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gestão da inovação em processos

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Patrícia do Couto Nascimento Faria
Gestão da Inovação 
em Processos
Patrícia do Couto Nascimento Faria
FERRAMENTAS DE GESTÃO
Belo Horizonte
Agosto de 2016
COPYRIGHT © 2016
GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO
Todos os direitos reservados ao:
Grupo Ănima Educação
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização 
por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios 
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros.
Edição
Grupo Ănima Educação
Vice Presidência
Arthur Sperandeo de Macedo
Coordenação de Produção
Gislene Garcia Nora de Oliveira
Ilustração e Capa
Alexandre de Souza Paz Monsserrate
Leonardo Antonio Aguiar
Equipe EaD
Conheça 
a Autora
Patrícia do Couto Nascimento Faria é graduada 
em Administração pela Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais (2003) e Mestre em 
Administração (ênfase em Administração 
Mercadológica e Estratégia) pela Universidade 
Federal de Minas Gerais (2007). Tem 
experiência na área de administração, 
atuou principalmente com consultoria e 
docência, notadamente nos temas: marketing 
(mercadologia), estratégia, projetos e novos 
negócios. Lecionou em cursos de graduação 
da Pontifícia Universidade Católica de 
Minas Gerais, em vários campus, assim 
como na UNA campus Aimorés, disciplinas 
relacionadas à Administração Geral, Marketing 
e Projetos, além de ter orientado trabalhos de 
conclusão de curso em ambas as instituições. 
Lecionou disciplinas para pós-graduação em 
Administração pela PUCMINAS, em Pouso 
Alegre e em Belo Horizonte.
Apresentação 
da disciplina
Administração é uma área cujo corpo de conhecimento começou a se 
formar de modo sistemático e consistente notadamente a partir do 
século XX. Apesar de os esforços no sentido de prever, organizar, dirigir 
e controlar já serem observados há milênios nas mais diversas culturas 
e nações pelo mundo, eles começaram a ser sistematizados com o 
surgimento das grandes corporações. Dos anos 1900 para cá, a rapidez, 
a intensidade e a complexidade das mudanças trouxeram desafios e 
uma realidade que demandam ferramentas de gestão capazes de tornar 
os processos e projetos mais inovadores e eficientes. Dessa forma, 
permite a exploração dos recursos e das capacidades de modo a gerar 
vantagens competitivas sustentáveis.
A disciplina apresentará o conceito de inovação aplicado à gestão. 
Percorrer-se-á a linha evolutiva dos estudos, a fim de trazer um 
mapeamento da importância prática da inovação catalisadora de 
vantagens competitivas para as organizações. Compreendido o 
conceito, o próximo passo, será discutir os diferentes tipos de inovação, 
os quais podem ser classificados sob óticas diversas, desde a área 
de negócio impactada, passando pelo grau de impacto, a relação com 
as necessidades do mercado e o nível de controle da empresa sobre 
o processo. Diagnosticar qual é a inovação mais adequada a cada 
situação/contexto e a contribuição de um conjunto de diferentes tipos 
de inovação para determinada organização desperta os gestores para as 
várias possibilidades que o conceito traz.
Em um momento da disciplina apresentaremos as culturas, tanto 
interna quanto externa à organização, como lócus que devem favorecer 
o desenvolvimento da inovação. Serão listados os principais elementos 
contribuintes de uma e de outra para que a inovação se estabeleça 
enquanto um processo contínuo.
Seguindo a linha processual, serão abordadas as gestões específicas 
que compõem a organização com foco em projetos e nos processos 
não como coisas mutuamente excludentes, mas dentro de uma 
visão sinérgica, em que há multiplicação de esforços para a busca de 
vantagens competitivas para a organização.
Também analisaremos a resposta das organizações ao dinamismo e 
às mudanças ambientais. É nela que são apresentados os principais 
modelos de gestão e debatidas as principais diferenças de aplicações 
entre eles. São também vislumbrados os novos caminhos que se 
apresentam para a gestão.
Debruçaremos sobre questões que assumem o papel cada vez 
mais preponderante no que diz respeito à inovação dos processos 
organizacionais, tanto devido à legislação quanto em função de uma 
conscientização maior por parte de grupos sociais que exigem uma 
mudança de postura das empresas enquanto clientes, funcionários, 
acionistas ou parte de outros grupos com os quais as organizações 
interagem diretamente.
Redes organizacionais é um assunto que também será abordado na 
unidadde. Pensar em inovar e estabelecer vantagens competitivas 
sustentáveis pode ser um processo facilitado por parcerias. É importante 
compreender os tipos, modo como se formam, se mantêm e podem 
desenvolver uma integração estratégica.
Por fim, abordaremos a gestão estratégica do conhecimento, sua 
importância para o aprendizado organizacional. Compreender e aplicar 
ferramentas de gestão passa pelo desenvolvimento da competência 
de realizar uma acurada leitura ambiental e tomar as decisões 
mais acertadas em cada situação/contexto, o que é otimizado pelo 
conhecimento e o aprendizado decorrente dele.
UNIDADE 1 001 
Inovação e Gestão: Uma Introdução 002 
O Desenvolvimento do Conceito Inovação 004 
Evolução Histórica dos Estudos Sobre Inovação Aplicada à Gestão 006 
Gestão da Inovação Como Fonte de Vantagem Competitiva 015 
Tendências de Inovação 024 
Revisão 029
UNIDADE 2 032 
Tipos de Inovação 033 
Segundo a Área de Negócio Impactada 035 
Segundo o Grau de Impacto Provocado 046 
Segundo a Relação com as Necessidades do Mercado 050 
Segundo o Grau de Controle que a Empresa Exerce Sobre o Processo 052 
Revisão 061
REFERÊNCIAS 131
UNIDADE 3 061 
Cultura de Inovação, Gestão de Inovação e Mudanças 062 
Cultura Interna: Estabelecendo um Ambiente Favorável à Inovação 064 
Cultura Externa: O “Habitat” da Empresa é Amigo da Inovação? 070 
Personas de Inovação 073 
Criatividade Empreendedora 076
Estrutura Organizacional de Empresas Inovadoras 077 
Como Inovar: Modelos de Processos de Inovação 080 
Visão Estratégica da Inovação e Mudanças 084 
Revisão 091
UNIDADE 4 093
Gestões Específicas: Uma Abordagem Estratégica 
Processuale Integrada 094
Uma Visão de Conjunto 096 
A Abordagem Processual 100 
As Gestões Específicas 105 
As Gestões e as Fases dos Projetos 119 
Fatores Críticos para o Sucesso dos Processos Organizacionais 121 
Revisão 129
Inovação e Gestão: 
Uma Introdução 
• O 
Desenvolvimento 
do Conceito 
Inovação
• Evolução 
Histórica dos 
Estudos Sobre 
Inovação Aplicada 
à Gestão
• Gestão da 
Inovação 
Como Fonte 
de Vantagem 
Competitiva
• Tendências de 
Inovação 
Introdução
O conceito de inovação varia bastante, principalmente em função 
de sua aplicação. De acordo com o Relatório de Inovação do Reino 
Unido (2003), “Inovação é a exploração com sucesso de novas 
ideias”. Essa definição é um modo resumido de compreender o 
conceito. 
Para as organizações, sucesso pode ser aumentar o faturamento, 
conquistar novos mercados, aumentar as margens de lucro, entre 
outros benefícios. De modo sintético, tudo o que pode agregar valor 
aos produtos e serviços, ou no caminho de produção ou distribuição 
desses – na percepção dos clientes - são inovações que devem ser 
buscadas pelas organizações.
A presente unidade tem por objetivo geral identificar o papel 
da inovação como ferramenta, recurso estratégico para que as 
organizações sejam capazes de gerar vantagens competitivas. 
O mapeamento das principais definições de inovação é o pontapé 
inicial da unidade. O passo seguinte é buscar compreender a 
evolução histórica da aplicação da inovação nas organizações, 
de um recurso inicialmente restrito à pesquisa e desenvolvimento 
de produtos, a um espectro de possibilidades na atualidade, com 
variações não apenas no local onde ocorre, mas também em 
termos de intensidade.
Essa linha evolutivada inovação nas empresas trouxe a 
oportunidade da gestão da inovação e esse olhar estratégico, de 
planejamento, implementação e controle – de modo sintético – 
permite que a inovação seja um processo sistemático, capaz de 
gerar vantagem competitiva sustentável para a organização.
Trazida à tona a possibilidade de gerenciar de forma estratégica 
a inovação, a unidade é encerrada com tendências de inovação 
aplicadas ao universo empresarial. 
Compreender quem são e para onde se encaminham, esse é o 
pontapé inicial para que as organizações estabeleçam a inovação 
como um processo estratégico, sistemático e contínuo.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
04
O Desenvolvimento do 
Conceito Inovação
Definir inovação e 
o tipo desta pode 
influenciar na 
operacionalização do 
construto.
A inovação é um dos temas mais importantes e estratégicos para a 
gestão e, de modo mais direto, para o marketing. A ideia central para 
o sucesso de uma nova oferta no mercado consiste em sua rápida 
aceitação pelos denominados adotantes iniciais e, na sequência, 
sua propagação para os demais. (MIDGLEY; DOWLING, 1978).
São inúmeros os conceitos de inovação apresentados na literatura. 
Definir inovação e o tipo desta pode influenciar na operacionalização 
do construto, uma vez que os aspectos abordados nas diferentes 
conceituações consideram partes específicas do complexo 
processo de inovação. 
Quando se olha para os primórdios da utilização do termo, um dos 
primeiros nomes que vêm à mente é Schumpeter. Sob o paradigma 
schumpeteriano (SCHUMPETER, 1982) e neoschumpeteriano 
(NELSON; WINTER, 1982; NELSON, 2006), o conceito inovação 
está relacionado a mudanças, evoluções e novas combinações de 
fatores que desenvolvem e mantêm o desequilíbrio socioeconômico 
existente. Desequilíbrio mesmo! É o que faz com que o 
desenvolvimento siga em curso. 
