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Doenca Pulmonar Obstrutiva Cronica

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Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica 
INTRODUÇÃO 
Principais Causas de Tosse 
- Síndrome de tosse das vias aéreas 
superiores; 
- Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE); 
- Uso de inibidores da enzima conversora de 
angiotensina (IECA); 
- Asma; 
- Síndrome gripal; 
- Tuberculose; 
- DPOC; 
- Infecções pulmonares; 
- Bronquiolite; 
- Neoplasias; 
- Doenças ocupacionais; 
- ICC; 
- Tosse psicogênica. 
Principais Causas de Dispneia 
1. Obstrutivas 
- Vias aéreas superiores: edema de glote, 
presença de corpo estranho e neoplasia. 
- Vias aéreas inferiores: asma e DPOC. 
2. Restritivas 
- Derrame; 
- Ascite; 
- Pneumotórax; 
- Cifoescoliose; 
- Espondilite anquilosante. 
3. Neuromusculares 
- Síndrome de Guillain-Barré; 
- Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA); 
- Miopatias; 
- Obesidade; 
- Trauma. 
4. Doenças Intersticiais 
- Fibrose pulmonar intersticial idiopática; 
- Doenças reumáticas: esclerodermia, 
artrite reumatoide e lúpus eritematoso 
sistêmico; 
- Pneumocomicoses; 
- Vasculites. 
5. Vascular Pulmonar 
- Tromboembolismo pulmonar; 
- SARA. 
VISÃO GERAL DA DPOC 
A DPOC é uma doença multissistêmica, de alta 
prevalência, subdiagnosticada, subtratada e 
pouco percebida. Compreende uma doença 
respiratória comum que causa incapacidade 
substancial, redução da qualidade de vida e 
risco aumentado de morte prematura. Portanto, 
de acordo com a OMS, estima-se que seja a 4º 
causa de morte no mundo, respondendo por 
5% de todas as mortes. 
Um achado fisiopatológico característico, 
presente em todos os estágios da doença, é a 
inflamação pulmonar crônica. 
- Este achado contribuiu para a compreensão 
da DPOC como uma doença complexa com 
manifestações pulmonares e 
extrapulmonares, com a presença de 
inúmeras comorbidade, como doença 
cardiovascular, câncer de pulmão, perda de 
massa muscular, diabetes mellitus e 
depressão, o que possivelmente tem 
impacto adicional sobre a qualidade de vida, 
hospitalizações e redução da sobrevida. 
É de suma importância destacar que há um 
corpo substancial de evidências mostrando que 
o tabagismos é o principal fator de risco para 
essa doença, sendo, assim, responsável por 
mais de 90% dos casos. 
A DPOC abrange uma série de condições 
patológicas que têm em comum a obstrução 
não totalmente reversível do fluxo aéreo. A 
limitação ao fluxo aéreo é geralmente 
progressiva e associada a uma resposta 
inflamatória anormal dos pulmões às partículas 
ou gases nocivos. 
Nesse sentido, engloba o enfisema pulmonar e 
a bronquite crônica, mesmo que o enfisema se 
refira a uma alterações patológica da 
arquitetura do parênquima pulmonar e a 
bronquite crônica seja definida clinicamente. 
Além disso, alguns indivíduos com asma 
podem, a longo prazo, desenvolver uma 
obstrução não totalmente reversível ao fluxo 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
aéreo, sendo, portanto, classificados como 
portadores de DPOC. 
 
Por fim, a DPOC é uma doença tratável, no qual 
o tratamento é efetivo para as manifestações 
respiratórias. 
ESTUDO PLATINO 
De acordo com o estudo PLATINO (Projeto 
Latino-americano de Investigação em 
Obstrução Pulmonar): 
• Prevalência geral de 15,8%, sendo 18% em 
homens e 14% em mulheres. 
• Forte associação de DPOC com baixo nível 
socioeconômico, mesmo após ajuste para 
tabagismo, ocupação e outros fatores de 
risco associados à DPOC. 
• Do total de participantes com o diagnóstico 
de DPOC, 87,5% não havia sido 
diagnosticado anteriormente. 
