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Programa de Qualificação Profissional - Volume 6

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emprego
g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o
Prog rama de
C a d e r n o d o 
Tr a b a l h a d o r
Vo l u m e
6
Conteúdos Gerais
Qualificação
Profissional
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, 
Ciência e Tecnologia
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de deSenvolvimento 
econômico, ciência e tecnologia
ÍNDICE
Caderno do trabalhador – Volume 6 
Saúde e segurança no trabalho 9
Cidadania ambiental 63
dados internacionais de catalogação na publicação (cip) 
(bibliotecária silvia marques crb 8/7377)
P964
Programa de qualificação profissional / Conteúdos gerais
São Paulo : Fundação Padre Anchieta, 2010. 
(Caderno do trabalhador, v. 6)
(vários autores, il.)
Programa de qualificação profissional da Secretaria do 
Emprego e Relação do Trabalho-SERT
ISBN 978-85-61143-44-2
1. Trabalho – treinamento. 2. Meio ambiente – ecologia 
3. Trabalho – saúde segurança I. Título. II. Série.
1-ª edição: 2010
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Geraldo Alckmin
Governador
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Rodrigo Garcia
Secretário
Nelson Baeta Neves Filho
Secretário-Adjunto
Maria Cristina Lopes Victorino
Chefe de Gabinete
Ernesto Masselani Neto 
Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante
FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA
Presidente 
João Sayad
Vice-Presidentes 
Ronaldo Bianchi
Fernando Vieira de Mello
Diretoria de Projetos Educacionais
Diretor 
Fernando José de Almeida
Gerentes
Monica Gardelli Franco
Júlio Moreno
Coordenação técnica
Maria Helena Soares de Souza 
Equipe Editorial
Gerência editorial
Carlos Seabra
Secretaria editorial 
Solange Mayumi Lemos
Apoio administrativo 
Acrizia Araújo dos Santos, 
Ricardo Gomes, Walderci Hipólito
Edição de texto 
Fernanda Spinelli, Marcelo Alencar
Leitura crítica 
Adriano Botelho, José Bruno Vicentino, 
Evanisa Arone, Hugo Fortes, Luciane Genciano, 
Marco Antonio Queiroz Silva
Preparação 
Luciana Soares, Tamara Castro
Revisão 
Beatriz Chaves, Fernanda Bottallo, Vera Ayres
Identidade visual 
João Baptista da Costa Aguiar
Arte e diagramação 
Carla Castilho
Pesquisa iconográfica 
Elisa Rojas, 
Renato Luiz Ferreira
Ilustrações 
Beto Uechi, Felipe Cohen, Gil Tokio, 
Kellen Carvalho, Leandro Robles, Lúcia Brandão
Colaboradores 
Eliana Kestenbaum, Gustavo Lico Suzuki, 
Marcia Menin, Maria Carolina de Araújo, 
Paulo Roberto de Moraes Sarmento
Coordenação do Projeto
CETTPro/SDECT 
Juan Carlos Dans Sanchez
Fundação Padre Anchieta
Monica Gardelli Franco
Fundação do Desenvolvimento 
Administrativo – Fundap 
José Lucas Cordeiro
Apoio Técnico à Coordenação
Fundação do Desenvolvimento 
Administrativo – Fundap
Fernando Moraes Fonseca Jr., Laís Schalch, 
Maria Helena de Castro Lima, Selma Venco
Apoio à Produção
Fundação do Desenvolvimento 
Administrativo – Fundap 
Ana Paula Alves de Lavos, Bianca Briguglio, 
Emily Hozokawa Dias, Isabel da Costa Manso 
Nabuco de Araújo, José Lucas Cordeiro, 
Karina Satomi, Laís Schalch, 
Maria Helena de Castro Lima, 
Selma Venco
CETTPro/SDECT 
Cibele Rodrigues Silva, 
João Batista de Arruda Mota Jr.
Textos de Referência
Airton Marinho da Silva, 
Alan Pereira de Oliveira, 
Ana Paula Alves de Lavos, 
Antonio Carlos Olivieri, Bianca Briguglio, 
Clélia La Laina, Cleusa Helena Pisani, 
Elaine Oliveira Teixeira, 
Fernanda Maria Macahiba Massagardi, 
Hugo Capucci Jr., Jaquelina Maria Imprizi, 
Joana Scheidecker Rebelo dos Santos, 
Laís Schalch, Leonor Gonçalves Simões, 
Maria de Souza Oliveira Tavares, 
Maria Helena de Castro Lima, 
Renata Violante, Ricardo Mendes Antas Junior, 
Roberto Cattani, Selma Venco, 
Silvia Andrade da Silva Telles, 
Sonia Regina Martins, Walkiria Rigolon
Secretaria de deSenvolvimento 
econômico, ciência e tecnologia
Caro(a) trabalhador(a),
Estamos bastante felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do 
Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação 
profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o 
seu próprio negócio.
Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo 
desempregado. Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se 
manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais 
atraentes.
Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego. 
O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, 
Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da 
educação profissional.
Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para 
facilitar o aprendizado de forma rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores 
experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho 
e excelentes cidadãos para a sociedade.
Temos a certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação 
profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a 
realização de sonhos ainda maiores.
Boa sorte e um ótimo curso!
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, 
Ciência e Tecnologia
Caro(a) trabalhador(a),
Gostaríamos de parabenizá‑lo(a) por sua iniciativa de buscar um programa de 
qualificação profissional. 
Seja qual for o motivo que o(a) trouxe aqui – procurar um trabalho, aperfeiçoar 
aquilo que você já sabe fazer ou tentar mudar de profissão –, aprender, adquirir 
novos saberes, aprimorar‑se é sempre bom; é um passo importante na vida 
das pessoas. 
O curso iniciado por você agora foi pensado para os trabalhadores que 
– como você – estão com dificuldade de arrumar trabalho: seja em uma fábrica, 
uma empresa, seja como autônomo, seja cuidando do próprio negócio. 
Pensamos que, se passamos a saber um pouco mais, esse caminho, pode se 
tornar mais fácil. 
Estudando as características do mercado de trabalho e as mudanças que estão 
acontecendo nessa área – tanto no mundo, como aqui no Brasil e no estado de 
São Paulo –, a SDECT preparou um programa de qualificação com duas partes. 
A primeira, que chamamos de conteúdos gerais, trabalha os saberes básicos 
necessários em qualquer ocupação. 
São conteúdos que objetivam preparar você, trabalhador, para: ler melhor um 
texto; refletir de forma crítica sobre ele; tirar conclusões sobre um fato; encontrar 
soluções possíveis para determinado problema; entender o mercado de trabalho 
e inserir‑se melhor nele; participar de um debate ou de um trabalho em equipe; 
raciocinar de forma lógica, entre outros saberes. 
Na segunda parte deste curso serão trabalhados os chamados conteúdos 
específicos, relacionados ao aprendizado de determinada ocupação e escolhidos 
de acordo com as características de cada região ou cidade. 
Os cadernos que você está recebendo são voltados exclusivamente para os 
conteúdos gerais.
Neste caderno, você encontrará os temas: Saúde e segurança no trabalho e 
Cidadania ambiental.
Nas primeiras unidades, apresentamos fatores que podem prejudicar a 
integridade física dos profissionais, como as condições em que o trabalho ocorre 
e a falta de equipamentos de proteção.
O módulo seguinte,que complementa este volume, busca definir conceitos 
ligados ao meio ambiente, além de mostrar os principais problemas relacionados 
ao tema e apontar meios para você ajudar a enfrentá‑los. 
O caderno mostra, ainda, algumas leis importantes ligadas aos dois assuntos.
Com esses conteúdos, colocados à sua disposição, esperamos que você 
aproveite o curso de qualificação que irá fazer e possa ampliar seus saberes para 
o mundo do trabalho. 
Coordenadoria de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
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Saúde 
e segurança 
no trabalho
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
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Caro(a) trabalhador(a), 
Este caderno foi feito para debater com você e seus colegas as doenças e os acidentes 
do trabalho. 
Procuramos apresentar as principais situações quepodem trazer problemas para a 
saúde dos profissionais, entre elas as condições em que o trabalho ocorre e a falta de 
equipamentos de proteção. 
O caderno mostra também as principais leis relacionadas ao assunto para você saber 
o que deve ser feito em caso de acidentes ou doenças do trabalho. 
Conhecer as formas de prevenir doenças e acidentes é, com certeza, um grande passo 
para melhorar as condições de trabalho e de vida dos brasileiros. 
Assim, na Unidade 1 falamos sobre como o trabalho que desenvolvemos todos os 
dias envolve riscos, possibilitando a ocorrência de acidentes e doenças profissionais. 
Na Unidade 2 há alguns dados sobre doenças comuns nos ambientes de trabalho.
A legislação trabalhista brasileira é tratada na Unidade 3. Você poderá conhecer me-
lhor as responsabilidades das empresas e os direitos dos trabalhadores diante de pro-
blemas.
Já na Unidade 4 o assunto é proteção, ou seja, discutimos como podemos prevenir 
acidentes e doenças no trabalho, bem como vários alertas sobre outros tipos de risco 
presentes nesses locais: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.
Por fim, na Unidade 5 vamos saber como, em um local de trabalho, é construído o 
mapa de riscos.
Bom trabalho!
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
12
unidade 1 adoecer no trabalho, 
uma história antiga
O trabalho é muito importante para todos nós. 
Por meio dele as pessoas desenvolvem a inteligência, 
constroem uma profissão, sustentam a si mesmas e suas 
famílias e se comunicam com outras pessoas. 
Mas trabalhar também envolve certos riscos. 
Nas próximas páginas vamos tratar desses riscos, 
que estão relacionados à saúde e à possibilidade 
de o trabalhador adoecer.
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
13
São inúmeras as atividades que podem afetar a saúde dos profissionais. 
Dependendo das condições, como o local de trabalho e o equipamento utilizado, os 
trabalhadores podem sofrer vários tipos de acidentes e também de doenças, chamadas 
doenças do trabalho ou doenças profissionais. 
Vamos ver alguns exemplos?
•	 Quem atua em minerações e pedreiras respira a poei ra da pedra, ou seja, fica 
exposto a essa poeira e está sujeito a sofrer de silicose, um mal que ataca os pul-
mões e leva à morte. 
•	 Os ambientes muito barulhentos, após alguns anos, deixam as pessoas surdas 
e nervosas. É o risco que correm, por exemplo, os operadores de britadeira que 
não usam protetores de ouvido.
•	 Andaimes mal construídos, com tábuas rachadas e amarrados com arame, pro-
vocam várias mortes em obras nas grandes cidades. Os pedreiros, por exemplo, 
têm de conviver com o medo de cair de grandes alturas, de choques elétricos e 
de doenças da coluna, entre outros problemas. 
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
14
•	 Faz parte da rotina de estivadores e carregadores trans-
portar sacos pesados nas costas. Há profissionais que 
precisam fazer o mesmo trabalho todos os dias, repe-
tindo movimentos iguais várias vezes e de forma rápida, 
isso acontece com metalúrgicos, digitadores, bancários, 
costureiras, açougueiros. Por causa dos movimentos 
repetitivos, eles podem acabar tendo uma doença cha-
mada LER/DORT, que ataca coluna, músculos, nervos, 
juntas, tendões, mãos, cotovelos e ombros, retirando a 
capacidade de trabalho de pessoas ainda jovens. 
•	 Há também ambientes de trabalho, como indústrias de 
tintas e vernizes, oficinas de pintura e fábricas de sapatos, 
onde os trabalhadores lidam o tempo todo com produtos 
químicos tóxicos, respirando vapores, colas, gases e fuma-
ças. Nesses locais podem ocorrer intoxicações por chum-
bo, benzeno, tíner e outros solventes, que podem originar 
até casos de leucemia, um tipo de câncer no sangue. 
atividade 1 – Debate de experiências
Forme um grupo com mais quatro colegas para discutir as experiências de trabalho de 
vocês. Liste os locais e os riscos à saúde que, na opinião da equipe, estão relacionados 
a cada um desses lugares e atividades profissionais.
Local Profissional Risco à saúde
Empresa de 
entregas rápidas Motoboy Acidente de trânsito
Você sabia?
As siglas LER/DORT sig­
nificam Lesões por Esfor­
ços Repetitivos e Doen ças 
Osteomusculares Rela­
cionadas ao Trabalho.
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
15
 
