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Prévia do material em texto

MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM 
ENSINO DE HISTÓRIA 
 
 
1º Ano 
Disciplina: EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO HISTÓRICO 
Código: 
Total Horas/1o Semestre:10 
Créditos (SNATCA):4 
Número de Temas: 06 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO SUPER 
 
 
 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 i 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), 
e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou 
total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto 
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos 
judiciais em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23 323501 
Cel: +258 82 3055839 
Fax: 23323501 
E-mail: isced@isced.ac.mz 
Website: www.isced.ac.mz 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 ii 
 
Agradecimentos 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual 
agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste 
manual: 
Pela Coordenação 
Pelo design 
Direção Académica do ISCED 
Direção de Qualidade e Avaliação do ISCED 
Financiamento e Logística 
 
Pela Revisão 
Instituto Africano de Promoção da Educação 
a Distancia (IAPED) 
 
Elaborado Por: Hermenegildo A. Lange (Mestre em Ensino de História) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 1 
 
Índice 
Visão geral 
Benvindo à Disciplina/Módulo de Evolução do 
Pensamento Histórico 
 
O homem desde que se conhece como tal sempre preocupou-se 
em saber de onde vem e para onde vai. As mais antigas tentativas 
de resposta a essa preocupação datam do III milénio a.C. altura 
em que a existência, na suméria, de um sistema de escrita já 
evoluído, permitiu fixar algumas das crenças dos homens daquela 
região. É neste contexto que surgem as cosmogonias e mitografias 
como literaturas pré-científicas de caracter histórico. 
A cientificação da História, tal como a cientificação de qualquer 
outra forma de pensamento, não resultou de um processo rápido. 
A definição do objecto e do método da História tem sido até hoje 
um processo lento e continuo. 
Nos dias que correm, apesar de o processo de cientificação da 
História já ter passado por todas as fases que nos permitem 
considera-la como ciência nomotética, a verdade é que esse 
processo parece manter-se fora do domínio comum. Portanto, a 
finalidade desde módulo é percorrer esta distância que vai das 
cosmogonias até a História como ciência. 
 
Ao terminar o estudo deste módulo de Evolução do Pensamento 
Histórico deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
Específicos do 
módulo 
 Definir o conceito de Historiografia; 
 Identificar as principais correntes historiográficas; 
 Identificar a principal fonte para o conhecimento da 
historiografia judaica; 
 Identificar a principal característica da historiografia judaica; 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 2 
 
 Descrever o papel de Heródoto para a cientificação da História. 
 Descrever o ambiente politica que permitiu a Heródoto ter 
uma reflexão livre da História. 
 Caracterizar a Historiografia Romana; 
 Descrever a historiografia cristã antiga; 
 Explicar os factores da rápida propagação do cristianismo; 
 Descrever a concepção histórica cristã medieval; 
 Explicar o contexto do surgimento da Historiografia 
renascentista; 
 Descrever as principais ideias do positivismo; 
 Explicar os factores que contribuíram para a fraca influência da 
historiografia Marxista; 
 Descrever os factores que marcaram a crise da História nos 
princípios do seculo XX; 
 Descrever a concepção histórica da “História Nova”. 
 Descrever as limitações do estruturalismo; 
 Apresentar as particularidades da Historiografia Africana; 
 Identificar as primeiras literaturas históricas em África; 
 Identificar os principais historiadores africanos. 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do curso de 
licenciatura em Ensino de História do ISCED e outros como Gestão. 
Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se 
actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses 
serão bem vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas 
poderá adquirir o manual. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 3 
 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Evolução do Pensamento Histórico, para 
estudantes do 1º ano do curso de licenciatura em Ensino de 
História, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado 
como se segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta 
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como 
componente de habilidades de estudos. 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades,. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes caracteristicas: Puros 
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e 
actividades práticas algunas incluido estudo de caso. 
 
Outros recursos 
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, 
num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio 
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, 
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu 
módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na 
biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos 
relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-
ROOM, DVD. Para elém deste material físico ou electrónico 
disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital 
moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus 
estudos. 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 4 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos 
exercícios de auto-avaliação apresntam duas caracteristicas: 
primeeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. 
Segundo, exercícios que mostram apenas respostas.Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de 
campo a serem entregues aos tutores/doceentes para efeitos de 
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame 
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os 
exrcícios de avaliação é uma grande vantagem. 
Comentários e sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico-
Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em goso de 
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar 
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar 
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, 
uma mudança de actividade, etc. 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando 
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 5 
 
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos 
estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e 
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou 
as de estudo de caso se existirem. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de 
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: 
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo 
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da 
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num 
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em 
cada hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido 
estudado durante um determinado período de tempo; Deve 
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao 
seguinte quando achar que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler 
e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos 
conteúdos de cada tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso 
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que 
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos 
das actividades obrigatórias. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 6 
 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalhjo intelectual 
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado 
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, 
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência 
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai 
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente 
incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões 
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, 
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área 
em que está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar; 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis 
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas 
trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de 
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), 
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta 
participando a preocupação. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 7 
 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, 
estudante – CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff 
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
indigetada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza 
pedagógica e/ou admibistrativa. 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida 
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem 
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficar’a a saber se 
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver 
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos 
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade 
temática, no módulo. 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame finalda 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1 é uma viloção do direito intelectual do(s) autor(es). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um 
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
 
1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 8 
 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja 
uma avaliação mais fiável e concistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de 
avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizaos, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da 
cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 9 
 
TEMA – I: INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO HISTÓRICO. 
UNIDADE Temática 1.1. Conceito de História 
UNIDADE Temática 1.2. Conceito de Historiografia 
 
UNIDADE Temática 1.1. Conceito de História 
Introdução 
 
A palavra “História” é uma palavra velhíssima, tao velha que houve 
quem se cansasse dela. Desde que ela apareceu há mais de dois mil 
anos na boca dos homens mudou muito de conteúdo. Por isso há 
interesse neste módulo de antes de tudo tratarmos de trazer um 
vocabulário funcional para o termo. 
Não se trata de apresentar um conceito axiomático mas sim, uma 
perspectiva de utilização do termo nas várias acepções científicas que 
modernamente se atribuem ao vocábulo. Vamos apresentar e 
comentar algumas definições destacando elementos indispensáveis 
para entender o que modernamente se percebe por História. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
 Definir o conceito História; 
 Descrever o caracter polissémico do conceito História; 
 Identificar a importância do conhecimento Histórico. 
 
 
Desenvolvimento 
O desejo de conhecer o passado e projectar o futuro tem sido um dos 
grandes desejos do género humano. Por isso, foi erguendo 
monumentos, construindo sepulturas para a eternidade, fazendo a 
cronica do seu tempo, tudo isso para transmitir às gerações vindouras 
a memoria daquilo que fez. Graças a esse desejo, dispõe hoje a 
investigação histórica de abundantes fontes de informação acerca do 
passado. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 10 
 
A palavra História é de origem grega, sendo a sua forma original 
Histriae e passou através do latim para a grande parte dos idiomas 
modernos. Este termo, para os gregos, significava investigação ou 
inquéritos. Entretanto, nos tempos que correm, este conceito é 
utilizado tanto para designar a narrativa dos acontecimentos como a 
própria série deles. 
 
Corresponde o exposto acima a dizer que por história entende-se o 
conjunto dos acontecimentos que caracterizam uma determinada 
época, região, país, etc. O processo histórico constitui-se com a 
dinâmica da própria humanidade e portanto está sempre presente, 
independentemente da nossa vontade, podendo ser ou não do nosso 
conhecimento. O conhecimento, pelo homem, do processo histórico, 
torna-se possível através das informações sobre o mesmo que são 
recolhidas e fornecidas pelos historiadores. A esse conjunto de 
informações sobre o passado dos homens se chama conhecimento 
histórico é a ciência histórica. 
Georges Lefebvre, um dos grandes historiadores do século XX, definiu 
história nos seguintes termos: “A história é a memória do género 
humano, o que lhe dá consciência de si mesmo, isto é, da sua 
identidade no tempo, desde da sua origem; é por consequência o 
relato do que, no passado, dará uma nova recordação dos homens”. 
Mas a realidade não se estrutura só no tempo mas também no espaço 
que o homem modifica e dele se apropria. 
Segundo Besselaar (1958 :29), a história é a ciência dos actos humanos 
do passado e dos vários factores que neles influíram, vistos na sua 
sucessão temporal. Para Bernheim (sd :15), a ciência histórica estuda e 
expõe os fatos do desenvolvimento do homem nas suas manifestações 
(singulares, típicas e colectivas) como ser social no tempo e no espaço. 
Como podemos ver, não existe uma única definição de história porque 
cada definição enquadra-se num determinado tempo e numa 
determinada perspectiva do historiador: é polissémico. Apesar desta 
polissemia reconhece-se em cada conceito a presença das palavras 
“ciência e homem”. 
A história é uma ciência não só porque a exposição histórica supõe 
uma série de pesquisas de caracter científico mas também porque 
obedece ao princípio cientifico de questionar as causas e as 
consequências dos acontecimentos, mostrando o encadeamento dos 
mesmos através dos tempos. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 11 
 
O homem é a causa por excelência da História porque são as suas 
acções dotadas de projecção social que interessam a História. Desde o 
aparecimento da humanidade até a actualidade as gerações se 
sucedem deixando umas às outras apreciável legado, rico em 
experiencias e conquistas materiais e espirituais que preenchem as 
páginas da História. 
Mas esse processo enfrenta por vezes dificuldades relacionadas com a 
decifração das escritas antigas, com a interpretação da linguagem e 
comportamento dos indivíduos que viveram em sistemas históricos 
diferentes do nosso. Cada sistema dispõe de códigos próprios de 
linguagem e de valores. 
A importância do conhecimento histórico reside no facto de permitir 
conhecer o passado que é uma ferramenta principal para 
compreender o presente e perspectivar o futuro. 
Sumário 
Nesta Unidade temática 1.1 estudamos e discutimos o conceito de 
História e sua importância onde constatamos basicamente que: 
O conceito de História foitomando varias formas de acordo com a 
corrente historiográfica a que esteve associado. Portanto, não existe 
uma única definição. Apesar desta polissemia reconhece-se em cada 
conceito a presença das palavras “ciência e homem”. 
A História permite ao homem compreender o presente a partir do 
passado e, com esses subsídios projectar o futuro. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 12 
 
1. Defina História. 
2. Explica por que razão é difícil se dar um conceito acabado e único 
de História. 
3. Qual é a importância do estudo da História? 
4. Quais são as palavras-chave e comuns que constituem o conceito 
História. 
 
Respostas: 
1. Rever do 2º ao 4º parágrafo, páginas 10; 
2. Rever o 5º parágrafo da página 10; 
3. Rever o parágrafo antes do sumario da página 11; 
4. Rever o 5º parágrafo da página 10. 
 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes) 
 Completa a frase seguinte: 
Designa-se por conhecimento histórico…… 
 
Só uma das seguintes respostas é correcta. 
a) Ao conjunto dos acontecimentos que se dão com a humanidade, 
independentemente do seu alcance pelo homem. 
b) As acções do homem no tempo e espaço. 
c) Ao conhecimento pelo homem do processo histórico atraves das informações 
recplhidas fornecidas pelos historiadores 
d) O vestigios do passado humano. 
 
 
 
UNIDADE Temática 1.2. Conceito de Historiografia 
Introdução 
 
Nesta unidade abordamos o conceito Historiografia. Este conceito está 
intimamente ligado ao conceito História. Embora a palavra História 
remonte aos gregos, o hábito de registar os acontecimentos do 
passado foi muito anterior aos gregos. O modo e a finalidade com que 
se escreveu a História não foram sempre os mesmos. Primeiro foram 
exaltadas as forças sobrenaturais, depois vieram “os grandes homens” 
(reis, generais, etc..) e mas tarde os sujeitos da História assim por 
diante. O mesmo acontece com a sua conservação e transmissão. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 13 
 
Durante vários milénios de existência humana o passado foi sendo 
transmitido de geração em geração por via da oralidade e da 
experiencia, só mais tarde apareceu a escrita. 
A historiografia encarrega-se em descrever este processo. Portanto, 
compreende não só a reconstituição do processo da cientificação mas 
também a reconstituição do processo de elaboração da problemática 
histórica. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 Definir o conceito Historiografia; 
 Descrever a evolução da produção historiográfica; 
 Identificar os elementos que caracterizam uma historiografia. 
 
Desenvolvimento 
O registo do passado dos homens começou por volta do quarto 
milénio a.n.e., quando surgiu a escrita. De facto o aparecimento da 
escrita levou os sacerdotes a tentar, pela primeira vez, fixar por escrito 
o passado religioso, ate ai conservado e transmitido por via oral. Na 
mesma altura começaram a ser registadas as memórias dos antigos 
heroísmos guerreiros (tradição épica). Neste processo foram 
produzidas as mais antigas cosmogonias e mitografias, as primeiras 
formas de literatura histórica que se conhecem. 
“A história nasceu do mito, como a filosofia e a ciência”. 
Com estas produções deu-se um importante passo na conservação das 
antigas produções cosmogónicas e épicas, reduzindo-se o perigo de 
caírem no esquecimento ou aparecerem deturpadas. As cosmogonias 
são os registos das primeiras tentativas, pré-cientificas, de explicação 
do universo, uma explicação que inclui tanto elementos naturais como 
sobrenaturais. 
 A produção deste tipo de literatura não resultou de acções 
intencionais de fazer historia mas sim da tentativa de explicar 
problemas elementares como a origem da comunidade, os fins para 
que caminha e o seu próprio presente, bem como da necessidade de 
transmitir para a posteridade os nomes dos reis e dos importantes e 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 14 
 
suas façanhas épicas. O objectivo principal da produção desta 
literatura era apenas o de narrar os acontecimentos, com o fim de 
engrandecer a figura ou os deuses. 
 Podemos assim concluir que na antiguidade oriental fazia-se 
abordagem mítica e teocrática da evolução da humanidade. O objecto 
de estudo da história eram os deuses e os homens importantes a 
quem se atribuía total responsabilidade pela evolução da sociedade. 
As informações, de origem mitológica, não eram sujeitas a qualquer 
tipo de investigação ou explicação causal. Era uma história que não se 
preocupava com a verdade nem com a objectividade. 
Não obstante, a produção desta literatura revelou-se um grande 
contributo para o conhecimento da história do oriente antigo, visto 
terem surgido neste processo importantes materiais sobre a história 
daquela região, nomeadamente anais, listas de dinastias ou de 
soberanos, listas dos sacerdotes, inscrições comemorativas e 
biografias importantes. 
Para se chegar ao conhecimento histórico ocorre a um trabalho de 
busca de informações sobre o processo histórico. Ora esse trabalho é 
realizado pelo homem, mais concretamente pelo historiador e, por 
isso, a este, se chama sujeito do conhecimento, aquele que faz, que 
produz o conhecimento, (através da sua actividade intelectual). A 
busca de informações sobre o passado dos homens não teve sempre 
carácter científico. A história como ciência, na concepção actual do 
termo só surge no século XIX. Até chegar a esse ponto a história 
passou por um longo período de aperfeiçoamento, a nível das suas 
técnicas e meios de trabalho, das metodologias, acompanhando o 
desenvolvimento da própria sociedade. Portanto a cada etapa de 
desenvolvimento da sociedade correspondem uma forma própria de 
encarar e fazer a história, ou seja um tipo de historiografia. 
A Historiografia pode ser definida como o conjunto de obras 
concernentes a um assunto histórico, como exemplo a produção 
histórica de uma época. Quando se diz historiografia moçambicana 
refere-se as obras escritas sobre a história de Moçambique, por 
autores nacionais ou estrangeiros. A historiografia inclui tudo quanto 
foi escrito para proporcionar informações sobre o passado humano 
como testemunho. Integram esta literatura os relatos autobiográficos 
e memorialistas desde que sejam referentes a aspectos da vida social 
mais amplos do que os estritamente pessoais. A história oral também 
ocupa um lugar, tanto quando este conceito designa as tradições 
históricas transmitidas oralmente, nos 
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 15 
 
povos sem escrita, como quando se refere ao registo escrito ou por 
gravação de depoimentos orais de autores ou testemunhas de 
acontecimentos históricos. 
No sentido mais amplo a história da historiografia não se reduz ao 
estudo das principais obras históricas de cada época ou civilização, 
compreende também trabalhos de metodologia, publicação de 
documentos, ensino de história e apreciação de obras literárias de 
teor histórico. A história da historiografia está também ligada a 
história das ideias, pois os historiadores estão sempre ligados às 
correntes de pensamento do seu tempo. 
Uma retrospectiva, embora resumida, da historiografia, compreende 
não só a reconstituição do processo de cientificação da História, mas 
também a reconstituição do processo de elaboração da problemática 
histórica, ouseja do estudo da génese de conceitos, do sujeito do 
processo histórico, de objectivos da Historia entre outros. 
Bernheim, autor de um famoso estudo sobre o “Método da História e 
da Filosofia da História”, distinguiu na maneira de conhecer e de 
escrever a história, três diferentes etapas: a História narrativa, a 
Historia pragmática ou didaáctica e a História genética. A História 
narrativa e a pragmática assinalam o período pré-científico da 
Historiografia. A história genética marca o caracter científico a que 
chegou a Historiografia moderna. Portanto, as historiografias que se 
descrevem a seguir enquadram-se em algumas destas etapas. 
 