INDICADORES FUNDAMENTAIS PARA UM 
DIAGNÓSTICO DE DPOC 
1. Tosse Crônica: 
- Presente de modo intermitente ou todos os 
dias; 
- Presente, com frequência, ao longo do dia; 
- Raramente é apenas noturna; 
- Pode preceder ou aparecer 
simultaneamente à dispneia. 
2. Produção Crônica de Expectoração: 
- Qualquer forma de produção crônica de 
expectoração pode ser indicativa. 
3. Exacerbações Agudas: 
- Episódios repetidos. 
4. Dispneia: 
- Progressiva; 
- Persistente; 
- Pior com exercício; 
- Pior durante infecções respiratórias. 
5. História de Exposição aos Fatores de 
Risco: 
- Fumaça do tabaco, incluindo outras formas 
populares locais; 
- Poeiras/fumaças industriais e produtos 
químicos ocupacionais; 
- Fumaça proveniente da cozinha domiciliar, 
fogão à lenha, carvão e gás de aquecimento. 
Portanto, deve-se suspeitar de DPOC, quando: 
• Idade ≥ 40 anos; 
• Fator de risco (sobretudo tabagismo); 
• Sintomas respiratórios crônicos: dispneia 
aos esforços, tosse crônica, produção 
regular de catarro e/ou crises de bronquite 
ou chiado. 
ESTADIAMENTO PARA CLASSIFICAÇÃO 
ESTADIAMENTO I: DPOC Leve 
- VEF1/CVF < 0,7 
- VEF1 ≥ 80% do previsto 
- O paciente pode não estar consciente que 
sua função pulmonar está anormal. 
ESTADIAMENTO II: DPOC Moderada 
- VEF1/CVF < 0,7 
- 50% ≤ VEF1 < 80% do previsto 
- Os sintomas progridem com falta de ar 
tipicamente aparecendo aos esforços. 
ESTADIAMENTO III: DPOC Grave 
- VEF1/CVF < 0,7 
- 30% ≤ VEF1 < 50% do previsto 
- A falta de ar tipicamente piora, 
frequentemente limita as atividades diárias 
do paciente e começam a aparecer as 
exacerbações. 
ESTADIAMENTO IV: DPOC Muito Grave 
- VEF1/CVF < 0,7 
- VEF1 < 30% do previsto OU VEF1 < 50% do 
previsto associado à insuficiência 
respiratória crônica 
- A qualidade de vida está apreciavelmente 
alterada e as exacerbações podem levar à 
risco de vida. 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
PREVALÊNCIA DA DPOC 
De acordo com os estágios de gravidade: 
• Estágio I: 10,1% 
• Estágio II: 4,6% 
• Estágio III: 0,9% 
• Estágio IV: 0,2% 
De acordo com a faixa etária: 
• Entre 40 e 49 anos: 8,4% 
• Entre 50 e 59 anos: 16,2% 
• > 60 anos: 25,7% 
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) 
1. AVALIAÇÃO: 
A avaliação de indivíduos com suspeita de 
DPOC deve ser eminentemente clínica, com a 
utilização da espirometria como ferramenta 
para medir o grau de obstrução, avaliar o grau 
de reversibilidade e a progressão da obstrução 
brônquica, uma vez que tem valor prognóstico. 
Além disso, é de suma importância a 
diferenciação entre os possíveis diagnósticos 
diferenciais. 
2. MÉTODOS PARA MELHORAR O 
DIAGNÓSTICO 
Com o intuito de melhorar o diagnóstico e, 
consequentemente, o tratamento de pessoas 
com DPOC, deve-se: 
• Facilitar a referência da APS para o 
especialista; 
• Facilitar o acesso à espirometria; 
• Instrumentalizar a unidade básica com um 
espirômetro, treinando alguns profissionais 
da unidade para realizarem o exame. 
Obs.: A alternativa mais aceita é facilitar o 
acesso direto à espirometria solicitada pelo 
médico de família ou generalista. 
3. CONDUTA: 
Em relação à conduta, esta deve incluir pelos 
menos quatro componentes: 
• Avaliação e monitoramento da doença; 
• Redução de fatores de risco; 
• Manejo do indivíduo com DPOC estável; 
• Manejo das exacerbações agudas. 