De acordo com Utterback (1971), a inovação é definida como 
uma invenção que alcançou a fase de introdução no mercado, 
no caso de um novo produto e, no caso de um novo processo, a 
fase do primeiro uso. A invenção, sob essa perspectiva, pode ser 
compreendida como uma solução original para uma necessidade 
ou desejo. A inovação seria um conceito distinto de invenção, por 
exemplo, por sua exploração comercial. 
Tálamo (2002), em uma linha próxima, define inovação como 
algo abrangente, que vai além da novidade ou da invenção. Entre 
a invenção e a chegada de um produto, um novo equipamento ou 
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
05
um novo processo ao consumidor final existem diversas etapas e 
atividades funcionais a se realizar, como desenvolvimento, compras, 
produção, logística. O autor sugere que inovar compreende 
disponibilizar uma invenção para consumo em larga escala. Essa 
definição nos remete à de Teece e Jorde (1990), no que diz respeito 
à existência de fases a serem cumpridas pela inovação antes de 
sua chegada ao mercado. 
A inovação, enquanto processo, para esses autores, engloba a 
busca, a descoberta, o desenvolvimento, a melhoria, a adoção e a 
comercialização de novos processos, estruturas organizacionais, 
procedimentos e produtos. Uma distinção digna de nota é feita por 
Gopalakrishnan (2000). O autor diferencia a visão de economistas 
e teóricos organizacionais. Enquanto para os primeiros inovação 
é um produto, processo ou prática nova para a indústria, para os 
últimos a novidade é para a organização. Existe, entre ambos, uma 
diferença em termos de alcance do impacto.
Crossan e Apaydin (2010), em uma revisão de literatura sobre o 
tema inovação, a conceituaram como produzir ou adotar, assimilar e 
explorar um valor que acrescente novidades nas esferas econômica 
e social, renovação e novas ampliações de produtos, serviços e 
mercados, o desenvolvimento de novos métodos produtivos e 
a criação de novos sistemas de gestão. Em síntese, é processo e 
também é resultado.
O Manual de OSLO – um conjunto de diretrizes para coleta e 
interpretação de dados sobre atividades inovadoras –, de acordo 
com a FINEP (2016), compreende a empresa inovadora como 
aquela que realiza pelo menos uma inovação durante o período de 
análise, por exemplo, dentro de um ano. Inovação, de acordo com 
esse manual, é a implementação de um produto, bem ou serviço, 
novo ou significativamente melhorado, ou um processo, um novo 
método de marketing, uma nova metodologia organizacional nas 
práticas de negócios, seja na organização ou nas relações com seu 
exterior.
A inovação, enquanto 
processo, para esses 
autores, engloba a 
busca, a descoberta, 
o desenvolvimento, a 
melhoria, a adoção.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
06
A Pesquisa de Inovação (PINTEC), realizada pelo Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE), com o apoio da Financiadora de 
Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência, Tecnologia 
e Inovação, se concentra nas inovações de produto e processo, 
mas incorpora também em seu escopo inovações de natureza 
organizacional e de marketing. Grande parte da inovação do setor 
de serviços e da indústria de transformação de baixa tecnologia não 
é apreendida de modo adequado pelo conceito de inovação restrito 
a produto e a processo. 
Inovação, para Luiz Serafim, head de marketing da 3M Brasil, é 
o “processo de transformar uma ideia diferenciada em oferta 
real, precificada, comunicada e disponibilizada ao público-alvo, 
atendendo às necessidades dos clientes com maior valor percebido 
em relação às alternativas existentes. ” (SERAFIM, 2016).
Assim, conclui-se o conceito de inovação como aquilo que a 
organização desenvolve e entrega, que tem valor na percepção dos 
clientes. Isso engloba desde inovações em produtos e serviços, 
assim como em demais pontos de contato da empresa com 
o consumidor ou outros públicos capazes de influenciar essa 
percepção. Em resumo, são muitas as possibilidades de inovar e, 
por tabela, os cuidados com os pontos de interação também.
Evolução Histórica dos 
Estudos Sobre Inovação 
Aplicada à Gestão
A evolução de estudos sobre inovação, no que se aplica à gestão, 
possui relação com a busca de melhores resultados por parte 
das organizações em um ambiente de mudanças cada vez mais 
frequentes e intensas. Uma pressão crescente por inovação, 
assim como por menores custos e uma redução no tempo de 
Conclui-se o 
conceito de 
inovação como 
aquilo que a 
organização 
desenvolve e 
entrega.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
07
desenvolvimento de novos produtos e serviços, impulsionam a 
busca por novas formas de organização. (SANTAMARIA, 2007).
As grandes mudanças tecnológicas são acompanhadas por 
transformações econômicas, sociais e institucionais. Uma vez 
que a tecnologia não se “propaga” no vácuo, necessita de todo um 
aparato jurídico, econômico, de condições político-sociais e de 
organizações adequadas para sobreviver e se desenvolver. 
Pode-se visualizar a inovação aplicada à gestão como analisada sob 
três perspectivas principais, a fim de facilitar a compreensão desse 
desenvolvimento: teorias econômicas da tecnologia, inovação e 
competitividade e, finalmente, gestão da inovação.
Teorias Econômicas da Tecnologia
Voltando para o século XVI, é possível perceber que o processo de 
acumulação primitiva de capital, associado às revoluções burguesas 
que se iniciaram na ocasião, criou as condições necessárias para 
o surgimento de inovações técnicas que originaram a manufatura. 
A Revolução Industrial, do ponto de vista da tecnologia, pode ser 
caracterizada por uma substituição da habilidade e esforço humanos 
pelas máquinas, pela introdução de novas fontes inanimadas de 
energia e pela utilização de matérias-primas novas, e muito mais 
abundantes, principalmente a substituição de substâncias animais 
ou vegetais por minerais. Além das inovações técnicas, ocorreram 
importantes inovações organizacionais, a exemplo da divisão do 
trabalho, que à épocaainda não eram produto da ciência, mas de 
empirismo – observações, especulações e experimentação prática.
O pioneirismo de Adam Smith e David Ricardo quanto à análise, 
tanto das causas quanto das consequências da automação da 
manufatura, se deve ao fato de se preocuparem com a identificação 
da origem da riqueza das nações, assim como seus impactos sobre 
renda e trabalho. Identificar a tecnologia como fator que confere 
dinamismo econômico diverge na essência do pensamento dos 
É possível perceber 
que o processo 
de acumulação 
primitiva de 
capital, associado 
às revoluções 
burguesas que se 
iniciaram na 
ocasião.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
08
fisiocratas, os quais defendiam que somente a terra ou a natureza 
teriam a capacidade de produzir algo novo. Atividades como o 
comércio e a indústria seriam meros meios de transformação dos 
produtos da terra.
Duas correntes de pensamento econômico bastante influentes 
até hoje surgiram na segunda metade do século XIX, enquanto 
transformações estruturais na economia mundial estavam em 
curso. Apesar de terem assumido direções diametralmente 
opostas no que diz respeito ao papel da tecnologia na dinâmica 
da economia, ambas possuem destaque, tanto a visão marxista 
quanto a neoclássica.
Karl Marx retoma a tradição clássica para o estudo do processo 
de criação do valor e reconhece a tecnologia como alavanca do 
processo de evolução do capitalismo. Por outro lado, a corrente 
neoclássica possui como objetos centrais de seus estudos a 
formação de preços e a alocação de recursos. As hipóteses sobre 
equilíbrio e concorrência acabam por afastar as preocupações 
essenciais da escola clássica sobre origens e impactos da riqueza 
das nações. A questão tecnológica, nesse contexto, é negligenciada, 
considerada um fator externo ao debate econômico.
Para compreender esse olhar, há que considerar o contexto 
tecnológico e institucional em vigor no final do século XIX. Nesse 
sentido, algumas premissas sobre as quais se fundamentaram a 
teoria neoclássica e a da firma não soam irreais. 
Naquele momento foram considerados o princípio de concorrência 
(apesar de não perfeita), a tecnologia como um fator externo 
(incorporada nas máquinas e trabalhadores), o tamanho ótimo 
e o equilíbrio da firma (em um ambiente de mudança tecnológica 
lenta) e informações disponíveis (ainda em redutos privilegiados 
dos grandes distritos industriais). Esse quadro, aliado aos precários 
instrumentos metodológicos, à falta de dados quantitativos à época, 
além de uma motivação ideológica de combate às ideias de Marx, 
podem explicar os desenvolvimentos iniciais da teoria neoclássica.
 Atividades como 
o comércio e a 
indústria seriam 
meros meios de 
transformação dos 
produtos da terra.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
09
Em termos práticos, analisado no mesmo contexto histórico, 
Marx foi capaz de diagnosticar melhor o papel da tecnologia na 
dinâmica da economia. Em vez de recorrer a um modelo abstrato 
para tentar compreender o funcionamento econômico, parte para 
a análise crítica da economia capitalista. A inovação é vista como 
uma arma competitiva que permite ao empreendedor produzir de 
modo mais eficiente, e que reduz a dependência da mão de obra e 
superar/ eliminar concorrentes. Essa visão de Marx sobre o papel 
da inovação no processo de competição entre as organizações 
impactou o estudo sobre gestão da inovação e foi incorporada nas 
obras de Schumpeter, um dos principais autores da área, assim 
como nas de seus seguidores.