1.2.1. Cosmogonias 
Como já se disse, as cosmogonias contam-se entre as primeiras 
tentativas pré-cientificas de explicação da formação do universo. 
Nessa explicação, não intervêm apenas elementos naturais mas 
também elementos sobrenaturais. Vejamos a seguir como aparecem 
associados os dois elementos em algumas das cosmogonias mais 
conhecidas. 
Segundo os vedas (Índia): 
“ Ele criou em primeiro lugar a água, na qual depositou um germe. 
Este germe tornou-se ovo, resplandecente como ouro, radiante como 
uma estrela. Nele originou-se Brama, princípio de toda a vida.” 
Segundo os antigos textos sumérios a formação do mundo teria se 
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 16 
 
processado da seguinte forma: 
“ 1. Ao princípio era o mar primordial (…). 
2. Este mar primordial produziu a montanha cósmica, composta do 
céu e da terra ainda unidos. 
3. Personificados e concebidos como deuses de forma humana, o céu, 
ou seja o deus An, desempenhou o papel de macho e a terra, isto é, Ki, 
o de fémea. Da sua união nasceu o Deus do ar Enlil. 
4. Enlil, o deus do ar, separou o céu da terra e, enquanto seu pai, Na, 
levava o céu, Enlil levava a Terra, sua mãe. A união de Enlil e sua mãe, 
a Terra, foi a origem do universo organizado – a criação do homem, 
dos animais e das plantas e o estabelecimento da civilização.” 
 
Segundo a Biblia, livro sagrado dos Hebreus: 
 
“1. No princípio criou Deus o céu e a Terra. 
2. A Terra porém era vã e vazia; e as trevas cobriam a face do abismo, 
e o espirito de Deus era levado sobre as águas. 
3. E disse Deus: Faça-se a luz. E foi feita a luz. 
4. E viu Deus que a luz era boa; e separou a luz das trevas. 
5. E chamou à luz dia e às trevas noite; e da tarde e da manha fez o 
primeiro dia. 
6. Disse também Deus: faça-se o firmamento no meio das águas, e 
separem-se umas águas das outras. 
7. E fez Deus o firmamento, e separou as águas que estavam por cima 
do firmamento. E assim se fez. 
8. E chamou Deus ao firmamento Céu; e da tarde e da manha se fez o 
segundo dia. 
9. Disse também Deus: as águas que estão debaixo do céu, ajuntem-se 
num mesmo lugar, e o elemento árido apareça. E assim se faz. 
10. E chamou Deus ao elemento árido Terra, e ao agregado das águas 
Mares. E viu Deus que isto era bom (….).” 
 
Como podemos notar, associado ao elemento natural, o elemento 
sobre natural parece gozar do mesmo caracter intemporal de que goza 
o mito. Na realidade, apesar da sua aparente intemporalidade, o 
elemento sobrenatural traz consigo a marca indelével do tempo. A 
maior ou menor importância de um deus em relação à posição que 
ocupa na hierarquia do respectivo panteão, está intimamente 
associado ao processo de integração política dos Estados. Sempre que 
uma cidade lidera o processo de integração de um estado, o seu deus 
ascende à categoria de deus principal desse estado e, a classe 
sacerdotal a ele associada também assume a categoria 
correspondente. 
 
Foi o que aconteceu na Suméria onde An, era deus da cidade de Uruk, 
a principal cidade daquele tempo. O mesmo aconteceu na unificação 
do Egipto com o deus Falcão do clã de 
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 17 
 
Menes. Na Índia, Brama era o deus da principal classe sacerdotal 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 1.2 estudamos e discutimos a Historiografia 
no que diz respeito ao conceito, características e evolução. Nesta 
abordagem constatamos o seguinte: 
 A Historiografia pode ser definida como o conjunto de obras 
concernentes a um assunto histórico, como exemplo a produção 
histórica de uma época. A história da historiografia não se reduz ao 
estudo das principais obras históricas de cada época ou civilização, 
compreende também trabalhos de metodologia, publicação de 
documentos, ensino de história e apreciação de obras literárias de 
teor histórico. Portanto, está ligada às correntes de pensamento de 
um determinado período histórico. Cada etapa de desenvolvimento da 
sociedade corresponde a uma forma própria de encarar e fazer a 
história, ou seja um tipo de historiografia. 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
5. Defina historiografia. 
6. Descreve o processo de evolução da produção historiográfica. 
7. Na antiguidade oriental fazia-se abordagem mítica e teocrática da 
evolução da humanidade. Comenta. 
8. As cosmogonias e mitografias, as primeiras formas de literatura histórica 
que se conhecem. Descreve-as 
9. Quais são os componentes de uma historiografia? 
10. Descreve as principais cosmogonias do Oriente Antigo. 
 
Respostas: 
5. Rever o último parágrafo da página 14. 
6. Rever do 1º ao 3º parágrafo da página 14. 
7. Rever o 1º parágrafo da página 14. 
8. Rever os últimos parágrafos das páginas 13 e 16. 
9. Rever o 1º e 2º parágrafo da página 15. 
10. Rever o último parágrafo da página 15 e toda a página 16. 
 
 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes) 
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 18 
 
 A História como ciência na concepção actual do termo surge….. 
 
Só uma das seguintes respostas é correcta. 
a) Na antiguidade oriental. 
b) No seculo XIX. 
c) No século XX. 
d) Com a escrita. 
 
 Na Antiguidade Oriental abordagem histórica era: 
Só uma das seguintes respostas é correcta. 
 
a) Mítica e teocrática; 
b) Científica e pragmática; 
c) Oral; 
d) Total e crítica; 
e) totalmente teocrática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TEMA – II: HISTORIOGRAFIA ANTIGA. 
UNIDADE Temática 2.1. Historiografia Judaica 
UNIDADE Temática 2.2. Historiografia Grega 
UNIDADE Temática 2.3. Historiografia Romana 
UNIDADE Temática 2.4. Historiografia Cristã Antiga 
 
UNIDADE Temática 2.1. Historiografia Judaica 
Introdução 
 
A historiografia judaica antiga baseia-se na Bíblia, velho Testamento. A 
Bíblia é uma grandiosa obra que pela natureza e variedade de géneros 
literários nela contidos constitui literatura nacional do povo judaico e 
portanto uma importante fonte de informação da história judaica e 
dos povos com quem os judeus estavam em contacto. 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
 Identificar a principal fonte para o conhecimento da historiografia judaica; 
 Identificar a principal característica da historiografia judaica; 
 Descrever as principais formas de poder entre os judeus; 
 Identificar os responsáveis pela produção e conservação da historiografia 
judaica. 
 
Desenvolvimento 
Escrita e conservada pelos sacerdotes, a Bíblia constituiu para os 
judeus um instrumento de unidade, que era posta em causa pelo 
contacto com outros povos, a que os judeus eram sujeitos por ser um 
povo nómada. 
 
O papel dos sacerdotes na conservação por escrito do legado de um 
determinado povo foisempre inquestionável. Desde as ruinas 
neolíticas de Chatal Huyuk aos impérios contemporâneos, a presença 
da comunidade de sacerdotes e leigos deixou vários testemunhos que 
o tempo não consegue eliminar. 
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 20 
 
Existiam duas formas de poder entre os judeus: o poder espiritual, dos 
sacerdotes, e o poder temporal, dos reis, sempre em aliança ou em 
rivalidade ou em luta. O desentendimento entre estes dois poderes 
resultava do facto de os sacerdotes pretenderem a unidade do povo 
judaico, recusando, por isso o contacto com outros povos, enquanto 
os reis priorizavam o alargamento do território, integrando as 
populações vencidas o que significava a admissão no mesmo panteão 
nacional os deuses dos vencidos. 
A Bíblia funcionou portanto como instrumento dos objectivos da 
classe sacerdotal, conservando um carácter exclusivista de defesa da 
tradição judaica e de ataque a tudo o que lhe fosse estranho. A Bíblia 
corresponde: 
- Um conjunto de seis obras (Hexateuco) assim intituladas: Genesis, 
Êxodo, Levítico, Números, Deuteronómio e Josué. Exceptuando o 
Deuteronómio e o Levítico, que são códigos de leis, os restantes 
constituem a história dos Hebreus desde a origem ate à sua instalação 
na Palestina (canaan), depois do exilio no Egipto; 
- Um conjunto de oito livros, conhecidos por livros históricos: Juízes, 
Rute, Samuel, Reis, Cronicas, Esdras e Noémia Ester e finalmente 
Jonas. 
- Livros poéticos: Salmos, Lamentações, Poesia erótica (Salmo XLV e 
Cântico dos Cânticos), Poesia didactica (Jó, Proverbios, e Eclesiastes); 
- Livros proféticos: Isaías, Jeremias, Ezequiel e outros profetas; 
- Os livros apocalípticos: Livro de Daniel; 
- Livros apócrifos: livro dos Macabeus, livro de Judite, etc. 
Estes livros não têm todos a mesma idade. “ O canto de Débora” que 
faz parte do V livro dos juízes, é das composições mais antigas da 
Bíblia, não excedendo porem o seculo XII a. C.; o que não quer não 
possa haver nele algum fragmento ainda mais antigo. Dos Códigos, o 
mais antigo parece ser o da Aliança. 
O cântico dos Cânticos é um livro erótico, não sagrado, mas pelo 
simples facto de fazer parte do património judeu, levou com que eles 
atribuíssem-lhe um caracter sagrado 
Baseada na bíblia, a historiografia judaica teve como principal 
característica a incapacidade de aceder a uma concepção universalista 
do homem, ou seja a limitação do homem ao homem judeu. Assim, 
para os judeus, a história da humanidade passava a confundir-se com 
a história judaica contada na Bíblia. Os povos apenas eram 
referenciados na medida em que tivessem algum relacionamento com 
os judeus. 
Como livro sagrado dos católicos, protestantes e cristãos ortodoxos, a 
Bíblia, teve uma credibilidade quase universal e ate ao século XIX 
constituiu a única fonte da história dos judeus e dos povos do médio 
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 21 
 
oriente, com quem estiveram em contacto. Só no século XIX, com a 
decifração dos escritos egípcios e sumérios surgiu uma alternativa 
para as fontes da história judaica. A Bíblia passaria a ocupar um lugar 
secundário como fonte histórica. 
Sumário 
Nesta Unidade temática 2.1 abordamos fundamentalmente a 
historiografia judaica. Na nossa abordagem percebemos que foi a 
principal historiografia na Antiguidade Oriental. A principal fonte para 
o seu conhecimento é a Bíblia Sagrada concretamente o Velho 
Testamento, produzido e conservado pelos sacerdotes. 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
11. Identifica a principal fonte para o conhecimento da Historiografia 
judaica. 
12. Identifica o papel da Bíblia para os judeus. 
13. Quem escreveu e conservou a Bíblia. 
14. Existiam entre os judeus duas formas de poder. Refira-se a essas 
formas de poder e às causas do seu desentendimento. 
15. Descreve a principal característica da historiografia judaica. 
 
Respostas: 
11. Rever a introdução da página 18. 
12. Rever o 1º parágrafo do desenvolvimento da página 19. 
13. Rever o 1º parágrafo do desenvolvimento da página 19. 
14. Rever o 1º parágrafo da página 20. 
15. Rever o penúltimo parágrafo da página 20. 
 
 
 
UNIDADE Temática 2.2. Historiografia Grega 
Introdução 
A Grécia antiga ocupava no Mediterrâneo um território pouco 
extenso, mas muito variado sob o ponto de vista geográfico que 
compreendia o Sul da Península Balcânica, as ilhas do mar Egeu e do 
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 22 
 
mar Jónio e as costas ocidentais da Asia Menor. 
O territorio da Grécia Antiga é uma especie de museu a céu aberto 
porque s materiais da arqueologia, os papiros as ruínas cidades, os 
edifícios isolados e outras construções, assim como os objectos de uso 
doméstico, melhor nos informam sobre esta região. São estas fontes e 
outras que nos permitem compreender o pensamento histórico grego. 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 Descrever o papel de Heródoto para a cientificação da História. 
 Descrever o ambiente politica que permitiu a Heródoto ter uma reflexão livre 
da História. 
 Caracterizar o processo de produção histórica na Grécia. 
 Identificar os principais historiadores gregos. 
 
Desenvolvimento 
 
“A história nasceu na Grécia” é frequente ouvir-se dizer. Na Grécia 
também existiu a abordagem mítica e teocrática da evolução da 
humanidade como no oriente antigo. Dos vários mitos destacou-se o 
mito das cinco idades que considerava que a humanidade tinha 
passado por cinco etapas de evolução nomeadamente a idade do 
ouro, da prata, do bronze, dos heróis e do ferro. Entre estas, a etapa 
do ouro e a melhor porque nela não havia preocupações, sofrimento, 
velhice, etc. 
Entretanto de acordo com o conceito de ciência não podemos ainda 
falar nesta altura de uma ciência histórica. A cientificação da história 
só terá início na Grécia clássica. É o que nos leva a falar do surgimento 
da história na Grécia. Este logro dos gregos tem explicação no facto de 
a Grécia desse tempo ter conseguido avançar em muitas áreas de 
desenvolvimento social, a partir do século V a.c. Neste século vivia-se 
na Grécia, uma sociedade democrática, fruto de cerca de três séculos 
de reformas, iniciadas por Dracon e que atingiram o seu pico no 
reinado de Péricles. 
 Portanto a Atenas do século V destaca-se dos restantes estados da 
época pois pôde conceber e aplicar os princípios da igualdade perante 
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 23 
 
a lei, da liberdade individual e da fraternidade, embora com algumas 
reservas, principalmente ligadas com o alcance das referidas reformas 
democráticas. Este contexto, de abertura da vida nacional a todos os 
cidadãos, levou a Grécia antiga a se destacar em vários domínios da 
vida incluindo o do pensamento. É assim que o pensamento grego da 
época revelava já uma maturidade que se reflectia no 
desenvolvimento de várias ciências entre as quais a História. 
O surgimento e desenvolvimento da história na Grécia deve-se em 
grande parte ao papel de Heródoto de Halicarnasso (484- 424),“o pai 
da Historia”. É claro que havia na Grécia antiga muitas pessoas 
reflectindo sobre questões de carácter racional incluindo a história, 
mas foi Heródoto o primeiro a adoptar uma atitude científica, daí que 
lhe atribua a “paternidade da Historia” 
Na sua obra “Historias” Heródoto tentou para além de escrever sobre 
os gregos, falar dos bárbaros, reconstituiros factos e apresentar a 
razão deles. A ele também se deve uma visão e uma abordagem 
universalista dos homens pois, como cidadão oriundo da nobreza, 
Heródoto teve facilidades de viajar e escrever sobre varias regiões 
(Egipto, Mesopotâmia, etc) incutindo desse modo uma visão mais 
global do homem e do universo. Era a passagem da historiografia 
gentílica a historiografia ecuménica (universal). 
Numa das passagens do livro de Heródoto, Historias, pode se ler: Eis a 
exposição do inquérito empreendido por Heródoto de Thouriori para 
impedir que as acções cometidas pelos homens se apaguem da 
memoria com o tempo e que grandes e admiráveis factos, levados a 
cabo tanto do lado dos gregos como do lado dos bárbaros, cessem de 
ser nomeados, finalmente e sobretudo, o que foi causa de entrarem 
em guerra uns contra outros (…) Até aqui, falei segundo a minha 
observação, reflexão e informação, mas a partir de agora passarei a 
referir a tradição egípcia, tal como a ouvi, acresce ainda um pouco do 
que vi (…). O meu dever é referir a tradição mas de modo algum sou 
obrigado a acreditar nela” 
A história de Heródoto é feita com base em testemunhos fidedignos, 
ou seja dignos de crédito. Assim ele preferiu servir-se da tradição oral, 
mas sempre aquela prestada por protagonistas ou testemunhas dos 
acontecimentos, bem como o seu testemunho ocular. No caminho de 
Heródoto esteve também Tucídides, cujo grande contributo para a 
história foi o início do questionamento das fontes, procurando apurar 
a sua veracidade e credibilidade. Foi o que ele fez na sua obra 
“Historia da guerra do Peloponeso” 
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 24 
 
que escreveu servindo-se do seu próprio testemunho de participante. 
Tucídides revelou-se superior a Heródoto na inteligência crítica, na 
arte e na solidez do saber. As ideias de Tucídides sobre a história da 
guerra do Peloponeso.“ (…) Só falo como testemunha ocular, ou 
depois duma critica das minhas informações, tão completa quanto 
possível (…)” 
Outros historiadores deram corpo à história grega como foram os 
casos de Xenofonte, Plutarco, Eforo, etc. 
Observando os trabalhos de Heródoto e Tucídides verificamos que os 
gregos começaram a caminhar para a cientificação da história. A sua 
história tem um objecto de estudo, uma metodologia própria e um 
objectivo bem definido. 
Senão vejamos: 
- Estuda-se, o passado e o presente dos homens ou simplesmente o 
Homem; 
- Alarga-se a noção de fonte histórica que para além da tradição oral 
passa a considerar os testemunhos oculares; 
- Cria-se uma metodologia que integra a recolha de dados através da 
observação e da informação, a reflexão, analise critica e a comparação 
das fontes e finalmente a síntese; 
Portanto na Grécia clássica temos uma história humanista (seu objecto 
de estudo é o homem), cientifica (inicia-se neste caminho), auto- 
reveladora (procura a projecção do presente no futuro, ensinar aos 
homens o seu passado e a relação entre o passado e o presente, para 
revelar o sentido da acção humana) e pragmática, porque tenta tirar 
do ocorrido uma lição aproveitável para o futuro. 
Embora dando notáveis passos a nível da história os gregos revelaram 
ainda algumas insuficiências. Os historiadores gregos viram-se 
confrontados e até encurralados pela contradição entre o ideal de 
história universal baseada em fontes fidedignas e a incapacidade de 
falar de regiões relativamente afastadas, pois o nível de 
desenvolvimento dos transportes não permitia ir para longe e são 
praticamente inexistentes informações escritas sobre essas regiões. 
Deste modo eles vêm-se condenados a ter que fazer a história que 
negam, a história de alguns povos, de algumas regiões, a história 
regional e não a universal que defendem. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 25 
 