Tristes estatísticas
Na América do Sul acontecem 20 milhões de acidentes de trabalho 
por ano, causando 90 mil mortes, ou seja, aproximadamente 250 
pessoas perdem a vida a cada 24 horas por esse motivo. 
No Brasil, a situação também é bastante complicada: pelo menos 
3.000 profissionais morrem anualmente em decorrência de acidentes 
de trabalho. Se juntarmos todas essas vítimas dos últimos dez anos, 
teremos um estádio de futebol lotado. Dá para imaginar? E o pior: 
esse total considera apenas quem tem carteira assinada, o que escon‑
de muitos acidentes de trabalho sofridos por pessoas que atuam por 
conta própria ou no mercado informal, isto é, sem carteira assinada. 
Segundo o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), todos os anos 
mais de 350 mil pessoas são afastadas de suas funções, no Brasil, por 
causa de doenças ligadas ao trabalho. Outro número preocupante diz 
respeito aos mais de 10.000 trabalhadores que ficam inválidos anu‑
almente e passam a depender da ajuda do governo para sobreviver e 
sustentar a família.
Como tudo isso poderia ser evitado?
Atualmente o progresso científico e as novas tecnologias poderiam poupar muito 
sofrimento decorrente de doenças no trabalho mais do que em qualquer outra época 
da história. 
A partir do final do século 19 (XIX), as cidades foram crescendo mais e mais com a 
concentração de indústrias, atraindo trabalhadores da roça, da zona rural. Indo para 
as cidades, muita gente começou a lidar com máquinas e equipamentos perigosos sem 
a devida proteção e em condições de trabalho ruins. Essa situação continua até hoje 
e não é incomum.
Além disso, se os salários são baixos e a empresa pede, o funcionário acaba fazendo 
hora extra regularmente. O cansaço e o esgotamento são maiores nessa situação e 
podem provocar mais acidentes. 
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
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atividade 2 – Vamos pensar juntos
 Retome o grupo do exercício anterior para responder às questões seguintes.
a) A tecnologia e as máquinas mais modernas são boas ou ruins para o trabalho? 
E para o trabalhador? Por quê?
b) Os equipamentos listados abaixo são seguros para quem os manuseia?
Setor Equipamento Opinião do grupo
Automobilístico
Canavieiro
Construção civil JO
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 B
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17
c) Na opinião do grupo, trabalhar muito além da jornada de 8 horas diárias pode 
causar mais acidentes de trabalho? Por quê?
d) Registre sua opinião após debater o item anterior com o professor e os colegas 
de classe. 
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
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unidade 2 acidente de trabalho: 
com quem fica 
o problema?
Quando alguém sofre um acidente de trabalho ou tem 
de se afastar de suas funções por doença profissional, fica 
parecendo que o problema é apenas dessa pessoa e de 
sua família. Mas não é bem assim. Essa é uma questão de 
interesse coletivo, ou seja, de todos nós! 
Muita coisa ainda precisa mudar para que os riscos à 
saúde do trabalhador sejam reduzidos. 
O INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) gasta 
muitos bilhões por ano com os acidentes e as doenças do 
trabalho. Mas vale lembrar que uma parte do dinheiro 
do INSS é descontada do nosso salário, certo?
A fim de tentar diminuir o número de acidentes desse 
tipo, todos os países do mundo têm leis específicas, com 
normas para os ambientes de trabalho. No Brasil, a lei do 
trabalho é a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), 
que garante o salário mínimo, as férias, o13o salário, o 
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, a estabilidade 
para as mulheres grávidas, entre outras importantes 
conquistas. 
Essa lei também exige do empregador diversos cuidados 
com a segurança e a saúde dos empregados. Fiscais e 
juízes podem inclusive mandar parar a produção se 
perceberem, constatarem, que os trabalhadores ficam 
expostos a grandes riscos. 
INSS e SUS são a mesma coisa?
Não! Algumas pessoas fazem confusão entre o INSS e o SUS (Sistema Único 
de Saúde). O SUS é responsável pelos tratamentos médicos de todas as pessoas 
doentes e acidentadas, independentemente de serem doenças ou acidentes rela-
cionados ao trabalho. 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
19
O INSS é como se fosse uma companhia de seguros que garante que o trabalhador 
com carteira assinada ou que contribua para esse órgão público como autônomo 
não fique desamparado quando estiver doente ou sofrer um acidente de trabalho. 
O INSS organiza informações sobre os principais acidentes e doenças do trabalho no 
Brasil. Veja quais foram os principais em 2007, que infelizmente não mudaram muito 
em relação aos anos passados.
Acidentes do trabalho e doenças profissionais – 2007 Total
Ferimento do punho + amputação de punho e mão 
+ esmagamento da mão
159.900
Doenças da coluna (dorsalgia) 50.706
Luxação, entorse e fratura de tornozelo e pé 39.700
LER/DORT (sinovite e tenossinovite + outras doenças das juntas) 31.900
Lesões do ombro 18.896
Fratura da perna, incluindo tornozelo 17.207
Reações ao “estresse” grave 5.170
Depressão 3.560
Outros 326.051
Total 653.090
atividade 1 – Discutindo as causas dos acidentes
 1 Vamos nos reunir em grupos de cinco pessoas e discutir quais são as causas de tantos 
ferimentos nos punhos, além de amputações e esmagamentos das mãos. Debatam 
o assunto e organizem seus argumentos por ordem decrescente de importância. O 
que causa esse problema em primeiro lugar? E em segundo, em terceiro?
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
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Causa do problema Como evitar
1º lugar 
 
 
 
 
 
 
 
2º lugar 
 
 
 
 
 
 
 
3º lugar 
 
 
 
 
 
 
 
 Em alguns países a lei diz que ninguém deve carregar mais de 25 ou 30 quilos de 
cada vez, pois carregar peso em excesso, todos os dias e com as mãos (sem a ajuda 
de carrinhos, por exemplo), pode trazer problemas permanentes à coluna. 
 2 Quais os trabalhos/serviços que, na opinião do grupo, provocam tantas doenças na 
coluna dos trabalhadores?
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
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 3 O que pode ser feito para evitar as doenças da coluna?
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
22
 