Veio então a era fordista e com ela a difusão de inovações 
tanto tecnológicas quanto organizacionais, o que permitiu o 
aparecimento da grande empresa, assim como a profissionalização 
das atividades relativas à pesquisa e desenvolvimento (P&D). Por 
isso, o estudo dos impactos do processo de centralização do capital 
na organização da firma e do mercado passou a ser cada vez mais 
objeto de interesse da teoria econômica. 
Contribuições diversas vieram para compor o instrumental de 
análise da corrente teórica que ficou conhecida como administração 
científica, diversificando-a: sociologia, teoria behaviorista e outras 
ciências do comportamento, além de aperfeiçoamentos na 
metodologia empírica. 
Na teoria econômica neoclássica, a organização era vista como 
em um papel passivo e a ruptura dessa visão abriu caminho para 
o desenvolvimento das teorias da firma, muito como resposta à 
crescente importância da grande corporação. Foi reconhecida a 
importância do conhecimento e da mudança tecnológica, apesar de 
ainda não haver os instrumentos metodológicos adequados para 
incorporá-los e consolidá-los à análise econômica.
Na teoria econômica 
neoclássica, a 
organização era vista 
como em um papel 
passivo.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
010
Schumpeter, assim como Karl Marx, considera que a mudança 
tecnológica constitui o motor do desenvolvimento, e que 
revoluciona a estrutura econômica por dentro em um processo 
de destruição criativa ou de criação destruidora. O progresso 
tecnológico é considerado um processo qualitativo mais do que 
quantitativo, na medida em que gera novos hábitos de consumo. 
Uma das principais críticas de Schumpeter a seus economistas 
contemporâneos diz respeito à sua preocupação em analisar o 
modo como o capitalismo administrava as estruturas existentes, 
relegando a questão mais importante sobre a maneira como criava 
e destruía essas estruturas.
A compreensão da história das grandes corporações demanda uma leitura 
dos ensaios de Alfred Chandler. Uma coletânea deles foi realizada por 
McCraw e publicada em 1998, em português, pela Editora da Fundação 
Getúlio Vargas.
No último quarto do século XX, o modelo de Ford, Taylor e 
companhia, que dominava a economia mundial até então, começa a 
dar sinais de esgotamento. Com a diminuição/escassez de recursos 
naturais, as formas rígidas de organizações produtivas passaram a 
“pesar” para a competitividade e o surgimento da microeletrônica 
no contexto comercial tornou a sociedade cada vez mais exigente 
em relação às organizações.
 Novas possibilidades de inovação e de organização da produção 
se abrem às empresas em função das tecnologias, tanto de 
informação quanto de comunicação. O processo de destruição 
criadora que afeta a economia mundial desde os primórdios da 
Revolução Industrial se torna cada vez mais intenso e renovado.
A análise dessa nova era ficou a cargo da denominada escola 
evolucionista ou neo schumpeteriana, estabelecida quase 
quatro décadas depois de publicado “Capitalismo, socialismo e 
Novas possibilidades 
de inovação e 
de organização 
da produção se 
abrem às empresas 
em função das 
tecnologias.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
011
democracia”, de Schumpeter, em 1942. Além de atribuir a dinâmica 
econômica às inovações em produtos, processos e à forma de 
organizar a produção, eles atualizam o debate na medida em que 
rejeitam o princípio do equilíbrio de mercado, diante do ambiente 
coletivo de mudanças proporcionadas por agentes individuais. 
A tecnologia, na visão dos neo schumpeterianos, é um elemento 
interno, presente nas relações de produção e na valorização do 
capital, em oposição à teoria neoclássica, que a via como uma 
variável externa.
Vale destacar que a formulação de novos conceitos é bastante 
atrelada à abertura para o multidisciplinar da Administração e 
até da Engenharia de Produção que, por serem de aplicação mais 
prática, empírica, são mais receptivas às ideias evolucionistas do 
que o campo teórico das ciências relativas à Economia.
Inovação e Competitividade
Chegamos a um segundo momento, de associar inovação à 
competitividade. 
Para iniciar, vale identificar os principais tipos de inovação e os 
fatores que os induzem. As inovações incrementais são aquelas 
realizadas cotidianamente nas organizações, via processo de 
aprendizado.Por outro lado, as inovações denominadas radicais são 
descontínuas no tempo e no espaço, e geralmente são originárias 
de pesquisa e desenvolvimento. 
Outra percepção diz respeito à parte das inovações serem “puxadas” 
por demandas de usuários e consumidores (demand-pull) e outra 
parte ser fruto de avanços da ciência e da tecnologia (technology 
push). 
O desenvolvimento tecnológico possui estreita relação com 
políticas públicas e sociais do cenário em que a organização se 
encontra, assim como a condições econômicas e custos de fatores 
As inovações 
incrementais são 
aquelas realizadas 
cotidianamente 
nas organizações, 
via processo de 
aprendizado.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
012
de produção. A análise da difusão de novas tecnologias no que 
tange à economia pode ser realizada em quatro dimensões: direção 
ou trajetória tecnológica, ritmo ou velocidade de difusão, fatores 
condicionantes e impactos econômicos, sociais e ambientais.
As organizações inovadoras chegam ao ponto em que recorrem 
a informações e conhecimentos que possuem origem interna e 
externa. No ambiente interno, as principais fontes de inovação 
são as atividades de pesquisa e desenvolvimento, melhorias 
incrementais obtidas por meio de aprendizado, experiências e 
programas de qualidade, assim como via “cópia” de produtos 
pioneiros por meio de engenharia reversa. A empresa, para tanto, 
precisa dispor de rotinas dinâmicas para desenvolver capacitação 
tecnológica e transformar produtos e processos.
No ambiente externo, as fontes de tecnologia abrangem uma ampla 
gama de procedimentos de diferentes níveis de complexidade. 
Desde as mais simples e baratas formas de obter informações 
sobre tecnologia (consultas a sites especializados na Internet, 
participação em cursos de especialização, compra de livros e 
revistas técnicas, visitas a feiras, congressos e exposição, e troca 
informal de informações com parceiros de negócios) às mais 
complexas (aquisição de bens de capital, contratação de consultoria 
externa, cooperação com universidades e centros de pesquisa, 
participação em projetos conjuntos de pesquisa e contratos de 
transferência de tecnologia).
Cabe destacar a importância dos fluxos externos de informação 
sobre tecnologia, principalmente para as empresas de pequeno e 
médio porte, que não possuem atividades formais de pesquisa e 
desenvolvimento.
No que se refere à tecnologia, é essencial pontuar a questão das 
normas e regulamentos que definem o acesso e o nível de adoção 
por um determinado setor/segmento. A infraestrutura que delineia 
a tecnologia adotada/desenvolvida é conhecida como tecnologias 
É essencial pontuar a 
questão das normas 
e regulamentos que 
de nem o acesso e 
o nível de adoção 
por um determinado 
setor/segmento.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
013
industriais básicas (TIB) e inclui normas (voluntárias), regulamentos 
(obrigatórios), certificação por entidade independente que comprove 
a adequação do produto e do processo aos parâmetros físicos e 
químicos convencionais, assim como laboratórios que atestem 
a confiabilidade e a credibilidade das medições efetuadas pela 
produção.
Para quem tem interesse em se aprofundar sobre TIB, tem-se o site do 
INMETRO (www.inmetro.gov.br) que é uma ótima opção.
Ainda explorando o lado de fora das organizações, é essencial 
analisar o setor da atividade, a localização geográfica, a origem 
do capital e o porte do empreendimento para compreender a 
adoção e o desenvolvimento da tecnologia. Essa compreensão 
do impacto setorial dividiu-os em relação à difusão de tecnologia 
em produtores de commodities, setores tradicionais, produtores 
de bens duráveis, fornecedores e difusores do progresso técnico, 
cada categoria representando uma trajetória tecnológica distinta. 
Enquanto há setores intensivos em processos produtivos, nos quais 
a competitividade está intimamente relacionada a escalas elevadas 
e produtos pouco diferenciados, homogêneos, há outros em que a 
competitividade é pautada em diferenciação de produtos. 
A escala (e o porte) da empresa é fundamental para determinar 
sua capacidade de investimento em pesquisa e desenvolvimento 
– P&D. Apesar de em geral as inovações serem concentradas em 
grandes empresas que dispõem de recursos e capacitação para 
desenvolver novos produtos, serviços e processos, há micro e 
pequenas empresas inovadores, principalmente em novos setores 
e em redes de empresas. As novas tecnologias de comunicação, 
como a internet, contribuem muito para que pequenas empresas 
minimizem as dificuldades de acesso a informações tecnológicas.
 É essencial analisar 
o setor da atividade, 
a localização geográ 
ca, a origem do 
capital e o porte do 
empreendimento.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
014
Quebradas as barreiras geográficas em uma era de aldeia global, o 
papel da informação e do conhecido é o de base das economias do 
mundo afora. Não há como atrelar o desempenho da exportação de 
um país apenas às vantagens competitivas naturais e a um custo 
baixo de produção. É preciso ir além, estabelecer e desenvolver 
a competitividade pela capacitação para construir vantagens 
dinâmicas a partir da inovação tecnológica e do aproveitamento de 
oportunidades. Fatores econômicos são muito tênues e esporádicos 
para explicar mudanças na competitividade em longo prazo.
O desenvolvimento de um país compreendido como um processo 
está atrelado à participação em indústrias novas, dinâmicas e 
intensivas em conhecimento. Agregar valor ao produto ou serviço 
demanda conhecimento, o qual engloba um amplo conjunto 
de tecnologias que vão muito além das aplicadas a produtos e 
processos, envolvendo também estratégias empresariais, acesso 
a informações comerciais, jurídicas, econômicas, assim como 
sobre tecnologia gerencial, conhecimento para inovar e produtos, e 
processos às exigências dos importadores.
Mesmo os produtores de commodities e produtos tradicionais 
precisam incorporar infraestrutura tecnológica para adequar seus 
processos e produtos às crescentes mudanças e exigências dos 
mercados. 