 
4. ACOMPANHAMENTO E TRATAMENTO: 
Os objetivos do acompanhamento e do 
tratamento incluem: 
• Aliviar os sintomas; 
• Prevenir a progressão da doença; 
• Melhorar a capacidade física (tolerância aos 
exercícios); 
• Melhorar o estado geral de saúde e bem-
estar; 
• Prevenir e tratar complicações; 
• Prevenir e tratar exacerbações agudas; 
• Reduzir a mortalidade; 
• Encaminhar ao especialista quando 
necessário (função de filtro); 
• Realizar prevenção quaternária: 
- Não encaminhar ao especialista quando 
não necessário; 
- Não expor a intervenções diagnósticas e 
terapêuticas desnecessárias; 
- Prevenir e minimizar os efeitos colaterais 
do tratamento. 
TRATAMENTO 
 
Tratamento Não Farmacológico 
• Aconselhamento para cessação do 
tabagismo; 
• Educação em saúde e plano de 
autocuidado; 
• Avaliação de comorbidades; 
• Promoção de atividade física; 
• Vacinação antipneumocócica; 
• Vacinação anual anti-influenza. 
Tratamento Farmacológico 
Os principais objetivos do manejo 
farmacológico de pessoas com DPOC são: 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
(1) redução na severidadedos sintomas e (2) 
prevenção das exacerbações. 
1. Terapia Broncodilatadora 
A terapia broncodilatadora é central para o 
manejo da DPOC. Esse tratamento produz 
pequenos aumentos da função pulmonar 
medida pela espirometria e uma redução da 
hiperinsuflação dinâmica que leva à dispneia da 
DPOC. 
Nos casos de DPOC leve, usa-se os 
broncodilatadores de curta ação, como os beta-
2-agonistas (salbutamol ou fenoterol) e os 
anticolinérgicos (ipratrópio) podem ser 
utilizados. 
Já, nos casos moderados, graves e muito 
graves, usa-se os broncodilatadores de longa 
ação como os beta-2-agonistas de longa 
duração - LABA (formoterol e salmeterol) e os 
antagonistas muscarínicos de longa ação - 
LAMA (tiotrópio), uma vez que produzem alívio 
mais uniforme e duradouro. 
ENCAMINHAMENTO 
A maior parte dos indivíduos com DPOC podem 
ser acompanhados exclusivamente na APS. 
Entretanto, existem situações que justificam 
uma avaliação do pneumologista, como: 
• Incerteza diagnóstica; 
• DPOC em pessoas com idade < 40 anos; 
• DPOC em pessoas que possuem um 
parente de primeiro graus com história de 
deficiência de alfa-1-antitripsina; 
• DPOC grave; 
• Exacerbações frequentes; 
• Hemoptise; 
• Dificuldade em controlar os sintomas; 
• Necessidade de oxigenoterapia domiciliar; 
• Necessidade de reabilitação pulmonar; 
• Necessidade de cirurgia. 
ESPIROMETRIA 
A espirometria é um técnica utilizada com o 
objetivo de avaliar a função pulmonar, sendo o 
método mais fidedigno para se definir a 
presença ou ausência de distúrbios 
ventilatórios. Assim, sua realização é 
fundamental para confirmar a impressão 
diagnóstica, bem como para excluir 
diagnósticos diferenciais. 
Destaca-se que há uma subutilização 
importante da espirometria na atenção primária 
(< 35% dos indivíduos com diagnóstico de 
DPOC) a despeito das recomendações. 
Portanto, há a necessidade de maior utilização 
da espirometria como recurso auxiliar 
diagnóstico. 
Embora a espirometria isoladamente não seja 
suficiente para o diagnóstico, uma vez que o 
rastreamento de DPOC com espirometria não 
está indicado, sua não utilização resulta em sub 
ou sobrediagnóstico. 
