis 
Matheus Ribeiro Leite Dutra 
Matheus Teixeira Silva 
 Paula Kathlyn de Oliveira 
Rafael Junior Tecchio 
Romullo Augusto Bastos de Oliveira 
 Rones Dias da Costa Filho 
 
 
 
MINEIROS-GO 
2019 
 
2 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS 
UNIDADE BÁSICA DAS BIOCIÊNCIAS 
CURSO DE MEDICINA 
 
 
 
 
 
SITUAÇÃO PROBLEMA 1: “TUDO TEM GOSTO DE PALHA” 
 
Relatório apresentado ao Centro Universitário de 
Mineiros como requisito parcial para obtenção de nota na 
disciplina de Tutoria do Curso de Medicina. Orientado 
pela professora Dra. Carol. 
 
 
 
 
 
 
 
MINEIROS-GO 
 2019 
3 
 
SUMÁRIO 
1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................................4 
2.OBJETIVOS .........................................................................................................................5 
 2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................5 
 2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................5 
3.DISCUSSÃO .........................................................................................................................6 
 3.1...........................................................................................................................................6 
 3.2...........................................................................................................................................7 
 3.3...........................................................................................................................................9 
 3.4..........................................................................................................................................11 
 3.5..........................................................................................................................................15 
 3.6..........................................................................................................................................17 
 3.7..........................................................................................................................................22 
 3.8..........................................................................................................................................24 
 3.9..........................................................................................................................................27 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................31 
5. REFERÊNCIAS .................................................................................................................32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
A diferenciação e percepção de alimentos indesejáveis ou letais, dos que nos dão 
prazer e que são nutritivos estão diretamente ligados ao sentido de olfação e gustação. Eles 
também geram respostas fisiológicas que estão envolvidas na digestão e no uso dos alimentos. 
A olfação ainda permite que indivíduos reconheçam uns aos outros. Ainda pode-se dizer que a 
olfação e a gustação estão diretamente ligadas às funções emocionais e comportamentais 
primitivas do nosso sistema nervoso. 
O problema permite entender mais sobre o funcionamento desses dois sentidos, 
visando o conhecimento anatômico, histológico e fisiológico das estruturas relacionadas a 
esses dois sentidos, vem como compreender as vias nervosas responsáveis pela transferência 
de tais estímulos. Também nos proporciona compreender as principais causas de alterações da 
olfação e da gustação assim como o impacto que tais alterações causas ao individuo 
Será relatado também sobre as diversas formas de identificação de alterações 
tireoidianas, com enfoque na situação em que cada uma deve ser utilizada, além de, 
reconhecer os marcadores específicos para casos de carcinoma medular de tireoide. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo Geral: 
Compreender as funções sensoriais (olfato, paladar) e suas alterações. 
 
2.2 Objetivos específicos: 
 
✓ Compreender o funcionamento da Bioeletrogênese; 
✓ Defina gustação e Olfação; 
✓ Caracterizar a Função e a estrutura da língua e nariz; 
✓ Descrever as vias neurológicas e sensitivas relacionadas a gustação e 
olfação; 
✓ Caracterizar a integração sensorial entre olfação e gustação; 
✓ Citar as principais alterações da olfação e gustação; 
✓ Compreender o impacto biopsicossocial decorrente das alterações de 
gustação e olfação; 
✓ Discutir os marcadores laboratoriais da tireoide; 
✓ Apontar os marcadores laboratoriais do carcinoma medular de tireoide 
(BRAF, Calcitonina, Tireoglobulina). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
3. DISCUSSÃO 
3.1 Compreender o funcionamento da Bioeletrogênese. 
Bioeletrogênese é a formação de potencial elétrico ou de diferença de potenciais em 
um sistema biológico. A carga elétrica externa da membrana plasmática é positiva e no 
interior é negativa. Tais cargas são baseadas na concentração de íons. A distribuição dos íons 
é diferente, tendo maior concentração de sódio do lado de fora da célula e maior concentração 
de potássio no interior da célula. Esses são os principais íons para a bioeletrogênese. 
A célula em repouso é estimulada, por um neurotransmissor ou por um estímulo 
elétrico, por exemplo, alterando a permeabilidade de membrana e, com isso, há a inversão do 
potencial. A tal evento foi dado o nome de despolarização ou polarização invertida. Logo, se 
internamente a carga era negativa, vai ficar positiva. Após a despolarização a célula começa a 
voltar ao seu perfil de repouso, que é a repolarização. Depois da repolarização ainda tem a 
hiperpolarização. 
 
O processo de bioletrogênese pode ser divido em três etapas 
• Repouso 
É o potencial de repouso da membrana, antes do início do potencial de ação. Diz-se 
que a membrana está “polarizada” durante esse estágio, em razão do potencial de membrana 
de -90 milivolts negativo existente. 
• Despolarização 
A membrana fica subitamente muito permeável aos íons sódio, permitindo que grande 
número de íons sódio positivamente carregados se difunda para o interior do axônio. 
7 
 
• Repolarização 
Em alguns décimos de milésimos de segundo após a membrana ter ficado muito 
permeável aos íons sódio, os canais de sódio começam a se fechar, e os canais de potássio se 
abrem mais que o normal. Então, a rápida difusão dos íons potássio para o exterior restabelece 
o potencial de repouso negativo da membrana. 
Ainda pode haver situações em que ocorre uma hiperpolarização onde a célula está 
mais polarizada do que o normal (repouso). Nessa etapa tem o efluxo de potássio e começa a 
haver um desequilíbrio desse íon, pois a bomba de sódio e potássio continua jogando potássio 
para dentro da célula, gerando uma eletronegatividade maior que a no estado de repouso. 
Depois esse íon sai da célula e o equilíbrio é reestabelecido. 
 
3.2 Defina gustação e Olfação. 
• Sentido da Gustação: 
A gustação é principalmente função dos botões gustatórios presentes na boa, mas é 
comum a experiência de que a olfação também contribui intensamente para a percepção do 
paladar. Além disso, a textura do alimento, detectadapelos sensores de tato da boca, e a 
presença de substâncias no alimento que estimulam as terminações dolorosas, tais como a 
pimenta, alteram sensivelmente a experiência do paladar. A importância do paladar reside no 
fato de que ele permite à pessoa selecionar substâncias específicas, de acordo com os seus 
desejos e frequentemente de acordo com as necessidades metabólicas dos tecidos corporais. 
As identidades de substâncias químicas específicas, que excitam os diferentes 
receptores gustatórios não são completamente conhecidas. Ainda assim, estudos 
psicofisiológicos e neurofisiológicos identificaram pelo menos 13 receptores químicos 
possíveis ou prováveis nas células gustatórias, como descrito a seguir: dois receptores para 
sódio, dois receptores para potássio, um receptor para cloreto, um receptor para adenosina, um 
receptor para inosina, dois receptores para doce, dois receptores para amargo, um receptor 
para glutamato e um receptor para o íon hidrogênio. 
A pessoa pode perceber centenas de diferentes gostos. Supõe-se que eles sejam 
combinações das sensações gustatórias elementares, da mesma forma como as cores que 
vemos são combinações das três cores primárias. 
Gosto Azedo: é causado pelos ácidos, ou seja, pela concentração de íon hidrogênio, e 
a intensidade dessa sensação é aproximadamente proporcional ao logaritmo de concentração 
do íon hidrogênio, isto é, quanto mais ácido o alimento, mais forte se torna a sensação de 
azedo. 
8 
 