Por outro lado as fontes orais e os testemunhos oculares não 
permitem abarcar períodos de tempo relativamente longos mantendo 
a fidelidade numa historia que busca de facto a verdade, pelo que 
ficam também a este nível limitados. 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 2.2 estudamos e descrevemos a 
Historiografia Grega onde contatamos que tinha uma visão humanista 
(seu objecto de estudo é o homem), cientifica (inicia-se neste 
caminho), auto- reveladora (procura a projecção do presente no 
futuro, ensinar aos homens o seu passado e a relação entre o passado 
e o presente, para revelar o sentido da acção humana) e pragmática, 
porque tenta tirar do ocorrido uma lição aproveitável para o futuro. 
O pioneiro deste processo de cientificação da história foi Heródoto, o 
que lhe mereceu a designação de pai da História. Para alem dele 
houve outros historiadores que se dedicaram à produção histórica 
como é o caso de Tucídides. 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
16. Explica por que razão Heródoto é considerado “Pai da História”? 
17. Descreve as condições políticas da Grécia que permitiram a evolução da 
ciência. 
18. Explica em que se baseiava a historia feita por Heródoto. 
19. Nomeia os principais historiadores gregos. 
20. A historiografia grega era humanista, cientifica, auto- reveladora e 
pragmática. Comenta a afirmação! 
 
Respostas: 
16. Rever do 2º a 4º parágrafo da página 23. 
17. Rever o último parágrafo da página 22. 
18. Rever o último parágrafo da página 23. 
19. Rever o 2º e 3º parágrafo da página 24. 
20. Rever o penúltimo parágrafo da página 24. 
 
 
 
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 26 
 
 
UNIDADE Temática 2.3. Historiografia Romana 
Introdução 
Roma localiza-se na península itálica no Mediterrâneo tal como a 
Grécia. 
Enquanto a Grécia está rodeada de ilhas e o seu litoral é muito 
recortado, facilitando a navegação e o comércio, na Itália tal não 
acontece. 
Do III ao I seculo a.n.e graças a um exército de cidadãos hábil e 
disciplinado, Roma lançou-se à conquista de toda a bacia 
Mediterrâneo e Norte de África transformando-se num grande 
imperio. 
 A historiografia deste periodo procurou ajustar-se às ideias politicas 
da época cuja finalidade era exaltar e preservar o imperio. 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 Caracterizar a Historiografia Romana; 
 Identificar os principais historiadores romanos; 
 Diferenciar a Historiografia Romana da Historiografia grega 
 
 
Desenvolvimento 
 
 A constituição do império romano incluiu entre outros processos a 
conquista de vários estados na Europa, Ásia e norte da África. Ora este 
facto sugere uma miscelânea de povos, costumes, formas de vida, etc. 
Num só estado que é o império romano. Desta situação resulta em 
Roma um desenvolvimento social, do qual se inclui o âmbito do 
pensamento, bastante influenciado pelas outras civilizações. 
Temos assim que a nível da História os romanos recorrem, a princípio, 
à língua e aos moldes de outros povos, em particular os gregos que, 
como dissemos atrás tinham avançado bastante neste campo. Os 
romanos não copiaram mecanicamente dos gregos procuraram dar 
forma própria moldaram os 
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 27 
 
ensinamentos gregos atribuindo-lhes forma própria. Deste processo 
resultou a produção de uma história tipicamente romana, assente na 
íntima relação com o passado. 
Outro elemento historiográfico exclusivamente romano é o carácter 
político ou seja a prática da historiografia feita pelos homens políticos,em estreita relação com a política prática que conduz a historiografia 
política, orientada para fins políticos e não encarrada como 
conhecimento. Portanto a história é em geral, para os romanos, uma 
exaltação da cidade e do império, adquirindo um carácter nacional e 
patriótico. É uma história apologética e pragmática. O predomínio, 
entre as produções historiográficas da Roma antiga, dos anais 
(anotações dos principais acontecimentos políticos) demonstra bem o 
seu carácter nacional. 
Dentre os principais historiadores romanos destacam-se: 
Políbio É um historiador de origem grega que viveu, como prisioneiro, 
em Roma e lá produziu quase toda a sua obra histórica e, 
naturalmente, sobre o império romano. Foi o responsável pela 
transmissão das tendências racionalistas da historiografia grega a 
Roma, sendo por isso contrário a história oficial, defendida por muitos 
historiadores romanos com destaque para Tito Lívio que por vezes 
recorria a mitologia para sustentar as suas ideias. Aplicou a Historia o 
modelo de ciclo, conduzindo à concepção segundo a qual a Historia é 
o conhecimento do geral, daquilo que se repete, que obedece a leis e 
por isso susceptível de previsão 
Tito Lívio Diferentemente de Políbio, esteve mais virado para o 
passado, tido, pelos romanos, como fonte de virtudes nacionais. Foi 
um intelectual ao serviço da política imperial, cuja preocupação maior 
foi elevar bem alto o rei e o império romanos não hesitando quando a 
defesa passasse pela deturpação da verdade, ou impusesses o recurso 
à mitologia. 
Tácito politico e homem das letras, foi autor de uma importante obra 
histórica com o senão de ter misturado, por vezes, indevidamente a 
historia com o género literário. O seu maior defeito terá sido fazer 
uma comparação unilateral dos romanos com os bárbaros, os bretões 
e os germanos revelando-se percursor da teoria do “bom selvagem”, 
ao apresentar uns como os de costumes mais puros e outros mais 
corruptos. 
Outros historiadores romanos foram Flávio Josefo, Salústio, Plutarco e 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 28 
 
Suetónio. 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 2.3 abordamos a Historiografia Romana. 
Nesta abordagem foi possível notar que era dominada pelo carácter 
político ou seja a prática da historiografia feita pelos homens políticos, 
orientada para fins políticos e não encarrada como conhecimento. 
Portanto a história é em geral, para os romanos, uma exaltação da 
cidade e do império, adquirindo um carácter nacional e patriótico. É 
uma história apologética e pragmática. 
A grande preocupação era exaltar a grandeza do império romano cujo 
mérito era atribuído aos “grandes homens”- os imperadores. 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
21. O elemento historiográfico característico romano é o carácter político. 
Comenta. 
22. Descreve a principal característica da Historiografia Romana. 
23. Nomeie os principais historiadores romanos. 
 
Respostas: 
21. Rever o 2º parágrafo da página 27 
22. Rever o 2º parágrafo da página 27 
23. Rever o do 3º ao 5º parágrafo da página 27 
 
 
 
UNIDADE Temática 2.4. Historiografia Cristã Antiga 
Introdução 
A Historiografia Cristã Antiga, como o próprio nome sugere encarnou 
basicamente as ideias do cristianismo. Durante a Idade Média, a 
política era grandemente influenciada pela questão espiritual. Para a 
sociedade medieval, o rei não era, simplesmente, uma instituição 
política, mas sim uma manifestação divina, tendo o papel de integrar o 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 29 
 
homem no cosmos. 
A igreja cristã foi uma das mais poderosas instituições do período 
medieval. Nesta história, medieval o papel principal no processo 
histórico é atribuído a Deus e seus agentes e, aos reis e seus prelados. 
Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, 
a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
 Descrever a concepção histórica cristã antiga; 
 Explicar os factores da rápida propagação do cristianismo; 
 Identificar os principais historiadores cristãos da antiguidade; 
 Identificar as principais obras dos historiadores cristãos da antiguidade. 
 
 
Desenvolvimento 
 
O cristianismo surgiu na Palestina no contexto da conquista daquele 
território pelos romanos. Portanto, foi de lá que se propagou para as 
restantes partes do mundo o que em grande parte foi facilitado pelo 
facto de transportar uma mensagem social e ecuménica, assumindo-se 
anti-esclavagista. 
Existiam, no seio da igreja, duas facções: uma mística e outra gnóstica 
que pretendia racionalizar o pensamento religioso, ou seja, sujeitar à 
razão as ideias religiosas. Estas divisões que constituem uma ameaça à 
estabilidade do cristianismo levaram à imposição da unidade 
doutrinária e ao fim da livre discussão no seio da igreja, determinada 
no Concilio de Niceia em 325. 
 
2.4.1 A concepção cristã da História 
Desde o princípio o cristianismo assumiu-se como religião universalista 
e histórica, ou seja, teve a sua concepção do universo e de evolução da 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 30 
 
humanidade. Para os cristãos a história é um combate permanente 
entre Lúcifer (o mal) e Deus (o bem) e a sua trajectória, irreversível e 
oposta à concepção cíclica defendia pelos gregos e romanos, começa 
com o pecado original, passa pela redenção e termina com o juízo 
final. A ideia principal é que, devido ao pecado original, o homem 
espalhou o mal em toda a terra e Cristo apareceu para estabelecer a 
ordem e fazer triunfar a igreja, numa luta que terminara com o juízo 
final. Deste modo a terra é apenas um local transitório para expiação e 
redenção do pecado e o homem em vida tem a oportunidade de se 
preparar para o juízo final. 
Entre as fontes da história cristã existem as doutrinárias e as 
históricas. Muitos documentos históricos foram destruídos 
alegadamente por serem apócrifos, ou seja, inautênticos. Contudo em 
história este procedimento é de todo condenável pois as fraudes 
também são matéria de estudo. Portanto não se pode entender tal 
atitude de outra maneira que não a tentativa de manter uma unidade 
doutrinária. Isto leva-nos a afirmar que a história cristã baseou-se, em 
informações tendenciosas previamente seleccionadas e por isso 
construiu uma visão de história humana com um ponto de vista 
apologético. 
 
2.4.2 Os historiadores cristãos antigos 
Eusébio de Cesareia (260- 339) Foi o principal obreiro da história 
cristã. 
Produziu uma crónica que consistia de uma cronografia e de conones 
cronológicos. A cronografia resumia a história universal povo por 
povo, argumentando a favor da prioridade, no tempo, de Moisés e da 
Bíblia. Os canones eram tábuas cronológicas que assinalavam os 
sincronismos entre a história sagrada e a profana. A cronologia bíblica 
começa com a data da criação seguindo-se a do povo judeu até ao 
nascimento de Cristo, com a qual começava a história cristã. A história 
eclesiástica de Eusébio, bem documentada ia de Cristo até 
Constantinopla. Eusébio trouxe para primeiro plano da igreja cristã os 
judeus. 
Cassiodoro (487-583) Reuniu e traduziu do grego três historiadores 
eclesiásticos, continuadores da historia de Eusébio, nomeadamente 
Sócrates (380- 450), Sozomeno (finais do século IV- 443) e Teodoreto 
(393-457). Escreveu também uma história gótica e uma crónica da 
 ISCED CURSO: Ensino de História;1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 31 
 
época de Adão ao ano 519. 
Santo Agostinho (354-430) foi o autor da primeira e até hoje a mais 
importante filosofia cristã de história. O seu livro “De Civitae Dei” (A 
cidade de Deus) foi uma tentativa de negar a afirmação dos pagãos 
segundo a qual a tomada de Roma por Alàrico e os saques dos 
vândalos eram motivados pelo desapego à antiga religião romana. 
Orósio (até 418) procurou mostrar em “sete livros de história contra 
os pagãos” 
Que os tempos anteriores a Cristo tinham sido mais tempestuosos que 
os posteriores, como forma de rejeitar a ideia dos pagãos de querer 
culpar o abandono dos cultos anteriores a Cristo pelas desgraças que 
afligiam o império romano, em particular as invasões dos povos 
bárbaros. 
Com a obra de Eusébio e com as continuações de Sócrates, Sozomeno 
e Teodoreto e ainda o manual latino que deles tirou Cassiodoro, se 
formou o corpo da história da igreja que alimentou a idade média. 
Foi do cristianismo a autoria da primeira filosofia de história, a 
tentativa de determinar as leis porque se rege o curso dos 
acontecimentos. Os seus defensores procuraram mostrar como o 
mundo seguiu um desígnio de Deus na sua longa preparação para o 
advento de Cristo. A partir desse ponto central a humanidade 
continuaria uma marcha de sofrimentos até ao juízo final. Esta ideia 
foi exposta por S. Agostinho no seu livro “Cidade de Deus ”e a 
demonstração coube a Paulo Orósio no seu “sete livros de história 
contra os pagãos”, uma continuação de “cidade de Deus”. 
É portanto a história providencialista, em que a evolução da 
humanidade aparece como providência divina. 
 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 2.4 descrevemos a Historiografia cristã 
Antiga. É uma história providencialista, porque a evolução da 
humanidade aparece como providência divina. Os seus defensores 
procuraram mostrar como o mundo seguiu um desígnio de Deus na 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 32 
 
sua longa preparação para o advento de Cristo. 
Nega a concepção cíclica da História dada pelos gregos e romanos. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
24. Descreve a concepção histórica do cristianismo na 
antiguidade. 
25. Indica os factores da rápida propagação do cristianismo. 
26. Nomeia os principais historiadores cristãos antigos. 
27. A historiografia crista antiga era apologética e 
providencialista. Justifica. 
 
Respostas: 
24. Rever o último parágrafo da página 29. 
25. Rever o 1º parágrafo do desenvolvimento desta unidade 
(página 29) 
26. Rever as páginas 30 e 31. 
27. Rever o último parágrafo da pagina 31 (antes do sumario 
desta unidade) 
 
 
 
 
 
 
 TEMA – III: HISTORIOGRAFIA MEDIEVAL. 
UNIDADE Temática 3.1. Historiografia Cristã Medieval 
 
UNIDADE Temática 3.1. A Historiografia Cristã Medieval 
Introdução 
Com a queda do império Romano do Ocidente, um novo contexto 
histórico ira surgir, caracterizado pela desestruturação da economia 
urbana e comercial e o regresso a uma economia essencialmente 
agrícola e de subsistência, da qual resultara, fatalmente, o isolamento 
das populações. Este isolamento contribuirá para o fortalecimento de 
uma nova mentalidade pluralista muito próxima da mentalidade 
gentílica (em que os laços de 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 33 
 
consanguinidade seriam substituídos pelos estreitos vínculos de 
identidade religiosa, da comunhão da mesma fé) – uma espécie de 
comunitarismo moral e religioso, em que o Pai ancestral e carnal de 
gens é substituído pelo «Pai do Céu» cristão. 
Não era, com efeito, na Alta Idade Média, manter de pé o modelo de 
cristianismo ecuménico do século I, pela mesma razão que não era 
possível erguer viva, sobre as infra-estruturas duma sociedade rural, a 
cultura duma sociedade urbana. Repara-se que tanto o ecumenismo 
grego como o ecumenismo romano tinham sido fenómenos de 
expansão, consequentes ao estabelecimento de amplas relações entre 
povos diferentes. Ora o que se dá idade Média europeia é 
precisamente o contrário. É uma regressão em vez de uma expansão: 
as populações refluem novamente aos campos. As cidades arruínam-
se, as rotas comerciais encurtam-se e acabam, em muitos casos, por 
desaparecer. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 Caracterizar a sociedade Medieval; 
 Descrever a concepção histórica cristã medieval; 
 Caracterizar a literatura cristã medieval; 
 Identificar os principais responsáveis pela produção histórica medieval. 
 