INDICAÇÕES: 
• Identificação de doença pulmonar ou 
envolvimento pulmonar; 
• Pacientes com sintomas respiratórios 
(dispneia, chiado e tosse); 
• Pacientes com suspeita de DPOC em 
particular naqueles com história positiva 
para tabagismo, tosse crônica, dispneia aos 
esforços, chiado diário e história recorrente 
de infecções respiratórias; 
• Monitoramento dos pacientes com DPOC; 
• Diagnóstico de asma; 
• Quantificação da doença; 
• Acompanhamento e resposta terapêutica; 
• Detecção precoce de doença em paciente 
tabagista (> 10 maços/ano). 
• Avaliação de exposições ocupacionais; 
• Monitorização de efeitos tóxicos de 
medicamentos; 
• Avaliação de incapacidade; 
• Avaliação pré-operatória. 
CONTRAINDICAÇÕES: 
• Hemoptise; 
• Pneumotórax; 
• Instabilidade cardiocirculatória; 
• Angina e IAM recente; 
• Tromboembolismo pulmonar recente; 
• Edema pulmonar recente; 
• Aneurismas cerebral, torácico ou abdominal; 
• Cirurgia ocular, torácica ou abdominal 
recente; 
• Náuseas ou vômitos no momento do exame; 
• HAS não controlada; 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
• Descolamento de retina. 
PARÂMETROS UTILIZADOS: 
1. Capacidade Vital Forçada (CVF) 
- Volume eliminado em manobra expiratória 
forçada desde a capacidade pulmonar total 
(CPT) até o volume residual (VR). 
- Dá uma estimativa do volume pulmonar. 
- Não é um dado fidedigno, pois não há como 
mensurar o VR durante a espirometria. 
- Expressa em litros. 
2. Volume Expiratório Forçado no Primeiro 
Segundo (VEF1) 
- Volume de ar eliminado no primeiro segundo 
da manobra expiratória forçada. 
- Indica se há atraso na liberação do ar 
durante a expiração à paciente com DPOC 
tem tempo de expiração prolongado pelo 
aprisionamento de ar, por isso, no primeiro 
segundo, eliminam um volume inferior ao 
normal. 
- Auxilia na classificação da gravidade. 
- Expresso em litros. 
3. Razão VEF1/CVF 
- Índice de Tiffenau. 
- Indica se há ou não obstrução do fluxo de ar. 
- Expresso em porcentagem (%). 
4. Ventilação Voluntária Máxima (VVM) 
- Volume máximo de ar ventilado em um 
período de tempo por repetidas manobras 
respiratórias forçadas. 
- Expresso em litros/min. 
DISTÚRBIO VENTILATÓRIO OBSTRUTIVO 
E DISTÚRBIO VENTLATÓRIO RESTRITIVO 
Os distúrbios ventilatórios obstrutivos (DVO) 
são caracterizados por uma diminuição da taxa 
de fluxo expiratório devido ao aumenta da 
resistência das vias aéreas, como nos casos de 
enfisema pulmonar, bronquiectasia, 
tuberculose, pneumonia e asma. 
Já, os distúrbios ventilatórios restritivos (DVR) 
são caracterizados por uma diminuição da 
capacidade inspiratória dos pulmões, como nos 
casos de insuficiência respiratória aguda, 
doenças pleurais e síndrome do desconforto 
respiratório agudo. 
 
Nesse sentido, a interpretação da espirometria 
se dá da seguinte forma: 
 
Graus de Obstrução 
(Protocolo ATS/ERS e GOLD) 
 
PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS 
DIFERENCIAIS 
ASMA: Início na infância ou adolescência; 
história pessoal de atopia (rinite, alergia e 
eczema); história familiar de asma; sem história 
de tabagismo; variação acentuada do grau de 
sintomas; sintomas noturnos ou de madrugada; 
obstrução ao fluxo aéreo amplamente 
reversível; boa resposta ao corticoide inalatório. 
A diferenciação com a asma é extremamente 
importante, visto que as estratégias de 
tratamento são distintas para as duas 
condições, embora a cessação do tabagismo 
seja vital, independente da doença. 