Gosto Salgado: é provocado, por sais ionizados, principalmente pela concentração de 
íons sódio. A qualidade do gosto varia ligeiramente de um sal para outro porque alguns sais 
provocam outras sensações gustatórias além do salgado. Os cátions de sais sódio, são os 
principais responsáveis pelo gosto salgado. 
Gosto Doce: não é induzido por categoria de uma única substância química. Alguns 
tipos de substâncias que provocam este gosto são: açucares, glicóis, álcoois, aldeídos, cetonas, 
amidos, ésteres, alguns aminoácidos halogenados, e sais inorgânicos de chumbo e berílio. 
Deve-se ressaltar que a maioria das substâncias que induzem o gosto doce é orgânica. 
Gosto Amargo: assim como o gosto doce, não é induzido por um tipo único de agente 
químico. Nesse caso, novamente as substâncias que provocam o gosto amargo são quase 
exclusivamente substâncias orgânicas. Duas classes particulares de substâncias destacam-se 
como indutoras das sensações de gosto amargo: (1) substâncias orgânicas de cadeia longa, 
que contêm nitrogênio e (2) alcaloides. Os alcaloides incluem muitos dos fármacos utilizados 
como medicamentos, como quinina, cafeína, estricnina enictina. O gosto amargo, é uma 
forma de defesa para o corpo, já que várias toxinas, possuem alcaloides, e normalmente há 
rejeição a deglutição dessas toxinas. 
Gosto Umami: é uma palavra japonesa para designar a sensação de gosto prazerosa 
que é qualitativamente diferente do azedo, do salgado, do doce ou amargo. Umami é o gosto 
predominante dos alimentos que contêm L-glutamato, tais como caldos de carne e queijo 
amadurecido, e alguns fisiologistas o consideram como categoria separada, a quinta categoria 
de estímulo primário do paladar. 
• Sentido da Olfação: 
A olfação é o menos conhecido dos nossos sentidos. Isso é resultado, em parte, do fato 
de que o sentido da olfação é fenômeno subjetivo que não pode ser estudado facilmente em 
animais inferiores. Outro problema complicador é que o sentido da olfação é pouco 
desenvolvido nos seres humanos em comparação com os animais inferiores. 
Há cílios olfatórios projetados pela superfície apical das células olfatórias, e são esses 
cílios que respondem aos odores presentes no ar que estimulam as células olfatória. Entre as 
células olfatórias na membrana olfatória, encontram-se muitas pequenas glândulas de 
Bowman secretoras de muco na superfície olfatória 
No passado, a maioria dos fisiologistas estava convencida de que poucas sensações 
primárias discretas eram responsáveis por muitas sensações olfatórias, da mesma forma que a 
visão e o tato de que também dependem de poucas sensações primárias selecionadas. Com 
base em estudos psicológicos, tenta-se classificar essas sensações como: (1) cânfora, (2) 
9 
 
almiscarado, (3) floral, (4) hortelã, (5) etéreo, (6) irritante, (7) pútrido. É certo que essa lista 
não representa as verdadeiras sensações primárias olfatórias. 
A natureza afetiva da olfação, mais ainda que a gustação, tem a qualidade afetiva de 
ser agradável ou desagradável. Por isso, a olfação é provavelmente mais importante do que a 
gustação para a seleção dos alimentos. De fato, a pessoa que previamente ingeriu alimento 
que o desagradou, em geral, sente náuseas com o odor desse alimento na segunda ocasião. 
Inversamente, bom perfume pode ser potente estimulante das emoções humanas. Além disso, 
em alguns animais inferiores, os odores são os principais estimulantes dos impulsos sexuais. 
Limiar para olfação é uma das principais características da olfação é a quantidade-
minuto do agente estimulante no ar que pode provocar sensação olfatória. Por exemplo, a 
substância metilmercaptano pode ser percebida quando apenas 25 trilionésimos de uma grama 
estão presentes em cada mililitro de ar. Em razão desse limiar extremamente baixo, essa 
substância é misturada com gás natural para dar ao gás um odor que pode ser detectado, 
mesmo quando pequenas quantidades de gás vazarem de um gasodulto. 
Graduações de intensidade da olfação: embora as concentrações limiares das 
substâncias que evocam a olfação sejam extremamente baixas para muitas substâncias 
odorantes (se não a maioria), concentrações somente 10 a 50 vezes maiores que o limiar 
evocam a intensidade máxima da olfação. Isso contrasta com a maioria dos outros sistemas 
sensoriais, em que os limites de discriminação de intensidade são enormes – por exemplo, 
500.000 para um no caso do olho e 1 trilhão para um no caso do ouvido. Essa diferença 
poderia ser explicada pelo fato de que a olfação está mais relacionada à detecção da presença 
ou ausência de substâncias odorantes do que à detecção quantitativa de suas intensidades. 
 
3.3 Caracterizar a Função e a estrutura da língua e nariz. 
A língua é o principal órgão do paladar e um importante órgão da fala, além de 
auxiliar na mastigação e deglutição. É constituída por músculo esquelético recoberto por 
mucosa e junto com os músculos associados, forma o assoalho da cavidade oral. A língua é 
dividida em metade laterais simétricas por um septo mediano que se estende por todo o seu 
comprimento, e está fixada ao osso hioide, ao processo estiloide do osso temporal e à 
mandíbula. As metades da língua são conjuntos idênticos de músculos extrínsecos e 
intrínsecos. 
Os músculos intrínsecos da língua, que se originam fora da língua (fixam-se aos ossos 
na área) e se inserem nos tecidos conjuntivos na língua, são o hioglosso, genioglosso e 
estiloglosso. Os músculos extrínsecos movem a língua de um lado para outro, para dentro e 
10 
 
para fora, a fim de manobrar o alimento para mastigação, transformá-lo em uma massa 
arredondada e empurrá-lo até a parte posterior da boca para deglutição. Eles também formam 
o assoalho da boca, mantêm a língua em posição e auxiliam a fala. Os músculos intrínsecos 
originam-se e inserem-se no tecido conjuntivo da língua e modificam o formato e o tamanho 
da língua para a fala e a deglutição. Os músculos intrínsecos são o longitudinal superior, 
longitudinal inferior, transverso da língua e vertical da língua. (TORTORA, 2013) 
O frênulo da língua, uma prega de mucosa na linha mediana da face inferior da língua, 
está fixado ao assoalho da boca e ajuda a limitar o movimento posterior da língua. Quando o 
frênulo da língua é curto ou rígido demais, distúrbio denominado anquiloglossia, diz-se que a 
pessoa tem a língua presa em razão do comprometimento da fala. 
O dorso e as faces laterais da língua são cobertospor papilas, projeções da lâmina 
própria recobertas por epitélio estratificado pavimentoso. Muitas papilas contêm canalículos 
gustatórios, os receptores da gustação. As papilas fungiformes são elevações em forma de 
cogumelos distribuídas entre as papilas filiformes, que são mais numerosas. Elas estão 
dispersas sobre o dorso da língua, mas concentradas principalmente na margem da língua. 
Apresentam-se como pontos vermelhos na superfície da língua, e a maioria delas contém 
calículos gustatórios. São vermelhas em razão da alta densidade de capilares sob um epitélio 
fino e não queratinizado (TORTORA, 2013). 
As circunvaladas são dispostas na forma de V invertido na superfície posterior da 
língua, todas elas contêm calículos gustatórios. As papilas folhadas estão localizadas nas 
bordas laterais da língua, mas a maioria de seus calículos gustatórios degenera no início da 
infância. As papilas filiformes são projeções pontiagudas, distribuídas em fileiras paralelas 
sobre os dois terços anteriores da língua. Embora não tenham calículos gustatórios, as papilas 
filiformes contêm receptores táteis e aumentam o atrito entre a língua e o alimento, tornando 
mais fácil para a língua descolar o alimento na cavidade oral. A cor branca manchada da 
língua é consequência das células queratinizadas mortas na extremidades dessas abundantes 
papilas filiformes. (TORTORA, 2013). 
Nariz 
O nariz é um órgão especial na entrada para o sistema respiratório, que é dividido em 
parte externa e parte interna, denominada cavidade nasal. O nariz externo tem a forma de uma 
pirâmide, de base inferior, e cuja face posterior se ajusta verticalmente no 1/3 médio da face. 
As faces laterais do nariz apresentam uma saliência semilunar que recebe o nome de asa do 
nariz. 
11 
 
O ar entra no trato respiratório através de duas aberturas chamadas narinas. Em 
seguida, flui pelas cavidades nasais direita e esquerda, que estão revestidas por mucosa 
respiratória. O septo nasal, formado por osso (vômer e etmóide) e cartilagem, separa essas 
duas cavidades. Os pelos do interior das narinas filtram grandes partículas de poeira que 
poderiam ser inaladas. Além disso, a cavidade nasal contêm células receptoras para o olfato e 
torna o ar condicionado, ou seja, ele é filtrado, umedecido e aquecido. 
A cavidade nasal é a escavação que encontramos no interior do nariz, ela é subdividida 
em dois compartimentos um direito e outro esquerdo. Cada compartimento dispõe de um 
orifício anterior que é a narina e um posterior denominado coana. As coanas fazem a 
comunicação da cavidade nasal com a faringe. 
Na parede lateral da cavidade nasal encontramos as conchas nasais que são divididas 
em superior, média e inferior. O esqueleto ósseo do nariz é formado pelo osso frontal, ossos 
nasais e maxilares. A cavidade nasal contêm ainda aberturas de drenagem, pelas quais o muco 
dos seios paranasais é drenado. O seios paranasais compreendem os seios maxilares, frontal, 
etmoidal e o esfenoidal. 
 