 
Desenvolvimento 
 
O império romano do ocidente desmoronou-se no século V na 
sequência da tomada de Roma pelos bárbaros em 476. A destruição 
do império romano do ocidente, marcou o fim da antiguidade 
esclavagista e o início da Idade Media, feudal, a substituição de formas 
de vida, política, económica, social, até ai estabelecidas. As populações 
abandonaram as cidades retornando ao campo onde se organizaram 
em pequenas comunidades rurais baseadas na identidade religiosa 
(nisto, difere das primeiras comunidades rurais ligadas por 
consanguinidade. 
Na esfera económica, a economia urbana, comercial, deu lugar a 
economia rural, agrícola, de subsistência. Instala-se uma mentalidade 
particularista onde cada comunidade 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 34 
 
tenta ser auto-suficiente, pois a dispersão dificulta os contactos. A 
nível social os marcos essenciais a destruição das tradicionais relações 
dos povos devido a degradação das vias e meio de comunicação. 
Tecnologicamente a regressão manifestou-se pelo desaparecimento 
das especializações. 
O cristianismo integra-se neste quadro, criando o Mosteiro 
Beneditino, que a partir do século VI passa a servir de núcleo a uma 
população cujo destino seria a gradual integração na sua estrutura, em 
condição de dependência. 
Nesta altura o trabalho é encarado como uma provação, mas os 
Mosteiros irão rapidamente enriquecer passando a empresas 
geradoras de excedentes, comparáveis a qualquer outro domínio 
senhorial. Era a transformação do cristianismo, de religião igualitária 
em religião classista. 
No século XI, regista-se um considerável crescimento agrícola. Ao 
mesmo tempo aumenta a população e ressurge a vida urbana. Inicia-
se uma nova revolução comercial em choque com o sistema feudal. No 
decorrer do século XVIII regista-se um notável progresso na estrutura 
profissional que se manifesta numa acentuada diferenciação 
profissional num grau de especialização cada vez maior e na melhoria 
do estatuto do trabalhador ao nível dos ofícios, particularmente nas 
artes liberais e por vezes na arte mecânica. Era a passagem da 
sociedade rural e urbana, agrícola a comercial. 
Este processo é portanto muito próximo aquele que se regista na 
primeira revolução urbana com a diferença de que no lugar das casas 
estavam os mosteiros e em vez do surgimento de cidades dá-se o 
ressurgimento das cidades romanas. Mais ainda na primeira revolução 
urbana o poder espiritual sobrepunha-se ao temporal e no século XIC 
acontece o contrário. 
 
 3.1.1. A concepção histórica Medieval 
 
A instituição típica mediante a qual cristianismo medieval se adapta à 
evolução económica, passa a ser a partir do século VI, o mosteiro 
beneditino. Típica, não só porque simula uma comunidade de «irmão» 
igualiza na tarefa comum de trabalhar a terra, (na realidade, 
fortemente hierarquizados entre si), mas porque, pela sua natureza 
 ISCEDCURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 35 
 
económica – religiosa, se prestava a servir de núcleo a uma população 
cujo destino viria a ser gradual integração nas malhas da sua estrutura, 
nas condições dos servos de gleba, de artesoes servis ou rendeiros; na 
condição, em suma, de dependentes. Na realidade, desde a fundação 
dos mosteiros que a relação entre os monges e as populações 
indígenas era marcada pelo distanciamento e pela desconfiança. 
Proveniente, geralmente, dos meios urbanos, os monges não 
constituíram um elemento estranho ao meio rural, não só porque a 
regra do fundador obrigava a viver à sua própria custa, mas ainda 
porque logo entre eles e a população indígena se ergueu a muralha da 
dicotomia preconceituosa que dividia cristãos e pagãos, urbanos 
(cultos) e rústicos. As populações eram pagãs porque, agarradas ainda 
a velhos hábitos e a velhas crenças, resistiam ou se opunham ao ardor 
proselitista do clero; e eram rústicas, porque eram incultas, selvagens 
e indigentes. 
No contexto histórico da idade média, predomina uma história cristã, 
cuja produção é da responsabilidade dos monges. Os géneros mais 
dominantes são os anais e as crónicas. Tanto uns como outros são 
narrativas sobretudo de factos políticos e militares, que tomam por 
unidade temáticos períodos mais ou menos longos. A diferença reside 
no facto de que os anais dividem as épocas estudadas em períodos de 
um ano, relatando secamente os factos. 
Também constituem literatura histórica cristã medieval as 
hagiografias, as historias, as actas de sínodos e concílios, as bulas, e 
outros diplomas de origem papal, as obras de clérigos seculares, os 
manuais dos confessores e outras de carácter eclesiástico. Em 
princípio, a historiografia crista medieval, assim como as fontes de 
origem eclesiástica prevalecem ate ao seculo XIII. Mas nem todas as 
fontes medievais até essa data são obrigatoriamente de origem 
eclesiástica. Quer para o entendimento crítico da historiografia crista, 
quer para efeito de novas abordagens historiográficas torna-se 
indispenavel recorrer também às fontes provenientes da cultura 
popular mais profunda, ou seja, folclore. É ao que parece, desse 
folclore que emergem produções como as cancões de gesta 
(supostamente de origem nobre), desvios religiosos como as heresias 
cátara, valdense e patarina, e géneros poéticos. 
Nesta história, medieval o papel principal no processo histórico é 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 36 
 
atribuído a Deus e seus agentes e, aos reis e seus prelados. É a estes 
que se atribui responsabilidade pela evolução histórica da 
humanidade e portanto são eles o objecto de estudo da história. A 
nível metodológico a interpretação dos dogmas divinos constitui a 
principal operação do historiador em detrimento da investigação das 
razoes humanas. Os aspectos morais sobrepõem-se aos vividos na 
explicação dos fenómenos. 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 3.1 fizemos a bordagem sobre a histografia 
cristã medieval cuja produção foi da responsabilidade dos monges. A 
instituição típica mediante a qual cristianismo medieval se simboliza é 
o mosteiro beneditino. 
Nesta historiografia, o papel principal no processo histórico é atribuído 
a Deus e aos reis. É a estes que se atribui responsabilidade pela 
evolução histórica da humanidade e portanto são eles o objecto de 
estudo da história. A interpretação dos dogmas divinos constitui a 
principal operação do historiador em detrimento da investigação das 
razões humanas. 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
28. Descreva a emergência da sociedade medieval. 
29. Identifique os responsáveis pela produção histórica medieval. 
30. Identifique as principais obras literárias da historiografia cristã 
medieval. 
31. Diferencie os anais das crónicas. 
32. Descreve a principal característica da Historiografia Cristã 
Medieval. 
 
Respostas: 
28. Rever a introdução desta Unidade (página 32). 
29. Rever o 2º parágrafo da página 35 
30. Rever o 2º e 3º parágrafo da página 35 
31. Rever o 2º parágrafo da página 35. 
32. Rever o 1º paragrafo da pagina 36 (antes do sumario desta 
unidade temática). 
 
 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 37 
 
 
TEMA – IV: HISTORIOGRAFIA MODERNA. 
UNIDADE Temática 4.1. Historiografia Renascentista 
UNIDADE Temática 4.2. Historiografia Racionalista 
 
UNIDADE Temática 4.1. Historiografia Renascentista 
Introdução 
 
A Historiografia Renascentista representa a visão histórica crítica da 
reforma protestante. A reforma protestante constituiu, na realidade, a 
segunda grande revolução da burguesia europeia, depois do 
movimento comunal. 
A burguesia lutava pela emancipação espiritual, pela independência 
das igrejas nacionais bem como pela liberdade individual de pensar. É 
esta reformulação renascentista da imagem e pepel do homem no 
universo que caracteriza principalmente esta historiografia também 
conhecida por Historiografia quatrocentista. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
 Explicar o contexto de surgimento da Historiografia Renascentista; 
 Identificar os responsáveis pela produção historiográfica renascentista; 
 Identificar os principais historiadores renascentistas; 
 Explicar as características da historiografia renascentista. 
 
Desenvolvimento 
 
A reforma protestante constitui um dos acontecimentos mais 
marcantes, se não o mais marcante desta época. Quando, sob a égide 
papal, Portugal e Espanha assinaram o tratado de Tordesilhas as 
burguesias holandesa, inglesa e francesa, em oposição a este tratado, 
decidiram proclamar a independência das igrejas nacionais, 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 38 
 
desafiando, portanto, a autoridade supranacional da igreja romana. 
Este acontecimento foi antecedido por outra grande revolução da 
burguesia europeia, o movimento comunal. 
A luta da burguesia pela sua emancipação espiritual estava assim a 
começar tendo como pano de fundo a rejeição do regime católico-
feudal e a implantação de uma nova ordem mais condizente com o 
desenvolvimento da burguesia. É portanto uma revolução cultural 
marcada pelo desejo de mudanças o renascimento cuja tónica 
dominante é a tentativa do homem de sair da sua menoridade 
(incapacidade de atingir a sua felicidade sem o recurso e o apoio de 
outrem). Instiga-se a confiança no homem. 
A evolução dos séculos XV- XVI favoreceu o surgimento de um 
pensamento humanista que defende o livre arbítrio, o valor da 
experiencia e o desejo de gloria individual, que conduziu historia 
humanista, que coloca no centro do seu estudo o homem, reduzindo o 
papel de deus. O homem vai se sentindo cada vez mais o construtor e 
responsável do processo histórico. A história evoluiu inspirando-se na 
consciência humanista e na imitação da antiguidade clássica. É assim 
que entre os humanistas alia-se uma nova consciência do mundo e da 
vida à idealização da antiguidade com tentativas de secularização da 
história. 
Nesta altura já não são os teólogos e monges mas sim os poetas, 
literatos, diplomatas, estadistas que escrevem historia falando 
criticamente do passado nacional ou urbano. Há portanto um 
alargamento da temática histórica, muito embora prevaleçam os 
aspectos políticos. 
Para além do objecto, os humanistas alteram também a forma 
medieval de exposição, a crónica. Passam então a predominar os 
anais, numa história orientadapara a política que tem na biografia a 
principal forma de exposição histórica. 
O pensamento humanista deu também lugar a ideia da relatividade 
das coisas e ao surgimento de um novo critério de vontade, a 
experiencia, que fez crescer a coerência racional entre a teoria e 
prática e impôs o hábito de submeter a validade dos juízos à sua 
comprovação. 
O humanismo foi apenas o pensamento dominante pois a par da 
história humanista, critica, anticlerical e antinobriarca houve nos 
séculos XV e XVI uma historiografia exemplar preocupada em servir 
uma determinada ideologia 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 39 
 
(normalmente a do poder) podendo até sacrificar a verdade se tal 
finalidade assim o justificar. A nível metodológico a história recebe 
com os humanistas importantes subsídios. Inicia-se com eles a 
ordenação metódica das fontes graças as contribuições de Flávio 
Biondo, Tristano Calchi, Lourenzo Valla, Bernardo Giustiniani entre 
outros. 
Flávio Biondo começou a reunir e a comparar as fontes de certas 
épocas com algum sentido crítico, enquanto a calchi se atribui o 
mérito de ter iniciado o uso de documentos e inscrições. Por seu turno 
lourenzo valla foi o primeiro a defender a crítica filosófica das fontes 
medievais. Finalmente a giustiniani se deve a crítica da sua 
possibilidade de aplicação prática. 
 
4.1.1. Representantes da história humanista renascentista 
Nicolau Maquiavel (1469-1527) - foi o mentor, no século XV de uma 
nova concepção de Estado: o Estado temporal, soberano, totalmente 
independente da tutela da igreja, centralizado e único. 
Entende que o regime republicano com eleição de dirigentes é o ideal 
do estado. É um ponto de vista inspirado na sociedade quatrocentista, 
na qual a burguesia aspirava a formação de mercados nacionais cada 
vez mais amplos e politica e economicamente integrados por forma a 
segurar a livre circulação dos seus produtos. Nas suas obras“ Discorsi 
sopra la prima década de Tito Lívio e II Príncipe”Maquiavel adopta já 
uma atitude científica procurando explicar os fenómenos sociais que 
descreve pela intervenção de factores naturais como o clima, a 
natureza humana, etc. 
Considera ele que se Deus e a fortuna tȇm alguma margem de 
intervenção na historia, ao homem cabe pelo menos metade dessa 
intervenção. 
Lourenzo Valla (1407- 1457) - A sua obra“ De falso credita et emetita 
constantine” passa a assinalar, a partir de 1440, o nascimento de um 
dos maiores instrumentos de critica histórica: a filosofia humanística 
(comparação de estilos documentais, erros de tradução, etc) Método 
com o qual descobriu a falsidade da “Doação de Constantine” e, 
numerosas deturpações contidas no Novo Testamento. 
Francis Bacon (1561- 1626) defende a superioridade dos tempos 
actuais em relação aos antigos e a ciência experimental sobre as 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 40 
 
concepções teóricas do passado. Para ele as ciências devem ser 
renovadas e colocadas ao serviço do progresso da humanidade através 
das leis da natureza. 
Jean Bodin (1530- 1596) Compôs um “methodus ad facilem 
historiarum cognitionum” (1566) onde defende que a historia não 
deve ser fabulosa, mas uma espécie de tábua da verdade e dos 
acontecimentos; e quem a ela se dedica não deve começar pela 
historia de Deus, mas pela dos homens. Defendia igualmente a 
influência do clima sobre a natureza física e psíquica dos homens. 
Fernão Lopes- O prólogo da crónica de D. João L, de que ele é autor, é 
um documento notável no ponto de vista da definição de 
historiografia. Nele está patente a sua defesa da independência do 
historiador perante as autoridades e sentido da sua responsabilidade 
perante o povo, procedimentos que colocam-no na vanguarda dos 
historiadores europeus do seu tempo. Para F. Lopes o motor da 
Historia, já à maneira do que viria a ser para a historiografia romântica 
liberal, é a sociedade no seu conjunto, ou mais propriamente, o povo. 
Nalguns casos, principalmente quando os reis tratavam a nação com 
equidistância entre a nobreza e a burguesia, o historiador reflectindo 
em certa medida a ideologia oficial, esforça-se por analisar os 
problemas e os homens com isenção e objectividade. 
Portanto um passo importante do século XV foi a formulação da regra 
de ouro da história, a de que aquele que escreve história de 
acontecimentos deve conhecer e encadernar os factos, as datas, os 
projectos e os resultados. 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 4.1 estudamos a historiografia renascentista 
no que diz respeito ao contexto do seu surgimento, características e 
representantes. Na abordagem constatamos entre muitos aspectos 
que a evolução dos séculos XV- XVI favoreceu o surgimento de um 
pensamento que defende o livre arbítrio, o valor da experiencia e o 
desejo de gloria individual, que conduziu historia humanista, que 
coloca no centro do seu estudo o homem, reduzindo o papel de deus. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 41 
 
É portanto neste contexto de revolução cultural marcada pelo desejo 
de mudanças que a historiografia renascentista nasce e expande-se 
em substituição da historiografia cristã e teocrática. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
33. A reforma protestante constitui um dos acontecimentos mais 
marcantes para o triunfo do pensamento renascentista. Explique o 
contexto do surgimento do renascimento. 
34. O pensamento humanista revolucionou a visão histórica quanto a: 
objecto de estudo, metodologia, produção literária e natureza dos 
autores. Comenta. 
35. Descreva o contributo de Maquiavel para a historiografia 
renascentista. 
36. Nomeie os outros historiadores renascentistas. 
37. Explique a regra de ouro da História surgida no século XV. 
 
Respostas: 
33. Rever do 1º ao 3º parágrafo do desenvolvimento desta unidade 
(paginas 37 e 38). 
34. Rever o penúltimo e ultimo paragrafo da pagina 38; 
35. Rever o 1º e 2º parágrafo do ponto 4.1.1 página 39. 
36. Rever as páginas 39 e 40. 
37. Rever o ultimo parágrafo da página 40 (antes do sumario desta 
unidade temática) 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE Temática 4.2. Historiografia Racionalista (séculos XVII e XVIII) 
Introdução 
O panorama do século XVII é profundamente agitado por 
acontecimentos de vária ordem nomeadamente: a formação dos 
impérios coloniais holandês, francês e inglês; as guerras religiosas, as 
revoluções políticas e sociais. As contradições entre as formas de 
pensamento começam acentuar-se. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 42 
 
Na historiografia aparece a teoria providencialista que admitia que o 
processo histórico é determinado não só pela intervenção de Deus, 
mas também pela intervenção de causas naturais ou causas 
particulares das revoluções dos impérios. Este providencialismo 
resultou da convergência do movimento contra-reformista de unidade 
católica e das concepções absolutistas de poder interessado na defesa 
da origem divina do poder. 
 
 Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
 Descrever as principais ideias do iluminismo; 
 Descrever o contexto do surgimento da historiografia racionalista; 
 Identificar os principais historiadores racionalistas; 
 Explicar a visão racionalista sobre o objecto, metodologia e finalidade da 
história. 
 
Desenvolvimento 
 
A partir de meados do século XVII o ambiente é de transição do 
feudalismo ao capitalismono qual está presente a luta sempre 
inerente a este tipo de situações. Iniciada praticamente no século XIV, 
esta luta era agora claramente favorável aos burgueses, embora não 
na mesma dimensão em todos os países da Europa. A Inglaterra 
adiantou-se a nível do capitalismo industrial enquanto a Franca se no 
âmbito da consciência revolucionaria com os antagonismos entre e a 
aristocracia. 
O século XVII é também marcado pela constituição de impérios 
coloniais por parte dos holandeses, franceses e ingleses, que já 
detinham a supremacia nos mares depois de suplantarem os 
portugueses e espanhóis 
Neste período dá-se também uma certa evolução material, com o 
aparecimento dos correios e vias de comunicação organizadas, 
arquivos públicos, etc., Bem como uma evolução do valor da 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 43 
 
experiencia na construção da ciência, afirmação do método cientifico. 
A nível das relações de produção ocorre a passagem da economia 
feudal à economia capitalista. 
 