A percepção de que a inovação é um processo capaz de gerar 
vantagens competitivas sustentáveis para a organização acendeu 
um sinal de alerta para as organizações sobre a importância de 
melhorar continuamente sua gestão. Este é o terceiro momento da 
incorporação e da exploração da inovação.
A Gestão da Inovação
Trabalhar estrategicamente o processo de inovação é questão 
de sobrevivência para as organizações, notadamente em setores 
intensivos em tecnologia. Estratégia diz respeito a fazer o meio 
de campo entre os ambientes externo e interno. Há que fazer a 
 É preciso ir além, 
estabelecer e 
desenvolver a 
competitividade pela 
capacitação para 
construir vantagens 
dinâmicas.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
015
leitura das oportunidades e ameaças, e estar pronto em termos de 
recursos e competências para que as forças possam ser exploradas 
para aproveitar, de modo mais eficiente possível, as oportunidades 
que se apresentem.
Enquanto a vantagem competitiva pode advir de tamanho ou 
patrimônio, entre outros fatores, o cenário está gradativamente 
mudando em favor daquelas organizações que conseguem 
mobilizar conhecimento e avanços tecnológicos, e conceber a 
criação de novidades em suas ofertas (produtos/serviços), nas 
formas como criam, lançam e disponibilizam essas ofertas.
Os estudos se encaminham para buscar compreender o papel da 
estrutura das organizações, tanto no que diz respeito à forma como 
se organizam internamente e nas relações interorganizacionais, 
mas também em termos de gestão de recursos humanos, cultura 
organizacional, inovações organizacionais relativas à qualidade, 
produção, logística etc. Gestão de conhecimento e o aprendizado 
decorrente dela, as redes, são alguns modos de estabelecer a 
inovação enquanto um processo contínuoe estratégico. 
Gestão da Inovação 
Como Fonte de 
Vantagem Competitiva
Simplesmente desejar a ocorrência da inovação não é suficiente – é 
necessário gerenciar o processo de modo ativo. Para fazer isso, de 
modo resumido, três os fatores são essenciais:
• geração de novas ideias: pode surgir por meio da inspiração, 
por transferência de outro contexto, de questionamentos 
advindos de necessidades de clientes ou usuários, via 
pesquisa de ponta ou de uma combinação de ideias pré-
 Gestão de 
conhecimento 
e o aprendizado 
decorrente dela, 
as redes, são 
alguns modos 
de estabelecer a 
inovação. 
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
016
existentes em algo novo. Podem também ter origem da 
construção de modelos alternativos para o futuro e da 
exploração de opções abertas dentro desse universo de 
alternativas;
• seleção das melhores ideias: apesar de parecer simples, 
como saber quais as melhores ideias sem experimentá-
las? A única certeza, na gestão e especialmente em um 
ambiente complexo e dinâmico, são as incertezas. O único 
modo de descobrir se uma ideia realmente vale ou não a 
pena é começar a desenvolvê-la, colocar em prática. A 
escolha de uma ideia errada pode, por vezes, signifcar o fim 
de jogo (game over);
• implementação da nova ideia: transformar a ideia em um 
produto, serviço ou processo acabado ao qual as pessoas 
possam ter acesso e demandar.
Gerenciar a inovação passa pela compreensão das formas que ela 
pode assumir, as quais podem ser resumidas em quatro diferentes 
dimensões de mudança – ou os denominados 4Ps da inovação:
• inovação de produto (ou serviço): diz respeito a mudanças 
nas coisas (produtos/serviços) que uma organização oferta 
– por exemplo, um novo design de automóvel, um novo 
pacote de seguro contra acidentes para praticantes de 
esportes radicais;
• inovação de processo: refere-se a modificações nos 
modos em que produtos/serviços são criados, ofertados 
ou apresentados ao cliente – entre os muitos exemplos. 
Podem ser listadas mudanças de rotina ou sequência 
burocrática para renovação de assinaturas de revistas;
• inovação de posicionamento: são mudanças no contexto 
em que as coisas (produtos/serviços) são introduzidas – 
um exemplo clássico são as Havaianas, que originalmente 
eram um produto barato e “honesto”, chinelo para uso em 
casa e que se tornou um produto fashion;
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
017
• inovação de paradigma (modelo mental): diz respeito 
aos modelos mentais básicos que direcionam as ações 
da organização, ou seja, os modos como se percebe a 
realidade organizacional. Por exemplo, nessa categoria 
estão a mudança de produção de automóveis para em 
larga escala, em massa, por Ford, e o surgimento de linhas 
aéreas com tarifas econômicas. 
Cabe ressaltar, relativamente aos 4Ps da inovação, que a presença 
de uma não exclui a de outra(s). Uma vez apresentados os 
diferentes tipos e níveis, é preciso encarar a inovação como uma 
sequência estendida de atividades, ou seja, um processo. Pode-se 
resumir a inovação como a sequência de atividades envolvidas em 
um processo para fazer de uma ideia ou possibilidade uma oferta 
de valor real.
FIGURA 1 – Processo Básico para Concretizar uma Inovação
Fonte: Elaborada pela autora.
Apresentar os passos básicos do processo é um modo de alertar 
para que nenhuma das etapas falte. Os modelos já são uma 
representação reduzida da realidade, se forem realizados de modo 
parcial, incompleto, o fracasso “bate à porta”.
Por exemplo, se a inovação for encarada como forte capacidade de 
P&D, pode acontecer uma miopia em termos de mercado – o valor 
precisa existir na percepção do cliente. Se inovação é compreendida 
como progresso tecnológico, pode não ter apelo comercial. Se 
apenas a “prata da casa” for capaz de gerar ou criar, o “não ser 
inventado aqui” pode ocasionar a perda de boas ideias ou parcerias 
estratégicas. E se por outro lado só se valoriza a geração e a criação 
“do lado de fora”, ocorre pouca ou nenhuma aprendizagem ou 
desenvolvimento de competências no que diz respeito à inovação 
internamente.
É preciso encarar a 
inovação como uma 
sequência estendida 
de atividades, ou 
seja, um processo. 
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
018
Compreendida em seus traços básicos e como processo a questão 
da gestão da inovação, é essencial expandir os horizontes para 
relacioná-la às possibilidades de geração de vantagens competitivas 
por meio dela. A teoria sobre inovação explora bastante a relação 
entre inovação e desempenho empresarial. Freeman (1994) aponta 
que existe muito pouca discordância entre economistas sobre a 
importância da inovação para o desenvolvimento econômico no 
longo prazo.
A análise do conceito inovação sob as perspectivas de Adam Smith, 
passando por Marx, Schumpeter, é unânime no que diz respeito 
ao papel das mudanças técnicas e organizacionais enquanto 
impulsionadoras do crescimento da produtividade. Motohashi 
(1998) visualiza um consenso de diversos teóricos sobre a inovação 
enquanto promotora de produtividade, de demanda por novos 
produtos e elemento de melhoria de eficiência, sendo essencial para 
o crescimento econômico. 
Apesar disso, destaca a dificuldade de mapeamento do mecanismo 
de atuação da inovação em função da heterogeneidade das 
empresas e setores. Destaca também não ser fácil garantir o 
retorno financeiro do processo de inovação.
A vantagem competitiva começou a ser abordada a partir dos 
anos 1970 por diversas correntes do pensamento econômico, 
sob perspectivas conceituais distintas. Um grupo importante de 
contribuições às teorias sobre vantagem competitiva concentra-se 
na dinâmica da organização, dos mercados e da concorrência, com 
enfoque mais nos processos de mudança e inovação do que nas 
estruturas das indústrias ou em arranjos estáveis de recursos.
Um segundo grupo contribui por meio da elaboração de ideias 
incorporadas às teorias dos processos de mercados e na teoria 
dos recursos, em busca de formular uma teoria de formação das 
competências organizacionais em ambientes de alta complexidade 
e mudanças constantes. 
A teoria sobre 
inovação explora 
bastante a relação 
entre inovação 
e desempenho 
empresarial. 
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
019
Percebe-se que, desde a consideração da concorrência dentro de 
um olhar de planejamento estratégico por parte das organizações, 
a busca da vantagem competitiva é presente. O que mudou, desde 
a teoria da organização industrial até chegar a das capacidades 
dinâmicas foi o enfoque. Apesar de as fontes da vantagem 
competitiva serem recursos e capacidades, ao longo do tempo 
foi necessário desenvolver uma estrutura flexível para que as 
capacidades possam se ajustar à velocidade das mudanças de 
mercado. 
No quadro abaixo pode ser visualizada uma síntese das principais 
características de teorias importantes sobre vantagem competitiva, 
que destaca a teoria de processos de mercado - que tem como um 
de seus fundadores Schumpeter – por ser pautada na inovação 
como geradora de vantagem competitiva.
QUADRO 1 – Comparação das Teorias sobre Vantagem Competitiva
Fonte: Elaborada pela autora.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
020
Fonte: Adaptado de Vasconcelos e Cyrino (2016).
O próximo quadro apresenta vantagens competitivas que podem 
ser estabelecidas por meio de inovações.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
021
QUADRO 2 – Vantagens Competitivas Geradas por inovações
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
022
Fonte: Adaptado de Tidd, Bessant e Pavitt (2008).
Apresentadas vários lócus de inovação, a estratégia pode ser 
considerada um processo de exploração de um espaço, definido 
por quatro tipos básicos de inovação – 4Ps: produto (e serviço), 
processo, posição e paradigma (modelo mental). Cada um dos 4Ps 
de inovação pode ocorrer ao longo de um eixo que varia de mudança 
incrementala radical. 