3.4 Descrever as vias neurológicas e sensitivas relacionadas a gustação e olfação. 
As vias sensoriais fazem parte da composição das vias aferentes do sistema nervoso 
periférico, e possuem três finalidades, sendo essas: sentir o ambiente externo e interno, e 
perceber a movimentação e o posicionamento do corpo. Essa percepção é realizada através 
das células sensoriais, mediante a mecanismos que envolvem a abertura e fechamento dos 
canais iônicos e ativação de diversos receptores capazes de captar os diferentes estímulos 
internos ou externos. 
Dessa forma, é possível destacar duas das vias aferentes que penetram o Sistema 
Nervoso Central, por meio dos Nervos Cranianos, sendo essas: vias gustativas e vias olfativas. 
• Vias gustativas 
O processo se inicia quando se ingere uma substância e essa ativa as células receptoras 
gustativas presentes na língua, os chamados botões gustativos que se localiza nas papilas 
gustativas. Como essas células receptoras não possuem axônios, a informação será transmitida 
sinapticamente aos terminais de fibras aferentes que compõem os VII, IX, X dos pares 
cranianos. 
Assim, caso o impulso seja gerado no 2/3 anterior da língua, essa informação será 
transmitida para o Nervo Lingual, em seguida para o ramo corda do tímpano do Nervo Facial 
(VII par). Por outro lado, se esse impulso for originado nas papilas circunvaladas ou em outra 
12 
 
porção da parte posterior irá para o Nervo Glossofaríngeo (IX par), e por fim, poucos serão 
originados na base ou em outras partes da região faríngea, como em botões gustativos 
presentes na epiglote são inervados pelo Nervo Vago (X par). Além disso, existe um 
neurotransmissor principal responsável pela comunicação entre a célula receptora e a fibra 
aferente, sendo esse o ATP, esse é liberado na fenda sináptica e alcança receptores 
purinérgicos na membrana pós-sináptica do neurônio sensorial primário. 
Em seguida, as informações gustatórias são transmitidas para o núcleo do trato 
solitário (NST), esse localizado no bulbo do trono cerebral. Em seguida, neurônios de 2 
ordem da porção gustativa do NST projetam para o núcleo ventral posteromedial do tálamo. 
Posteriormente, continua por uma via gustativa específica, através dos neurônios de 3 ordem 
que projetam as informações para a extremidade inferior do giro pó-central no córtex cerebral 
parietal/ primário, e ocorre a projeção para a fissura silviana e na área insular opercular 
anterior. Esse córtex primário projeta para o núcleo central da amígdala e de lá para o 
hipotálamo, e para uma porção do córtex orbitofrontal, esse sendo denominado como córtex 
secundário. Esse segundo córtex recebe projeções de outras modalidades sensoriais, como 
olfação, visão, somestesia, assim contribui para a integração multimodal que constitui o sabor 
dos alimentos. 
Há um conjunto de reflexos envolvidos no controle de ações motoras e vegetativas 
durante a ingestão dos alimentos. Dessa maneira, as informações ao saírem do trato solitário, 
são encaminhadas para o tronco cerebral e vão para os núcleos salivares superiores e 
inferiores, por exemplo, esses emitem um sinal para as glândulas submandibular, sublingual e 
parótidas, que irão controlar a secreção de saliva. Além disso, esses reflexos são importantes 
para adaptação de um organismo ao seu ambiente. 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
• Vias olfatórias 
O olfato é responsável pela transdução das moléculas químicas, presentes no meio 
externo. Nesse sentido, a percepção das diferentes substâncias químicas é realizada por 
receptores presentes nas células receptoras olfativas do epitélio olfativo, localizado no alto da 
cavidade nasal. 
Assim, os axônios destas células projetam os sinais para os bulbos olfatórios, sendo as 
fibras que projetam posteriormente ao bulbo são chamadas Nervo Olfatório (I par) ou trato, 
em suas porções especializadas que são denominas como glomérulos olfatórios, responsáveis 
por transmitir o impulso nervoso. 
14 
 
Em seguida, são encaminhadas para o córtex olfativo, localizado na região temporal 
inferior, e estruturas vizinhas no lobo temporal. Esse córtex olfatório é subdivido em 5 áreas 
principais, sendo essas: 
a) Núcleo Olfatório Anterior: possui a função de mediar a comunicação entre as 
regiões bilateralmente simétricas dos dois bulbos olfatórios. 
b) Córtex Pirifome: é a principal área envolvida na discriminação olfatória 
c) Tubérculo Olfatório: responsável por enviar projeções ao núcleo mediodorsal do 
tálamo, que por sua vez, se projeta ao córtex orbitofrontal, envolvido na 
perpecpção olfatória consciente 
d) Núcleo Cortical da Amídala e o Córtex Entorrinal: ambos se projetam para o 
hipotálamo e o hipocampo e parecem estar envolvidos nos atributos afetivos que 
acompanham o estímulo olfatório. 
Vale destacar, que ao contrário dos demais sistemas sensoriais, a informação sensorial 
atinge o córtex de modo direto, sem passar pelo tálamo,porém a percepção consciente do 
odor parecer ser mediada por uma via iniciada no tubérculo olfatório, e segue de acordo com a 
letra c já mencionada. 
Além disso, cada célula receptora expressa apenas uma proteína receptora, assim 
células semelhantes projetam-se para o mesmo glomérulo olfativo, desse modo existe uma 
separação espacial, no bulbo olfatório. Diante disso, assim como acontece na gustação, os 
diferentes odores são interpretados no córtex, devido a ativação diferencial específica das 
várias populações de células receptoras. 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.5 Caracterizar a integração sensorial entre olfação e gustação. 
Os sentidos químicos são aqueles que possuem receptores dependentes de excitação 
por substâncias químicas. Os sentidos gustativos e olfativos são um deles. Os receptores 
16 
 
gustativos são excitados por substancias químicas contidas nos alimentos, já os receptores 
olfativos são excitados pelas substancias presentes nos ar. Os centros do olfato e do gosto no 
cérebro combinam as informações obtidas pela língua e pelo nariz, para juntos codificarem os 
sabores. 
Os sabores são identificados pelas papilas gustativas presentes na língua, ao passo que, 
os odores são percebidos pelos nervos localizados no nariz. No entanto, a gustação e a olfação 
estão intimamente relacionadas. Ambas as sensações são transmitidas ao cérebro, a fim de as 
informações sejam integradas e os sabores possam ser reconhecidos e apreciados. Alguns 
sabores, como o salgado, o amargo, o doce e o ácido podem ser reconhecidos 
independentemente do olfato, porém, outros sabores mais complexos, como o da framboesa, 
necessitam de ambos os sentidos. Por esse motivo é que, em algumas situações em que o 
olfato está comprometido, como em uma gripe, não sentimos o gosto de alguns alimentos. 
O cheiro acrescenta um enorme valor ao paladar e contribui para que caracterizemos e 
o sabor; a mastigação intensifica o olfato por liberar as partículas do alimento. Ao comer uma 
fruta, por exemplo, o aroma dela chega até o nariz e se dissolve na mucosa que recobre as 
células sensíveis ao cheiro (receptores olfatórios). Estas células enviam sinais nervosos para 
parte olfativa do cérebro que reconhece o gosto da fruta, e assim você sabe que fruta está 
comendo. Sendo assim, enquanto mastigamos, sentimos simultaneamente o paladar e o 
cheiro. Dessa forma, pode-se dizer que o epitélio olfativo tem a maior contribuição para as 
sensações de gosto, apesar da impressão do gosto ser na boca. 
 