4.2.1. O iluminismo 
As ideias burguesas vão se impondo e defendendo particularmente 
dois procedimentos básicos: o domínio da natureza pelo trabalho; e o 
conhecimento da realidade através da experiencia e da interpretação 
cientifica. É portanto um pensamento novo oposto a ideologia 
medieval dominante e que pretende tomar como critério de vontade 
apenas a razão. 
E sob esta visão o homem recusa a menoridade (radicada na 
incapacidade de alguém se servir do próprio entendimento, sem a 
direcção de outrem) e procura acreditar naquilo que lhe é dado 
entender, no seu próprio raciocínio. É o Iluminismo baseado na razão 
e mais sábios, transferindo esses atributos ao homem moderno, para 
os burgueses, verdadeiramente experiente e espiritualmente maduro. 
A filosofia passa para o controle da burguesia e rejeita todos os 
preconceitos que entravam a felicidade dos homens. A nível da 
religião o iluminismo implantou a mentalidade produzida na 
renascença, no humanismo e na reforma e difundiu o Deísmo (religião 
sem dogmas), que defende que Deus criou o homem livre e concedeu-
lhe autonomia plena e, dotando-o de razão para poder superar todas 
as dificuldades, já não intervêm na sua vida particular ou comunitário. 
Os homens do século XVIII recusam as normas, a autoridade, os 
dogmas. Não são cristãos e no lugar do direito divino crêem no direito 
natural. 
Portanto as ideias principais do Iluminismo são: 
 A razão - tudo deve ser sujeito a uma análise racional, 
tendo como alvos principais a religião e as instituições 
político-sociais; 
 O progresso- sobretudo no campo científico-técnico; 
 A paz- que deve assentar na igualdade e fraternidade entre 
os homens. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 44 
 
Para o iluminismo, a razão é o supremo critério do valor para a 
religião, a filosofia, as ciências, os Estado e a economia. 
No quadro descrito as ciências irão evoluir no caminho do 
iluminismo onde a tradição é questionada e o saber livresco 
substituído, como critério da verdade, pela experiencia sensorial. 
Valoriza-se o homem livre ou em libertação do dogma e da 
veneração dos antigos. Só se reconhece o progresso do espírito 
humano na iluminação e na razão secularizada. 
Entretanto a evidência sensorial, como critério de verdade, é mais 
aplicável as ciências naturais e menos ao domínio das ideias e por 
isso a sua implantação sugere uma certa preferência por aquela 
área de pensamento em detrimento desta. Não obstante, este 
ambiente relativamente hostil, o interesse pela história não se 
extinguiu. 
René Descartes introduziu, como critério de verdade, e evidência 
racional, consistindo num longo trabalho critico, através de 
sucessivas analises e sínteses, a acompanhadas de uma atitude 
metódica. Surge assim o método crítico de investigação, a base da 
história científica. 
4.2.2. A historiografia racionalista 
Sob o fundo do iluminismo deve-se a partir do século XVII uma história 
racionalista. A história providencialista que tenta se adaptar as 
mudanças em curso e deixa de interpretar os fenómenos históricos 
apenas no seu aspecto dogmático, admitindo a intervenção do homem 
no processo histórico, mas continua defendendo a origem divina do 
poder (foi o caso Bousset). Num outro extremo os burgueses tentam 
fazer uma historia dirigida contra a igreja e que defendem a origem 
popular do poder, como fez Arnold.. 
À margem desta história das lutas religiosas surgem, nos países onde 
prevalecia a mentalidade católico-feudal, nomeadamente no sul e no 
ocidente uma historiografia politica, interna e católica. 
Com os Beneditinos franceses iniciou-se um tratamento mais cuidado 
e profundo das ciências auxiliares, nomeadamente a diplomática e da 
paleografia com os franceses a construção da narrativa histórica 
começa com investigação dos factos, sua classificação por épocas e 
temas, críticas filológicas e organização em reportórios ou dicionários. 
Já no século XVIII a temática da Historia alargou-se com o 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 45 
 
aparecimento de uma história global abarcando as grandes linhas da 
evolução da sociedade (política, económica, cultural etc). 
O surgimento de uma história da civilização material; a história deixa 
de ser limitada ao campo político- militar. 
A consciência histórica dos racionalistas está bem patente no seguinte 
aspecto da autoria de Voltaire. “ A história da Europa tornou-se um 
imenso processo de contratos de casamentos de genealogias que, 
fazem passar despercebidos os grandes acontecimentos, o 
conhecimento das leis e dos costumes objectos bem mais dignos de 
atenção. Eu queria descobrir qual era a sociedade dos homens, como 
se vivia no interior das famílias, que artes eram cultivadas.” 
A nível metodológico a razão burguesa incita a crítica minuciosa para o 
apuramento da autenticidade, veracidade e exactidão das fontes. A 
curiosidade e a dúvida passam a ser os maiores impulsionadores da 
busca do conhecimento histórico. Pretende-se uma narrativa histórica 
racional e objectiva que recusa o secundário e supérfluo. 
A função da história também se altera deixando de servir as pessoas 
(importantes/ poderosas) individualmente para passar a servir a 
burguesia, como classe, e seus ideais sociais e políticos. 
 
4.2.3. Representantes da História Racionalista 
Charles de Secondat (1689-1755), o Barão de Montesquieu, mais 
conhecido por Montesquieu- Centrou-se particularmente no estudo 
da filosofia politica que procura explica-la por um determinismo 
científico, manisfestando particular preocupação pelas grandes 
correntes sociais. Monstra pouco espírito critico para alem de admitir 
lendas e cometer erros na datação dos acontecimentos. A sua obra de 
relevo o “espírito da leis ”contribuiu sobremaneira para o 
desenvolvimento da ciência judaíca. 
Francois Arouet, vulgo Voltaire (1694-1778) inaugurou uma história 
verdadeiramente humana, debruçando-se sobre política, finanças, 
religião, aspectos demográficos, económicos, etc. Mas nem sempre a 
sua narrativa é isenta. Admite o anedotico e a sua filosofia histórica é 
determinista e pessimista. 
Antoine de Condorcet (1743- 1794)- Defende uma historia global e 
cosmopolita. Foi Robert Jacques Turgot, um dos percurssores do 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 46 
 
positivismo. 
Jean Jacques Rousseau (1778) – Critica os valores tradicionais católicos 
feudais e defendea valorização da sensibilidade e da personalidade 
livre e natural, contribuindo assim para uma compreensão profunda 
da realidade histórica. 
Sumário 
Nesta Unidade temática 4.2 concentramo-nos na historiografia 
racionalista como concepção histórica do iluminismo. 
Para o iluminismo, a razão é o supremo critério do valor para a 
religião, a filosofia, as ciências, os Estado e a economia. Graças a isso, 
as ciências irão evoluir no caminho do iluminismo onde a tradição é 
questionada e o saber livresco como critério da verdade é substituído, 
pela experiencia sensorial. 
É neste contexto que a partir do século XVII emerge uma história 
racionalista. A temática da Historia alargou-se com o aparecimento de 
uma história global abarcando as grandes linhas da evolução da 
sociedade (política, económica, cultural etc). A função da história 
também se altera deixando de servir as pessoas (importantes/ 
poderosas) individualmente para passar a servir a burguesia, como 
classe, e seus ideais sociais e políticos. A história deixa de ser limitada 
ao campo político- militar. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 47 
 
38. O iluminismo representa um pensamento novo oposto a 
ideologia medieval. Descreve as principais ideias do 
iluminismo. 
39. Explique a relação entre o iluminismo e a historiografia 
racionalista. 
40. Quais as modificações trazidas pelo racionalismo no 
processo de produção histórica. 
41. Apresente as ideias dos principais historiadores 
iluministas. 
 
Respostas: 
38. Rever o ultimo parágrafo da página 43. 
39. Rever o 1º parágrafo do ponto 4.2.2. (pagina 44). 
40. Rever do 3º ao 5º parágrafo da página 45. 
41. Rever o 1º parágrafo da página 45; 
 
 
 
 
UNIDADE Temática 4.3. Historiografia Romântica 
Introdução 
Dois acontecimentos marcaram de modo particular o final do século 
XVIII, a Revolução industrial e a Revolução francesa. Aliança entre a 
ciência e a técnica e Revolução Industrial deu lugar, permitiu 
encontrar soluções aplicáveis tanto na indústria como na agricultura, 
na circulação e na investigação científica. 
No século XIX a Revolução Industrial contava já com contributo de 
sucessivos científicos e técnicos suficiente para servir de base 
construção de novos valores e ao renascimento de novas esperanças 
no futuro do homem. A tecnologia desenvolve-se deixando de 
depender das invenções dos práticos sem formação teórica para 
passar a depender de operários especializados e devidamente 
orientados pelos cientistas. Era um contexto particularmente favorável 
a implantação de um pensamento cientifico capaz dar respostas as 
questões postas pela razão e as exigências postas pelas necessidades 
humanas. A industrialização trouxe progressos materiais e com elas 
novas exigências nas ciências naturais, mas também trouxe uma 
seriem de problemas a nível da sociedade tais como a propriedade 
privada, as relações de classe, etc. E pondo o seu estudo pelas ciências 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 48 
 
sociais como filosofia, sociologia, pedagogia. 
Portanto o século XIX é em vários aspectos o prolongamento o das 
ideias iluminista mas com algumas situações histórico-filosóficas novas 
o que, no conjunto, conduz a uma diferenciação nas maneiras de 
encarar e explicar a evolução da humanidade. Como resultado surge 
uma grande divisão do pensamento em várias correntes que a nível da 
história vai conduzir a uma fragmentação das suas concepções. Assim 
no princípio do século divulgou-se o romantismo, enquanto na 
segunda metade dava-se o aparecimento dos embriões das ideias 
científicas nomeadamente o positivismo, o historicismo e o socialismo 
científico. 
 
 Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 Descrever o contexto histórico do século XVIII; 
 Explicar a influência da Revolução francesa para o surgimento do 
romantismo; 
 Descrever a concepção histórica da historiografia romântica; 
 Nomear os principais historiadores românticos. 
 
 
Desenvolvimento 
A revolução francesa iniciada na segunda metade do seculo XVIII, 
influenciou bastante o pensamento do seculo XIX. Ela permitiu a 
expressão de sentimentos a muitos reprimidos, criando um clima 
emotiva que favoreceu a implantação e expansão de romantismo. O 
romantismo insere a defesa de ideias próprias como a liberdade 
politica, a pátria, arte, a moral, etc. É também pela exaltação do 
excepcional dos homens de forte carácter, da natureza e contra tudo o 
que insira fórmulas clássicas pré-estabelecidas. 
Surgido no contexto da Revolução francesa, o romantismo reflectiu 
em si as várias camadas sociais envolvida na dita Revolução, assim 
destacaram-se três tendências/ direcções distintas no seio do 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 49 
 
romantismo: 
Romantismo conservador das velhas classes privilegiadas, a nobreza e 
o clero, e cuja essência era o seu desejo de repor a velha ordem 
aristocrática. Era por tanto a aspiração da reposição do poder do rei e 
da supremacia da igreja. 
Romantismo liberal- a ideologia da burguesia vencedora na Revolução 
francesa e que portanto julga efectivamente realizados os ideais da 
Revolução. 
Aspira a implantação de um novo regime, burguês, assente nos ideais 
defendidos quando da revolução francesa. 
Romantismo socialista defendido pelo San Cullotes, o proletariado, 
que ao longo da guerra desempenharam papel de relevo, 
determinante mesmo, mas que no fim viram melhorada em nada a 
sua condição social, tendo apenas como dizia um dos ideólogo desta 
camada mudado apenas o seu pressor- tinham passado do jugo dos 
reis dos reis e dos clero para o da burguesia. 
No contexto do romantismo como não poderia deixar de ser 
registaram-se formas próprias de concepção de história. A nível da 
investigação histórica, os historiadores românticos prestam particular 
atenção ao passado especialmente a idade media, vista por todos um 
momento particular embora por razoes diferentes. 
Enquanto para os conservadores ela é o centro das virtudes, o 
momento em que se instalou o regime ideias, para os liberais tinha 
sido o período do início da constituição da classe e da sociedade 
burguesa. 
Na época romântica há também a destacar a adaptação de novos 
objectos de estudos em história abandonando-se a história que trata 
exclusivamente dos factos políticos e individuais e iniciando outra que 
considera também os ideológicos e mentais e que se preocupa com o 
conhecimento das sociedades e das suas instituições bem como outros 
povos, civilizações e costumes. 
 As metodologias tiveram igualmente inovação na época romântica 
com o surgimento do método científico assente no elevado espírito de 
rigor, de prudência, de reserva que pressupõe um tratamento cuidado 
dos factos antes de proceder a generalizações. 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 50 
 
4.3.2. Representantes da história Romântica 
Francois Guizot (1787-1874) Debruçando-se sobre o facto histórico a 
respeito do que a apresenta uma ideia mais ampla considerando que 
não é apenas o acontecimento que deve ser encarado como tal, mas 
também a relação entre os acontecimentos. Afirma por outro lado 
Guizot, que o facto histórico não deve ser limitado ao político mais 
instintivo ao facto da civilização. 
Augustin Thierry (1795-1856) Luta pela substituição da históriados 
grandes e dos príncipes pela das massas. Peca por ser pouco rigoroso 
na crítica das fontes. 
Jules Michelet (1798-1874) é o precursor da actual “história total”. 
Presta atenção especial aos factos económico-sociais, culturais, 
religiosos, e psicológicos. 
Alexandre Herculano – Seguiu o caminho de Guizot e Thierry. Dá 
grande importância a sociedade e a valoração do povo trabalhador. 
Procurou, no lugar da história dos indivíduos e peripécias, fazer a 
história da colectividade através das instituições, do direito, 
sentimentos colectivos, relações políticas entre as diversas formações 
e classes sociais. 
Sumário 
O romantismo reflectiu em si as várias camadas sociais envolvidas na 
Revolução Francesa, assim destacaram-se três tendências/ direcções 
distintas no seio da sociedade: o romantismo conservador, o 
romantismo liberal e o romantismo socialista. No contexto do 
romantismo registaram-se formas próprias de concepção de história, 
os historiadores românticos prestam particular atenção ao passado 
especialmente a idade media, vista por todos um momento particular 
embora por razoes diferentes. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 51 
 
42. Descrever o contexto politico do século XVIII. 
43. Descreva o papel da Revolução Francesa para a emergência da 
historiografia romântica. 
44. Caracteriza as principais correntes da historiografia romântica. 
45. Quais são as principais inovações da historiografia romântica no contexto 
de produção histórica? 
46. Nomeie os principais representantes da historiografia romântica. 
 
Respostas: 
42. Rever a introdução desta unidade temática (paginas 47 e 48). 
43. Rever o 1º e 2º parágrafo do desenvolvimento desta unidade temática 
(pagina 48); 
44. Rever do 1º ao 3º parágrafo da página 49; 
45. Rever o penúltimo e último parágrafo da página 49 
46. Rever a página 50; 
 
 
 
 
UNIDADE Temática 4.4. Historiografia Positivista 
Introdução 
 
O positivismo surgiu no âmbito da euforia científica do século XIX 
tendo como principal teórico filósofo Alemão Auguste Comte (1798 – 
1857). Surge na altura, e sob impulso, do triunfo da Burguesia, do 
regime parlamentar, da elite e da fortuna; e no período do impasse 
entre o idealismo e o materialismo pré-marxista. 
O positivismo admitia a relatividade do conhecimento, negava 
expressamente a possibilidade do conhecimento absoluto. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 52 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
 Descrever o contexto científico do surgimento do positivismo; 
 Explicar a principal tese do positivismo; 
 Identificar o principal ideólogo do positivismo; 
 Apresentar as limitações do positivismo. 
 