O que acontece quando surge uma LER ou DORT?
Para fazer força e trabalhar, o corpo utiliza músculos e tendões. O uso 
forçado dessas partes do corpo em serviços rápidos e repetidos, sem 
pausas, provoca as chamadas lEr/DOrT. A medicina dá vários nomes 
complicados a essas doenças, como tendinite, tenossinovite, epicon‑
dilite e outros. Os serviços em linhas de montagem, supermercados, 
bancos, frigoríficos e abatedouros de frango são os principais causado‑
res de lEr/DOrT em todo o mundo. Geralmente as partes do corpo 
mais afetadas são as juntas de dedos, punhos, cotovelos e ombros. No 
início essas doenças não se manifestam de forma muito intensa, mas 
em poucos anos elas podem tirar as condições de trabalho das pessoas.
Grande parte das lEr/DOrT que atingiram mais de 30 mil pessoas 
no Brasil em 2007 poderia ser evitada com ritmos de trabalho menos 
acelerados e mais pausas para o descanso dos braços e das mãos. 
E o estresse de que tanto se 
fala hoje?
É importante também falar de outros 
dois motivos que, somados, afastaram do 
trabalho quase 9.000 pessoas no país em 
2007. São as doenças provocadas pelo 
estresse (ou “doenças dos nervos”, como 
se diz popularmente). 
Os estados de estresse e depressão atin-
gem muita gente, principalmente quem 
exerce funções de grandes responsabili-
dades e muitas exigências, como precisar 
sempre cumprir metas e, ainda, supe-
rá-las. Os caixas de banco, por exemplo, 
precisam de muita concentração para 
não errar nas contas. Além disso, eles 
estão sujeitos a assaltos e têm de lidar o 
JO
ã
O
 B
A
C
E
l
l
A
r
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
23
dia inteiro com clientes nervosos e, muitas 
vezes, desrespeitosos. 
Você já parou para pensar?
•	 Os bancários têm culpa se, por exem-
plo, o computador e o sistema do 
banco não funcionam? Não! No en-
tanto, para quem “sobram” as ofen-
sas dos clientes? 
•	 Os caixas dos supermercados são cul-
pados se a fila está grande e há pou-
cos guichês para atender o público? 
Também não… 
Precisamos lembrar que aquelas pessoas 
estão ali trabalhando, ganhando seu sus-
tento, e merecem o respeito de todos nós. 
Essas coisas parecem simples, mas, somadas a outros problemas do cotidiano, vão 
estressando os profissionais. 
O estresse ainda é pouco reconhecido pelos médicos e peritos como uma doença 
profissional, levando muitas vezes à perda do emprego e a uma situação em que o 
trabalhador fica sem nenhuma garantia.
atividade 2 – Doença de hoje?
 1 Os mais velhos podem pensar no assunto, e os mais jovens podem perguntar aos pais, 
tios e avós: há 30 anos era comum as pessoas falarem de estresse? E de depressão? 
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
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 2 Agora faça uma redação sobre o tema: o trabalho e o estresse. 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
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atividade 3 – As causas do estresse
 1 Faça uma lista daquilo que, na sua opinião, provoca estresse dentro e fora do tra-
balho na vida das pessoas. 
Situação No trabalho Fora do trabalho
Irritação Maus-tratos dos clientes Trânsito parado e ônibus cheio
 2 Como o trabalho pode ajudar a melhorar ou piorar as situações de estresse?
Situações que 
causam estresse
O trabalho pode 
ajudar a melhorar
O trabalho pode 
ajudar a piorar
Chegar atrasado ao 
trabalho porque houve um 
acidente no caminho
Chefia compreende 
a situação
Chefia pune o 
trabalhador com uma 
carta de advertência
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
26
unidade 3 Quanto custam os 
acidentes e as doenças 
do trabalho?
Não há máquina ou dado estatístico capaz de calcular o 
sofrimento dos profissionais – e seus familiares – que vivem 
algum acidente ou adoecem no trabalho ou por causa dele. 
O país gasta anualmente 32 bilhões de reais com 
despesas relacionadas a acidentes do trabalho. Esse 
total inclui as despesas com afastamentos pagas pelo 
INSS, os custos do SUS para atender aos acidentados 
e recuperá‑los e a perda de produtividade das vítimas e 
de lucratividade das empresas. Só o INSS desembolsa 
8 bilhões de reais em acidentes e aposentadorias 
especiais todo ano.
Só para você ter uma ideia, com 32 bilhões de reais dá para construir 
1,5 milhão de casas populares ou 15 mil hospitais equipados! 
Como a legislação trata os acidentes do trabalho?
Quando ocorre um acidente de trabalho, em geral a empresa é fiscalizada e pode rece-
ber multas se não estiver cumprindo a lei corretamente. Além disso, o trabalhador tem 
o direito de pedir uma indenização se sofreu lesão ou doença grave. Os juízes devem 
julgar a responsabilidade sobre o caso, baseando-se nas leis do país. 
É comum escutarmos que o trabalhador se descuidou, não prestou atenção ou não 
usou equipamento de proteção individual (o chamado EPI) e que os acidentes ou 
as doenças são causados por esse motivo. Será que, na maior parte das vezes, isso é 
verdade? Muita gente esquece, mas a lei exige que as empresas ofereçam máquinas e 
equipamentos com dispositivos de proteção. Mesmo que o profissional seja bastante 
cuidadoso e experiente, trabalhar em condições ruins pode facilitar os acidentes. 
A Constituição Federal do Brasil, o mais importante conjunto de leis do país,tem 
vários artigos que procuram proteger o trabalhador e garantir seus direitos. Sobre 
acidentes e doenças do trabalho ela é muito clara.
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
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Artigo 7o. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais: 
(…)
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio 
de normas de saúde, higiene e segurança (…).
A CLT, legislação trabalhista do Brasil, também não deixa 
dúvida sobre a responsabilidade dos empregadores no que 
diz respeito a reduzir as situações de risco no trabalho.
Artigo 157. Cabe às empresas:
I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e 
medicina do trabalho (…).
Outra obrigação dos empregadores está na lei que con-
trola o INSS.
Artigo 19 da Lei 8.213 de 1991:
– A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas 
coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde 
do trabalhador.
– Constitui contravenção penal, punível com multa, 
deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e 
higiene do trabalho.
– É dever da empresa prestar informações pormenoriza-
das sobre os riscos da operação a executar e do produto a 
manipular.
Sendo assim, quando uma empresa contrata alguém 
para trabalhar com instalações elétricas na rua, por 
exemplo, ela deve oferecer veículos bem equipados, 
boas escadas e boa sinalização, além de instruir o fun-
cionário sobre os riscos de choque e queda, entre ou-
tros. Essas medidas e esses equipamentos são chamados 
de “proteções coletivas”. 
E tem mais: o empregador também deve fornecer luvas, 
capacetes, botas e tudo que for necessário para o trabalha-
dor ter mais segurança durante a realização dos serviços. 
Adiante, neste mesmo caderno, voltaremos a falar de pro-
teção coletiva e equipamentos de proteção individual. 
Inerentes quer dizer liga­
dos, relacionados.
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
28
atividade 1 – Vamos fazer teatro!
Junte-se a cinco colegas e forme uma equipe. Vocês devem discutir o que foi estudado 
até agora e criar uma peça teatral para ser encenada.
Roteiro para o grupo:
•	 Descobrindo/escolhendo uma ideia: o argumento da peça vai surgir das histó-
rias contadas por você e seus colegas sobre os acidentes de trabalho que sofreram 
ou de que ouviram falar. Escreva-as a seguir de forma resumida.
•	 Quais são os personagens da história? Quem está envolvido nela? Trabalhador? 
Vizinho? Dono da empresa? Cliente? 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
29
•	 Em que época a história se passa? 
•	 Como a história acontece? Qual é o enredo? Por que o acidente ocorre? 
•	 Qual é o público que vai assistir à peça? Que linguagem deve ser usada para a 
peça ser compreendida por esse público?
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
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Você precisa saber
• O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) pode fechar uma empresa 
que oferece risco ao trabalhador. Como? Imagine a construção de um 
prédio: nela há um andaime sem proteção de onde os operários podem 
cair. Um fiscal do MTE pode mandar parar totalmente a obra até que 
tudo esteja dentro das normas, a fim de evitar acidentes.
• Toda empresa com mais de 20 empregados deve ter uma Comissão 
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), formada por trabalhadores 
eleitos pelos colegas.
• Há normas específicas para a proteção de profissionais que atuam em 
vários tipos de trabalho, como para quem lida com máquinas perigosas 
ou trabalha em área rural, hospitais, construção civil, minas e fornos. 
• Toda empresa é obrigada a fornecer gratuitamente os equipamentos 
de proteção individual. Há uma lista enorme deles: protetores de ou‑
vido contra ruído, máscaras contra produtos químicos e poeira, luvas, 
calçados e cintos de segurança, capacetes etc. Mas, mesmo fornecen‑
do os EPIs, o empregador também deve garantir que o ambiente de 
trabalho seja seguro.
• As empresas devem mandar fazer exames médicos e de laborató‑
rio em todos os trabalhadores e pagar por esses serviços. Os exames 
devem ocorrer de 6 em 6 meses ou anualmente, dependendo do pe‑
rigo que cada tipo de trabalho apresenta. Quem lida com produtos 
químicos, por exemplo, deve fazer exames de sangue ou urina a cada 
semestre. Já os trabalhadores que respiram poeira de pedras têm de 
fazer exames especiais todo ano. 
• As atividades de telemarketing e aquelas exercidas em supermerca‑
dos, por exemplo, devem seguir várias regras para evitar que os traba‑
lhadores fiquem doentes.
• E mais: o MTE obriga as empresas a estabelecer pausas quando e 
onde o trabalho for muito desgastante e penoso. Móveis, máquinas 
e equipamentos devem ser mais bem adaptados ao corpo humano. 
• Se você se interessou pelo assunto, visite o site http://www.mte.gov.br 
e saiba mais sobre as normas que protegem o trabalhador.
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
31
•	 Todos podem ser atores! Quem se candidata? Que personagem cada um vai 
interpretar?
 Agora que todas as peças foram assistidas pela turma, que conclusões podem ser tira-
das a partir das encenações?
O que fazer em caso de acidente?
Quando acontece um acidente ou uma doença do trabalho, o profissional afetado 
deve ser encaminhado para tratamento no SUS. Nesse caso, a empresa precisa pre-
encher um formulário chamado Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT), 
informando ao hospital e ao INSS o que houve. 
Esse procedimento está na lei. Veja:
Artigo 336 do Decreto 3.048 de 1999
(…) a empresa deverá comunicar à previdência social o acidente [ou doença profissio-
nal] ocorrido com o empregado até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência (…)
A CAT também pode ser preenchida pelo profissional que sofreu o acidente, pelo 
sindicato que o representa ou por qualquer autoridade pública, como delegados de 
polícia, promotores e juízes, a fim de que o trabalhador não fique sem seus direitos. 
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
32
A Constituição Federal dá ao trabalhador o direito de receber do INSS o chamado 
salário de benefício, que funciona como um seguro em caso de acidente de trabalho. 
Enquanto a vítima do acidente permanece sem condições de trabalhar, ela fica 
afastada de suas funções. Nos primeiros 15 dias, a empresa é quem paga o salário. 
Depois disso, o trabalhador passa por uma perícia médica no INSS e começa a re-
ceber mensalmente o salário de benefício. Quando o médico perito der alta a esse 
trabalhador (ou seja, constatar a melhora de sua saúde), ele volta ao trabalho. 
O INSS calcula o valor do benefício pela média dos salários anotados na carteira de 
trabalho, considerando todos os ganhos da pessoa desde que ela começou a pagar a 
Previdência. Vamos ver um exemplo.
Salário
Número de meses 
em que o profissional 
recebeu
Total
 R$ 300,00 6 R$ 300 x 6 = R$ 1.800
R$ 500,00 2 R$ 500 x 2 = R$ 1.000
R$ 550,00 4 R$ 550 x 4 = R$ 2.200
Total 12 meses R$ 5.000,00
Média: 1.800,00 + 1.000,00 + 2.200,00 = 5.000,00 12 meses
Valor do benefício a receber: r$ 417,00
E se o trabalhador não ficar completamente curado, 
o que ele ou sua família podem fazer?
A Constituição diz que, mesmo que o trabalhador tenha recebido o seguro do INSS, 
ele pode acionar o empregador na Justiça se o acidente ou a doença for consequência 
de más condições de trabalho.
Artigo 7o. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais:
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
33
XXVIII – seguro contra aci-
dentes de trabalho, a cargo 
do empregador, sem excluir 
a indenização a que [o em-
pregador] está obrigado, 
quando incorrer em dolo 
ou culpa [não cuidar da 
segurança do trabalho, por 
exemplo] (…).
Outro direito fundamental do 
trabalhador é a aposentadoria 
especial. Quando o profissio-
nal atua durante boa parte da 
sua vida em ambientes nocivos 
à saúde – como um lugar muito 
barulhento ou repleto de poeira de amianto –, ele tem direito a se aposentar com menos 
tempo de serviço. Dessa forma, alguém que iriaaposentar-se após 35 anos de trabalho, 
por exemplo, muitas vezes pode pedir aposentadoria dez anos mais cedo, saindo dos 
ambientes ruins antes que fique doente. Veja o que manda a legislação.
Artigo 64 do Decreto 3.048 de 1999
A aposentadoria especial será devida ao segurado (trabalhador) que tenha trabalha-
do durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições 
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
Os empregadores são obrigados a fornecer informações sobre o ambiente de trabalho 
ao INSS a fim de facilitar a vida dos trabalhadores. Essas informações são fornecidas 
num documento chamado Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Está na lei.
Artigo 68, § 6o, do Decreto 3.048 de 1999:
A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico previdenciário 
(PPP), abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, 
quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica deste documento, sob 
pena da multa (…).
Esses são apenas alguns exemplos de leis de proteção aos trabalhadores. 
A seguir, vamos comentar como deve ser a proteção contra os riscos de acidentes e 
doenças no trabalho dentro das empresas.
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34
unidade 4 redução de perigos 
no trabalho: proteções 
coletivas e individuais
Quase todo mundo acha que os equipamentos de 
proteção individual (EPIs) podem evitar acidentes ou 
doenças do trabalho. Claro que a proteção é muito 
importante e pode diminuir os problemas e as lesões. Mas 
somente esses equipamentos (luvas, capacete, óculos etc.) 
não impedem nem evitam acidentes ou doenças.
Além deles, são necessários dispositivos (equipamentos) 
de proteção em máquinas, andaimes e quadros de energia 
elétrica; é preciso ventilação adequada nos ambientes com 
vapores e poeira; os níveis de ruído devem ser reduzidos. 
Essas são as proteções mais importantes, porque são 
coletivas, isto é, protegem a todos os que estão no mesmo 
ambiente. Os equipamentos de proteção individual, por 
sua vez, complementam os coletivos. 
Todos os países do mundo têm normas para que os 
empregadores cuidem das situações de perigo no 
trabalho, além de programas de redução de riscos 
relacionados a cada ambiente profissional. 
No Brasil, as indústrias em geral devem ter um 
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). 
Na construção civil há o Programa de Condições 
e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria 
da Construção (PCMAT). 
 