 
17 
 
3.6 Citar as principais alterações da olfação e gustação. 
O olfato e o paladar são sentidos químicos. Assim, os sistemas neurais que 
intermedeiam estas sensações, os sistemas gustatório e olfatório, estão entre aqueles 
filogeneticamente mais antigos do encéfalo e ao perceberem substâncias químicas na cavidade 
oral e nasal trabalham em conjunto. As sensações surgem pela ligação de moléculas com os 
receptores da olfação e gustação. Como os impulsos se propagam para o sistema límbico e 
também para as áreas corticais superiores, certos odores e gostos podem desencadear fortes 
respostas emocionais ou grande fluxo de memórias. 
A importância do paladar está no fato de que ele deixa uma pessoa escolher 
substâncias específicas conforme for os seus desejos e, frequentemente, de acordo com as 
necessidades metabólicas dos tecidos corpóreos. A olfação, mais ainda que a gustação, tem a 
qualidade afetiva de ser agradável ou desagradável. Por isso, a olfação é, provavelmente, mais 
importante do que a gustação para a escolha de alimentos. 
Sabe-se que a gustação é antes de tudo uma função dos corpúsculos gustativos da 
boca, mas é experiência comum que o sentido do olfato contribui fortemente para notar o 
gosto. É muito importante lembrar a sua relação com a gustação, pois sem o olfato não 
sentimos de forma correta o gosto dos alimentos, perdendo assim o apetite e o prazer com a 
alimentação. Os botões gustativos diminuem com a idade e as papilas gustativas, que atingem 
seu máximo de desenvolvimento na puberdade, começam a atrofiar na mulher entre 40-45 
anos e no homem aos 50 anos. 
Falando da olfação, a queda da sensibilidade olfativa com a idade pode ser devido à 
degeneração de células centrais e ser independente de modificações periféricas do aparelho 
olfativo. Porém, a capacidade de se regenerar do epitélio olfatório cai com a idade. A 
qualidade e intensidade da percepção olfatória dependem do estado anatômico e funcional do 
epitélio nasal e dos sistemas nervosos central e periférico. Rinites e resfriados prolongados 
podem causar hiposmia, que é a perda moderada da sensibilidade olfativa. As alterações do 
olfato e do paladar podem estar ligadas com problemas nasosseptais, polipose nasal e 
congestão nasal crônica por causa de rinites alérgicas e não-alérgicas. 
Uma lesão no sistema olfatório, como resultado de um traumatismo craniano, ou 
mesmo, um resfriado comum, o qual impede a condução de moléculas transportadas pelo ar 
nas cavidades nasais, pode diminuir o sabor, ainda que as sensações básicas do gosto doce, 
ácido, salgado e amargo estejam sem alteração. O olfato pode ajudar, também, no diagnóstico 
precoce de algumas doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson. O resultado 
mostra que o comprometimento do olfato, e, consequentemente, do paladar, é um sinal 
18 
 
importante para o diagnóstico cedo da doença, em uma fase na qual os sintomas motores 
típicos como: tremores, rigidez e lentidão para fazer os movimentos ainda não apareceram. 
Nesse sentido, torna-se importante a realização de estudos das mudanças do olfato e 
do paladar para descobrir precocemente, e assim um tratamento mais eficiente, na intenção de 
diminuir o avanço das doenças e possíveis complicações que possam levar a perda olfatória e 
gustatória e, desta forma, diminuir a gravidade dos sintomas. 
Dessa forma, diversas entidades nosológicas cursam com alterações olfatórias e 
gustativas, podendo ser congênitas ou adquiridas, sendo as mais citadas na literatura: doença 
nasal e sinusal obstrutiva, infecções de vias aéreas superiores, traumatismo cranioencefálico, 
envelhecimento, causa congênita, exposição a tóxicos, algumas medicações, neoplasias nasais 
ou intracranianas, alterações psiquiátricas, doenças neurológicas, iatrogenia e idiopática. As 
anormalidades do paladar e do olfato comprovaram ser um tema bem mais complexo do que 
se reconhecia anteriormente e também estão presentes em situações como deficiência de 
vitaminas B6, B12, A e de zinco ou de cobre, tabagismo, gravidez, anestesia geral, traumas 
dentários, arrinencefalia e desvios do septo nasal. 
A obstrução é a causa mais comum de distúrbio olfatório. Se a obstrução é total, o 
indivíduo apresenta anosmia em que as moléculas odoríferas não atingem o epitélio olfatório, 
liberando a obstrução a habilidade olfatória volta. A porção ântero-medial da parte inferior do 
corneto médio funciona como reguladora do fluxo aéreo para a região olfatória. Obstrução 
nesta área crítica por edema da mucosa, pólipos, tumores, deformidades ósseas, cirurgias 
entre corneto médio e septo nasal ou trauma podem diminuir ou eliminar a habilidade 
olfatória. Isso pode acontecer mesmo quando a cavidade inferior pareça normal. Podem 
ocorrer em qualquer faixa etária, com predominância em mulheres. Os pacientes geralmente 
dizem ter perda progressiva e gradual da olfação, flutuante, podendo ocorrer perdas agudas 
com infecções agudas e exposição a alérgenos. 
As infecções de vias aéreas superiores também formam uma das principais causas de 
perda olfatória. A maioria em indivíduos entre 40 e 60 anos de idade, dos quais 70-80% são 
mulheres, muitas vezes por obstrução do fluxo aéreo e se resolve em um período de um a três 
dias. Em alguns poucos casos a olfação não retorna ao normal. Na biópsia, pode existir 
metaplasia, com diminuiçãoou ausência de receptores olfatórios e com troca por epitélio 
respiratório em alguns casos. A perda olfatória é proporcional à perda neuronal e a previsão é 
pobre. Um terço recupera-se espontaneamente com ou sem tratamento, ocorrendo mais 
frequentemente hiposmia que anosmia. Dificilmente ocorre fantosmia que é sentir um odor 
que não é real. 
19 
 
Traumatismos cranioencefálicos (TCE) podem gerar danos aos nervos olfativos na 
lâmina cribiforme devido as forças de golpe ou contragolpe. Em adultos a perda da olfação é 
de 5-10%, já em crianças é de 1,3-3,2%. É maior no sexo masculino, com cerca de 60% dos 
casos. Em geral o grau de perda está associado à gravidade do trauma, o que não significa 
dizer que um trauma mínimo não possa estar associado à anosmia. O início da perda 
geralmente é imediato, mas alguns pacientes só percebem após alguns meses. Parosmias são 
comuns. Amnésia nas primeiras 24 horas está associada à anosmia permanente em mais de 
90% dos casos. Quando há preservação parcial da olfação tem-se observado diminuição da 
discriminação dos odores. 
A causa exata ainda não foi estabelecida. A teoria mais popular presume uma lesão 
dos nervos quando estes deixam o topo da lâmina cribiforme. A lesão pode ser no córtex 
frontal, pois alguns pacientes além de anosmia pós TCE também apresentam alterações 
psicossociais. A tomografia computadorizada é geralmente normal, podendo em alguns casos 
revelar fratura da lâmina cribiforme. A hiposmia ocorre mais em lesão frontal; a anosmia em 
lesão occipital, cinco vezes mais frequente. Cerca de 8 a 39% dos pacientes recuperam a 
função, dos quais 75% nos três primeiros meses. O limiar olfatório diminui com a idade (1% 
ao ano), sendo esse efeito menor nas mulheres que nos homens. Os idosos têm uma taxa 
maior de diminuição da olfação para uns odores do que para outros, com diminuição da 
habilidade para discriminar o sabor na comida do cotidiano. Esta redução olfatória se deve ao 
processo fisiológico de envelhecimento (presbiosmia), ocorrendo na sexta ou sétima década, 
ou às doenças de Alzheimer e Parkinson. 
A disfunção olfatória é um dos sinais mais prevalentes na Doença de Parkinson. 
Observam-se alterações de discriminação, identificação e limiar olfatório. A hiposmia é um 
dos sinais que pode anteceder os sintomas motores da patologia. Em uma pesquisa recente foi 
encontrado que 80% dos pacientes com esta patologia apresentaram anormalidade da 
identificação olfatória, comparados aos controles. Na anosmia congênita, a possível 
fisiopatologia seria a degeneração ou atrofia do epitélio e/ou bulbo olfatório no processo de 
desenvolvimento. Geralmente é um achado isolado, mas há anosmia familiar associada a 
calvície prematura e cefaleia vascular, sendo hereditária, dominante, com penetrância 
variável. A Síndrome de Kallmann é a causa mais comum de disfunção olfatória congênita, 
com anosmia e hipogonadismo hipogonadotrófico, além de anormalidades renais, 
criptorquidismo, surdez, deformidades médiofaciais e diabetes. 
É causada por um defeito na migração dos neurônios que produzem o hormônio de 
liberação de gonadotrofinas (GnRH) e dos neurônios que formam os nervos olfatórios. A 
20 
 