A área indicada pela figura a seguir é o espaço de inovação potencial 
dentro do qual uma empresa pode operar. Quando a organização 
atua e por que – e quais áreas por ventura negligencia – são 
questões que se colocam para a estratégia de inovação.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
023
FIGURA 2 - O Espaço de Inovação
Fonte: Adaptado de Bessant e Tidd (2009).
Como apresentado anteriormente, inclusive na ilustração prévia, 
o grau de inovação pode ir de melhorias incrementais menores 
(inovação incremental) até mudanças bastante radicais, que 
realmente transformam o modo como percebemos e utilizamos os 
produtos/serviços ou o que tenha sido inovado.
Um ponto importante também a ser compreendido em relação à 
inovação diz respeito à possibilidade de modificar algo em seus 
componentes ou alterar a arquitetura de todo o sistema. Vale 
destacar que esse último tipo de mudança (sistema) apresenta 
impacto nos níveis de subsistemas, podendo impactar o nível 
dos componentes. O inverso não costuma ser verdadeiro, ou seja, 
uma modificação em um componente pode não impactar nem o 
subsistema e muito menos o sistema como um todo, no que diz 
respeito a ajustes em outras partes.
A próxima figura ilustra a relação entre sistemas, subsistemas e 
componentes, e o nível de inovação, que pode ir do incremental ao 
radical, ao longo de um contínuo.
Uma modi cação 
em um componente 
pode não impactar 
nem o subsistema 
e muito menos o 
sistema como um 
todo.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
024
FIGURA 3 – Níveis de Inovação
Fonte: Adaptado de Bessant e Tidd (2009).
A inovação, para gerar vantagem competitiva, precisa estabelecer 
valor na percepção do cliente. Mais do que isso, precisa ser rara, 
preferencialmente de difícil imitação e um recurso, ou competência 
explorado pela organização. Vale destacar que a inovação pode ir 
muito além de produtos e serviços, pode ocorrer em processos, 
tecnologia (inclusive gerencial), no modo como se estrutura o 
negócio etc. Há que olhar de modo sistemático para fora da empresa 
e contrapor as oportunidades com as competências centrais da 
empresa, a fim de inovar nos pontos que realmente agreguem valor 
para o mercado, e de modo sustentável, duradouro.
Tendências de 
Inovação
As tendências em inovação variam de setor para setor. Se considerar 
a indústria, por exemplo, podem ser listadas algumas tendências 
mundiais, de acordo com a GE Reports Brasil (2016):
• uso de novos materiais e nanotecnologia;
• análise preditiva de dados;
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
025
• manufatura aditiva ou impressão 3D;
• supercomputadores com altíssima velocidade de 
processamento e grande capacidade de memória;
• uso de realidade aumentada e realidade virtual;
• automação industrial e robótica.
No que diz respeito à gestão da inovação, basicamente podem ser 
listadas três abordagens principais, que podem ser vislumbradas 
ainda por muitas organizações como tendências, listadas a seguir e 
sintetizadas no quadro abaixo.
QUADRO 3 – Síntese de Três Abordagens para a Gestão da Inovação
Fonte: Adaptado de Canongia e outros (2016).
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
026
É importante notar que, independente da abordagem, a presença 
de redes é comum a todas elas. Essa é uma das tendências que 
não se restringe a determinado setor. A importância da integração 
da cadeia logística como um todo, no que tange à geração de 
valor, é um dos motores da inovação, seja internamente às 
organizações que compõem os elos dessa cadeia, seja nas relações 
interorganizacionais. 
Por mais que o nome gestão do conhecimento venha representar 
uma abordagem, é possível diagnosticar o mapeamento e uma 
sistematização de conhecimentos também nas abordagens prévias. 
A gestão do conhecimento e a aprendizagem organizacional são 
pilares para as empresas que pretendem gerenciar a inovação em 
busca do estabelecimento de vantagens competitivas sustentáveis.
Independente do setor analisado, a revolução tecnológica/digital 
é um catalisador dos processos que se referem à gestão da 
informação e da comunicação, notadamente no que se refere à 
integração, um dos elementos mais valorizados pelo mercado, à 
medida que pode conferir agilidade de resposta às demandas.
As questões ambiental, social e ética também estão nas pautas 
de todas as empresas que trabalham o planejamento estratégico 
e a vantagem competitiva como processos sistematizados, se não 
como elemento que agrega valor ao produto final na percepção do 
cliente, como possibilidade de economia, de redução de custos em 
longo prazo.
De modo resumido, algumas das variáveis mais marcantes que 
influenciam o cenário competitivo e que invariavelmente reescrevem 
as regras do jogo são estas:
• a globalização de mercados e o fornecimento de tecnologia;
• o surgimento de tecnologias que permitem o modo “virtual” 
de trabalho e a gestão do conhecimento;
A revolução 
tecnológica/digital 
é um catalisador 
dos processos que 
se referem à gestão 
da informação e da 
comunicação.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
027
• o crescimento da preocupação com sustentabilidade – 
social, ambiental e ética; e
• o aumento da atividade em rede como modelo de negócio.
Compreendidos o conceito inovação e a evolução histórica dos 
estudos e de sua prática nas organizações, assim como o papel 
estratégico e as tendências no sentido de seu gerenciamento, as 
unidades seguintes voltar-se-ão para uma melhor compreensão 
aplicada da inovação no contexto gerencial.
Inovação e Vida!
Em meados dos anos 1980, um estudo da Shell indicava que o índice 
médio de sobrevivência de uma empresa de grande porte era de somente 
metade do tempo de vida de um ser humano. Desde então, as pressões 
sobre as empresas têm crescido consideravelmente de todos os lados – 
com o resultado inevitável de que a expectativa de vida se tornou ainda 
mais reduzida. 
Muitos estudos procuram pela mudança na composição de fatores 
essenciais e chamam a atenção para o legado que antes eram empresas 
grandes e, em sua época, inovadoras. Foster e Kaplan, por exemplo, 
afirmam que, das 500 empresas que originalmente compunham a lista 
da Standard and Poor’s em 1857, apenas 74 permaneceram na lista até 
1997. Das 12 empresas que compunham o topo da lista do índice Dow 
Jones em 1900, apenas uma – a General Electric – sobrevive até hoje. 
Até mesmo gigantes aparentemente robustos como IBM, GM ou Kodak 
podem, subitamente, apresentar sinais de esgotamento, enquanto que 
para as empresas menores o cenário é ainda pior, uma vez que lhes falta a 
proteção de uma base de recursos maior.
Algumas empresas precisaram mudar drasticamente para sobreviver no 
negócio. Uma empresa fundada no início do século XIX, por exemplo, que 
tinha botas Wellington e papel higiênico no seu rol de produtos, hoje é umas 
das maiores e mais bem-sucedidas no mundo das telecomunicações. 
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
028
A Nokia iniciou suas atividades como madeireira e serraria, fabricando 
equipamentos para o corte de árvores na Finlândia. Passou a explorar a 
indústria do papel e, a partir dela, atingiu o “escritório sem papel” da TI – e 
nesse ponto chegou aos telefones celulares.
Outro fabricante de telefones celulares – a Vodafone Airtouch – cresceu 
em proporções gigantescas com a fusão com uma empresa chamada 
Mannesman, que desde sua fundação em meados de 1870, tem sido mais 
comumente associada com a invenção e produção de tubos de aço. A Tui 
é a empresa que hoje possui a Thomson, a agência de viagens do Reino 
Unido que é atualmente a maior agência de turismo europeia. Suas origens, 
entretanto, estão nas minas da velha Prússia, onde era estabelecida como 
uma estatal de exploração de chumbo e fundição.
Fundada há cerca de cem anos, a Kodak possuía como base de seu 
negócio a produção e o processamento de filme, e a venda de serviçosassociados ao mercado fotográfico de massa. Ainda que esse último 
conjunto de competências seja altamente relevante (mesmo depois das 
mudanças drásticas sofridas pela tecnologia em câmeras), o abandono da 
revelação química molhada na câmera escura (mergulhando filme e papel 
em emulsões) em favor da imagem digital representou uma mudança 
profunda para a empresa. Ela precisou – em uma operação global com 
uma força de trabalho de milhares de pessoas – abandonar as velhas 
competências, que provavelmente não seriam necessárias no futuro, 
enquanto adquiria e absorvia, concomitantemente, novas tecnologias de 
ponta no campo da eletrônica e das comunicações. 
Embora tenha feito esforços tremendos para passar de fabricante de filmes 
a participante central da indústria da imagem digital, a Kodak sofreu uma 
transição bastante difícil e, em 2012, entrou com um pedido de proteção 
contra falência. É significativo o fato de que esse não foi o fim da empresa; 
ao invés disso, ela reagrupou-se em torno de outras tecnologias de base e 
desenvolveu novas diretrizes para o crescimento inovador em áreas como 
a de impressão de alto volume e velocidade.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
029
Revisão
Por meio dessa unidade foram trazidas à tona diversas definições 
de inovação, com o objetivo de estabelecer um conceito para 
orientar o desenvolvimento do conteúdo da disciplina, bastante 
pautado em inovação. 
Para a disciplina Ferramentas de Gestão é adotado o conceito de 
inovação como aquilo que a organização desenvolve e gera valor na 
percepção do cliente. Isso engloba desde inovações em produtos 
e serviços, assim como em demais pontos de contato da empresa 
com o consumidor ou outros públicos capazes de influenciar essa 
percepção. Em resumo, são muitas as possibilidades de inovar e, 
por tabela, os cuidados com os pontos de interação também.
Um passeio pela linha histórica dos estudos sobre inovação aplicada 
à Administração e a disciplinas que contribuíram para os estudos 
gerenciais se oportuno para buscar compreender a evolução do 
conceito inovação nesse contexto prático. 