Todo programa desse tipo precisa seguir os seguintes passos:
1. Conhecimento dos perigos – O empregador contrata profissionais de segurança 
para estudar as condições de trabalho, as máquinas e os produtos químicos usados, 
propondo proteções e correções. Nessa fase, a empresa pode diminuir o perigo es-
colhendo trabalhar com maquinário mais seguro ou usar produtos menos tóxicos, 
por exemplo. 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
35
2. Análise da exposição dos trabalhadores aos perigos – Nessa etapa, a empresa 
estuda o tempo e o modo como cada funcionário fica exposto às situações de 
risco, tais como ruído, calor, produtos tóxicos e radiação. São produzidos laudos, 
relatórios que descrevem as condições de trabalho e servem para os engenheiros e 
médicos melhorarem essas condições. Os laudos também podem comprovar, na 
Justiça, que os trabalhadores devem receber adicionais de insalubridade (quando 
há risco para a saúde/risco de doença) ou periculosidade (quando o trabalhador é 
colocado em situação de perigo). Servem também para a aposentadoria especial, 
quando for o caso. 
3. Proposta de melhorias e proteção – A empresa, após estudar os perigos, escreve 
um documento, que deve ser apresentado ao Ministério do Trabalho e Empre-
go, mostrando e reconhecendo que esses perigos existem nos locais de trabalho. 
Também precisa listar tudo o que já fez ou está fazendo nesses locais para reduzir 
riscos, colocando as datas dessas melhorias a fim de permitir que a fiscalização as 
acompanhe. Quando não cumpre essa lista, a empresa fica sujeita a multas pesadas. 
Essas melhorias nas condições de trabalho podem ser de quatro tipos e a empresa deve 
obedecer à seguinte ordem: 
•	 trocar os produtos tóxicos ou usar máquinas menos barulhentas ou mais seguras; 
•	 instalar proteções contra ruído e acidentes nas máquinas e usar ventilação especial 
no caso de produtos tóxicos, evitando que os trabalhadores respirem venenos. 
Os dois itens citados acima são as chamadas proteções coletivas. 
A empresa também precisa:
•	 reduzir o tempo de exposição dos trabalhadores às situações de risco; essa prote-
ção, chamada de administrativa, infelizmente é muito pouco usada no Brasil, 
onde as horas extras são bastante comuns. 
•	 fornecer equipamento de proteção individual (EPI). 
Equipamentos necessários… e gratuitos
O Ministério do Trabalho e Emprego tem uma lista grande de equipamentos pessoais 
que devem ser fornecidos gratuitamente aos empregados. Esses materiais precisam ser 
substituídos quando necessário e estar sempre funcionando perfeitamente. 
A proteção pessoal costuma ser a opção mais usada pelas empresas no Brasil. Já as pro-
teções coletivas, que são mais eficientes (funcionam melhor), são menos utilizadas, 
pois exigem técnicas mais modernas e, geralmente, custam mais caro. 
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36
São muitas as empresas que não levam em conta o desconforto e o incômodo de seus 
funcionários com o uso de máscaras, óculos, capacetes, aventais, protetores auditi-
vos, luvas, botas etc. Às vezes não é fácil entender que os profissionais estão mais bem 
protegidos quando não precisam usar todos esses equipamentos e trabalham num 
ambiente pouco barulhento, com ar limpo e pisos bem cuidados. 
Depois de providenciar todas essas proteções, a empresa deve acompanhar as condi-
ções de trabalho, verificando os exames médicos dos trabalhadores e acompanhando 
o número de acidentes, graves ou não. As queixas que os trabalhadores fazem no servi-
ço médico e na CIPA também devem ser levadas em conta, a fim de ver se as proteções 
coletivas e individuais estão funcionando de verdade. 
Toda empresa que realmente protege seus trabalhadores, como manda a lei, deve 
seguir esses passos, na ordem em que foram citados aqui, com o auxílio de bons pro-
fissionais de segurança e saúde no trabalho. 
atividade 1 – Agora você e seus colegas serão os patrões! 
Passo 1 – Convide quatro colegas para formar um grupo. O primeiro desafio de vocês 
é pensar no negócio que vão montar. Descreva-o a seguir.
Passo 2 – Que equipamentos são necessários para montar esse negócio?
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
37
Passo 3 – Como deve ser o ambiente de trabalho para que ele ofereça segurança aos 
funcionários?
Passo 4 – Os profissionais que atuam nesse setor devem usar equipamentos especiais 
para terem maior segurança? Quais e por quê?
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38
Principais situações de riscos de acidentes 
e doenças no trabalho
Como já vimos, a lista de doenças e acidentes que levam o INSS a afastar trabalhadores 
de suas funções é grande. Além daqueles problemas que atingiram o maior número de 
profissionais, o Brasil continua a apresentar, todos os anos, milhares de casos ligados 
a outras doenças profissionais:
•	 surdez e estresse causados pelo barulho;
•	 doenças de pele e alergias provocadas por produtos químicos (as chamadas 
dermatites);
•	 doenças do sangue como leucemia e leucopenia, causadas principalmente por 
vapores de solventes e colas;
•	 sufocamentos e intoxicações por gases e vapores de produtos químicos como 
amônia, cloro, monóxido de carbono e gás de cozinha; 
•	 doenças graves provocadas por pesticidas e agrotóxicos;
•	 contaminação por fumaça de fundição de chumbo e outros metais;
•	 doenças pulmonares causadas por poeira de mineração(sílica, amianto, 
manganês); e
•	 vários tipos de câncer provocados por produtos químicos como benzeno e 
amianto (asbestos).
Todos esses problemas são consequências de condições inadequadas no ambiente 
de trabalho. 
Quando falamos em ambiente de trabalho estamos tratando de todas as condições de 
vida no local de trabalho. 
O ambiente pode ser negativo, de-
pendendo de várias condições: 
•	 o tamanho do local e o espa-
ço disponível nele;
•	 a iluminação;
•	 a ventilação;
•	 o ruído; e
•	 a presença de poeira, gases 
ou vapores e fumaças. 
É importante também levar em 
conta o tipo, o ritmo e o horário 
de trabalho, a posição em que o 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
39
profissional permanece durante a jornada, as obri-
gações de tempo e de produção, os turnos, as horas 
extras, o trabalho noturno e o salário, entre diversos 
outros fatores. 
Quando várias condições negativas estão presentes num 
mesmo local de trabalho, a chance de ocorrerem aciden-
tes e doenças do trabalho é muito maior. Vamos, então, 
falar sobre as principais situações de perigo presentes 
nesses ambientes.
Riscos nos locais de trabalho
De acordo com estudos de engenheiros e médicos, as cau-
sas mais comuns de doenças do trabalho são ruído, calor, 
radiação, gases, substâncias tóxicas e os perigos de contato 
com micróbios. Esses são riscos físicos, químicos e bio-
lógicos, e há também riscos ergonômicos e de acidentes.
Riscos físicos
1) Ruído
Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico atual, o 
ruído no trabalho e a perda da capacidade de ouvir que 
ele provoca ainda são preocupações para trabalhadores, 
empresários e governos no mundo inteiro. 
Mas o que é ruído?
Ruído lembra barulho, incômodo, perturbação. O baru-
lho é um som inútil e desagradável. 
Duas coisas são importantes quando pensamos em como 
os sons nos incomodam e podem causar doenças:
a) o volume ou a intensidade do barulho, que medimos 
em decibéis; e
b) o tipo do som, que pode ser mais grave (como um 
trovão) ou mais agudo (uma sirene, por exemplo). 
Os técnicos chamam isso de frequência do som, e 
ela é medida em hertz. 
Você sabia?
Decibel é uma unidade 
de medida. Nós dizemos 
“quero 1 metro de tecido” 
ou “quero 1 quilo de bata­
tas”, certo? Com os deci­
béis é quase a mesma coi­
sa… mas eles são usados 
para medir a intensidade 
dos sons.
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40
Um liquidificador funcionando 
perto de você produz 85 decibéis, 
um nível de ruído considerado pe-
rigoso para a audição humana se 
escutado durante 8 horas por dia. 
O ouvido humano é formado por 
três partes: ouvido externo, ouvi-
do médio e ouvido interno. Ele 
percebe as ondas de som que exis-
tem no ambiente e as leva ao cére-
bro. Quando algo cai no chão, por 
exemplo, o ouvido sabe informar a que distância estamos desse local, de que material 
é feito o objeto que caiu e de que altura foi a queda, entre outras informações. Isso 
tudo com base no volume e no tipo de frequência do som. Assim, podemos diferenciar 
vozes de pessoas e animais, instrumentos musicais, máquinas em funcionamento… 
simplesmente pelo ruído emitido por cada um.
Ficar exposto a um ruído excessivo durante muitas horas por dia produz várias conse-
quências negativas ao trabalhador, como:
•	 dor de ouvido provocada por barulhos intensos, como o que ocorre em aeropor-
tos, áreas de mineração e indústrias de tecidos; 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
41
•	 trauma acústico, que é a perda auditiva repentina, provocada por um ruído que 
também acontece de repente (de forma súbita), e com grande intensidade (ex-
plosão, detonação, ruídos fortes em fones); esse tipo de ruído pode trazer surdez 
completa ou afetar temporariamente o sistema nervoso das pessoas;
•	 perda auditiva temporária, que acontece após algumas horas de ruídos intensos 
e permanece nas 24 horas seguintes; isso acontece depois de um dia em uma 
fábrica barulhenta sem uso de proteção, ou depois de uma festa com música em 
alto “volume” (grande intensidade), por exemplo.
•	 perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR), lesão permanente e irreversível 
(não tem tratamento) que costuma ocorrer nos dois ouvidos porque atinge 
o caracol do ouvido interno, uma parte muito sensível e que não se recupera 
quando afetada. A audição não melhora nem com o auxílio de aparelhos; 
geralmente o problema acontece após 5 a 12 anos de trabalho em ambiente 
barulhento sem o uso de proteção. A Justiça e o INSS consideram esse tipo de 
perda como doença profissional.
•	 zumbidos, que afetam todos os trabalhadores expostos a ruídos sem a devida 
proteção, além daqueles que têm PAIR; os zumbidos são muito incômodos e 
não melhoram com tratamento. 
Todos esses problemas, é claro, dependem do nível de ruído (volume ou intensida-
de), do tempo em que o trabalhador esteve exposto a ele sem usar proteção correta 
e do tipo de ruído (frequência). Quanto maior a intensidade e o tempo de exposição 
sem proteção, maior será o risco de perda auditiva. 
Além dos problemas de escuta, o ruído também provoca mudanças físicas e emo-
cionais nas pessoas, como batedeiras no coração (taquicardia), aumento da pressão 