Desenvolvimento 
 
Tentando resolver o conflito que se instalara entre os idealistas e os 
materialistas, em que os primeiros defendiam a primazia do espírito 
sobre a natureza e a evolução autónoma daquela, enquanto os 
materialistas advogavam o contrário, Comte avançou uma ideia 
segundo a qual não existe conhecimento absoluto. Admitindo sempre 
a existência de uma área incognoscível vedada à razão humana, 
sugere que apenas os fenómenos são cognoscíveis. Portanto 
Positivismo Comtiano restringe os conhecimentos aos fenómenos e às 
relações entre os fenómenos. 
Como dizia A. Comte: “ Não podemos conhecer o que esta para além 
da experiencia, e as reivindicações metafísicas quanto ao 
conhecimento de inobserváveis “essências” reais e de “causas finais” 
são pretensões sem nenhuma garantia. O modelo de investigação, em 
todas as esferas deve portanto ser o dos processos adaptados pelas 
ciências empíricas particulares, cujo objectivo único é descobrir as 
regras que governam a sucessão e a coexistência de fenómenos”. 
É a este sistema, que defende a relatividade do conhecimento em 
oposição ao conhecimento absoluto e é pelo objectivismo em 
oposição ao subjectivismo, que Comte chamou Positivismo. 
A análise de Comte alastrou-se para o campo da sociedade, 
sustentando que a evolução da humanidade tinha conhecido três 
etapas correspondentes a outros tantos estádios de desenvolvimento 
do intelecto humano. 
1° O estado teológico - em que as causas dos fenómenos eram 
atribuídos a Deus ou aos Deuses, que corresponde politicamente ao 
estado Teocrático; 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 53 
 
2° O estado metafísico - em que as causas dos fenómenos eram vagas 
ou imaginárias, politicamente conotado com o estado Anárquico; 
3° O Estado positivo no qual os fenómenos têm causas naturais e que 
corresponde ao estado Sociocrático. 
4.4.1. Historiografia Positivista 
Inspirou-se na noção positivista de ciências da natureza. Para eles o 
processo histórico era idêntico ao processo natural, por isso os 
métodos das ciências da natureza eram aplicáveis à interpretação da 
história. Corresponde a dizer que os historiadores positivistas 
privilegiaram a determinação dos factos, pois segundo a sua ideia que 
só os fenómenos são cognoscíveis este era o único caminho para se 
chegar ao conhecimento. 
Portanto o aspecto dominante da historiografia positivista foi a sua 
tendência de confundir o conhecimento histórico coma recolha e 
classificação dos factos, procurando depois o historiador formular leis 
de evolução histórica da humanidade e estabelecer em seguida os 
factos com rigor crítico dogmático. 
Assim o que os positivistas produziram foi acima de tudo um 
conhecimento histórico pormenorizado resultante de um exame 
cuidado das fontes. A consciência histórica passou a se identificar com 
o escrúpulo infinito em relação a todo o facto isolado, o que conduz a 
uma história assente na monografia. 
De ponto de vista metodológico privilegiou-se a compilação 
acompanhada de uma busca constante de fontes sujeitas, depois a um 
rigoroso exame crítico. 
Os positivistas consideravam que não era trabalho do historiador 
estabelecer as relações entre os factos, mas sim dos sociólogo, que 
aparecia como um super-historiador que fazia ascender a história à 
categoria de ciência. 
Embora se possam fazer inúmeras críticas aos positivistas reconhece-
se nas suas ideias importantes contributos para a ciência histórica. 
Podemos a este respeito mencionar a ideia de que a sociedade 
humana constitui o objecto de estudo de investigação científica como 
qualquer outro, a ser compreendido a luz de leis verificáveis em 
correlação com os factos observados. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 54 
 
Também teve mérito ao reivindicar a interpretação dos chamados 
fenómenos psíquicos ou mentais. 
Outro ideal positivista de grande valor histórico é a sua perspectiva 
colectivista e a sua convicção de que as forças sociais e intelectuais 
básicas constituem a verdadeira determinante da evolução histórica, 
uma vez que a eficiência da legislação e da iniciativa política 
dependem do grau em que se adaptam a tais forças. 
Na historiografia positivista critica-se particularmente a ânsia de 
encontrar leis, o realce exaustivo das fontes limitando demasiado o 
papel interpretativo do historiador na construção histórica. Para além 
disso é uma história que privilegia os aspectos institucionais e 
políticos. Critica-se nela igualmente o facto de ser uma história que 
trabalha a nível de eventos e do tempo curto em detrimento das 
estruturas edas conjunturas (sobre as dimensões do tempo histórico 
falaremos mais a frentes). A acepção positivista do facto histórico é 
também questionável. 
4.4.2. Os historiadores positivistas 
Ernest Renan (1823-1892) – Tentou dar uma explicação racional aos 
milagres referidos na tradição cristã. 
Hipolite Taine (1828-1893) – Atribuiu importância aos factos 
económicos mas deixa-se levar pela sua preferência pela aristocracia. 
Para além disso confia em fontes suspeitas. 
Fustel de Coulanges (1830-1889) – Procura explicar a estrutura das 
sociedades antigas só pelo facto religioso. Limita a crítica história ao 
estudo minucioso e imparcial dos documentos apesar de não se 
preocupar com a origem e a credibilidade das fontes narrativas. Para 
ele “ a historia não é uma arte, é uma pura ciência”. Consiste como 
qualquer outra ciência em verificar os factos, analisa-los, aproxima-los, 
em anotar o elo duns com os outros. Sua única ambição é ver bem os 
factos e compreende-los com exactidão. Fustel crê que não se pode 
ser um verdadeiro historiador sem independência de espírito. 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 4.4 discutimos as características e principais 
ideias da historiografia positivista onde constatamos que: 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 55 
 
 
Para os historiadores positivistas o processo histórico era idêntico ao 
processo natural, por isso os métodos das ciências da natureza eram 
aplicáveis à interpretação da história. O aspecto dominante desta 
historiografia foi a sua tendência de confundir o conhecimento 
histórico com a recolha e classificação dos factos, procurando depois o 
historiador formular leis de evolução histórica da humanidade. Por 
isso, do ponto de vista metodológico privilegiou-se a compilação 
acompanhada de uma busca constante de fontes sujeitas, depois a um 
rigoroso exame crítico. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
47. Nomeie o principal teórico do positivismo. 
48. Em que contexto surgiu o positivismo? 
49. Apresenta as principais etapas da evolução da sociedade segundo 
Comte? 
50. Qual é o aspecto dominante da historiografia positivista? 
51. Descreve o papel do historiador na visão positivista? 
52. Quais são as críticas que se podem fazer à historiografia positivista? 
 
Respostas: 
47. Rever o 1º parágrafo da introdução desta unidade temática (pagina 51). 
48. Rever o 1º parágrafo do desenvolvimento desta unidade temática 
(página 52); 
49. Rever o último parágrafo da página 52. 
50. Rever o 2º paragrafo do ponto 4.4.1 (pagina 53); 
51. Rever o 2º paragrafo do ponto 4.4.1 (pagina 53); 
52. Rever o 2º paragrafo da página 54. 
 
 
 
UNIDADE Temática 4.5. Historiografia Marxista 
Introdução 
 
A historiografia marxista teve Marx e Engels como seus principais 
teóricos. Partindo do princípio de que a importância histórica das 
actividades humanas deve ser avaliada de acordo com a importância 
do papel que essas actividades 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 56 
 
desempenham nos processos de sobrevivência, o marxismo procedeu 
a divisão geral da história da humanidade em períodos, adoptando 
como critério, a evolução dos modos de produção. 
Contrariando a filosofia dominante na época que dava primazia às 
ideias, o marxismo vai privilegiar a matéria, por isso, é também 
conhecido por materialismo histórico. 
 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 Identificar o principal ideólogo da historiografia Marxista; 
 Explicar a principal tese de Marx para evolução das sociedades; 
 Descrever o contexto socioeconómico do surgimento da historiografia 
Marxista; 
 Explicar os factores que contribuíram para a fraca influência da historiografia 
Marxista; 
 Indicar os principais historiadores marxistas. 
 
 
Desenvolvimento 
O socialismo científico foi fundado por Karl Marx (1818-1883) e 
Frederich Engels (1816-1895) que foram os seus maiores 
representantes no século XIX. O contexto do seu surgimento é 
denominado de luta entre o capital e o trabalho, pela exploração da 
mão-de-obra e, consequentemente, por revoltas e lutas armadas. 
É igualmente momento da expansão da revolução industrial e do 
capitalismo, do triunfo dos movimentos nacionalistas, das ideias 
autonomistas dos povos, do sindicalismo. 
As ideias de Marx e Engels foram no essencial produto da sua tentativa 
de compreensão e explicação dos fenómenos do seu tempo, que 
segundo Marx dá o produto e expressão da luta de classes entre o 
proletariado e a burguesia. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 57 
 
O pensamento de Marx não foi uma inovação, mas sim a continuação 
e sobretudo o melhoramento e crítica de ideias já avançadas por 
figuras como John Ball, Thomas More, Feuerbach, Rousseau, Hegel, 
Darwim, os socialistas utópicos, etc. 
Sem menosprezar os outros predecessores de Marx, Hegel foi quem, 
com as suas ideias, impulsionou particularmente o pensamento 
marxista, o socialismo cientifico. 
Criticando Hegel, que defendia que todo o processo histórico é uma 
transformação mudanças das vontades humanas que se exprimem 
pela acção, Marx considerou que também as formas de vida, que se 
exprimem as ideias, se transformam modificando estas. Dai concluiu 
que é a realidade exterior que cabe o papel essencial e dinâmico 
sendo, por isso, as realidades económicas a força motriz do processo 
histórico. 
Para Marx é a realidade económica que determina as relações de 
produção que por sua vez geram as relações sociais específicas, que 
movidas por interesses anatagonicos conferem o processo histórico a 
sua própria dinâmica de luta de classes. 
4.5.1 A concepção marxista da Historia 
A concepção marxista tem como base o processo produtivo e a 
compreensão da forma de intercâmbio relacionada e criada por este 
modo de produção. 
Tenta explicar as várias produções teoréticas e as várias formas de 
consciência, de religião, de filosofia, de moral, a partir da sociedade, o 
que permite, evidentemente, representar a coisa na sua totalidade. 
A concepção marxista histórica, não explica a prática a partir da ideia, 
mas a formação das ideias a partir da prática material. Deste modo 
entende-se que não é a crítica mas a revolução, a força 
impulsionadora da história e bem assim da religião, da filosofia e das 
demais teorias. 
Do exposto acima surge que para os marxistas a historia das 
sociedades humanas consiste numa sucessão de modos de produção – 
esclavagismo, feudalismo, capitalismo – no seio de cada um dos quais 
a estrutura económica impõe-se à super-estrutura jurídica, política 
ideologia, embora haja interacção entre todos estes factores, pois a 
história é globalizante. A passagem de um modo de produção para o 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 58 
 
outro resulta da luta de classes – contradição sempre presente quando 
as forças produtivas entram em choque com as relações de produção. 
Mostra portanto que as circunstancias fazem os homens, tanto como 
os homens fazem as circunstancia. 
Pois bem a concepção marxista de história alarga o objecto de estudo 
da história pois implica estudo das condições materiais de existência 
dos homens e da existência das técnicas e de desenvolvimento 
económico no contexto global das relações industriais. Pressupõe 
também o estudo do papel das massas no processo histórico. 
Vários subsídios ao nível da metodologiaforam legados pelos 
marxistas a história moderna. Os marxistas deixaram de se limitar a 
simples descrição para passar a contemplar no seu trabalho a 
investigação de processos sociais e económicos mais complexos e de 
maior amplitude; introduziram uma nova tendência de história – a 
história global, que abarca diferentes aspectos da vida social 
(económica, politica, mental) e que sobrevaloriza as estruturas sobre 
os acontecimentos, o colectivo sobre o individual, o quotidiano sobre 
o acidental. O marxismo iniciou igualmente uma nova história 
problemática, interdisciplinar, apoiada na longa duração e numa 
perspectiva global. 
Apesar do seu papel inegável mérito a concepção marxista de história 
não teve inserção e muito menos influenciou o pensamento 
historiográfico do seu tempo. A razão disso é que o marxismo mais do 
que uma simples direcção de pensamento integrou igualmente a 
contestação dos seus autores ao sistema capitalista na altura em que o 
capitalismo era o modo de produção dominante, o que levou ao 
chamado bloqueio antimarxista. 
Alguns reparos devem entretanto ser feitos a história marxista: 
 A sobrevalorização das estruturas económicas sobre os 
restantes que leva a que todos os fenómenos sejam explicados 
com base na economia; 
 A colocação das mentalidades na super-estrutura, contrariando 
a actual tendência da historia que é a de colocá-las como ponto 
fulcral da evolução histórica. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 59 
 
 É uma história que acredita numa evolução linear, 
considerando um único modelo de construção do processo 
histórico. 
 Tentava lutar contra a concepção capitalista da evolução da 
sociedade, numa fase em que o capitalismo estava consolidado 
e em franco desenvolvimento. 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 4.5 estudamos e discutimos a historiografia 
marxista no que diz respeito a origem, o principal defensor, as 
principais ideias bem como o seu desenvolvimento. Disto destacamos 
fundamentalmente que foi defendida por Karl Marx e Frederich 
Engels. O contexto do surgimento desta historiografia é denominado 
pela luta entre o capital e o trabalho, pela exploração da mão-de-obra 
e, consequentemente, por revoltas e lutas armadas. 
Foi com base neste contexto que Para Marx é a realidade económica 
que determina o processo histórico e a própria dinâmica de luta de 
classes. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
53. Em que contexto surge a Historiografia Marxista? 
54. Qual é a principal tese do marxismo? 
55. A concepção marxista de história não teve inserção e muito menos 
influenciou o pensamento historiográfico do seu tempo. Explica 
porquê? 
 
Respostas: 
53. Rever o 1º e 2º parágrafo do desenvolvimento desta unidade 
temática (página 56) 
54. Rever o último parágrafo da página 57; 
55. Rever o último parágrafo da página 58; 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 60 
 
 
TEMA – V: A Nova Concepção da Historia a partir da segunda Metade do século XX. 
UNIDADE Temática 5.1. A crise da História no início do seculo XX 
UNIDADE Temática 5.2. Os Annales e o surgimento da História Nova 
(1929-1946) 
UNIDADE Temática 5.3. História Estrutural. 
 
UNIDADE Temática 5.1. A crise da História no início do seculo XX 
Introdução 
 
As ciências Sociais ou humanas surgem em sua forma moderna, na 
segunda metade século XIX em resultado das mudanças que foram se 
operando no século XVIII, nomeadamente: a revolução industrial, a 
revolução americana de 1776 e a revolução Francesa de1789. 
Alguns inquietam-se com tais mudanças e desejariam conter seus 
efeitos; outros, que delas tiram proveito, gostariam de propiciar que a 
nova ordem se estabelecesse sem confrontos. Desenvolvem-se então 
as ciências humanas, com o objetivo de compreender e intervir na 
ordem social da mesma forma que as ciências naturais tentavam 
dominar a natureza. Surgem e desenvolvem-se assim: a ciência 
econômica, a ciência política, a sociologia, a psicologia, e a geografia 
humana. Estas ciências iriam partilhar o mesmo objecto de estudo da 
História. 
 
 Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 Situar a crise da História no tempo; 
 Descrever as causas da crise da história; 
 Explicar as manifestações da crise da História. 
 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 61 
 
Desenvolvimento 
 
Nos princípios do século XIX a história era dona e senhora do 
conhecimento humano, uma vez que por privilegiar os aspectos 
políticos, institucionais e culturais, como era característico da 
história positivista, tornou-se o domínio preferido dos dirigentes, o 
único modelo susceptível de fornecer normas de acção. 
A partir do século XX a história começou a perder importância 
devido a vários factores: 
1- A crítica feita por novas correntes historiográficas a história 
tradicional. 
 O materialismo histórico que trouxe uma nova concepção, 
materialista, de história acentuando o papel das massas e não 
dos indivíduos, a importância da história estrutural e de longa 
duração em detrimento daquela que privilegia os aspectos 
particulares e factuais, o estudos das economias e das 
sociedades no lugar dos aspectos políticos, a descontinuidade 
do processo histórico e o papel de luta de classes. 
 Teoria da revisão da síntese histórica “a revué de sinthese 
historique” fundada por Henri Berri, em 1900 marcou a ruptura 
do positivismo e o historicismo. A visão analítica, factual e 
monográfica foi substituída pela síntese; 
 Em 1903 François Simiand denunciou a história politica, 
individual e cronológica. 
2- As novas correntes de pensamento 
 Os estudos filosóficos – que alargaram o conhecimento do 
homem de si mesmo; 
 O estruturalismo – cujo surgimento alterou o conceito do 
homem e da própria história. 
3- A evolução científica da época – a rápida evolução dos 
conhecimentos científicos, que agora se renovam 
constantemente, revolucionam os quadros do saber 
estabelecido que assim deixa de ser um facto acabado para ser 
algo em constante mudança, como os homens. 
4- A emergência das ciências sociais e humanas 
A história começa a perder na segunda metade do século XIX o 
exclusivo do conhecimento do homem devido a individualização e a 
institucionalização, como ciências, de novos campos de análise e 
compreensão dos fenómenos sociais e humanos: sociologia, Geografia 
humana, Antropologia social e cultural, etc. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 62 
 
O aparecimento destas ciências e a sua entrada no campo que antes 
era exclusivo da história veio colocar aos historiadores três novos 
problemas, nomeadamente o da definição do conteúdo específico da 
história, o da reformulação da sua função objectiva nas sociedades 
modernas e o da metodologia. 
 