As teorias econômicas sobre a firma têm modos de incorporar a 
questão da mudança tecnológica, desde os tempos da Revolução 
Industrial até a atualidade. É notório que essa mudança provoca 
transformações no funcionamento da economia, mas que essas, 
por sua vez, não são facilmente incorporadas pelas teorias 
econômicas. 
No que diz respeito à relação entre inovação e competitividade, 
foram apresentados os principais tipos de inovação de um modo 
resumido, assim como origens mais corriqueiras. Do ambiente 
externo, foram identificadas variáveis como políticas públicas e 
sociais, o ambiente econômico e custo de fatores de produção, além 
de questões específicas como setor, localização e infraestrutura 
como importantes para o desenvolvimento tecnológico, para as 
inovações.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
030
A gestão da inovação é bastante atrelada à exploração estratégica 
do conceito e a capacidade de geração de vantagens competitivas. 
Para tanto, há que ter um olhar atento às oportunidades e ameaças 
do ambiente externo, assim como um conhecimento das forças e 
fraquezas decorrentes de recursos e competências organizacionais. 
Diante do ambiente concorrencial cada vez mais dinâmico, amplo 
e intenso, há que estabelecer a inovação enquanto um processo 
sistematizado, a fim de ter o melhor desempenho empresarial 
possível.
Finaliza a unidade um olhar sobre as tendências relativas à inovação, 
quando se destaca o quão variáveis e específicas por setor essas 
podem ser, mas coloca-se em evidência questões como as sociais, 
as ambientais, as éticas e relativas à gestão e ao aprendizado. É 
essencial, na medida em que se administra de modo estratégico, 
absorver nos produtos, serviços, processos e outros pontos de 
interação o que agrega valor na percepção dos clientes e de quem 
os pode influenciar em seu processo de compra e relacionamento 
com a organização.
• Livros sugeridos:
o SCHUMPETER, Joseph A. Capitalismo, socialismo e democracia 
Editora Zahar.
• Artigos sugeridos:
o BRITO, R. P. de., BRITO, L. A. L. (2012). Vantagem Competitiva, 
Criação de valor e seus efeitos sobre o Desempenho. RAE-Revista de 
Administração de Empresas, 52(1), 70-84. http://dx.doi.org/10.1590/
S0034-75902012000100006
o ÁVILA, O.M.S. A inovação tecnológica no ambiente empresarial 
brasileiro. Disponível em: <http://200.232.30.99/busca/artigo.asp?num_
artigo=818> Acesso em: 30 ago. 2016.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 1
031
• Portais indicados:
o bgi.inventta.net
o www.inovacao.unicamp.br/
o www.3minovacao.com.br/
o www.sebrae.com.br/inovacao
o inovacao.usp.br/
• Filmes sugeridos:
o Tucker: um homem e seu sonho
o A invenção de Hugo Cabret (2011)
o O segredo do meu sucesso
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
032
Tipos de 
Inovação
• Segundo a 
Área de Negócio 
Impactada
• Segundo o 
Grau de Impacto 
Provocado
• Segundo a 
Relação com as 
Necessidades do 
Mercado
• Segundo o Grau 
de Controle que a 
Empresa Exerce 
Sobre o Processo
Introdução
Compreendido o conceito de inovação, seu papel e sua importância 
no que diz respeito à gestão estratégica e à possibilidade de geração 
de vantagem competitiva sustentável, é tempo de compreender 
mais profundamente seus tipos.
Inovação aplicada à gestão pode ser analisada à luz de diferentes 
recortes, como a área de negócio impactada, o grau do impacto 
provocado, a relação com as necessidades de mercado e o grau de 
controle que a organização exerce sobre o processo.
Analisar a área de negócio impactada pela inovação significa, 
basicamente, distinguir o local de ocorrência da inovação, se no 
produto/serviço ou no processo.
Considerar o grau de impacto da inovação diz respeito a 
compreender se foi uma melhoria (inovação incremental) ou a 
inserção de algo completamente novo (inovação radical). Entre um 
tipo e outro, há diferentes níveis de impacto, o que alguns autores 
classificam como semirradical.
A relação com as necessidades de mercado é uma tipologia 
proposta por Gundling (2000): são as inovações dos tipos A, B e 
C. O tipo A são radicais com o olhar no consumidor; B, as radicais 
desenvolvidas em laboratórios e, posteriormente, confrontadas 
com as necessidades dos potenciais clientes; C, são as radicais 
incrementais. Ainda sob essa perspectiva, é possível dividir 
as inovações em puxadas pelo mercado ou empurradas pela 
tecnologia/ciência. 
Outra divisão pode ser feita em relação ao alcance da novidade – se 
ela chega apenas para a empresa (inovações relativas ou firm-only 
TPP innovation) ou se para o mercado de um modo geral (inovações 
absolutas ou worldwide TPP innovation).
Por fim, a unidade abordará a perspectiva do grau de controle da 
organização sobre o processo, que basicamente divide as inovações 
em dois grupos: inovação aberta e inovação fechada. 
A classificação em uma abordagem não é mutuamente excludente 
em relação às demais. Por vezes, serão complementares. O 
objetivo é compreender múltiplas facetas da inovação, como as 
aplicações, vantagens e desvantagens de cada uma, para que, 
enquanto funcionários, gestores ou consultores, as pessoas 
envolvidas possam tomar as melhores decisões possíveis para 
cada organização, unidade de negócio ou produto.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
035
Segundo a Área de 
Negócio Impactada
Uma distinção costumeira quando se fala em inovação é entre 
produto/serviço ou processo. 
Inovação de produto é aquela em que se introduz um bem ou serviço 
novo ou melhorado, de modo significativo, em características ou 
funcionalidades. 
A inovação de processo refere-se à introdução de um novo modo 
de produção, atendimento, distribuição etc. Se não for novo, será, 
pelo menos, significativamente melhorado. 
As inovações de produto e de processo compõema denominada 
inovação tecnológica – única que constava na primeira e segunda 
edição do Manual de Oslo. Esse manual é uma publicação conjunta 
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
(OCDE) e do Gabinete de Estatísticas da União Europeia, tendo 
o objetivo de estabelecer diretrizes em nível internacional para 
tentar alinhar a coleta e a interpretação de dados sobre inovação. 
As edições citadas foram, respectivamente, em 1992 e 1997. Na 
terceira edição, em 2005, o conceito de inovação foi ampliado e 
passou a incluir, muito em função do setor de serviços, as inovações 
de marketing e as organizacionais.
O manual em vigência concentra-se em inovação tecnológica de 
produto e processo (TPP), mas aponta diretrizes para outros modos 
de inovação, como mudanças organizacionais. Destaca a inovação 
em serviços, sua complexidade e peculiaridades.
O conceito de 
inovação foi 
ampliado e passou 
a incluir, muito 
em função do 
setor de serviços, 
as inovações de 
marketing e as 
organizacionais.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
036
A expressão TPP innovation, que aparece em algumas definições do 
Manual de Oslo (OCDE, 2005), significa technological product and / or 
process (TPP) innovattion, isto é, inovação tecnológica de produto e/ou 
processo.
Inovação de marketing, segundo o Manual de Oslo, diz respeito 
à implementação de um novo método de marketing, com 
modificações consideráveis na concepção e no desenvolvimento 
do produto, em sua embalagem, posicionamento, promoção ou 
precificação. Em síntese, são alterações que buscam atender 
melhor às necessidades e aos desejos dos consumidores.
As inovações organizacionais ou de gestão referem-se à adoção 
de novas práticas ou métodos gerenciais na empresa, o que inclui 
seus relacionamentos externos.
Em síntese, de acordo com o Manual de Oslo, pode-se dividir as 
inovações em tecnológicas e não tecnológicas, sendo as primeiras 
subdivididas em produtos (serviços) e processos, e as últimas, em 
marketing e organizacionais. 
FIGURA 4 – Tipos de inovação de acordo com o Manual de Oslo
Fonte: Elaborado pela autora.
Vale compreender, mais detalhadamente, cada um desses tipos de 
inovação. Vejamos.
Pode-se dividir 
as inovações em 
tecnológicas e 
não tecnológicas, 
sendo as primeiras 
subdivididas em 
produtos (serviços) e 
processos.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
037
Inovações Tecnológicas
Inovação de Produto
De acordo com o portal do Ministério das Comunicações (2016), 
inovação tecnológica é toda novidade implantada pelo setor 
produtivo, por meio de pesquisas ou investimentos que resultam 
em um novo produto ou no aprimoramento de produtos, ou que 
aumente a eficiência do processo produtivo.
A inovação de produto diz respeito a produtos tecnologicamente 
novos e a produtos tecnologicamente aprimorados. 
A mudança tecnológica ou lançamento, no que diz respeito 
a produtos e serviços, é o tipo de inovação mais facilmente 
identificável pelo consumidor, que costuma ver a modificação de 
imediato. 
Especialmente em mercados dinâmicos e de intensa concorrência, 
os clientes já possuem uma expectativa por mudanças tecnológicas 
significativas e frequentes. Eles foram “bem (mal) acostumados”, 
e ainda se mantêm assim: antes de uma aquisição já planejam a 
próxima. Setores que utilizam intensivamente a tecnologia, como o 
de telefonia celular, aproveitam-se dessa capacidade de inovação 
da indústria e estimulam esse desejo. 
A demanda diz respeito a inovações não tecnológicas que se valem 
de inovações tecnológicas. Por mais que separemos os conceitos, 
pretendendo facilitar a sua compreensão, na prática, eles se 
misturam, fundem-se nas organizações.
Um produto novo pode ser definido como aquele bem ou serviço 
cujas características fundamentais (especificidades técnicas, 
componentes, materiais, software incorporado, funções ou usos 
pretendidos) diferem substancialmente dos produtos previamente 
fabricados (ou prestados, no caso de serviços) pela empresa 
(BNDES, 2016).