arterial (pressão alta), dores de cabeça, tonturas, irritabilidade, ansiedade, estresse e 
dificuldade para dormir (insônia). 
Há também uma sensível queda de rendimento do trabalho do profissional, prin-
cipalmente nas atividades em que é necessária muita precisão e atenção (o uso de 
computadores, por exemplo) e nas atividades que dependem mais da comunicação 
entre as pessoas. Sem dúvida podem ocorrer mais acidentes quando o trabalhador não 
entende as ordens e não escuta os avisos de cuidado e emergência por causa do excesso 
de ruído no ambiente. 
Controle da exposição ao ruído
Existem situações em que diminuir o barulho do ambiente é muito difícil. Então, a 
fim de reduzir os perigos do ruído, é necessário investir em máquinas melhores, mais 
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42
novas e modernas, fechadas e com partes tampadas e, portanto, mais silenciosas. 
Fábricas ou locais de trabalho maiores com separações entre as máquinas dos setores 
mais barulhentos, podem ajudar bastante nesse sentido. Certos tipos de máquinas, 
como policortes, serras e esmeris, podem ser usadas durante apenas uma parte do dia, 
evitando expor os trabalhadores que lidam com elas a períodos longos de ruído. 
A importância do uso dos equipamentos de proteção individual
Para evitar as consequências dos ruídos excessivos nos locais de trabalho, os equipa-
mentos de proteção individual (EPIs) devem ser usados, sendo obrigação das empre-
sas fornecer equipamentos do tipo concha ou os plugues descartáveis. 
Plugues descartáveis para os ouvidos.
Vale reforçar…
Essas medidas não desobrigam 
as empresas de reduzir os níveis 
de ruído ou o tempo em que as 
pessoas ficam expostas ele.
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Segundo a legislação, esses equipa-
mentos devem ser confortáveis e es-
colhidos pelos próprios trabalhadores 
que irão usá-los. Devem também ser 
utilizados todos os dias, pois muitas vezes os profissionais não dispõem de outra pro-
teção para manterem a audição. Além disso, o empregador deve providenciar exames 
médicos com audiometrias (exames de audição) todos os anos, a fim de averiguar se 
há perdas auditivas nos trabalhadores. 
2) Calor
Aqui não estamos falando do calor das praias durante o verão. O 
calor que faz mal à saúde é aquele que vem de fornos e caldeiras, 
por exemplo, nas indústrias siderúrgicas, nas fundições, nas co-
zinhas industriais e nas lavanderias. 
Esse tipo de calor obriga o corpo a agir fora de suas condições 
normais, forçando o coração e os rins dos trabalhadores. As pes-
soas mais velhas quando sujeitas a esse problema acabam sendo 
as mais prejudicadas. 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
43
O esforço físico, o sol, a umidade e afalta de ventilação 
pioram a sensação de calor. Um dia quente na montanha 
com brisa é menos incômodo do que na praia em dia de 
chuva, por exemplo. Usar roupa escura sob o sol provoca 
muito mais calor do que roupa clara, isso porque o traje 
escuro absorve radiação de calor. 
Sendo assim, quando um profissional precisa trabalhar 
pesado em ambientes muito quentes, a lei (Norma Regu-
lamentadora 15) diz que ele deve ter pausas de descanso 
em local fresco. A duração dessa pausa depende da inten-
sidade do calor e do esforço feito pelo indivíduo. 
As piores situações de calor ocorrem em áreas subterrâneas de 
mineração, fornalhas, siderúrgicas, fundições e cozinhas in-
dustriais, onde também há muita umidade e radiação, pouca 
ventilação e os trabalhadores fazem grandes esforços físicos. 
Nesses locais, os trabalhadores podem sofrer choques de 
calor, que provocam desmaios, além de estados graves de 
desidratação (perda de líquidos e sais do organismo). 
Controle da exposição ao calor
A fim de proteger os trabalhadores do calor excessivo, 
as empresas devem dar atenção especial às condições de 
ventilação e circulação de ar no ambiente, à redução dos 
esforços físicos dos trabalhadores e ao uso de equipamen-
tos adequados. Além disso, devem permitir pausas para 
descanso e oferecer líquidos em quantidade correta. Em 
muitos casos, a instalação de aparelhos de ar condiciona-
do seria a melhor solução, mas muitos empregadores con-
sideram essa alternativa cara demais por causa dos custos 
do equipamento e da energia elétrica. 
3) Radiação
Há dois tipos de radiação que podem atingir as pessoas 
em seus locais de trabalho. Uma delas é a gerada pelos 
aparelhos de raios X e produtos radioativos. Essa radiação 
é perigosa e pode atingir uma parte dos profissionais que 
atuam em indústrias e hospitais. 
Você sabia?
Para medir o calor dos 
am bientes, os técnicos 
usam os três tipos de ter­
mômetro que aparecem 
na foto abaixo.
O aparelho em forma 
de globo escuro mede 
a radiação, o termô-
metro úmido verifica a 
umidade relativa do ar e 
a ventilação e o termô-
metro seco serve para 
aferir a temperatura do 
ar. Então, uma fórmula 
e uma tabela permitem 
calcular a temperatura 
do ambiente com base 
nessas três medições.
Você sabia?
Quando o calor é mui­
to grande, a lei manda o 
trabalhador ficar até 45 
minutos descansando a 
cada hora trabalhada. Se 
essa pausa não for feita o 
empregador pode sofrer 
multas e, pior ainda, o tra­
balhador pode adoecer. 
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Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
44
A outra, mais comum nos ambientes industriais, é a radiação ultravioleta (UV). Boa 
parte da indústria metalúrgica utiliza soldas em grande quantidade, e toda solda, 
quando o metal é aquecido e fundido, produz radiação UV, que pode causar câncer 
de pele e catarata nos olhos, além de queimaduras diversas. 
Controle da exposição à radiação
A proteção dos trabalhadores contra os raios UV deve 
ser feita com barreiras e cortinas de bloqueio de radia-
ção e com o uso de lentes especiais em máscaras de solda 
e óculos, além de roupas que cubram toda a pele. Esses 
trajes, em ambiente quente, podem trazer desconforto 
devido ao calor, o que também precisa ser observado 
pela empresa. 
Riscos químicos
A poeira e os produtos químicos que, no ambiente de trabalho, entram no corpo 
do trabalhador por meio da respiração, da pele e até dos alimentos podem levar a 
doenças respiratórias ou afetar outros órgãos e sistemas do corpo. Esses males po-
dem demorar a aparecer (é o caso da silicose, provocada pela poeira de mineração, 
cerâmicas e pedreiras), mas também podem manifestar-se de maneira muito rápida 
e até fatal, como, por exemplo, o envenenamento por monóxido de carbono na 
saída de um forno de fundição. 
No caso da aspiração de produtos químicos, o sistema respiratório pode ter problemas 
na parte mais externa dos pulmões ou nas porções mais profundas. No primeiro caso 
temos as bronquites e a asma profissional, que costumam atacar padeiros e trabalha-
dores em fábricas de espuma de colchões, entre outros. No segundo caso, ocorrem as 
chamadas pneumoconioses, doenças lentas e que não têm cura. Elas podem ocorrer se, 
ao longo de muitos anos, o trabalhador respirar poeira contendo material de sílica, 
estanho ou fibras de amianto. 
Em todos esses casos o profissional deve ser afastado do contato com esses produtos e, 
mesmo assim, as doenças podem continuar piorando e levar à incapacidade e até morte. 
Algumas doenças produzidas no sistema respiratório por produtos químicos são:
•	 inflamação crônica e perfuração do septo nasal (a parede que separa o nariz), 
causadas por produtos como sais de cromo e de arsênico;
•	 câncer de brônquios, também provocado pelo cromo e outros compostos 
químicos;
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
45
•	 asma e bronquite, provocadas por poeira de farinha em padarias e por produtos 
químicos (por exemplo, uma substância chamada TDI, usada na fabricação de 
espuma de borracha para colchões); e
•	 pneumoconioses, causadas pelas poeiras de quartzo (sílica) e de carvão. 
Controle da exposição a poeiras e produtos 
químicos
O empregador deve adotar medidas que modi-
fiquem o ambiente de trabalho de modo perma-
nente, a fim de não depender do esforço ou da 
boa vontade dos trabalhadores para controlar a 
situação de risco. 
Daí a importância da proteção coletiva – usar pro-
dutos menos tóxicos, por exemplo –, que deve sem-
pre ser indicada em primeiro lugar. Contudo, em 
algumas situações, a proteção individual também 
precisa ser utilizada obrigatoriamente. 
O ideal é obedecer à sequência já mencionada antes. 
1. Correção no ambiente, substituindo produtos tóxicos ou nocivos por outros me-
nos prejudiciais à saúde, por exemplo, uma tinta à base de água em vez de uma tinta 
à base de solventes de petróleo.
2. Mudanças na forma de trabalho, como lixar a úmido no lugar de fazer polimento 
a seco e usar máquinas para ensacar sem expor o trabalhador 
a esforços e a poeiras. 
3. Isolamento da atividade, realizando o trabalho em cabines 
fechadas.
4. Aspiração da poeira ou de vapores por meio de bocais que 
fiquem bem próximos às peças. A fumaça da solda, por 
exemplo, não precisa chegar ao nariz do trabalhador; ela 
pode ser aspirada logo que é gerada. 
5. Limpeza de pisos por lavagem, com a proibição de vassou-
ras secas. 
Se essas medidas ainda não forem suficientes, a empresa deve for-
necer e trocar sempre que necessário uma máscara de proteção 
respiratória confortável e adequada, o que também deve ocorrer 
Dica
Não deixe de ver Erin Brocko­
vich – uma mulher de talento. 
Dirigido por Steven Soder­
bergh e estrelado por Julia 
Roberts, o filme, lançado em 
2000, conta a história real de 
uma dona de casa que ajudou 
a descobrir que uma grande 
empresa nos Estados Unidos 
usava produtos químicos peri­
gosos, poluindo o ambiente e 
provocando doenças. O caso 
foi à Justiça e a empresa aca­
bou sendo condenada.
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
46
enquanto medidas de controle do ambiente estiverem sendo 
implantadas e em operações eventuais, como a manutenção 
e a limpeza de equipamentos geradores de poeira. 
Porém é preciso lembrar mais uma vez que o desconforto 
causado pelos equipamentos individuais de proteção deve 
ser levado em conta pelo empregador, ou seja, não parece 
correto pedir que alguém trabalhe dia após dia fazendo 
esforços físicos e usando máscaras de borracha, pesadas e 
desconfortáveis, em ambientes quentes e úmidos. A pri-
meira obrigação é corrigir o ambiente contaminado. 
Riscos biológicos
Com o progresso da ciência, sabe-se hoje que é muito 
perigoso trabalhar em hospitais, laboratórios e limpeza de 