anosmia está relacionada à deficiência de GnRH porque a migração e diferenciação dos 
neurônios secretores de GnRH dependem da formação do bulbo olfatório. Os indivíduos 
acometidos não entendem o conceito de odor, portanto não sentem a sua falta. Pelo fato de 
geralmente ainda persistirem alguns quimiorreceptores intactos, odores acres, irritantes e 
gustação podem ser detectados normalmente. 
Quando há exposição do sistema olfatório a substâncias tóxicas, a perda olfatória pode 
ocorrer em dias ou anos, podendo ser reversível ou permanente. O grau de lesão parece estar 
relacionado ao tempo de exposição e a concentração e toxicidade do agente, comumente 
associado ao tabaco. São exemplos de drogas que afetam a olfação: anfetaminas, antibióticos 
como: aminoglicosídeos e tetraciclina. Além disso, cocaína, derivados de petróleo, dióxido 
sulfúrico, etanol, formaldeido, metais pesados, metanol, monóxido de carbono, nicotina, 
solventes orgânicos, sulfato de zinco (tópico) e tetracloreto de carbono. 
Em relação ao fumo, acarreta sérias consequências no processo digestivo, já que 
ocasiona alterações na boca, nariz e na mucosa estomacal. Os agentes químicos presentes no 
cigarro atuam como irritantes da mucosa bucal, ressecando-a e provocando aumento da 
camada de queratina. O tabaco também promove mudanças nas papilas gustativas, o que 
impede que o fumante sinta o real sabor dos alimentos. É prejudicial também para a mucosa 
olfativa, já que o efeito térmico pode levar a lesões, mudando também o olfato. O cigarro 
causa diminuição na secreção salivar, deixando uma sensação de boca seca, denominada 
xerostomia. Esse sintoma provoca dificuldade na mastigação, deglutição e fonação, além de 
tornar a mucosa bucal mais sensível, podendo surgir feridas na boca e fissuras na língua. 
Além disso, o tabagismo está ligado aos cânceres de lábio e da cavidade bucal, 
faringe, laringe e esôfago. A causa não tem um único fator definido, ela depende de uma série 
de fatores sistêmicos, como doenças sistêmicas e deficiências nutricionais. 
Já em relação aos medicamentos, costumam afetar mais a gustação que a olfação. Na 
maior parte das vezes a olfação volta com a suspensão da medicação, mas existem casos de 
lesão permanente. Drogas que afetam a composição do muco podem alterar a olfação, como 
os beta-adrenérgicos, colinérgicos e agentes peptidérgicos. 
Os processos neoplásicos também precisam de atenção, com destaque para os de 
localização intranasal, como pólipos nasais, papiloma, carcinoma epidermoide, adenoma, 
estesioneuroblastoma, que é um tumor neuroolfativo raro, pois bloqueiam o fluxo aéreo para 
fenda olfatória ou por destruição local do aparelho olfatório. 
As neoplasias intracranianas que envolvem a superfície orbital do cérebro podem 
causar anosmia unilateral. Meningiomas da crista esfenoidal ou do sulco olfatório e gliomas 
21 
 
do lobo frontal podem lesar os bulbos ou os tratos olfatórios. Anosmia pode também ocorrer 
em associação a outros tumores do lobo frontal e a lesões parasselares e hipofisárias. 
Em meningiomas do sulco olfatório ou da área da lâmina cribiforme, anosmia 
unilateral ocorre precocemente, evoluindo para anosmia bilateral, acompanhada com 
frequência de neuropatia óptica. A síndrome de Foster Kennedy consiste em anosmia 
acompanhada de atrofia óptica ipsilateral unilateral e papiledema contralateral, oriunda 
classicamente de um grande tumor envolvendo a região orbitofrontal. 
Certas doenças psiquiátricas se relacionam com distúrbios da olfação. A esquizofrenia 
pode cursar com alucinações olfatórias em 15% a 30% das vezes. Pacientes com depressão 
maior podem apresentar mesmo sintoma, mas geralmente possui habilidade olfatória mantida. 
A fantosmia pode se apresentar como aura em pacientes com epilepsia do lobo temporal. 
A iatrogenia não pode deixar de ser falada como fator etiológico importante. Em 
procedimentos cirúrgicos pode acontecer dano neural e estreitamento do fluxo nasal por 
alterações anatômicas ou tecido cicatricial. Mudanças no olfato e no paladar ocorrem após 
laringectomia total, pois o paciente passa a respirar diretamente pela traqueia e o ar não passa 
através do nariz para os órgãos olfativos terminais. Como o olfato e o paladar estão bem 
ligados, as sensações de paladar são alteradas. Mas, com o passar do tempo, o paciente vai se 
acomodar com este problema, o que pode justificar o fato de nem todos os pacientes falarem 
que aconteceu mudança no olfato. 
Em cirurgias da fossa anterior e pós neurocirurgia transesfenoidal pode ocorrer lesão 
de lâmina cribiforme. A radioterapia também está inclusa no conjunto de condições que 
levam a disfunções do olfato e paladar, assim como as de causas idiopáticas,geralmente em 
adultos jovens, na meia idade e saudáveis. Na Hanseníase, as alterações de olfato podem ser 
encontradas em qualquer forma clínica da doença. Além disso, é uma queixa muito comum 
nessa doença e pode ser encontrada mais fácil na forma lepromatosa, sendo referido que este 
acometimento estivesse relacionado com a gravidade das alterações clínicas na mucosa nasal. 
Poucos casos de distúrbio do olfato têm origem neurológica. Esclerose múltipla pode 
causar alterações do olfato devido a envolvimento das vias olfatórias. Condições neurológicas 
diversas que causam anosmia, ou seja, a perda do olfato, incluem hidrocefalia, acometimento 
da artéria cerebral anterior próximo à sua origem, meningite basilar, abscessos do lobo frontal 
e doença de Refsum. Lobectomias temporais que incluam o córtex piriforme podem causar 
deficiência para perceber os odores. A hiperosmia geralmente é funcional, mas pode 
acontecer em alguns tipos de abuso de drogas e enxaqueca. 
22 
 
Alucinações olfativas se devem mais frequentemente a psicose, mas podem decorrer 
de uma lesão do sistema olfativo central, geralmente neoplásica ou vascular, ou como 
manifestação de crise convulsiva. As assim chamadas crises uncinadas são crises parciais 
complexas ou do lobo temporal precedidas de uma aura olfativa ou gustativa, geralmente 
desagradável, e quase sempre acompanhadas, enquanto o paciente perde a consciência, de 
movimentos de estalar os lábios e ou de mastigação. Esses ataques são tipicamente vindos de 
um foco convulsivo envolvendo estruturas do lobo temporal medial. O paladar pode ser 
afetado em casos de lesões do nervo facial proximais à saída da corda timpânica. 
Já no caso de distúrbios gustativos permanentes, estes podem sobrevir após paralisia 
facial de Bell, que é um distúrbio de instalação repentina, sem causa aparente, marcado pelo 
enfraquecimento ou paralisia dos músculos de um dos lados do rosto. Disfunções do paladar e 
do olfato com frequência acontecem juntas, pois as anormalidades do paladar se devem 
geralmente a disfunção olfativa. Disgeusia que é uma alteração na percepção do paladar, pode 
ser um efeito direto ou indireto de condições malignas. Hipergeusia em que a percepção do 
paladar está aumentada e parageusias que é quando sente um gosto metálico na comida, 
podem ocorrer em psicoses e no transtorno de conversão. Alucinações gustativas podem 
ocorrer em crises parciais complexas e nos tumores envolvendo o uncus ou o opérculo 
parietal e frequentemente ocorrem em conjunto com as alucinações olfatórias. Pacientes 
idosos desenvolvem por vezes disgeusia de origem obscura que pode ocasionar anorexia e 
perda de peso. 
A sensibilidade gustativa aumentada ocorre em pacientes com doença de Addison, 
deficiência da hipófise e fibrose cística. Lesões do nervo lingual podem causar perda do 
paladar juntamente com perda da sensação exteroceptiva do lado da língua afetado. 
 