5.1.1. As manifestações da crise da Historia 
Dissemos que a história entrou num momento de crise nos princípios 
do século porque a partir desta altura e na sequência dos factores 
mencionados acima a história deixa de monopolizar o conhecimento 
do homem e das civilizações, ou seja, neste momento já não é só a 
história que nos fornece todas as informações relativas ao homem. 
A crise se também manifesta pelo facto de certas questões que antes 
eram tratadas em história terem passado para outros domínios do 
conhecimento, o que corresponde a dizer que foram arrancados da 
história certos conteúdos. 
Para além disso a históriaperdeu credibilidade por se atrasar na 
adopção de uma metodologia científica própria e a sua função 
específica começou a ser contestada. Em alguns países a História 
chegou mesmo a ser retirada nos curricula escolares pelo facto de ser 
generalista e sem aspecto específico no homem que era também 
objecto de outras ciências sociais. 
 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 5.1 discutimos fundamentalmente a crise da 
História. Neste contexto é importante reter que a História até 
princípios do seculo XIX conservava o monopólio do conhecimento do 
homem, mas este papel iria perder no final do mesmo seculo, devido 
principalmente a emergência de novas ciências sociais que também 
tinham o homem como objecto de estudo. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 63 
 
56. Situe a crise da História no tempo. 
57. Descreve os factores que conduziram à crise da História. 
58. Quais foram as principais manifestações da crise da História? 
 
Respostas: 
56. Rever o 1º e 2º parágrafo do desenvolvimento desta unidade temática 
(página 61) 
57. Rever do 3º ao ultimo parágrafo da página 61. 
58. Rever o ponto 5.1.1(pagina 62). 
 
 
 
 
UNIDADE Temática 5.2. Os Annales e o surgimento da História Nova (1929-1946) 
Introdução 
 
A História ganhou muito com o contacto com outras ciências humanas 
e sociais. É deste contacto que sai a “História Nova”. Mas tal contacto 
levanta problemas, quer ao nível dos campos de observação, quer ao 
nível dos métodos, quer ao nível mais geral da relação entre as 
ciências humanas em que existem tentativas de “domínio” de umas 
ciências sociais por outras. Dado que todas elas têm como objecto o 
conhecimento do homem, segundo perspectivas e métodos próprios, 
a interdisciplinaridade das ciências sociais tem sido extremamente 
frutuosa na tentativa de compreensão dos problemas humanos. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 Identificar os meios usados pela História para superar a crise; 
 Identificar os criadores da revista Annales; 
 Descrever o contributo da revista Annales para superar a crise; 
 Descrever a concepção histórica da “História Nova”. 
 
Desenvolvimento 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 64 
 
Nos princípios do século XX, como já dissemos anteriormente, viveu-se 
um momento de contestação a história tradicional e procura de novos 
caminhos a nível de pensamento. Impunha-se uma reformulação o 
que começou com a criação da revista Annales por Lucien Febre e 
Marc Bloch em 1929. 
Nos Annales foram publicadas varias ideias novas sobre a história, 
produzidas a partir da evolução historiográfica dos séculos XVIII e XIX, 
tornando-se esta revista uma verdadeira escola historiográfica. 
Até 1946 os Annales tiveram nos seus fundadores os maiores 
impulsionadores o que não significa que tenham trabalhado 
totalmente sozinhos nesta transformação da história. Durante esta 
fase ocorreram importantes modificações na ciência histórica. 
Um dos pressupostos básicos da história dos Annales era a luta contra 
a historiografia positivista tradicional. Era portanto a luta contra a 
história politica e individualizada, factual e superficial, opondo a esta 
história a dos homens e populações totais, económica e social que se 
pretendia elevar a uma história comparada das civilizações. 
Buscava-se uma história explicativa, problemática e não automática, 
profunda e total. 
A história dos Annales propõe um alargamento do território do 
historiador ou seja uma historia total, global. Recusa a selecção 
simples dos factos e a valorização apenas dos referentes aos dirigentes 
da vida pública ou a classe dominante. Considera importante todos os 
factos que influam nas condições basilares de existência da sociedade 
modelando atitudes de vários grupos na vida real dos seus 
componentes. 
É portanto uma história de todos os homens ou simplesmente a 
história humana. 
O desejo dos Annales sobre o alcance da história está bem expresso na 
seguinte frase de Marc Bloch: “A verdadeira história é uma história 
Universal”. 
Os Annales apresentam uma nova visão de documento histórico. Para 
eles o documento histórico não é só o escrito, mas também o 
figurado, o vestígio arqueológico, a informação oral, etc. Tudo o que 
pode informar sobre o passado dos homens. 
Finalmente, os Annales têm também uma atitude diferente da dos 
positivistas no que diz respeito ao papel do historiado, pois para eles 
tem um papel activo na construção histórica. 
Para os Annales o facto nunca existe, senão num certo contexto e que 
o acontecimento só chega a categoria de facto histórico depois que o 
historiador o tiver conduzido a isso integrando-o numa determinada 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 65 
 
teia de relações. Por isso o facto histórico é uma criação do 
historiador. 
Sendo assim, embora sem os exageros dos historicistas, os Annales 
conferem ao historiador um papel importante na construção do 
conhecimento histórico. 
Também lutaram por uma história que não se limitasse a descrever os 
acontecimentos mas que procurasse resolver ou pelo menos colocar 
problemas pela história -problema, para eles a grande história. 
 
5.2.1. A evolução da historiografia a partir de 1946 
A partir de 1946 a revista annales alargou os seus horizontes já com L. 
Febre sozinho a frente da direcção (Marc Bloch foi assassinado pelos 
Nazis em 1944) mas contando com uma valiosa colaboração de Robert 
Mandrou, Marc Ferro, Cherles Morazé, Fernand Braudel, Vitorino 
Magalhães Godinho, etc. 
A “Historia nova”, procura estruturar-se melhor, definir os seus 
campos, a sua problemática, os seus métodos e técnicas (…) Por todos 
os países, vão surgindo novas maneiras de ver a história, adaptadas 
muitas vezes as condições e problemáticas nacionais. Dai a 
multiplicidade de obras que vão saindo a lume sobre metodologia e 
epistemologia novas da história, mas também novas obras sobre 
problemas até há pouco tempo desprezadas pelos historiadores: a 
família, o amor, as festas populares, o clima etc.” 
Portanto a história regista a partir de 1946 uma reformulação: 
(i) a nível de objecto de estudo – com a adopção de novos objectos 
como a família, a sexualidade, a morte, a delinquência, a religião 
popular etc. Até ai reservados a outras ciências sociais. Também busca 
novos heróis: marginais, mulheres, camponeses, operários, etc. 
Tudo o que diz respeito ao homem é agora matéria de estudo em 
história. 
(ii) a nível metodológico – aperfeiçoando o seu método de 
investigação e analise e encontrar novas técnicas e meios de 
investigação podendo assim usar muitas e novas fontes históricas, o 
que se deveu a evolução cientifica da época, em geral, e ao 
aperfeiçoamento das ciências auxiliares da historia em particular. 
Deste desenvolvimento resulta um alargamento no âmbito 
cronológico da história. Surge assim na história nova há uma espécie 
de dialéctica entre o passado e o presente, em que se procura 
compreender o presente pelo passado e o passado pelo presente. 
(iii) no campo geográfico – Passando a defender a universalidade em 
oposição ao eurocentrismo. A história 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 66 
 
nova nega a sobrevalorização de certos povos minimizando outros. É 
também contra a análise individualizada dos diferentes povos 
propondo a integração das sociedades num todo, destacando-se 
claramenteos delineamentos, marcando as relações e as inter-
influencias, as condições de isolamento, discernindo o centro donde 
partem as invenções numa sucessão cronológica, daqueles que as 
recebem. 
Sumário 
Nesta Unidade temática 5.2 descrevemos as tentativas de superação 
da crise da História através da revista Annales e mais tarde a História 
Nova. 
A partir de 1946 a revista annales alargou os seus horizontes 
inaugurando uma nova era que ficou conhecida como “Historia nova”. 
A História nova, procura estruturar-se melhor, definir os seus campos, 
a sua problemática, os seus métodos e técnicas. Tudo o que diz 
respeito ao homem é agora matéria de estudo em história. 
Com estes avanços a História reconquistou o seu espaço ao definir 
como objecto de estudo o homem no tempo e espaço abordando 
aspectos económicos, culturais, políticos, etc.. Por isso assumiu-se 
como ciência de síntese e as outras ciências sociais passaram a ser 
ciências auxiliares da História, apelando à interdisciplinaridade. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
59. Na unidade anterior ficou claro que a Historia entrou em crise com a 
emergência de novas ciências sociais. Quais foram os meios usados pela 
história para superar a crise? 
60. Quem foi o fundador da revista annales?. 
61. Em que contexto aparece a História Nova? 
62. Qual foi o contributo da Historia Nova para Historia Global? 
63. Qual foi a concepção histórica da História Nova? 
 
Respostas: 
59. Rever as páginas 64 e 65. 
60. Rever o 1º parágrafo da página 64. 
61. Rever o 1º e 2º parágrafo do ponto 5.2.1 (página 65). 
62. Rever os três últimos parágrafos da página 65. 
63. Rever o 3º paragrafo do ponto 5.2.1 (pagina 65). 
 
 
 
 
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 67 
 
UNIDADE Temática 5.3. Historia Estrutural 
Introdução 
 
O Estruturalismo, uma outra visão da História Nova, é produto do 
princípio da totalidade, segundo o qual, a realidade se encontra 
totalmente integrada, não havendo nada que não faça parte do todo. 
O alargamento do objecto de estudo da História, obriga com 
frequência à interdisciplinaridade na perspectiva a realidade na sua 
totalidade. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 Identificar o principal teórico da História Estrutural; 
 Caracterizar a História Estrutural; 
 Descrever as principais limitações do estruturalismo; 
 Descrever as tentativas da História nova para superar as críticas a que estava 
sujeita a História. 
 
 
Desenvolvimento 
 
 Após a morte de Lucien Febre em 1956, os annales passaram para a 
direcção de Fernand Braudel e iniciou-se, uma nova etapa na evolução 
da história particularmente desde que em 1956 Braudel publicou o seu 
artigo “Historia e ciências sociais: a longa duração”contendo as linhas 
mestras da actual etapa da história nova: a história estrutural baseada 
na longa duração. 
A Estrutura designa particularmente as formas e as actividades 
relativamente permanentes nas relações de proporções, nas 
dimensões relativas, nas relações entre as forças de produção. Em 
geral as estruturas envolvem lentamente, mas certas modificações 
podem tomar a forma de mutações violentas como por exemplo uma 
inovação técnica, uma revolução política, etc. 
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 68 
 
 
5.3.1. Características da Historia Estrutural 
A recusa da concepção positivista do facto singular como objectivo 
principal do conhecimento histórico impôs que a história recorresse a 
conceitos de outras ciências sociais. Neste contexto a conjuntura e a 
estrutura entram no âmbito da história, que agora pretende privilegiar 
o conjunto, as grandes massas, estar atenta as flutuações, dinâmica no 
tempo e no espaço. A partir desta base Braudel e o Sociólogo Gurvitch 
introduziram as noções de geo-história e o complexo histórico – 
geográfico, viria se a tornar num importante subsidio para a 
periodização e síntese histórica. Estas noções permitem fazer mais 
inteligível o que parece como caótico, integrando os acontecimentos 
em estrutura, num espaço determinado. 
1) Introduz-se um novo conceito de tempo histórico, recusando o 
tratamento dado ao tempo pelas correntes tradicionais. 
Braudel sugere que o tempo histórico deve ser medido de acordo com 
a duração, sequencia, permanência ou mudança dos fenómenos e não 
pela sequência do calendário pois, nem sempre o tempo social 
coincide com o tempo cronológico. 
Partindo desta base Braudel propõe um modelo triplo de duração 
histórica: 
- Um tempo curto (o tempo dos acontecimentos se ocupa com as 
ocorrências de superfície que não exige nem investigação nem analise 
profunda; 
- A média duração estuda as pequenas variações cíclicas as 
conjunturas. 
- A longa duração estuda as grandes repetições ou as grandes 
permanências. É o tempo das esturraras ou a historia estrutural. 
2) A aproximação das ciências sociais e o valor da interdisciplinaridade. 
O ideal de historia total e a teoria de longa duração levaram a historia 
a uma maior aproximação com as ciências humanas e sociais, a 
interdisciplinaridade, a fim de captar o social na sai totalidade. De 
facto seria impensável fazer-se o tipo de história que se defende nesta 
altura sem o recurso a outros campos do saber. 
Assim a história tem ligação com a Antropologia, sociologia, economia, 
geografia, psicologia, linguística, ciências da vida, matemática, etc. 
3) A revolução nas metodologias 
- a especialização e o trabalho em equipe 
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 69 
 
A historia total, global, interdisciplinar e comparativa que se pretende 
na historia nova impõe cada vez a especialização, apoiada e 
completada, por um trabalho de equipe interdisciplinar e integrador. 
- A crítica a história nova 
Não obstante aos progressos registados ao longo dos séculos de 
aperfeiçoamentos a todos níveis continuam em pleno século XX a se 
apontar incorrecções na ciência histórica. Aliás isso não é de espantar 
pois todo o conhecimento é relativo e, nunca se constituiu como um 
dado feito, esta em constante reformulação. 
Entre as limitações da história estrutural aponta-se em primeiro lugar 
a falta de originalidade, afirmando, os críticos, que os annales ao 
atribuírem a dignidade histórica a outros heróis e a outros campos, 
sem mudar a perspectiva, sem fizeram mas do que retirar esses 
elementos a outras ciências, portanto a nova historia não tem nada de 
original. 
Na continuação das críticas considera-se que a história nova, ao 
mesmo tempo que suscitou o gosto pela história aproveitou-se dela 
para fazer da história uma forma de literatura, um espectáculo 
enquanto o historiador se transformava num encenador. Consideram 
assim que a história feita como entendiam os historiadores da escola 
nova acabou perdendo rigor científico passando a partir da intriga, da 
“conversa de café”. 
Mas não terminaram por aqui as criticas. Considera-se igualmente que 
a tentativa de explicação da problemática do passado, conduz o 
historiador a reflectir, na suas obras, mas nos problemas do presente, 
de que é portador e com os quais se identifica do que nos da época 
sobre que se debruça. Assim a história perde objectividade. 
Outros aspectos criticados na historia nova são a dispersão de atenção 
do historiador pelos campos da sociedade, economia, psicologia etc. e 
a consequente especialização que, dizem, leva uma imagem de uma 
historia em fatias, aos bocados, devido a muitos trabalhos que passam 
a ser necessários na historia nova e; perspectiva demasiado sincronia 
da históriaestrutural e o desprezo pelo acontecimento e pela 
diacronia que se entende como movimentos que desvirtuam o sentido 
da historia. 
- As novas propostas 
As críticas à história nova foram acompanhadas pelo surgimento, nos 
anos setenta, na Inglaterra e EUA, de novas correntes historiográficas, 
por um lado herdeiras da história nova e, por outro lado, reagindo 
contra aquilo que se pode considerar limitações dessa história. Estas 
correntes dão corpo a uma nova perspectiva histórica chamada novo 
Estruturalismo. 
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 70 
 
 
5.3.2. O novo estruturalismo 
Entre as suas ideias chave: 
(i) O retorno à narrativa e a divisão linear do discurso histórico; 
(ii) O progresso a valorização do acontecimento, agora integrado 
sob todos os prismas, no seu próprio tempo; 
(iii) O retorno à história política. 
O novo estruturalismo é por uma nova noção de tempo que nega a 
tradicional, que o coloca como pano de fundo dos acontecimentos, 
propondo que se encare como parte intrínseca do acontecimento. 
Assim segue-se a princípio a tripla dimensão iniciada por Braudel, mas 
considera-se que o historiador deve ser atencioso no seu tratamento 
evitando sobrevalorizar uns e menosprezar outros. 
 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 5.3 estudamos e discutimos a Historia 
Estrutural onde podemos reter principalmente as ideias que se 
seguem. 
A história estrutural foi teorizada principalmente por Fernan Braudel e 
defendia que a realidade histórica é feita de realidades de duração 
diferente: a longa duração das estruturas, a média duração das 
conjunturas e a curta duração dos factos. Trouxe igualmente a ideia de 
História total em oposição à História compartimentada em social, 
económica, etc.. 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 71 
 
64. Quem foi o fundador da História Estrutural? 
65. O que entende por conjuntura e Estrutura? 
66. O que entende por História total? 
67. A História Estrutural, tal como as outras correntes, foi muito criticada. 
Quais são as principais críticas a que estava sujeita. 
 