esgotos e sanitários por causa do chamado risco biológico. 
Os causadores desse perigo são diversos micróbios (fun-
gos, bactérias e vírus, por exemplo), que só podem ser 
vistos com a ajuda de microscópios.Esses micróbios podem penetrar no corpo do trabalhador 
através dos olhos, da boca, do nariz e da pele (ou de feri-
mentos dela) e provocar doenças sérias e até fatais, como 
aids, hepatites B e C, tuberculose, diarreias, entre outras. 
Quando um trabalhador da área da saúde sofre um cor-
te ou uma perfuração de agulha, o sangue de pacientes 
contaminados pode entrar em seu corpo. Esse tipo de 
acidente é chamado de pérfuro-cortante, e é hoje a maior 
preocupação dos países avançados com relação à saúde 
dos trabalhadores que cuidam da saúde da população.
Controle de riscos biológicos
As empresas hospitalares e as clínicas de saúde devem se-
guir diversas normas da Anvisa (Agência Nacional de Vi-
gilância Sanitária, órgão ligado ao Ministério da Saúde) 
e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a fim de 
realizar uma melhor limpeza dos ambientes de trabalho e 
evitar infecções.
Microscópios são apare­
lhos equipados com len­
tes que aumentam as ima­
gens, permitindo enxergar 
coisas e seres minúscu­
los, que não conseguimos 
ver a olho nu. Essas lentes 
podem ampliar uma ima­
gem mais de mil vezes.
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Além disso, outros procedimentos devem ser 
respeitados. É proibido comer nos locais de 
trabalho e usar roupas contaminadas fora do 
hospital ou da clínica. Todos devem usar lu-
vas e lavar as mãos antes e depois de qualquer 
contato com pacientes, sangue ou material 
que possa conter micróbios nocivos. Todas as 
seringas e os objetos cortantes devem ser des-
cartados (jogados fora) em caixas especiais, 
rígidas (se isso não for feito, os garis e faxinei-
ros podem sofrer acidentes ao manipular esse 
material). Os trabalhadores devem receber 
roupas corretas gratuitamente e ser vacinados, por conta 
da empresa, além de fazer exames médicos todos os anos. 
Quando ocorre um acidente, o hospital ou a clínica são 
obrigados a preencher um documento notificando o pro-
blema e providenciar imediatamente tratamento e acom-
panhamento da pessoa acidentada, por causa dos riscos de-
correntes da contaminação, como o perigo de contato com 
o HIV (vírus causador da aids). 
Riscos ergonômicos
Muitas situações de trabalho levam o profissional a con-
trair doenças e inflamações nos tendões, nas juntas dos 
ossos (ou articulações) e nos músculos. Esses são os cha-
mados riscos ergonômicos, como a obrigação de movi-
mentos repetitivos muito rápidos e constantes e de mo-
vimentos forçados em posições ruins. Essas situações são 
provocadas, entre outras coisas, pelo uso de mobiliário e 
ferramentas inadequados e de métodos de trabalho que 
não levam em conta as dificuldades dos trabalhadores 
em suas tarefas. 
Nos últimos anos o número de pessoas com LER/DORT 
aumentou muito. Essas siglas, vale repetir, significam le-
sões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares re-
lacionados ao trabalho. Elas representam um conjunto de 
Você sabia?
Tendões são fibras que li­
gam qualquer músculo 
a um osso permitindo os 
movimentos de braços, 
pernas, dedos e partes dos 
dedos. Apesar de resisten­
tes, os tendões podem in­
flamar quando usados em 
excesso ou exigidos além 
de sua natureza, gerando 
as tendinites.
Tendões dos dedos.
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
48
distúrbios que podem aparecer em quem sofre os riscos ergonômicos no exercício de 
suas funções. Essas pessoas trabalham fazendo muita força ou com repetição cons-
tante de movimentos rápidos, sem pausas corretas e com braços, ombros e mãos em 
posições ruins. As doenças desse grupo têm nomes difíceis, técnicos, como tendinite, 
bursite, sinovite, tenossinovite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo e síndrome 
da tensão do pescoço. E são causadas quase sempre pelo mesmos motivos: condições 
em que o trabalho é realizado.
Quando uma LER/DORT começa a se manifestar, o trabalhador sente dormência 
nos braços e dores ainda suportáveis. Com o agravamento do problema, uma traba-
lhadora pode chegar ao ponto de não conseguir carregar o próprio bebê. 
Esse tipo de doença é muito comum entre pessoas que trabalham em frigoríficos, 
supermercados, bancos, indústrias eletrônicas e automobilísticas e como digitadores. 
Por que as LER/DORT são mais frequentes nessas situações?
Geralmente porque trata-se de trabalhos feitos de forma muito rápida e contínua, em 
que as pessoas ficam horas e horas em pé ou sentadas, sem descanso, movimentando 
constantemente os braços e as mãos em posições ruins. 
Muitas vezes, o medo do desemprego faz com que os trabalhadores não reclamem 
dessas situações nem procurem cuidados médicos, a CIPA ou seu sindicato. 
Como vimos no começo deste caderno, as doenças da coluna também são numero-
sas: carregar peso de forma constante representa um perigo para a coluna vertebral e 
também é um risco “ergonômico”. 
Além das LER/DORT e de problemas na coluna, as alterações psíquicas geradas pela 
organização do trabalho, como estresse, depressões, estados de ansiedade, insônias e 
crises de pânico podem estar ligadas a riscos ergonômicos. 
Sendo assim, os riscos classificados como ergonômicos são variados: 
•	 esforço físico intenso;
•	 levantamento e transporte manual constante de peso;
•	 exigência de postura inadequada;
•	 controles rígidos de metas e produtividade;
•	 imposição de ritmos excessivos;
•	 trabalho em turnos;
•	 trabalho noturno;
•	 jornadas de trabalho prolongadas (horas extras, jornadas “12 por 36”, em que a 
pessoa trabalha 12 horas seguidas e tem 36 horas de descanso etc.);
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
49
•	 trabalho monótono e repetitivo; e 
•	 qualquer situação que cause estresse físico e/ou psíquico.
Controle dos riscos ergonômicos
Essa proteção depende diretamente da forma como o trabalho é comandado. 
O ideal seria um ritmo de trabalho leve, sem horas extras, para que todo profissional 
pudesse descansar corretamente. As metas de produção deveriam sempre levar em 
conta as dificuldades que as pessoas têm, principalmente os mais novatos (com menos 
experiência de trabalho) e as pessoas de mais idade. 
Deveria haver também uma preocupação com os controles de máquinas e com ban-
cadas, cadeiras e móveis em geral: eles devem ser adequados, com possibilidade de 
regular a altura e a posição de trabalho, evitando maiores esforços e cansaço. 
Há ainda vários equipamentos que podem facilitar o trabalho, evitando o carrega-
mento de peso e os esforços desnecessários, diminuindo, dessa forma, os riscos ergo-
nômicos. Confira dois exemplos nas ilustrações abaixo.
Riscos de acidentes
Os acidentes não decorrem apenas 
de “descuidos” dos trabalhadores, 
como muita gente acredita. Diver-
sos fatores ajudam a provocá-los, 
como máquinas sem proteção 
(prensas, serras); ferramentas ina-
dequadas, improvisadas ou defeituosas; iluminação fraca e fios desencapados com 
risco de choque; e produtos químicos mal guardados, apenas para citar algumas situ-
ações mais comuns.
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
50
Há outras situações igualmente arriscadas. Um trabalhador muito cansado, ao ten-
tar operar uma máquina perigosa, tem menos chance de se cuidar e se proteger, por 
exemplo. E quem precisa produzir muito rapidamente ou ganha por produção acaba 
passando por cima de certos cuidados que podem evitar acidentes. 
Veja o caso de um trabalhador que conserta telefones e executa 15 ou mais tarefas 
por dia em locais diferentes. Se ele cai de um poste, é comum todos dizerem que 
foi descuido, que ele não amarrou a escada corretamente nem usou o cinto de segu-
rança. O problema é que o trabalhador gasta muitos minutos em cada uma dessas 
operações, minutos que somados atrapalham sua produção no final do dia. Assim ele 
tenta ser mais rápido. Do mesmo modo, um motoboy às vezes trafega na contramão 
ou ultrapassa os carros pela direita: ele procura, antes de mais nada, ganhartempo e 
pode sofrer uma queda ou colisão e até atropelar alguém. Observando o que acontece 
nesses casos, percebemos que a forma como o trabalho é controlado pode ampliar a 
possibilidade de acidentes. 
O controle dos riscos de acidentes
O Ministério do Trabalho e Emprego estabelece normas rígidas sobre a proteção de 
partes perigosas de máquinas e sobre riscos elétricos, de incêndios e explosões. Veja 
alguns exemplos.
Uma máquina não pode ser acionada por acaso ou acidentalmente pelo próprio ope-
rador ou por quem quer que seja. Ela deve ter trancas e dispositivos para impedir isso. 
As prensas “de chaveta”, conhecidas por todos os metalúrgicos, só podem ser operadas 
com proteção, a fim de evitar os acidentes mais comuns – amputações e esmagamen-
tos de dedos dos trabalhadores. 
Todas as partes que envolvem energia em qualquer máquina devem ser fechadas, 
de energia elétrica, de motores, correias, correntes ou engrenagens. As motosserras, 
equipamentos muito perigosos usados na exploração florestal e nas carvoeiras, devem 
apresentar formas seguras de proteção. Os cilindros de massa de padarias também têm 
de ser fechados para evitar que os dedos dos padeiros sofram esmagamento. 
Toda manutenção e todo conserto de máquina só pode ser feito com ela parada e des-
ligada. Se isso não acontece, os mecânicos e as outras pessoas que estiverem por perto 
correm um risco muito grande.
Na construção civil, as “armadilhas” também são várias. Por isso, as empresas do 
setor têm obrigação de fechar todas as aberturas nos prédios, cuidar das escadas e 
pisos e fornecer cinto de segurança adequado, além de ferramentas e equipamentos 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
51
seguros, como guinchos, betoneiras e elevadores de material. Há exigências legais 
muito claras, e seu cumprimento torna uma obra segura. Por isso elas devem ser 
seguidas em todas as obras. 
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Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
52
unidade 5 Como os trabalhadores 
podem conhecer e 
entender os riscos no 
trabalho?
A legislação brasileira, além da proteção que já 
comentamos, dá aos trabalhadores o direito de participar 
da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), 
também garantida por lei. 
Por que é importante que os trabalhadores participem 
das CIPAs? Porque no dia a dia de suas tarefas 
eles descobrem, na prática, muito sobre os riscos 
existentes no próprio trabalho, e os técnicos (médicos 