3.7 Compreender o impacto biopsicossocial decorrente das alterações de gustação e 
olfação. 
Os sentidos de olfação e gustação fornecem um meio de avaliar moléculas voláteis no 
ambiente e os componentes voláteis e não-voláteis dos alimentos. Desse modo, os humanos e 
outros mamíferos são capazes de discriminar uma grande variedade de odores e sabores. 
Diversas entidades nosológicas cursam com alterações olfatórias e gustativas, podendo 
ser congênitas ou adquiridas, sendo as mais citadas na literatura: doença nasal e sinusal 
obstrutiva, infecções de vias aéreas superiores, traumatismo crânio-encefálico, 
envelhecimento, causa congênita, exposição a tóxicos, algumas medicações, neoplasias nasais 
ou intracranianas, alterações psiquiátricas, doenças neurológicas, iatrogenia e idiopática. 
23 
 
As anormalidades do paladar e do olfato comprovaram ser um tema bem mais 
complexo do que se reconhecia anteriormente e também estão presentes em situações como 
deficiência de vitaminas (B6, B12, A) e de zinco ou de cobre, tabagismo, gravidez, anestesia 
geral, traumas dentários, arrinencefalia e desvios do septo nasal. 
Quando se trata da terceira idade, entendemos que essas perdas, tão frequentes entre os 
idosos, podem comprometer sua comunicação nas relações sociais, os isolando. Também, 
temos que atentar para a poluição sonora como um fator prejudicial no entendimento da fala 
para o idoso; principalmente, se este for portador de uma perda auditiva. Sendo assim, a 
comunicação torna-se mais vital para o idoso, à medida que o processo de envelhecimento 
progride. 
Garcia Pinto (1987, apud OLIVEIRA, 2001) refere-se a esse processo como “uma das 
perdas de antigos referenciais de vida, implicando no abandono de elementos da realidade e 
de si mesmo, gerando uma consequente crise de identidade” (p. 68). 
Partindo desse pressuposto, acreditamos que com a redução da audição no idoso, essa 
etapa da vida é dolorosamente vivenciada; pois o idoso, devido a essa incapacidade, pode 
passar por desorientado ou sofrendo de memória insuficiente, trazendo inúmeros transtornos 
para sua vida cotidiana. Quando essa perda é grave percebemos um aumento dos problemas 
sociais ou psicológicos, corroborando a afirmativa de Garcia Pinto (1998): “o isolamento da 
pessoa idosa e o consequente declínio da qualidade de sua comunicação, devido aos déficts 
sensoriais, causam profundo impacto na sua interação social” (p.20). De acordo com o 
pensamento do autor, apreendemos que a audição normal mantém o idoso em interação 
intelectual e social. 
Quanto ao olfato, esse sentido está, extremamente ligado à grande perda do interesse e 
motivação nessa idade; isto porque, com o envelhecimento, esses sentidos ficam bastante 
reduzidos, além de se tornarem menos eficientes, provocando inadequações no processo de 
ingestão de alimento prejudiciais, tais como: mais sal e açucares, prejudicando a saúde do 
idoso; também a não transmissão de odores, interrompendo a transmissão das informações ao 
cérebro, as quais são de capital importância para a autonomia do idoso. 
Podemos constatar que os órgãos dos sentidos humanos são estruturas bastante 
complexas, nos quais se processam mecanismos vitais para a sobrevivência da espécie. Os 
órgãos dos sentidos, para o homem, estão relacionados a inúmeras formas de exploração tais 
como: olhar, escutar, cheirar, provar, palpar, o que mantém uma significação ao ciclo de vida. 
Diante de tais evidências, consideramos que é de capital importância analisar as 
consequências biopsicossociais da população. 
24 
 
 
3.8 Discutir os marcadores laboratoriais da tireoide. 
Disfunções tireoidianas são condições de grande recorrência na prática clínica e 
podem apresentar significativas consequências. O auxílio de testes laboratoriais de qualidade 
é de fundamental importância para o diagnóstico preciso dos distúrbios da tireoide, uma vez 
que, na maioria dos pacientes, os sinais e sintomas da doença são sutis ou ausentes, sendo 
assim, apenas os testes bioquímicos são capazes detectar o transtorno. 
Atualmente existem vários exames para identificação de doenças tireoidianas, alguns 
são mais específicos, usados apenas em determinados casos, e outros são essenciais para a 
detecção de problemas na glândula. 
Nos consensos médicos atuais do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira 
de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o exame inicial para identificar as doenças 
relacionadas ao funcionamento tireoidiano é a dosagem do hormônio tireoestimulante (TSH). 
• Dosagem do TSH 
A dosagem do TSH é o teste mais confiável para o diagnóstico das formas primárias 
de hipotireoidismo e hipertireoidismo, principalmente em regime ambulatorial. A secreção 
hipofisária de TSH regula a secreção de T4 (tiroxina) e T3 (triiodotironina), dessa forma, 
pequenas alterações nas concentrações dos hormônios tireoidianos livres resultam em grandes 
alterações nas concentrações séricas de TSH, o que torna o TSH como o melhor indicador de 
alteraçõesdiscretas na produção tireoidiana. 
Os ensaios clínicos de primeira geração do TSH permitiam apenas o diagnóstico de 
hipotireoidismo. Com a utilização dos ensaios de TSH de segunda geração e terceira geração, 
foi possível a detecção do hipertireoidismo. Os ensaios de primeira geração, apresentam uma 
sensibilidade de 75% e especificidade de 90%. Os ensaios de segunda geração são capazes de 
aumentar a certeza diagnóstica, pois possuem sensibilidade de 96% e especificidade de 93%. 
O exame de terceira geração pouco se diferencia do exame de segunda geração, apresentando 
sensibilidade de 97% e especificidade de 93%, porém, permite o resultado do exame em 
dezoito minutos. 
A secreção do TSH ocorre de forma pulsátil, tendo o seu pico de maior secreção entre 
22 horas e 4 horas da madrugada, tendo nível médio de 1,3 e 1,4 mUI/L, com limites 
inferiores entre 0,3 e 0,5 mUI/L e limites superiores entre 3,9 e 5,5 mUI/L. Variações na 
concentração sérica de TSH podem ser atribuídas a essa secreção pulsátil e á liberação 
noturna do TSH. 
O valor de referência de TSH sérico normal para adultos está entre 0,4 e 4,5 mUI/L. 
25 
 
O TSH sérico deve ser dosado como triagem em pacientes acima de 35 anos a cada 
cinco anos, em gestante e em pacientes com fatores de risco para disfunção tireoidiana, 
adultos ou crianças. No caso de uma dosagem com TSH elevado, uma segunda amostra 
confirmatória deve ser realizada antes de se instituir o tratamento, acompanhada da dosagem 
de T4 livre. 
Devem ser consideradas outras condições, além das doenças tireoidianas, diante de um 
TSH alterado como: alteração fisiológica da gestação, presença de doença grave não 
tireoidiana, uso de medicações (Lítio, dopamina e outras mais). 
• Dosagem das Iodotironinas (T3 e T4) 
A tiroxina é o principal hormônio secretado pela glândula tireoide. Cerca de 80% da 
triiodotironina plasmática é derivada da conversão periférica do T4 nos diversos tecidos. Os 
hormônios tireoidianos circulam na corrente sanguínea quase totalmente ligados ás proteínas 
plasmáticas e apenas 0,02% do T4 e 0,2% do T3 circulam de forma livre. 
Hormônio livre, é aquele biologicamente ativo. As concentrações de T4L e T3L são 
mais relevantes do que as do hormônio total. 
TSH e T4L são utilizados de rotina na avaliação da função tireoidiana e no seguimento 
do tratamento do hipertireoidismo e do hipotireoidismo. O T4L não é suscetível ás alterações 
nas proteínas transportadoras de hormônio tireoidiano. 
O T3 tem baixa acurácia para o diagnóstico de hipotireoidismo, já que a conversão 
aumentada de T4 para T3 mantém concentração sérica de T3 nos limites normais até o 
hipotireoidismo se tornar grave. 
A dosagem do T3, em conjunto com a interpretação do T4L, tem utilidade no 
diagnóstico e monitoramento do hipertireoidismo. 
As concentrações séricas de T3 e T4 total e livre são medidas por imunoensaios 
competitivos. O valor de referência do T4T para adultos é de 4,5 até 12,6 μg/dL e para o T3T 
de 80 a 180 ng/dL. 
Os métodos que são usados de rotina para medir T3 e T4 livre, são dependentes de 
proteínas ligadoras de hormônios tireoideanos. Logo, esse método não é totalmente confiável 
quando utilizado em portadores de doenças não tireoidiana, de alterações nas proteínas 
transportadoras (alterações de afinidade à globulina ligadora de tiroxina – TGB ou proteínas 
transportadoras anormais) e de anticorpos anti-T3 e anti-T4. 
Os valores de referência para adultos quanto ao método direto comparativo de T4L são 
de 0,7 á 1,8 ng/dL, e do T3L são de 2,3 á 5,0 pg/mL. 
26 
 
