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Embargos a execução fiscal

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 3ª VARA EXECUÇÕES 
FISCAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE M, DO ESTADO DE E 
 
Processo nº xxx 
 
Caio, ora embargante, nacionalidade, estado civil, profissão, 
portador do RG nº xxx, inscrito no CPF nº xxx, residente e 
domiciliado à Rua x, nº x, Bairro, Cidade/UF, CEP xxxx, por 
seu advogado infra-assinado, com endereço profissional à 
Rua x, nº x, Bairro, Cidade/UF, CEP, com endereço 
eletrônico x, vem, respeitosamente, à presenta de Vossa 
Excelência para, com fulcro no art. 16 da Lei de Execuções 
Fiscais (Lei nº 6.830/80) e art. 919, § 1º do CPC, opor 
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL nº xxxx, com pedido 
de efeito suspensivo, movida pela União (Fazenda 
Nacional), pessoa jurídica de direito público interno, inscrita 
no CNPJ/MF nº xxxx, com sede no endereço x, ora 
Embargada, o que faz com base nas razões de fato e de 
direito a seguir expostos. 
 
DOS FATOS 
O Embargante restou vencedor em uma reclamação trabalhista movida 
contra sua ex-empregadora, pessoa jurídica X, de onde, após trabalhar por mais 
de 10 (dez) anos, foi demitido de forma vexatória, diante de outros empregados, 
rem receber sequer verbas trabalhistas. 
Na reclamação, Caio pleiteou as verbas trabalhistas não pagas e, ainda, 
indenização por danos morais. A decisão transitada em julgado deu provimento 
aos pedidos de Caio, condenando a pessoa jurídica X ao pagamento de valores 
a título de (I) férias proporcionais não gozadas e respectivo terço constitucional 
e, ainda, (II) indenização por nados morais; esses valores foram efetivamente 
recebidos por Caio no ano de 2015. 
Em junho de 2016, a Fazenda Nacional, ora embargada, propôs a 
presente ação executiva, cobrando do embargante o Imposto sobre a Renda da 
Pessoa Física – IRPF que, a seu ver, incidiria sobre as férias proporcionais não 
gozadas, o respectivo terço constitucional e os danos morais. 
A presente demanda, entretanto, não merece prosperar pelos motivos que 
adiante se expõe. 
 
DA TEMPESTIVIDADE 
O embargante foi citado e intimado da penhora de seu único imóvel há 
10 (dez) dias, como se vê dos autos. Uma vez que o art. 16, III da Lei nº 6830/80 
prevê que o executado terá o prazo de 30 (trinta) dias para oposição de 
embargos, a contar da data da intimação da penhora, os presentes embargos 
são tempestivos. 
 
DA GARANTIA EM JUÍZO 
A Lei de Execução Fiscal impõe no art. 16, § 1º, a garantia da execução 
como requisito de admissibilidade dos embargos. Demonstrando nos autos que 
este r. Juízo encontra-se garantido pela penhora do imóvel do embargante, de 
rigor o acolhimento dos embargos. 
 
DO MÉRITO 
Primeiramente, vê-se que a Certidão de Dívida Ativa que alicerça os 
presentes autos padece de nulidade insanável, a exigir a extinção da demanda. 
Com efeito, o art. 202, inciso II, do CTN, ou art. 2º, § 5º, inciso II, da Lei nº 
6.830/80 (LEF) prevê que a certidão de dívida ativa, indicado pela autoridade 
competente, deverá indicar, obrigatoriamente, “a quantia devida e a maneira de 
calcular os juros de mora acrescidos”, o que claramente não ocorreu no caso em 
tela. 
Nos termos do art. 203 do CTN, a omissão desse requisito é causa de 
nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, assim, de rigor 
a extinção do presente feito. 
Ainda que a Fazenda Nacional, fazendo uso da previsão legal do artigo 
supracitado, substitua a CDA por outra que atenda aos requisitos formais 
exigidos, a presente ação não pode prosperar. 
Isso porque a cobrança incide sobre os valores recebidos à título de férias 
proporcionais não gozadas, terço constitucional e indenização por danos morais, 
o que é inadmitido pela legislação em vigor, em especial da disposição do art. 
43 do CTN. 
Não poderia ser diferente: sobre as férias vencidas e proporcionais, 
acrescidas de seus respectivos 1/3, não incide IRPF porque a rescisão frustrou, 
antecipadamente, a expectativa de gozo do direito constitucional, segundo 
entendimento pacífico da Súmula 386 do Superior Tribunal de Justiça. 
Na mesma linha, a Súmula 498 do STJ é taxativa ao dizer que “não incide 
imposto de renda sobre a indenização por danos morais”, o que eiva a 
ilegalidade sobre a cobrança apresentada nestes autos, nesse sentido. Por fim, 
destaca-se ainda, que a penhora decretada nestes autos, que incide sobre 
imóvel do embargante, é ilegal. Isto porque o imóvel penhorado, além de ser a 
residência do embargante e sua família, é o único de sua propriedade. 
Assim, segundo as disposições do art. 1º da Lei nº 8.009/90, o imóvel 
goza de impenhorabilidade, sendo medida de rigor o afastamento da constrição 
aplicada. 
Vê-se, portanto, Excelência, que a exigência fiscal objeto destes autos é 
indevida, devendo ser julgado improcedente o pleiteado pela União, e 
procedente o presente embargos, a fim de afastar a penhora incidente sobre o 
imóvel e declarar nula as cobranças feitas. 
 
DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer: 
a. Procedência dos Embargos, com a consequente extinção da Execução 
Fiscal e o levantamento da penhora que recai sobre o bem de família; 
b. A condenação da Fazenda Nacional ao pagamento de honorários, nos 
termos do art. 85 do CPC. 
O embargante declina da realização de audiência de conciliação ou de mediação 
assegurada pelo art. 319, inciso VII, do CPC uma que que o direito guerreado 
não admite autocomposição, conforme art. 334, § 4º, inciso II, do CPC. 
Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em Direito. 
Dá-se à causa o valor de xxx. 
 
Termos em que, 
Pede e aguarda deferimento. 
 
Loca, data. 
 
Advogado 
OAB

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