Nesse sentido, o tratamento da asma inclui o 
uso de corticoide inalatório em indivíduos com 
doença persistente para suprimir a inflamação 
eosinofílica das vias aéreas, enquanto no 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
tratamento da DPOC o corticoide inalatório é 
pouco responsivo, uma vez que a inflamação é 
neutrofílica. 
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: Dispneia 
paroxística noturna; crepitações nas bases 
pulmonares; achados de IC ao exame físico; 
radiografia de tórax mostrando cardiomegalia e 
edema pulmonar; espirometria com distúrbio 
ventilatório restritivo. 
Embora a diferenciação pareça ser simples 
(cardiomegalia, dispneia paroxística noturna e 
edema de MMII), muitas vezes, não há 
subsídios clínicos suficientes para o 
diagnóstico adequado. 
Além disso, as duas condições podem estar 
associadas com alguma frequência, o que torna 
o manejo ainda mais complicado, 
principalmente se o generalista não perceber a 
associações. Assim, nesses casos, é 
necessário a utilização de exames 
complementares para a elucidação diagnóstica. 
TUBERCULOSE: Faixa etária variada; pode 
ser pouco sintomática; tosse produtiva; 
hemoptise; febre; sudorese noturna; perda de 
peso; radiografia de tórax com opacidade em 
ápices ou cavitação. 
BRONQUIECTASIAS: Faixa etária variada; 
tosse com expectoração purulenta diária; 
radiografia ou tomografia de tórax com 
dilatação brônquica. 
CÂNCER PULMONAR: Idade > 50 anos; 
expectoração; dispneia; dor torácica; fadiga; 
emagrecimento; radiografia de tórax com 
opacidade irregular. 
OUTRAS: bronquiolite obliterante; embolia de 
pulmão recorrente; massas mediastinais e 
hipofarígeas e outras obstruções de vias 
aéreas (bócio); apneia obstrutiva do sono; 
síndrome de Löeffler; infecções virais e 
bacterianas; fibrose cística; aspergilose 
broncopulmonar alérgica; refluxo 
gastroesofágico. 
Obs.: Todas essas doenças podem coexistir 
com DPOC. 
 
 
TABAGISMO 
O tabagismo é reconhecido como uma doença 
crônica, sendo considerado um transtorno 
mental e comportamental devido ao uso de 
nicotina (substância psicoativa) com 
desenvolvimento de dependência e doenças 
crônicas, decorrentes dos produtos, aditivos e 
subprodutos do tabaco. 
De acordo com a OMS, o tabaco mate mais de 
8 milhões de pessoa por anos, sendo que mais 
de 7 milhões dessas mortes resultam do uso 
diretodesse produto, enquanto cerca de 1,2 
milhão é o resultado de não-fumantes expostos 
ao fumo passivo. Portanto, compreende a 1a 
causa de morte evitável. 
Cerca de 80% dos fumantes vivem em países 
de baixa e média renda, onde o peso das 
doenças e mortes relacionadas ao tabaco é 
maior. 
Ainda, estatísticas revelam que os fumantes, 
comparados aos não fumantes, apresentam um 
risco 10x maior de adoecer de câncer de 
pulmão, 5x maior de sofrer infarto, bronquite 
crônica e enfisema pulmonar, e 2x maior de 
sofrer derrame cerebral. 
Doenças relacionadas ao Tabagismo 
O tabagismo contribui para as seguintes 
doenças: 
• Doenças crônicas não transmissíveis 
(bronquite crônica e enfisema pulmonar); 
• IAM; 
• AVC; 
• Tuberculose; 
• Infecções respiratórias 
• Úlceras gastrointestinal; 
• Impotência sexual; 
• Infertilidade em ambos os sexos; 
• Osteoporose; 
• Catarata; 
• Cânceres: leucemia mieloide aguda, câncer 
de bexiga, câncer de pâncreas, câncer de 
fígado, câncer do colo do útero, câncer de 
esôfago, câncer de rim e ureter, câncer de 
laringe (cordas vocais), câncer na cavidade 
oral, câncer de faringe (pescoço), câncer de 
estômago, câncer de cólon e reto, câncer de 
traqueia, brônquios e pulmão. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Obs.: Os produtos de tabaco que não produzem 
fumaça também estão associados ou são fator 
de risco para o desenvolvimento de câncer de 
cabeça, pescoço, esôfago e pâncreas, assim 
como para muitas patologias buco-dentais. 