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
038
Ainda segundo o Banco, o aprimoramento ou aperfeiçoamento 
significativo diz respeito a um produto existente, que teve o 
desempenho consideravelmente aumentado. 
Se analisamos um produto simples, veremos que seu 
aperfeiçoamento pode se dar no sentido da redução de custo ou 
obtenção da melhoria de desempenho, por utilizar matérias-primas 
ou componentes de maior rendimento, por exemplo. 
No caso de um produto complexo, com bastantes componentes ou 
que envolva a integração de diversos subsistemas, o aprimoramento 
pode ser oriundo de modificações parciais em um dos componentes 
ou subsistemas.
Quanto aos serviços, uma considerável melhoria pode ser obtida por 
meio da adição de uma nova função ou da retirada de redundâncias 
ou retrabalhos, ou mudanças que resultem em maior eficiência, 
facilidade ou velocidade da experiência.
O conceito de ciclo de vida do produto é muito importante para as 
abordagens da produção e do marketing. Compreender a inovação 
de produtos passa por esse entendimento.
Kotler (1998) refere-se ao ciclo de vida da demanda/tecnologia 
como o ponto de partida, isto é, os produtos são desenvolvidos para 
atender a uma determinada necessidade ou desejo e, para suprir 
isso,, são estabelecidos, em ciclos crescentes, novas tecnologias.
Ainda para o autor, em um dado ciclo de vida da demanda/
tecnologia, é estabelecida uma sucessão de formas de produto 
que satisfazem a uma necessidade ou desejo específicos. Dito de 
outro modo, os produtos têm suas formas modificadas conforme 
as necessidades ou os desejos que surgem/se modificam. 
O conceito de ciclo 
de vida do produto 
é muito importante 
para as abordagens 
da produção e do 
marketing. 
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
039
Nesse sentido, cabe ter um cuidado especial para não focar na 
forma do produto ou na marca como se fosse o produto, porque 
o ciclo de vida de uma marca é apenas uma parte, uma etapa do 
ciclo de vida do produto. Na prática, se um fabricante de telefone 
analógico se prende a essa forma de produto, pode não notar a (r)
evolução da tecnologia digital e ser pego de surpresa com o fim da 
tecnologia analógica.
Devem ser considerados, na visão de Kotler (1998), pelo menos 
quatro pontos principais quanto ao ciclo de vida de um produto:
• os produtos têm vida limitada, ou seja, um ciclo de vida 
(lançamento, crescimento, maturidade e declínio);
• as vendas do produto passam por etapas distintas, cada 
uma com seus desafios, oportunidades e problemas;
• os lucros crescem ou diminuem de acordo com a fase do 
ciclo de vida do produto;
• os produtos requerem estratégias diferentes de marketing, 
finanças, produção, compras e recursos humanos em cada 
estágio do seu ciclo de vida.
A figura abaixo apresenta graficamente o ciclo de vida de um 
produto, desde o desenvolvimento até o seu declínio.
FIGURA 5 – Ciclo de vida do produto: do desenvolvimento ao declínio
Fonte: Adaptado de Kotler (1998).
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
040
Assim, o quadro a seguir visa facilitar a compreensão e a comparação 
de como são os comportamentos de produção e marketing ao longo 
das etapas do ciclo de vida do produto.
QUADRO 4 – Comportamentos da produção e do marketing ao longo do ciclo de vida do produto
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
041
A fim de auxiliar na compreensão das fases do CVP e do ciclo como 
um todo, o próximo quadro sintetiza os estágios do ciclo de vida do 
produto. Vale destacar que, apesar de as fases parecerem ter limites 
claramente definidos, na prática, deve-se estar bastante atento aos 
elementos de cada um dos estágios, porque os limites entre um e 
outro não são nitidamente identificáveis.
QUADRO 5 – Etapas do ciclo de vida do produto
Fonte: Elaborado pela autora.
No que tange ao desenvolvimento de produtos, Kotler e Keller(2006) 
apresentam seis alternativas, conforme apresentadas abaixo. 
Fonte: Elaborado pela autora.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
042
• Produtos novos: aqueles que criam/estabelecem um novo 
mercado.
• Linhas de produto novas: permitem às empresas entrarem 
em mercados já existentes, mas novos para elas. 
• Acréscimos a linhas de produtos existentes: incrementos 
em linhas de produto com as quais a organização trabalha – 
mais diversidade de cores, tamanhos, sabores, embalagens 
etc.
• Aperfeiçoamento e revisão de produtos existentes: novos 
produtos que possam substituir os existentes com melhor 
desempenho e entregando um maior valor percebido ao 
cliente. 
• Reposicionamento: redirecionar os produtos para novos 
mercados ou segmentos. 
Reduções de custo: novos produtos semelhantes aos já existentes, 
mas com custo de produção inferior. 
Inovação de Processo
De acordo com o BNDES (2016), inovação de processo é a introdução 
na empresa de um processo produtivo novo ou significativamente 
aperfeiçoado. Significa introduzir tecnologia nova de produção ou 
consideravelmente aprimorada; métodos mais eficientes para a 
oferta de serviços ou manuseio de produtos (também novos ou 
substancialmente melhorados); adquirir equipamentos e softwares 
novos ou melhorados significativamente em atividades de suporte 
ao processo produtivo.
O resultado dessa inovação de processo, seja pela adoção do novo 
ou daquilo que foi aperfeiçoado, deve ser de grande impacto em 
termos de aumento da qualidade do produto (bem ou serviço) ou da 
diminuição de seu custo unitário, seja na fabricação ou na entrega.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
043
Quando se pensa em inovação, geralmente somos remetidos 
aos produtos e serviços das organizações. Isso acontece porque, 
rapidamente, esse novo se traduz em uma funcionalidade a qual o 
cliente é capaz de atribuir valor e preço.
Mas as aplicações de tecnologia vão muito além dos produtos. 
Mudanças tecnológicas fazem parte da produção e da entrega 
de serviços como um todo e podem ser traduzidas em produtos 
e serviços melhores, mais rápidos e de menor custo. Geralmente 
são invisíveis aos olhos dos clientes, mas são essenciais para a 
competitividade de um produto.
Podem ser citadas, como exemplos, as tecnologias de 
processamento de alimentos, de montagem de automóveis, 
refinamento de petróleo, geração de energia e manufatura em todos 
os setores.
Os processos tecnológicos envolvem também o material utilizado na 
produção (manufatura e materiais são intimamente relacionados). 
As organizações devem se empenhar em melhorar continuamente 
os processos tecnológicos, tanto para aumentar a qualidade dos 
produtos e serviços existentes quanto para reduzir custos. Vivemos 
um tempo em que há pouca diferença entre um produto (serviço) e 
outro. Isso ocorre porque o olhar das empresas se volta muito para 
a redução de custos, pois, muitas vezes, essa é a única maneira de 
enfrentar a concorrência.
Compreendidas as inovações tecnológicas (de produtos/serviços 
e processos), o passo seguinte é analisar as inovações não 
tecnológicas (de marketing e gerenciais). 
Mas as aplicações 
de tecnologia vão 
muito além dos 
produtos. 
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
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Inovações não Tecnológicas
Inovação de Marketing
Inovação Gerencial
As inovações não tecnológicas abrangem as atividades de inovação 
excluídas da inovação tecnológica, ou seja, incluem todas as 
atividades de inovação das organizações que não se relacionam à 
introdução de um produto, serviço ou processo tecnologicamente 
novo ou substancialmente modificado. 
Nessa categoria, de acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 2005), 
estão as inovações de marketing e as organizacionais.
As inovações de marketing, segundo o Manual de Oslo (OCDE, 
2005), são a implementação de um novo método de marketing com 
modificações substanciais na concepção de um produto ou em sua 
embalagem, posicionamento, promoção ou precificação. 
Em síntese, refere-se aos 4Ps do marketing (produto, promoção, 
praça e precificação) – o que não está diretamente envolvido com a 
tecnologia de produção faz parte dessa categoria. 
A inovação organizacional, gerencial ou de negócios diz respeito 
à implementação de novos métodos gerenciais nas práticas de 
negócios da empresa [rotinas e procedimentos], na organização 
do local de trabalho [distribuição de responsabilidades e poder 
de decisão] ou em seus relacionamentos externos [com outras 
firmas e instituições públicas]. Esses métodos buscam melhorar 
o desempenho e a eficiência, por meio da redução de custos 
administrativos ou da transação, do aumento da satisfação no 
trabalho (e por consequência da produtividade), do acesso a ativos 
não transacionáveis (como o conhecimento externo não codificado) 
ou da redução dos custos de suprimento (OCDE, 2005).
A inovação 
organizacional, 
gerencial ou de 
negócios diz respeito 
à implementação 
de novos métodos 
gerenciais nas 
práticas de negócios 
da empresa.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
045
Inovar, nesse aspecto, está relacionado à execução das atividades 
relativas às funções básicas de um administrador - planejar, 
organizar, dirigir e controlar –, de modo novo ou melhorado, de 
forma a agregar valor ao negócio na percepção do cliente, o que 
pode vir por meio da redução de custo ou aumento de eficácia e 
eficiência.
Na visão de autores, como Lam (2005) e Hamel (2007), as 
inovações gerenciais estão intimamente relacionadas a outros 
tipos de inovação, por exemplo, às tecnológicas (produtos, serviços, 
processos). Apesar das nomenclaturas mais diversas possíveis e 
dos limites tênues com as demais inovações, o foco desse tipo de 
inovação está ligado, em essência, à criação ou adoção de novos 
modos de gestão e organização, que pode ter ou não o suporte 
de tecnologia – o que vai depender dos aspectos sociais da 
organização.
