Buscar

Intoxicação por Vitis vinifera em pequenos animais

Prévia do material em texto

Intoxicação por Vitis vinífera em cães
Luca Scheidt de Oliveira
Universidade Tuiuti do Paraná
Curso de medicina veterinária
Toxicologia e plantas tóxicas
Uvas
Popularmente conhecida como “uva”, a Vitis vinífera é a fruta mais cultivada no mundo, tanto em sua forma natural, como também em produtos como vinho e passas;
Seu cultivo iniciou cerca de 6000 a 8000 anos atrás no Oriente Médio.
Intoxicação por Vitis vinífera em cães
Comumente encontrada em nossas casas, as uvas apresentam forte potencial toxicológico pra cães;
Até o momento o mecanismo de toxicidade da Vitis vinífera não é conhecido. Entretanto, através da observação empírica foi confirmado que a fruta é prejudicial para a espécie;
A intoxicação acontece com a ingestão de 10 até 57g/kg.
Suspeitas quanto ao mecanismo de toxicidade
Intolerância de cães aos taninos presente na fruta (SINGLETON, 2001);
Presença de micotoxinas, pesticidas ou metais pesados (GWALTNEY-BRANT et al., 2001);
Sobrecarga de açúcar presente, levando os animais ao choque (SINGLETON, 2001);
Reações idiossincráticas por diferenças enzimáticas (MAZZAFERRO et al., 2004);
 Excesso de vitamina D (GWALTNEY-BRANT et al., 2001).
A toxicidade aumenta de maneira cumulativa conforme a fruta é ingerida. Entretanto, a resistência varia muito de cão para cão, independente da raça, idade ou sexo;
Após ingerir 1kg da fruta, alguns cães vieram a óbito enquanto outros permaneceram assintomáticos (SUTTON et al, 2009)
Mortalidade em 50 a 75% dos casos.
Sinais clínicos
Aparecem 24 horas após a ingestão;
Se caracterizam por: vômitos, diarreia, anorexia, dor abdominal, desidratação, fraqueza, tremores e letargia (GWALTNEY-BRANT et al., 2001; EUBIG et al., 2005; MORROW et al., 2005; SUTTON et al., 2009).
 Alguns cães podem apresentar sinais de oligúria ou anúria e polidipsia entre 24 a 72 horas, caracterizando falha ou insuficiência renal (EUBIG et al., 2005; MORROW et al., 2005; CAMPBELL, 2007; SUTTON et al., 2009; HANDL; IBEN, 2010).
Diagnóstico
O diagnóstico é somente possível através da anamnese ou identificação da fruta no vômito, fezes ou lavagem gástrica.
Exames laboratoriais
Aumento de células brancas, proteinúria, glicosúria, hematúria microscópica e, raramente, creatinina, glicose, fósforo e enzimas hepáticas;
Elevação de enzimas pancreáticas, como amilase;
De 43 cães que apresentaram sinais toxicológicos, mais de 90% tiveram alta relação de cálcio e fósforo e hiperfosfatemia (Eubig et al., 2005).
Alterações anatomopatológicas
Necrose no túbulo proximal renal – achado mais consistente;
Cães que ingiram 3kg da matéria apresentam degeneração e/ou necrose, principalmente no túbulo contorcido proximal, com membranas basais remanescentes intactas, podendo ocorrer regeneração epitelial e calcificação renal; alterações hepáticas caracterizadas por congestão centro-lobular e diferentes graus de injúria hepatocelulas com estase biliar intra-hepática já foram descritas (MORROW et al., 2005).
Tratamento
Fluidoterapia agressiva intravenosa nas primeiras 48 horas, a fim de reidratar e manter a função renal, devendo ser realizada em até 12 horas em animais que apresentem emese ou diarreia;
 É indicado o uso de carvão ativado e desintoxicação do trato gastrintestinal com eméticos e lavagem gástrica.
Referências
RIBEIRO, Roberto, et al., Intoxicação por cacau, cebola e uva em pequenos animais. Revistas Unilago, São José do Rio Preto, 2019. Disponível em: http://revistas.unilago.edu.br/index.php/revista-cientifica/article/view/207/184. Acesso em: 15/09/2020.
WALLER, Stefanie, et al., Intoxicação em cães e gatos por alimentos humanos: o que não fornecer aos animais? Veterinária em Foco, Pelotas, 2013. Disponível em: http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/veterinaria/article/view/1228/1119?fbclid=IwAR3oh7sKsenbpMydcxQ-4qGFq0F3u9HF4_eNwGxKqPm6ZlMAnQAiUC4b2IA. Acesso em: 15/09/2020.

Continue navegando