Dados Importantes 
• No Brasil, cerca de 443 pessoas morrem a 
cada dia por causa do tabagismo. 
• R$ 125.148 bilhões são os custos dos danos 
produzidos pelo cigarro no sistema de saúde 
e na economia. 
• Cerca de 161.853 mortes anuais poderiam 
ser evitadas. 
• Quanto às mortes anuais atribuíveis aos 
tabagismos: 
- 37.686 DPOC; 
- 33.179 doenças cardíacas; 
- 25.683 cânceres diversos; 
- 24.443 câncer de pulmão; 
- 18.620 tabagismo passivo e outros; 
- 12.201 pneumonia; 
- 10.041 AVC. 
Carga Tabágica 
O cálculo da carga tabágica é realizado pela 
multiplicação do nº de maços fumados por dia 
pelo número de anos de tabagismos. Assim, 
anos/maço é utilizado para quantificar a 
exposição do paciente ao tabaco pela vida 
inteira. 
Exemplo.: Uma pessoa que fumou 40 cigarros 
por dia (2 maços) por período de 30 anos 
possui uma carga tabágica de 60 anos/maço. 
Abuso e Dependência 
A nicotina, presente em qualquer derivado do 
tabaco, é considerada uma droga, visto que 
possui propriedades psicoativas. Por isso, ao 
ser inalada, produz alteração do SNC, trazendo 
modificação do estado emocional e 
comportamental do usuário, induzindo, assim, 
ao abuso e dependência. 
O quadro de dependência resulta em 
tolerância, abstinência e comportamento 
compulsivo para consumir a droga, 
estabelecendo-se, assim, um padrão de 
autoadministração caracterizado pela 
necessidade, tanto física quanto psicológica, da 
substância, apesar do conhecimento de seus 
efeitos prejudiciais à saúde. 
Benefícios da Cessação do Tabagismo 
Parar de fumar sempre vale a pena em 
qualquer momento da vida, mesmo que o 
fumante já esteja com alguma doença causada 
pelo cigarro, tais como câncer, enfisema ou 
derrame. Isso de dá uma vez que: 
• Pressão sanguínea e a pulsação voltam ao 
normal (após 20 minutos); 
• Não há mais nicotina circulante no sangue 
(após 2 horas); 
• Nível de oxigênio no sangue se normaliza 
(após 8 horas); 
• Pulmões já funcionam melhor (após 12 a 24 
horas); 
• Olfato já percebe melhor os cheiros e o 
paladar já degusta melhor a comida (após 2 
dias); 
• Respiração se torna mais fácil e a circulação 
melhora (após 3 semanas); 
• Risco de morte por IAM é reduzido à metade 
(após 1 ano); 
• Risco de sofrer infarto será igual ao das 
pessoas que nunca fumaram (após 10 
anos). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
CASO CLÍNICO 
IDENTIFICAÇÃO: J.L.S., homem, 62 anos, 
casado, branco, trabalhador da construção civil 
(pedreiro). 
QUEIXA PRINCIPAL E DURAÇÃO: Vem a 
unidade para uma consulta por demanda livre 
devido à tosse e cansaço nos últimos 2 dias. 
HISTÓRIA PREGRESSA DA MOLÉSTIA 
ATUAL: Paciente conhecido na unidade, hiper 
frequentador, devido à múltiplas consultas nos 
últimos anos por motivos similares, devido a 
exacerbações de seu quadro de tosse. Possui 
uma “tosse de fumante” crônica, mas relata 
que, nos últimos 2 meses, vem apresentando 
tosse, com queixas ocasionais de chiado. 
Refere, ainda, que nos últimos 2 dias, sua tosse 
aumentou, a cor do escarro mudou de branco 
para verde e teve que aumentar a frequência de 
uso do seu inalador de salbutamol. 
ANTECEDENTES PESSOAIS: 
• Histórico de rinite alérgica e asma brônquica 
na infância, sem internações necessárias. 