OS níveis séricos de T3 e T4 podem se alterar em qualquer condição, hereditária ou 
adquirida, que influencie os níveis de proteínas plasmáticas, principalmente a TGB. Pacientes 
que fazem usos de medicações como fenitoína, carbamazepina, furosemida, anticoncepcionais 
orais, entre outros, podem apresentar alterações nos níveis séricos de T4 e T3. 
• Anticorpos Antiperoxidase (Anti TOP), Anticorpos Antitireoglobulina (Anti – 
Tg), Anticorpos Anti-receptores de TSH (TRAb) 
Os três principais antígenos tireoidianos envolvidos na patogênese das doenças 
autoimunes da tireoide (DAT) são: tireoglobulina (Tg), tireoperoxidase (TPO) e receptor de 
TSH (TSH-R). Esse teste detecta doenças tireoidianas autoimunes como doença de Graves e 
Tireoidite de Hashimoto, que por sua vez, são as causas mais comuns de hipotireoidismo e 
hipertireoidismo. 
Altos níveis de anticorpos antitireoidianos estão geralmente presentes no soro de 
pacientes com DAT. Entretanto, em uma proporção significativa de indivíduos saudáveis, 
níveis de anticorpo antitireoglobulina e de antitireoperoxidase podem ser detectados, variando 
de 9% a 25% . 
 Os TgAb estão presentes em 70% a 80% dos pacientes com tireoidite autoimune, em 
30% a 40% dos pacientes com doença de Graves e em 10% a 15% dos pacientes com doenças 
não autoimunes da tireoide. 
Os TPOAb estão presentes no soro de 90% a 95% dos pacientes com tireoide 
autoimune, em cerca de 80% dos pacientes com doença de Graves e em 10% a 15% dos 
pacientes com doenças não autoimunes da tireoide. 
É possível realizar a dosagem de TgAb e TPOAb quando há suspeita de tireoide 
autoimune, com base na história familiar, na presença de hipotireiodismo primário ou de 
bócio difuso. No entanto, a ausência não exclui uma tireoidite, pois em uma minoria dos 
pacientes os anticorpos podem ser indetectáveis. Por outro lado, a presença dos anticorpos por 
si só não é suficiente para fazer o diagnóstico de doença autoimune da tireoide, uma vez que 
uma minoria de indivíduos normais e de pacientes com doença não autoimune da tireoide 
pode ter níveis detectáveis de anticorpos. Portanto, outros testes clínicos são necessários para 
confirmar o diagnóstico de tireoide autoimune, como a ultrassonografia de tireoide. 
Independente da doença tireoidiana subjacente, os TPOAb são mais frequentemente 
observados do que os TgAb e são o teste mais sensível para detectar DAT. 
A pesquisa de TgAb e TPOAg está indicada durante o tratamento com amiodarona, 
interferon e lítio, pois a presença desses autoanticorpos aumenta o risco de alterações da 
função tireoidiana decorrentes de tratamentos com essas drogas. 
27 
 
• Triagem Neonatal (Teste do Pezinho) 
 Deve ser realizada no recém-nascido entre o 3° e 6° dia de vida. O teste consiste na 
dosagem do TSH e T4 total em amostra de sangue seco em papel de filtro retiradas do 
calcanhar do bebê. É recomendado um segundo teste confirmatório, que deve ocorrer entre a 
primeira e segunda semana de vida. 
• Ultrassonografia, punção aspirativa por agulha fina e biópsia 
Auxilia na identificação da natureza do nódulo de tireoide sendo ele benigno ou 
maligno. A ultrassonografia também é útil também para indicar a necessidade de realizar a 
punção aspirativa por agulha fina, método considerado padrão ouro para esclarecimento da 
natureza dos nódulos suspeitos. 
 
3.9 Apontar os marcadores laboratoriais do carcinoma medular de tireoide (BRAF, 
Calcitonina, Tireoglobulina). 
A causa mais comum do carcinoma papilar de tireóide (PTC) é uma única mutação no 
gene BRAF, presente em 50% dos casos na dependência da idade e do sub-tipo histológico. 
Há 3 isoformas da quinase serina-treonina RAF nas células de mamíferos, A-RAF, B-RAF e 
C-RAF(RAF1); C- RAF é expressa de modo ubíquo, enquanto que B- RAF é altamente 
expressa em neurônios e testículos e em menores níveis nas células hematopoiéticas e na 
tiróide. Seu interesse em oncologia deriva-se da observação da presença de mutações 
ativadoras do gene BRAF em diversos tipos de câncer, dos quais o mais prevalente é o 
melanoma, que apresenta mutação em aproximadamente 70% dos casos. 
Vários estudos nos últimos 2 anos demonstraram, depois da observação pioneira de 
Kimura e cols, que uma mutação no gene BRAF está presente na maioria dos casos de PTC 
(29 a 83%). Trata-se de uma mutação somática dotipo transversão de timina para adenina no 
exon 15 de BRAF, que causa a substituição, na proteína, do aminoácido valina por glutamato. 
Esta mutação produz a ativação constitu- tiva da BRAF quinase, pois insere um resíduo 
carregado negativamente adjacente a um sítio de fosforilação, o que causa a ruptura de 
interações hidrofóbicas entre resíduos exatamente no local de ligação de ATP que mantinha a 
conformação inativa. Além disso, demonstrou-se recentemente que a super-expressão do 
BRAF mutado em células tiroideanas de camundongos transgênicos causa PTC (16). 
Cerca de 30 artigos publicados na literatura entre 2003-2005 referentes a pacientes 
adultos, com casuísticas apresentando diversidade geográfica, étnica e dos sub-tipos 
histológicos dos tumores, evidenciaram a presença da mutação T1799A em 810/1856 casos de 
PTC (44%), 0/165 de FTC (0%), 23/94 (24%) de carcinoma anaplásico da tiróide (ATC), 
28 
 