do trabalho, engenheiros de segurança e técnicos de 
segurança) têm muito a aprender com essa vivência. 
Sendo assim, todo programa de prevenção de 
acidentes ou doenças do trabalho deve valorizar 
o conhecimento dos trabalhadores diretamente 
envolvidos nas funções. 
É importante que os profissionais de todas as áreas 
e os técnicos trabalhem lado a lado nesse sentido. 
A experiência dos trabalhadores, com o conhecimento 
técnico dos especialistas, pode reduzir muito o risco 
de acidentes e doenças. 
Por exemplo, quem usa tíner em seu trabalho todos 
os dias é capaz de saber pelo cheiro, pelas tonturas e pelo 
mal‑estar que sente se o ar está muito contaminado. 
Mas, ainda que haja tíner em quantidades bem pequenas 
e exalando pouco cheiro, os médicos e engenheiros 
podem descobrir, por meio de aparelhos, os riscos que os 
trabalhadores não percebem. Desse modo, eles orientam 
o empregador a controlar a situação antes que ocorram 
doenças graves. 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
53
Todo membro de CIPA tem direito a um treinamento de 
20 horas, durante a jornada de trabalho, em que recebe 
noções sobre:
•	 como estudar o ambiente e as condições de trabalho a 
fim de descobrir riscos provocados pelas tarefas; 
•	 o que os técnicos podem fazer para controlar os riscos;
•	 como investigar e analisar um acidente ou uma doença 
do trabalho;
•	 quais os riscos existentes em sua empresa e em seu 
setor de trabalho; e
•	 como as leis trabalhistas e previdenciárias protegem 
os trabalhadores em relação à segurança e à saúde no 
trabalho. 
O mapa de riscos
Todo membro de CIPA tem também uma obrigação básica: ajudar a montar um 
mapa de riscos para alertar seus colegas e o empregador sobre os perigos existentes 
no ambiente de trabalho. Cópias desse mapa devem ficar penduradas nas paredes de 
espaços de grande circulação da empresa, mostrando seus departamentos ou setores. 
No mapa exposto em cada setor os membros da CIPA vão desenhar bolas coloridas, de 
tamanhos diferentes, com o objetivo de representar as situações de risco de acidentes 
ou doenças que existem ali. O mapa deve ser elaborado com base em visitas e obser-
vações dos membros da CIPA e em conversas com seus colegas. Não são os técnicos 
que devem dizer o que colocar no mapa nem o tamanho das bolinhas. O mapa deve 
sempre representar o que os profissionais de cada área percebem como perigoso ou 
arriscado em seu trabalho. 
Você já sabe o que são riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. 
Se achar necessário, releia a definição de cada um. As bolas do mapa de riscos devem 
ser das seguintes cores:
•	 verde – riscos físicos;
•	 vermelho – riscos químicos;
•	 marrom – riscos biológicos;
•	 amarelo – riscos ergonômicos; e
•	 azul – riscos de acidentes.
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
54
Depois de visitar todos os locais de trabalho, os membros da CIPA discutem em que 
pontos do mapa colocar as bolinhas e quais as cores e dimensões de cada uma. O 
tamanho das bolinhas traz uma informação importante: quanto maiores elas forem, 
maior o risco no local. 
•	 Se, por exemplo, houver muito barulho num setor, a CIPA vai desenhar uma 
bola verde grande no local do mapa de riscos que simboliza esse setor. 
•	 Se em outra área forem usados produtos químicos tóxicos – como formol, éter 
ou querosene –, dependendo da quantidade, os trabalhadores podem indicar o 
risco com bolas maiores ou menores, de cor vermelha, e o nome de cada produto 
dentro delas. 
•	 Se constatado que num departamento da empresa se faz muito esforço físico, os 
trabalhadores chamarão a atenção para o fato e os membros da CIPA incluirão, 
na parte correspondente do mapa, uma bola amarela grande, alertando para os 
riscos ergonômicos de doenças profissionais. 
•	 Se as máquinas não estiverem bem protegidas num setor de prensas deverá haver 
no mapa uma bola azul bem nítida mostrando isso. 
Em qualquer caso, o objetivo principal do mapa de riscos é ilustrar o ponto de vista dos 
trabalhadores, sem muitos números, laudos ou aparelhos. Esse mapa não tem valor de 
lei para recebimento de adicional de insalubridade ou aposentadoria especial, mas a 
empresa é obrigada pelo Ministério do Trabalho e Emprego a levar suas informações 
em conta na hora de tomar medidas de controle e melhorias no ambiente de trabalho. 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
55
Os mapas de riscos devem ser expostos em lugares onde todos possam vê-los, fazendo 
com que o trabalho da CIPA se torne conhecido. Também servem para estimular o 
empregador a melhorar as condições de trabalho. Nas reuniões da CIPA as informa-
ções devem ser atualizadas e é preciso escrever nas atas tudo o que for observado de 
errado. É importante saber que as atas e o mapa de riscos são fiscalizados pelo Minis-
tério do Trabalho e Emprego.
atividade 1 – Vamos fazer um mapa de risco do local onde estamos? 
 1 O professor deve dividir os alunos em cinco grupos. Cada grupo irá a um local e 
fará um mapa, anotando tudo o que encontrar. Por exemplo:
 Na casa das máquinas dos elevadores do prédio:
•	 uma bolinha verde para o nível de ruído;
•	 uma bolinha azul para o risco de acidentes com máquinas e quedas; e
•	 uma bolinha vermelha para os óleos e as graxas.
 No banheiro:
•	 uma bolinha marrom para os riscos biológicos (fezes, urina, lixo);
•	 uma bolinha vermelha para os produtos químicos utilizados; e
•	 uma bolinha azul para os riscos deescorregões e quedas.
 Para conhecer esses riscos é preciso conversar com as pessoas, observar, anotar e 
discutir tudo com muita atenção.
 2 Agora, na classe, vocês podem fazer um cartaz com apenas um desenho, reunindo 
as observações de todos os grupos. Quais os riscos a que os trabalhadores estão 
sujeitos no ambiente onde se localiza sua sala de aula?
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
56
 3 Em sua opinião, quais as vantagens de os trabalhadores fazerem o próprio mapa de 
riscos?
 4 Você acha que um mapa de riscos elaborado por técnicos seria diferente daquele 
feito pelos trabalhadores? Por quê? 
Analisando um acidente ou uma doença do trabalho
Sempre que ocorre um acidente do trabalho ou uma doença profissional é sinal de 
que houve falha na prevenção e nos cuidados da empresa. A lei diz que a CIPA deve 
participar da investigação e da análise desses acidentes para conhecer melhor o que 
realmente acontece nos ambientes de trabalho. 
As empresas impõem muitas regras do tipo “não faça isso” e “não faça aquilo”, mas, no 
dia a dia da produção, muitas vezes os trabalhadores são obrigados a arriscar a própria 
segurança a fim de atingir as metas que o empregador estabelece. 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
57
Os trabalhadores raramente podem contar com todos os equipamentos corretos e em 
bom estado de funcionamento e nem sempre têm tempo suficiente para executar sua 
tarefa com segurança e cuidado. Porém, quando há um acidente, é muito comum a 
empresa tentar culpar a vítima, dizendo que o trabalhador acidentado foi quem de-
sobedeceu às regras e cometeu um “ato inseguro”. Mas essa ideia está ultrapassada em 
todos os estudos mais modernos sobre acidentes nos locais de trabalho. 
Os acidentes não acontecem por uma única razão, mas decorrem de vários fatos 
que, um após o outro, levam a consequências sérias.
Assim, se não existe uma caixa firme para receber as agulhas usadas num hospital, por 
exemplo, os faxineiros, sempre com pressa porque têm de limpar o prédio todo, vão 
improvisar, colocando os restos cortantes e perfurantes dentro de sacos comuns, de 
papel ou plástico. Isso acaba expondo os responsáveis pelo transporte do lixo a cortes 
e perfurações por material contaminado por vírus e bactérias. 
A análise de um acidente desse tipo não pode culpar os trabalhadores de descuido. A 
fim de evitar problemas assim, as caixas especiais – obrigatórias por lei – devem estar 
em todos os locais onde forem necessárias, e os envolvidos (gerentes, médicos, enfer-
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
58
meiros, faxineiros etc.) precisam ser informados e alertados sobre sua importância a 
fim de valorizar e respeitar essas regras. O trabalhador que sofreu o acidente não é, 
portanto, o único culpado.
Da mesma forma, num canteiro de obras ninguém deve usar uma serra circular sem 
proteção contra acidentes. A lei prevê multas pesadas para tais casos, e muitos juízes 
consideram crime oferecer esse tipo de máquina para um trabalhador realizar suas 
tarefas. Mesmo que o profissional seja experiente e rápido, as mãos ficam expostas à 
serra, e a qualquer momento pode acontecer um acidente sério. 
Os técnicos chamam de barreiras as proteções contra acidentes. Por 
exemplo, fechar com madeira um poço de elevador vazio e aberto numa 
obra é uma forma de construir uma barreira contra um acidente grave. 
Colocar uma tranca na chave elétrica de uma máquina também é uma 
barreira. Permitir pausas e descansos durante uma jornada exaustiva, 
idem, e é obrigação de todos os empregadores criar barreiras para 
prevenir e evitar acidentes ou doenças. 
atividade 2 – Relato de acidente
 1 Você vai ler agora o relato de um acidente de trabalho. Preste atenção em todos os 
detalhes e destaque os fatores que contribuíram para que ele acontecesse. Separe-os 
em fatores relacionados às pessoas, aos equipamentos e à forma de produção. 
José era novato na obra. Chegou da roça há 2 meses com a família e, depois de pegar 
“bicos”, está no primeiro emprego com carteira assinada. A empresa em que traba-
lha é uma empreiteira pequena que terceiriza serviços para uma grande construto-
ra. O supervisor disse que, se a obra terminasse antes do prazo, a turma ganharia 
uma gratificação. José cortava tábuas velhas para fazer formas de concreto numa 
serra circular. O disco da serra não tinha nenhuma proteção. A instalação elétrica 
apresentava fios desencapados e espalhados pelo chão, que estava molhado. Ao final 
do dia, a turma ficou no canteiro para fazer duas horas extras. Às 18h20min, José 
não escutou o que seu colega disse e foi desligar a máquina. Quando encostou a 
mão no botão, levou um choque, assustou-se e apoiou a outra mão sobre a serra, 
que ainda não tinha parado. Perdeu 3 dedos e ficou afastado do trabalho por três 
semanas. Agora ele é auxiliar no escritório da obra, enquanto dura sua estabilida-
de no emprego, que vai acabar em um ano. 
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
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Fatores relacionados 
às pessoas
 