Respostas: 
64. Rever o 1º parágrafo do desenvolvimento desta unidade temática 
(pagina 67) 
65. Rever o 1º parágrafo do ponto 5.3.1 página 68. 
66. Rever os 3 últimos parágrafos da pagina 68. 
67. Rever a página 69. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 72 
 
 TEMA – 6: A Historiografia Africana e Moçambicana 
UNIDADE Temática 6.1. Historiografia Africana 
UNIDADE Temática 6.2. Historiografia Moçambicana 
 
UNIDADE Temática 6.1: Evolução da historiografia africana 
Introdução 
 
Depois da análise historiográfica feita desde a antiguidade ate a época 
contemporânea, tratando da Europa e parte do oriente, passamos à 
análise da historiografia africana. Diferentemente das outras 
historiografias, a concepção africana da História foi sempre 
questionada, ou mesmo considerada inexistente. 
A visão eurocêntrica da história resultou da convergência do 
Renascimento, do Iluminismo e da evolução científica e industrial. 
Partindo do que chamavam herança greco-romana única os 
eurocentristas julgavam os objectivos, os conhecimentos, poder e 
riqueza da sua sociedade preponderantes e que como tal a civilização 
europeia devia se sobrepor as demais. Consequentemente a sua 
Historia era chave de todo o conhecimento e dos outros em especial a 
Africa sem nenhuma importância. 
Hegel (1770-1813) definiu explicitamente essa posição em sua 
Filosofia das Historia, que contem afirmações como as que se sequem: 
“A África não é um continente histórico; ela não demonstra nem 
mudança nem desenvolvimento. Os povos negros são incapazes de se 
desenvolver e de receber uma educação. Eles sempre foram tal como 
os vemos hoje”. Este ponto de vista manteve-se no século XIX e tem 
ainda alguns adeptos em pleno segundo XX. 
Portanto, o que se pretende nesta abordagem é uma tentativa de 
mergulhar nos imensos problemas ligados a elaborações e concepção 
da história como ciência em África. 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 73 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 Periodizar a Historiografia Africana; 
 Identificar as primeiras literaturas históricas em África. 
 Identificar os principais historiadores africanos; 
 Descrever as principais limitações da historiografia africa; 
 Identificar as principais fontes para a Historiografia Africana. 
 
Desenvolvimento 
 
O homem é um animal histórico. O homem africano não escapa a esta 
definição. Como em toda a parte, ele faz sua história e tem uma 
concepção dessa história. No plano dos fatos, as obras e as provas de 
sua capacidade criativa estão ai sob nossos olhos em formas de 
práticas agrárias, direitos consuetudinários, organizações políticas, 
produções artísticas, celebrações religiosas e refinados códigos de 
etiqueta. Desde o aparecimento dos primeiros homens, os Africanos 
criaram ao longo de milénios uma sociedade autónoma que 
unicamente pela sua vitalidade é testemunha do génio histórico de 
seus autores. Sendo a consciência histórica um reflexo de cada 
sociedade, e mesmo de cada fase significativa na evolução de cada 
sociedade, compreender-se-á que a concepção que os Africanos 
possuem sobre sua própria história e de história em geral seja 
marcada por seu singular desenvolvimento. O simples fato do 
isolamento das sociedades é suficiente para condicionar estreitamente 
a visão histórica. 
Os primeiros trabalhos sobre a Historia da África são tão antigos 
quanto o início da história escrita. Os primeiros trabalhos sobre a 
história de África surgiram praticamente com o surgimento da escrita. 
Entretanto esses são referentes ao norte de África que integrava as 
civilizações do velho mundo mediterrânico e islâmica medieval. 
Entre os primeiros historiadores da África, encontra-se um importante 
e grande historiador no sentido amplo do termo: referimo-nos a Ibn 
Khaldun (1332-1406) que, se fosse mais conhecido pelos especialistas 
ocidentais, poderia legitimamente roubar de Heródoto o título de “pai 
da Historia”. Ibn Khaldun era norte-Africano nascido em Túnis. Uma 
parte de sua obra é consagrada a África e às suas relações com outros 
povos do Mediterrâneo e do Oriente Próximo. Da compreensão dessas 
relações ele induziu uma concepção que faz da Historia um fenómeno 
cíclico, no qual os nômades das estepes e dos desertos conquistaram 
as terras aráveis dos povos sedentários e ai estabeleceram vários 
reinos, que, depois de cerca de três 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 74 
 
gerações, perderam sua vitalidade e se tornaram vítimas de novas 
invasões de nômades 
Ibn khaldun distingue-se de seus contemporâneos não somente por 
ter conhecido uma filosofia da história, mas também – e talvez 
principalmente – por não ter, como os demais atribuído o mesmo 
peso e o mesmo valor a todo o fragmento de informação que pudesse 
encontrar sobre o passado; acredita que era preciso aproximar-se da 
verdade passo a passo, através da crítica e da comparação. 
Na África ocidental, norte de Sudão e África Oriental as melhores 
informações são de autores árabes que lá passaram ou se tinham 
instalado para o comércio. Dentre eles se destacam al-Mas´udi (que 
morreupor volta de +950), al-Bakri (1029-1094), al-Idrisi (1154), Yakut 
(cerca de 1200), Abu´Fida (1273-1331), al´Umari (1301-1349), Ibn 
Battuta (1304-1369) e Hassan Ibn Mohammad al-Wuzza´n (conhecido 
na Europa pelo nome de Leão, o Africano, 1494-1552 
aproximadamente) são de grande importância para reconstrução da 
história de África, em particular do Sudão ocidental e central, durante 
o período compreendido entre os séculos IX e XV. 
O essencial da contribuição de cada um deles consiste numa descrição 
das regiões da África a partir das informações que puderam colher na 
época em que escreveram. 
Quando o Islã atravessou o Saara e se expandiu ao longo da costa 
ocidental trazendo consigo a escrita árabe, os negros africanos 
passaram a utilizar textos escritos ao lado dos documentos orais do 
que já dispunham para conservar sua história. 
Os mais elaborados dentre esses primeiros exemplos de obras de 
Historia actualmente conhecidas são o Ta´rikh al-sudan e o Tar´rikh el 
–Fattash, ambos escritos em Tombucto principalmente no século XVII. 
É importante distinguir os Tar’ikh de Tombuctu de outras obras 
históricas escritas em árabe para os africanos, tais como as conhecidas 
pelos nomes de Crónica de Kano e Cronica de Kilwa. Estes últimos nos 
oferecem somente anotações directas, por escrito, de tradições que 
até então eram, sem dúvida alguma, transmitidas oralmente, embora 
uma versão da Cronica de Kilwa pareça ter sido utilizada pelo 
historiador português de Barros no século XVI. 
A África tropical continuava fechada, sem conhecer a escrita com o 
seu passado conservando-se e transmitindo-se por via da oralidade e 
da experiencia. Nesta região o estudo foi bastante limitado e as 
informações de autores antigos para além de raras, não inspiram 
muita confiança. Só na época clássica as primeiras fontes credíveis 
sobre o mar vermelho e o indico escritas por mercadores. 
No século XV os europeus começaram o contacto com a costa africana 
dando origem à produção de obras literárias de valor histórico. Quatro 
regiões da África tropical foram 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 75 
 
objecto de particular atenção: a Costa da Guine na África Ocidental; a 
região do Baixo Zaire e de Angola; o vale do Zambeze e as terras altas 
vizinhas, e, por fim, a Etiopia. Nessas regiões, durante os séculos XVI e 
XVII, houve uma considerável penetração em direcção ao interior. 
Havia diferença de interesses entre os comerciantes e os missionários. 
Enquanto os africanos forneciam as mercadorias que os europeus 
desejavam comprar, como era em geral o caso da Guiné, os 
negociantes não se sentiam impelidos a mudar a sociedade africana; 
eles se contentavam em observa-la. Os missionários, ao contrário, 
sentiam-se obrigados a tentar alterar o que encontravam e, nessas 
condições, um certo grau de conhecimento da história de África 
poderia lhes ser útil. Na Etiópia, as bases já existiam. Podia-se 
apreender o gueez e aperfeiçoar seu estudo, bem como utilizar as 
crónicas e outros escritos nesta língua. Obras históricas sobre a Etiópia 
foram elaboradas por dois eminentes pioneiros entre os missionários, 
Pedro Paez (morto em 1622) e Manoel de Almeida (1569-1646), e uma 
história completa foi escrita por um dos primeiros orientalistas da 
Europa, Hiob Ludolf (1634-1707). No baixo vale do Congo e em Angola, 
assim como no vale do Zambeze e em suas imediações, os interesses 
comerciais eram provavelmente mais fortes que os da evangelização. 
 
Os contactos com os missionários cristãos parecem ter desempenhado 
um papel significativo. Assim, floresceu em Uganda uma escola 
importante de historiadores locais desde a época de A. Kagwa (cuja 
primeira obra foi publicada em 1906); ao mesmo tempo, R. C. C. Law 
anotou, para a região ioruba, 22 historiadores que haviam publicado 
trabalhos antes de 1940, em geral (como alias os autores ugandeses) 
em línguas nativas. 
 
A promoção de uma história de África descolonizada começa por volta 
de 1947, quando intelectuais africanos começaram a definir a sua 
concepção em relação ao passado africano e a buscar nele as fontes 
de uma identidade cultural negada pelo colonialismo. Estes 
intelectuais refinaram e ampliaram as técnicas de metodologia 
histórica desembaraçando-a, ao mesmo tempo, de uma serie de mitos 
e preconceitos subjectivos. 
A partir de 1948, a historiografia da África vai progressivamente se 
assemelhando à de qualquer outra parte do mundo. É evidente que 
possui problemas específicos, como a escassez relativa de fontes 
escritas para os períodos antigos e consequente necessidade de laçar 
mãos de outras fontes como a tradição oral a linguística ou a 
arqueologia. Mas, embora a historiografia africana tenha traduzido 
importantes contribuições no que diz respeito ao uso e a 
interpretação dessas fontes, ela não se distingue fundamentalmente 
da historiografia de outros países da América latina, da Ásia e da 
Europa que enfrentaram problemas análogos. Assim foram criadas 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 76 
 
Universidades com departamentos de Historia marcando um novo 
impulso à Historia de África. 
As independências dos países africanos a partir da década de 1960 
criaram um renovado interesse pela Africa e uma considerável 
curiosidade popular. A implantação da nova história de África foi obra 
de historiadores profissionais que fizeram dela o objecto do seu 
ensino e os seus escritos. O estudo da história de África constitui hoje 
uma actividade bem estabelecida, a cargo de especialistas de alto 
nível. Seu desenvolvimento ulterior será assegurado pelos 
intercâmbios interafricanos e pelas relações entre Universidades de 
África e de outras partes do mundo. 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 6.1 estudamos e discutimos a Historiografia 
Africana. Nesta abordagem constatamos que Diferentemente das 
outras historiografias, a concepção africana da História foi sempre 
questionada, ou mesmo considerada inexistente devido a raridade de 
fontes escritas referentes a períodos mais recuados. 
Os trabalhos mais antigos sobre a Historia da África são referentes ao 
norte de África que integrava as civilizações do velho mundo 
mediterrânico e islâmica medieval. A África tropical entrou na histórica 
a partir do século XV quando os europeus começaram o contacto com 
a costa africana dando origem à produção de obras literárias de valor 
histórico. 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 77 
 
68. A história africana sempre foi negada pelo Ocidente. Explica as razões. 
69. Havia diferença de interesses entre os comerciantes e os missionários. 
Qual foi o papel dessa diferença para a produção histórica? 
70. De que período datam as primeiras obras de caracter histórico em África? 
71. Quais foram os principais historiadores da África antiga? 
72. Qual é o principal contributo dos primeiros autores àrabes? 
73. A partir do seculo XV os europeus atravessaram o Saara preocupando se 
com quatro regiões tropicais. Quais? 
74. Apresenta as principais limitações da Historiografia africana. 
 
Respostas: 
68. Rever a introdução desta unidade temática. 
69. Rever o 2º parágrafo da página 75. 
70. Rever o penúltimo e ultimo paragrafo da página 73. 
71. Rever o ultimo parágrafo da página 73 
72. Rever o 3º parágrafo da página 74. 
73. Rever o ultimo parágrafo da página 74. 
74. Rever o penúltimo paragrafo da página 74; 
 
 
 
 
 
UNIDADE Temática 6.2: Historiografia Moçambique 
Introdução 
 
Embora de diversa proveniência e qualidade, é relativamente 
abundante adocumentação ao dispor dos estudiosos que procuram 
dedicar-se à historiografia de Moçambique. Mas para que possa ser 
convenientemente aproveitada torna-se indispensável o seu 
conhecimento com suficiente pormenor. Como também exige 
cuidadosa ponderação e infinita paciência quer a identificação dos 
elementos supérfluos e indignos de confiança quer a particularização 
das informações respeitantes aos agrupamentos étnico- linguísticos 
tradicionais. 
 
 
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 78 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 Descrever a evolução das fontes para a História de Moçambique; 
 Explicar as dificuldades da historiografia moçambicana; 
 Descrever as principais limitações da historiografia Moçambicana. 
 
Desenvolvimento 
 
A reconstituição de certos períodos da Historia de Moçambique 
enferma muitas vezes de uma falta de informações escritas fiáveis ou 
de fontes inacessíveis aos investigadores. Deste modo, em muitos 
casos a informação oral acaba sendo a única fonte disponível. 
A literatura sobre História de Moçambique para períodos anteriores 
ao século XV é muito escassa exceptuando alguns relatos do seculo X 
dos mercadores árabes como Ibn Shahriyar e Al-Mas’udi. Estes relatos 
referem-se à baia de Sofala como terminar de ouro. A África tropical 
continuava fechada, sem conhecer a escrita com o seu passado 
conservando-se e transmitindo-se por via da oralidade e da 
experiencia. 
A partir do século XV, graças aos contactos com os europeus aparece 
uma literatura histórica que para além de raras, não inspiram muita 
confiança porque são da autoria dos europeus que retratavam 
aspectos culturais e políticos das sociedades moçambicanas. Os 
primeiros relatos referem-se ao vale do Zambeze e todo litoral de 
Moçambique como primeiros locais com quem os europeus entraram 
em contacto. É de grande importância para este período o “diário de 
bordo” da viagem de Vasco da Gama da autoria do Álvaro Velho. 
A maioria dos estudiosos da História de Moçambique são unanimes 
em reconhecer que a historiografia colonial deixou uma base 
fragilíssima em termos de estrutura de fontes. A documentação deste 
período é rica em descrições de natureza etnográfica, memoria de 
viajantes e legislação colonial, apresentando tendências para um 
registo fraco das lutas populares contra o sistema colonial, da 
introdução desse sistema e do seu impacto na formação social 
moçambicana, tornando muito difícil a reconstituição da História. 
Depois da segunda Guerra Mundial, as circunstancias e a atmosfera 
política estimularam o aparecimento de uma literatura marcada por 
uma rejeição da cultura colonial. São exemplos dessa tendência os 
poemas de Noemia de Sousa, José Craveirinha, João Dias, João 
Albazine etc. 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
 79 
 
Com a independência nacional em 1975 os historiadores 
moçambicanos começam um processo sem precedentes para a 
produção de uma história de Moçambique descolonizado. Surgiu uma 
geração de estudiosos nacionais que procurou romper com a 
historiografia herdada do colonialismo, tentando fazer uma 
problematização. No contexto escolar, é o período em que se lançam 
as bases para a elaboração dos futuros manuais de história, o que 
marcou uma ruptura com o sistema de educação colonial. Como 
consequência, em 1978 surge o primeiro manual de história para 5ª e 
6ª Classes, intitulado “África: Das origens ao século XV”. 
Em 1982 foi publicada a primeira obra de História de Moçambique 
intitulada: “História de Moçambique: Primeiras Sociedades 
Sedentarias e o Impacto dos mercadores (200/300 – 1886) da autoria 
de Historiadores ligados à Universidade Eduardo Mondlane. Dessa 
data em diante multiplicaram-se as publicações de historiadores 
nacionais focalizando eixos temáticos como por exemplo: Resistências, 
prazos do vale do Zambeze, tráfico de escravos, movimentos de 
libertação nacional entre outros. 
Em 1991, estudiosos ligados ao Centro de Estudos africanos 
publicaram uma coletânea de artigos intitulada: “ Moçambique 16 
anos de Historiografia: Focos, Problemas, Metodologias, Desafios para 
a década de 90”. Esta obra em termos práticos apresenta os 
problemas que um estudioso da História de Moçambique pode 
enfrentar na reconstituição do processo histórico de Moçambique. 
Ensaia também algumas tentativas metodológicas para compensar a 
extrema escassez de fontes. 
 
 
Sumário 
Nesta Unidade temática 6.2 estudamos e discutimos a Historiografia 
Moçambicana onde retivemos o seguinte: A reconstituição de certos 
períodos da Historia de Moçambique enferma muitas vezes de uma 
falta de informações escritas fiáveis ou de fontes inacessíveis aos 
investigadores. Em muitos casos a informação oral acaba sendo a 
única fonte disponível. 
Com a independência nacional em 1975 os historiadores 
moçambicanos começam um processo sem precedentes para a 
produção de uma história de Moçambique descolonizado. Surgiu uma 
geração de estudiosos nacionais que procurou romper com a 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
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historiografia herdada do colonialismo, tentando fazer uma 
problematização. Como consequencia começou a aprecer uma vasta 
literatura sobre a história de Moçambique 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 
75. De que período datam as primeiras obras de caracter histórico em 
Moçambique? 
76. Qual é o principal contributo dos autores coloniais? 
77. Apresenta as principais limitações da Historiografia Moçambicana. 
 
Respostas: 
75. Rever o 2º parágrafo do desenvolvimento desta unidade temática 
(pagina 78). 
76. Rever o penúltimo parágrafo da página 78. 
77. Rever o 1º parágrafo do desenvolvimento desta unidade temática 
(pagina 78). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ISCED CURSO: Ensino de História; 1° Ano Disciplina/Módulo: Evolução do Pensamento Histórico 
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