Essa perspectiva inicial da inovação sob o recorte da área de 
negócio impactada usou, como fio condutor, a questão da 
tecnologia e dividiu as inovações dentro do universo organizacional 
em: tecnológicas e não tecnológicas.
O quadro abaixo apresenta exemplos de cada uma das quatro 
categorias da classificação da inovação, de acordo com a área de 
negócio impactada.
QUADRO 6 – Exemplos de inovação tecnológica e não tecnológica
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
046
Fonte: Elaborado pela autora.
Segundo o Grau de 
Impacto Provocado
A inovação pode ser classificada também de acordo com o seu grau, 
ou seja, o nível de impacto que causa na área ou na organização em 
que é aplicada.
A categorização mais utilizada (tradicional) é a que opõe inovação 
incremental e inovação radical.
A inovação incremental pode ser conceituada como aquela que 
introduz melhorias ou aperfeiçoamentos graduais em um produto, 
serviço, processo ou prática gerencial já existente. A maioria das 
inovações enquadra-se nessa categoria.
Leva a melhorias moderadas nos produtos, serviços, processos 
ou nas práticas de gestão em vigor. Pode ser visualizada como 
o caminho para resolver um problema ou aproveitar uma 
oportunidade: a meta é clara, mas o modo de resolução, não.
Denomina-se melhoria contínua a sucessão de inovações 
incrementais ao longo do tempo.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
047
Por sua vez, a inovação radical refere-se à introdução de novos 
produtos, serviços, processos ou práticas de gestão, que geram 
o desenvolvimento de novos negócios, expandem-se em novas 
indústrias ou causam uma modificação significativa em toda a 
indústria. Tendem à criação de novos valores de mercado.
Inovações incrementais são aquelas pequenas melhorias ou 
mudanças que mantêm a base do produto ou serviço, sendo 
reconhecidas de “bate pronto” pelo consumidor. Como exemplos, 
podemos citar a inovação do motor 1.0 para 1.6, do videocassete de 
4 para 5 cabeças e do hambúrguerpara cheeseburger. 
Já as inovações radicais são as de maior impacto no mercado. Entre 
os exemplos, estão a mudança do freio a disco para o freio ABS, 
da lanchonete no formato tradicional para o formato delivery, do 
videocassete para o DVD player. No setor de serviços, a inovação se 
deu, por exemplo, ao modificarem a forma de se realizar um saque 
bancário: deixou de ser apenas nos guichês com funcionários, 
passando a oferecer a opção dos caixas eletrônicos.
Em síntese, enquanto a inovação incremental refere-se a 
modificações em algo existente na organização, a radical pressupõe 
a criação/introdução de alguma novidade no mercado, criando 
novos valores. A indústria automobilística, com suas atualizações 
anuais (a cada ano, uma versão de carro diferente), “usa e abusa” 
da inovação incremental. Mas, quando lança um novo modelo de 
automóvel, nesse caso está optando pela inovação radical.
Alguns autores utilizam a terminologia inovação semirradical 
para enquadrar inovações entre um extremo e outro dos graus 
de impacto. Para eles, considerando a inovação um resultado da 
interação entre uma tecnologia e um produto, serviço ou processo, 
se uma das partes é nova e outra existente, falamos sobre inovação 
semirradical. Se ambas as partes são novas, radical. Se ambas são 
existentes, tanto a tecnologia quanto o algo sobre o qual atua, é 
incremental. 
Alguns autores 
utilizam a 
terminologia 
inovação 
semirradical para 
enquadrar inovações 
entre um extremo e 
outro.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
048
Fonte: Adaptado de Damião (2016).
O quadro seguinte apresenta as seis alavancas para a inovação. 
Enquanto a inovação incremental depende muito das tecnologias 
e dos modelos existentes, embora possa haver ligeiras mudanças 
em alguns elementos (pois a maior parte permanece intocada), a 
radical envolve mudança das alavancas tanto na tecnologia quanto 
no modelo de negócio (mas usualmente não em todas as seis 
alavancas possíveis). Para completar, as inovações semirradicais 
possibilitam a introdução de pouca ou nenhuma mudança nas 
alavancas de um dos impulsionadores da inovação – tecnologia 
ou modelo de negócios. Em síntese, inovação sempre diz respeito à 
combinação de alguma coisa antiga com algo novo dos estágios de 
tecnologia e modelos de negócios.
QUADRO 7 – Alavancas e tipos de inovação
FIGURA 6 – Modelo de classificação de inovações de acordo com o grau de impacto
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
049
Fonte: Elaborado pela autora.
Indo além, tem sido utilizado, na atualidade, o termo inovação 
disruptiva. O que ele significa? O que abrange? As inovações 
disruptivas seriam as surpreendentes. Disruptiva significa 
revolucionária. É quando ocorre a criação de algo inesperado, 
que a maioria das pessoas não acreditava ser possível acontecer. 
Diante dessas inovações, é criado algo novo ou é satisfeita uma 
necessidade até então desconhecida – o que pode estabelecer 
novas indústrias ou transformar as existentes. Um exemplo de 
invenção disruptiva, que revolucionou o mercado de impressão, foi o 
lançamento da impressora a laser EARS da Xerox, com capacidade 
de imprimir uma cópia por segundo.
Outro termo adotado, relativo ao grau de impacto, é inovação 
substancial, que significa uma melhoria contínua, que incrementa / 
aperfeiçoa um produto ou ideia existente. 
Independentemente do objeto de inovação na organização, as 
inovações podem ter níveis variáveis de impacto, de incrementais 
a radicais, e, quanto mais surpreendentes e revolucionárias, criando 
uma nova indústria ou modificando profundamente uma existente, 
são consideradas disruptivas. 
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
050
Segundo a Relação com 
as Necessidades do 
Mercado
Classificar a inovação de acordo com as relações de mercado diz 
respeito ao relacionamento entre o grau de impacto da inovação 
com as necessidades, os desejos e as expectativas do cliente. O que 
define cada categoria é a perspectiva do consumidor. Para Gundling 
(2000), proponente dessa categorização, as inovações podem ser 
dos tipos A, B e C. Mas o que isso significa?
As inovações do tipo A são as mais radicais (“revolucionárias”) dentre 
as que extrapolam as necessidades e os desejos do consumidor – 
geralmente nem existia uma expectativa,e o resultado acaba sendo 
a criação de indústrias completamente novas.
Por sua vez, as inovações do tipo B são radicais, a exemplo da A – 
mas nem tanto. São desenvolvidas em laboratório antes de serem 
confrontadas com as necessidades, os desejos e as expectativas 
dos consumidores. Elas modificam a referência, a base da 
competição em um segmento.
Por fim, as inovações do tipo C são aquelas incrementais, que se 
limitam a atender às necessidades e aos desejos do consumidor. 
Em geral, são extensões de linhas existentes, consistindo em uma 
ampliação na linha de produtos da empresa direcionada para os 
consumidores atuais.
O autor ainda ressalta a importância de um processo de inovação 
radical, no sentido de que geralmente desenvolve inovações 
tecnológicas para ser implementado, o que seria uma espécie de 
espiral tecnológica.
O que define 
cada categoria é 
a perspectiva do 
consumidor.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
051
Outro tipo de classificação decorrente da relação entre inovação e 
necessidades/desejos do mercado é o que categoriza as inovações 
entre puxadas pelo mercado (market pull) e empurradas pela 
tecnologia (technology push).
Uma inovação puxada pelo mercado ou pela demanda (demand 
pull) é a que se estabelece para responder a uma necessidade ou a 
um desejo do mercado. Normalmente são inovações incrementais, 
de melhoria sobre o já existente.
As inovações empurradas pela tecnologia ou pela ciência (science 
push), por sua vez, são resultado de pesquisa e desenvolvimento 
(P&D), visando surpreender o mercado com algo completamente 
novo. As inovações radicais costumam enquadrar-se neste tipo.
Outra categorização, nessa perspectiva, divide as inovações entre 
as que introduzem novidade para a empresa (inovações relativas) 
e as que estabelecem algo novo para o mercado como um todo 
(inovações absolutas). Para o Manual de Oslo (2005), as primeiras 
são denominadas inovação apenas da empresa (firm-only TPP 
innovation) e as últimas, inovação para o mundo todo (worldwide 
TPP innovation). Cabe ressaltar que TPP significa ‘tecnológicas em 
produtos e processos’.
Apresentada a tipologia com vistas para o mercado, um último olhar 
para classificar inovações refere-se ao grau/nível de controle que a 
empresa exerce sobre o processo.
Um último olhar para 
classificar inovações 
refere-se ao grau/
nível de controle que 
a empresa exerce 
sobre o processo.
GESTÃO DA INOVAÇÃO EM PROCESSOS
unidade 2
052
Segundo o Grau de 
Controle que a Empresa 
Exerce Sobre o Processo
Conceitos relativamente recentes foram cunhados por William 
Chesbrough (2003), fundador e diretor do Center for Open Innovation 
da Haas School of Business, da Universidade da California, Berkeley: 
inovação aberta (open innovation) e inovação fechada (close 
innovation).
Inovação fechada é aquela que ocorre geralmente dentro das 
organizações, na qual as pesquisas, o desenvolvimento de novos 
produtos e a comercialização ocorrem dentro nos limites da 
empresa. Por limites, devem ser compreendidos os recursos 
sob o controle da organização – desde os financeiros, passando 
pelos produtivos e chegando nos humanos. Dito de outro modo, 
tradicionalmente, ao produzir uma inovação, a empresa tinha que 
ser capaz, autossuficiente, para participar do processo com todos 
os recursos necessários para essa produção. Entre esses itens, 
podem ser citados:
• profissionais muito bem preparados e treinados, sendo 
melhores que os da concorrência;
• cuidado com todas as fases do produto, desde as ideias 
iniciais à comercialização;
• garantia de pioneirismo, isto é,

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