0/542 (0%) de neoplasias benignas da tiróide e 0/65 (0%) de carcinoma medular de tiróide 
(MTC) (6). Desta forma, há forte evidência clínica de que essa mutação está presente apenas 
em PTC e em alguns ATC (talvez derivados de PTC), mas nunca em FTC, neoplasias 
benignas da tiróide e MTC. Além disso, é também a mutação mais prevalente entre todas as 
alterações genéticas no câncer de tiróide. 
Os dados da literatura evidenciam que a muta- ção T1799A mostra prevalência 
variável na depen- dência do sub-tipo de PTC, sendo maior na forma mais agressiva (tumor 
de células altas com 37/48 casos, 77%), intermediária na forma clássica (246/411 dos casos, 
60%) e menor na forma variante folicular (21/175, 12%). Interessantemente, as formas 
clássica e de células altas são as que apresentam maior incidência de metástases para os 
linfonodos cervicais, o que reforça o papel da mutação do BRAF como uma força motriz na 
evolução do PTC. A mutação BRAF deve ocorrer precocemente no desenvolvimento de PTC, 
pois tem se evidenciado sua presença em microcarcinomas papilíferos. 
Outro aspecto fascinante da mutação BRAF é o fato de ela ser mutuamente exclusiva 
relativamente às demais alterações genéticas presentes no câncer de tiróide, ou seja, não há 
descrição de mutações BRAF em casos onde foram identificados rearranjos RET/ PTC ou 
RAS; de certa forma, esse fato não seria surpreendente, pois, como vimos, essas alterações 
genéticas estão na mesma via da MAP quinase e bastaria apenas uma delas para causar a 
tumorigênese. Esta proximidade na via da MAP quinase (entre a mutação BRAF, o rearranjo 
RET/PTC e RAS) deve ser a razão do fenótipo semelhante observado no PTC, diferentemente 
das alterações genéticas presentes em pontos distintos da via e observadas em FTC ou MTC, 
o que foi comprovado em trabalho recente de Melillo e cols., que evidenciaram que 
RET/PTC, RAS e BRAF induzem a proliferação e invasividade das células foliculares da 
tiróide por ativarem um programa estimulatório comum dos genes das quimoquinas CXCL1 e 
CXL10 e seus receptores. 
A idade de início de apresentação da doença nos pacientes que apresentam a mutação 
BRAF também diverge daqueles que apresentam rearranjo RET/PTC; de modo geral, a idade 
é um fator importante na determinação da dominância dessas alterações, pois o rearranjo 
RET/PTC tende a ocorrer em crianças vítimas do acidente de Chernobyl, enquanto que a 
mutação B R A F , em adultos. Nos casos de PTC descritos em crianças vítimas do acidente 
nuclear em Chernobyl, imaginava-se que a radiação per se seria a força maior na gênese do 
rearranjo RET/PTC; porém, estudos recentes com adultos de Chernobyl com PTC evidenciam 
baixa prevalência de RET/PTC e elevada prevalência da mutação BRAF, independente de 
história de radiação. Desta forma, acredita-se que as células foliculares das crianças 
29 
 
apresentem uma propriedade intrínseca de serem mais susceptíveis para rearranjos 
cromossômicos e que a radiação favoreça essa ocorrência. 
Outra vantagem da descoberta da existência da mutação BRAF no PTC tem sido sua 
utilização potencial no diagnóstico e no prognóstico do câncer de tiróide. A pesquisa da 
mutação pode melhorar a qualidade da citologia aspirativa do nódulo de tiróide, pois além de 
confirmar os casos com diagnóstico citológico sugestivo de PTC, pode discriminar com 
certeza casos duvidosos; assim, em estudo recente, 7/53 (13%) amostras com diagnóstico de 
benignidade e 1/14 (7%) amostras com diagnóstico de tiroidite foram positivas para BRAF e, 
em conseqüência, o diagnóstico foi corrigido para PTC. Outro estudo evidencia que 8% das 
citologias com diagnóstico indeterminado são positivas para BRAF. Além disso, a presença 
de BRAF está relacionada a pior prognóstico, como a associação com invasão extra-
tiroideana, estádio avançado e metástases. Entretanto, os casos negativos para a mutação não 
excluem malignidade e devem ser vistos com cautela, principalmente nos casos de PTC 
multifocais, onde somente um dos nódulos foi investigado na citologia. 
Recentemente, outras mutações raras de BRAF têm sido descritas em PTC: K601E na 
forma variante folicular e a fusão do gene BRAF com AKAP9 por uma inversão paracêntrica 
do braço longo do cromossoma 7, resultando num oncogene recombinante que ocorre em 
PTC induzido por radiação. Interessantemente, nosso grupo descreveu uma nova mutação no 
gene BRAF, presente nas metástases para linfonodos em PTC, mas ausente no tumor 
primário, o que seria consistente com um papel facilitador de BRAF na progressão do PTC 
nos linfonodos. Esta mutação, uma deleção de 3 nucleotídeos, resulta na substituição V600E e 
na deleção do aminoácido 601. Uma mutação em tandem no gene BRAF, que também resulta 
na substituição V600E, foi identificada em metástases para linfonodos de PTC. 
É possível que exista também um potencial terapêutico nos casos de mutação BRAF. 
Como se sabe, especialmente nos pacientes mais idosos (provavelmente BRAF positivos), 
frequentemente o PTC evolui com invasão local para músculo e traquéia e apresenta 
metástases recorrentes para linfonodos. Para esses casos, o tratamento habitual com 
tiroidectomia total e ablação com radioiodo não cura os pacientes, e haveria a indicação do 
uso de inibidores das RAF quinases, que apresentam resultados encorajadores in vitro e em 
animais. Um desses inibidores, o Bay 43- 9006, apresenta capacidade de inibir o mutante 
V600E em células derivadas de PTC. 
A calcitonina, o principal produto secretório das células C, é considerado o marcador 
bioquímico para diagnóstico e seguimento pós-operatório dos pacientes com CMT. No 
entanto, a dosagem basal de calcitonina sérica não apresenta boa sensibilidade no 
30 
 
rastreamento de indivíduos portadores de CMT que não apresentam tumor palpável, pois sua 
concentração pode ser normal na fase de hiperplasia de células C. Nestes casos, testes de 
estimulação da secreção de calcitonina podem mostrar a hiper-responsividade das células 
anômalas, possibilitando o diagnóstico. 
Os testes provocativos da secreção de calcitonina pela infusão de pentagastrina ou 
cálcio e pentagastrina têm sido utilizados há mais de 30 anos. Mais recentemente, o uso de 
omeprazol, um bloqueador da bomba de prótons gástrica que, em última instância, estimula a 
secreção endógena de gastrina, foi utilizado na tentativa de se detectar precocemente 
portadores assintomáticos de NEM 2A (neoplasia endócrina múltipla). Erdogan e cols, 
utilizando teste com omeprazol, observaram elevação de calcitonina em três membros de 
famílias com NEM 2A. Contudo, estes resultados não foram confirmados por estudos de 
Viegas e cols. Estes testes são indicados em parentes de primeiro grau dos pacientes com 
diagnóstico de NEM 2A e apresentam desvantagens adicionais, pois devem ser repetidos em 
intervalos regulares a partir dos 3-5 anos de idade até 35-40 anos de vida, apresentam alta 
incidência de efeitoscolaterais e não têm seus resultados padronizados para os primeiros anos 
de vida. 
Adicionalmente, os testes bioquímicos apresentam resultados falso-negativos, às vezes 
não diagnosticando indivíduos assintomáticos portadores de hiperplasia de células C ou 
mesmo CMT. Além disso, devido ao fato de a hiperplasia de células C poder estar presente 
tanto em tireóide normal, em até 3,6% dos casos de CMT esporádico, como em outras 
condições clínicas que não o CMT, podem resultar em resultados falso-positivos entre 5 e 
18% dos casos. 
A tireoglobulina é uma proteína produzida pela glândula tireoide. O nível da tireoglobulina no 
sangue não pode ser utilizado para diagnosticar o câncer de tireoide, mas pode ser útil após o 
tratamento. A melhor maneira de tratar o câncer de tireoide é a cirurgia, seguida do tratamento 
com iodo radioativo para destruir quaisquer células remanescentes da tireoide. Estes 
tratamentos provocam diminuição do nível de tireoglobulina no sangue. Um nível alto da 
tireoglobulina após o tratamento pode significar que a doença ainda está presente, ou ser um 
sinal de recidiva. 
 
 
 
 
 
31 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante de todo o conteúdo supracitado, foi possível compreender, portanto, a importância 
do sentido de olfação e gustação, seu funcionamento fisiológico, bem como entender a 
anatomia das estruturas relacionadas, em especial, as vias efetoras. Assim como compreender 
a relação entre ambos. 
Sendo assim, as alterações desse sistema também foram de grande importância e 
amplamente discutidos no relatório, de modo a compreende-las e discutir como elas podem 
afetar os portadores, assim como também associar aos marcadores laboratoriais. 
Sendo assim, a discussão acerca dessa semana problema se demonstrou de suma 
importância uma vez que foi possível compreender tais patologias relacionadas a olfação e 
gustação de modo a aprimorar o conhecimento medico e facilitar lidar com situações 
relacionadas que possam surgir no dia a dia da profissão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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