 
 
 
Fatores relacionados 
aos equipamentos
 
 
 
 
Fatores relacionados 
à forma de produção
 
 
 
 
 2 Agora pense: de que forma esse acidente poderia ter sido evitado? Registre a respos-
ta por escrito.
Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais
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A análise de acidentes e doenças do trabalho tem de ser feita por quem conhece o 
dia a dia da produção, e não apenas por técnicos de fora, pagos pelas empresas e nem 
sempre interessados diretamente na saúde e na segurança dos trabalhadores. 
Na Itália, trabalhadores e sindicalistas, já na década de 1970, tinham como lema não 
transferir a responsabilidade e o cuidado de sua saúde e segurança para os técnicos, 
mesmo que fossem médicos ou até fiscais do governo. 
Por quê?
Eles sabiam, desde aquele tempo, que quem precisa lutar contra a exploração dos 
maus empregadores, as condições ruins de trabalho e a falta de segurança são os pró-
prios trabalhadores. 
Uma categoria organizada tem mais chances de lutar, e as convenções e os acordos 
coletivos podem ser ferramentas muito importantes na melhoria da segurança dos 
ambientes de trabalho.
Há dois direitos trabalhistas garantidos por lei que muitas vezes são esquecidos.
1. O trabalhador tem o direito de saber, por escrito, em declaração assinada pelo 
médico do trabalho da empresa, quais são os riscos existentes em seu ambiente de 
trabalho. Podem ser riscos físicos, químicos, ergonômicos ou quaisquer outros. 
2. O trabalhador tem o direito de se recusar a trabalhar em condições inseguras, 
sem perder o emprego ou ser punido pelo empregador. 
Cabe a todos nós exercer esses direitos e diminuir o drama dos acidentes do trabalho 
e das doenças profissionais em nosso país. 
Vamos encerrar este módulo ouvindo uma canção composta por Cartola e refletir 
sobre os cuidados que devemos ter com nossa saúde.  
O samba do operário 
Cartola
Se o operário soubesse 
Reconhecer o valor que tem seu dia 
Por certo que valeria 
Duas vezes mais o seu salário
Mas como não quer reconhecer 
É ele escravo sem ser 
De qualquer usurário
Abafa-se a voz do oprimido 
Com a dor e o gemido 
Não se pode desabafar
Trabalho feito por minha mão 
Só encontrei exploração 
Em todo lugar
S a ú d e e S e g u r a n ç a n o t r a b a l h o
61
bibliografia
Bahia. Secretaria do Trabalho e Ação Social. Cartilha doenças ocupacionais. Salvador, 
1998. 
_______. Secretaria do Trabalho e Ação Social. Cartilha prevenção de acidentes. Salva-
dor, 1998.
Brasil. Ministério da Previdência e Assistência Social. INSS. Portador de doença pro-
fissional – Conheça seus direitos. Belo Horizonte, s/d.
_______. Ministério do Trabalho e Emprego. Delegacia Regional do Trabalho e Em-
prego em São Paulo. Conservação auditiva na indústria metalúrgica. Osasco, s/d.
_______. Ministério do Trabalho e Emprego. Delegacia Regional do Trabalho e Em-

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