• Faz uso de salbutamol rotineiramente 2x/dia. 
• Portador de hipertensão arterial em uso de 
captopril 25 mg 2x/dia. 
• Duas hospitalizações por pneumonia nos 
últimos 5 anos. 
ANTECEDENTES FAMILIARES: 
• Pais tabagistas. 
• Pai com histórico de enfisema pulmonar. 
• Mãe diabética, com histórico de 
rinossinusite. 
• Dois irmãos com problemas respiratórios. 
• Filho com histórico de asma brônquica. 
HÁBITOS DE VIDA: 
• Histórico de tabagismos desde os 17 anos, 
chegando a 60 cigarros/dia e, mesmo com o 
quadro atual, continua a fumar 2 maços/dia. 
• Etilista de final de semana. 
• Sedentário. 
CARGA TABÁGICA: 135 anos/maço (3 maços 
x 45 anos). 
INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO: 
• Geral: nega febre e emagrecimento. 
• Cabeça e Pescoço: histórico de rinite e 
refere alguns episódios de sinusopatia. 
• Aparelho Respiratório: passado de 
pneumonia com duas internações nos 
últimos 5 anos e passado de bronquite na 
infância. 
• Aparelho Cardiovascular: queixas 
ocasionais de palpitações. 
• Aparelho Gastrointestinal: hábito intestinal 
regular. 
• Aparelho Geniturinário: desconforto sobre a 
região da virilha quando esforço. 
• Aparelho Locomotor: claudicações quando 
faz caminhadas de longa distância. 
EXAME FÍSICO: 
Sinais Vitais: FC 98 bpm; FR 24 rpm; PA 
150/90 mmHg; Sat O2 90% em ar ambiente; T 
36,9ºC. 
Geral: P = 58 kg; Alt = 172cm; IMC: 19,6 kg/m2; 
sofrimento respiratório moderado; ligeira 
cianose labial. 
Aparelho Respiratório: dispneico; tórax com 
diâmetro anteroposterior ligeiramente 
aumentado; presença de sibilos expiratórios 
difusos com uma fase expiratória prolongada; 
presença de estertores em base do hemitórax 
direito. 
Aparelho Cardiovascular: BNR ligeiramente 
hipofonéticas. 
Aparelho Abdominal: abdome escavado; 
indolor à palpação; sem visceromegalias; 
ligeira hérnia inguinal à direita. 
Aparelho Locomotor: cifoescoliose para 
direita; sem edemas de MMII; pulsos pediosos 
tênues. 
EXAMES LABORATORIAIS: 
• Hemograma: 
- Hemácias 5,2 milhões/mm3 
- Hemoglobina 16,8 g/dL 
- Hematócrito 49% 
- Leucócitos 6.900 mm3 
- Bastonetes 1 mm3 
- Segmentados 56 mm3 
- Eosinófilos 3 mm3 
- Basófilos 0 mm3 
- Linfócitos 30 mm3 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
- Monócitos 10 mm3 
- Plaquetas 230.000 mm3 
• Glicose em jejum e pós-prandial: 
- Jejum 103 mg/dL 
- Pós-prandial 126 mg/dL 
• Colesterol total e frações; 
- CT 205 mg/dL 
- HDL 56 mg/dL 
- Triglicerídeos 145 mg/dL 
• Ureia 40 mg/dL; 
• Creatinina 1,0 mg/dL; 
• Ferro 96 µg/dL; 
• Ferritina 30 ng/mL; 
• Eletroforese de hemoglobina normal; 
• Urina de rotina normal. 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
• Raio-X de tórax: 
 
Releva diâmetro anteroposterior aumentado e 
cúpulas diafragmáticas achatadas, mas, fora 
isso, os campos pulmonares estão limpos. 
• Espirometria: 
- CVF normal 
- VEF1 65% 
- VEF1/CVF < 70% 
PERGUNTA-SE: 
1. Qual é a causa mais provável da dispneia 
deste paciente? 
2. Quais exames complementares podem ser 
solicitados para esclarecimento diagnóstico? 
3. Que conduta poderíamos assumir frente a 
este paciente?

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