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Metabolismo Integrado: Metabolismo no Diabetes e na Síndrome Metabólica Parte 1 – Doenças Síndrome Metabólica A síndrome metabólica é atestada quando um paciente apresenta pelo menos 3 das 5 condições médicas a seguir: 1. Obesidade abdominal (central): Cintura em homens ≥ 102 cm / Cintura em mulheres ≥ 88 cm 2. Pressão sanguínea elevada: Pressão ≥ 135/85 mmHg (sem medicação) 3. Glicose plasmática em jejum elevada: Glicose ≥ 110 mg/dl 4. Triglicerídeos plasmáticos elevados: Triglicerídeos ≥ 150 mg/dl 5. Níveis de HDL baixos: Homens ≤ 40 mg/dl / Mulheres ≤ 50 mg/dl A base da síndrome metabólica é a resistência à insulina, por isso, esse caso clínico está fortemente ligado ao diabetes. Dentre as doenças que alguém com síndrome metabólica pode ter, temos: • Doenças cardíacas • Hipertensão • Problemas com lipídeos • Diabetes tipo 2 • Demência • Câncer • Síndrome do ovário policístico • Doença hepática gordurosa não alcoólica De forma simples, a síndrome metabólica é como uma soma do diabetes do mellitus tipo 2, com obesidade. Obesidade Obesidade é uma condição médica onde há um excesso de gordura corporal que pode promover efeitos negativos sobre a saúde do indivíduo. Sua caracterização se dá por um IMC ≥ 30 Kg/m2. Por que a obesidade é um problema? É uma doença generalizada: 2/3 dos adultos, 1/3 dos adolescentes (11-15 anos) e 1/4 das crianças (1-10anos) possuem sobrepeso ou são obesas. Prevalência continua alta: Acredita-se que até 2034, 70% da população esteja com sobrepeso, ou obesa. Suas consequências são dispendiosas: IMC elevado está associado a maiores custos para assistência social e para o setor da saúde. Diabetes Diabetes é um grupo de doenças metabólicas nas quais observa-se níveis elevados de glicose sanguínea (hiperglicemia) por períodos prolongados. Diabetes Mellitus tipo 1: Surge da incapacidade do tecido muscular, adiposo e hepático de responderem à insulina (resistência à insulina). Diabetes Mellitus tipo 2: Deficiência de insulina devido a incapacidade, ou ausência, das células beta pancreáticas, responsáveis pela secreção de insulina. Diabetes gestacional: Não se tem ainda uma explicação clara para o diabetes gestacional, mas acredita-se que ela seja promovida por hormônios produzidos pela placenta que causam a dessensibilização dos tecidos à insulina. Fatores de risco do diabetes gestacional: Idade materna avançada, ganho de peso excessivo durante a gestação, sobrepeso ou obesidade antes da gestação, síndrome dos ovários policísticos, dentre outros. Diagnóstico O principal método diagnóstico para diabetes é o exame de sangue. Glicemia 100-125 mg/dl (em jejum) = pré-diabetes Glicemia acima de 125 mg/dl (em jejum) = diabetes Obs: Esse diagnóstico não pode ser feito com apenas um teste dando glicemia alta. É recomendado que o paciente faça outro teste no dia seguinte, ou algumas horas depois, para confirmar se aquela á a glicemia padrão dele e aí sim poderá ser feito o diagnóstico de diabetes. Parte 2 – Metabolismo Diferenças Entre Diabetes Tipo 1 e Tipo 2 Diabético do Tipo 1 1. Sintomas aparecem na infância ou puberdade 2. Prevalência: 10% dos diabéticos 3. Fisionomia: Magros 4. Causa: Não produzem insulina 5. Taxa de insulina no sangue: Baixa 6. Complicação aguda: Cetoacidose 7. Tratamento: Insulina externa Diabético do Tipo 2 1. Sintomas aparecem na fase adulta ou 3ª idade 2. Prevalência: 90% dos diabéticos 3. Fisionomia: Sobrepeso ou obesos 4. Causa: Não respondem a insulina 5. Taxa de insulina no sangue: Alta no começo, baixa com o passar dos anos 6. Complicação aguda: Coma Hiperosmolar 7. Tratamento: Exercício, alimentação, remédios hipoglicemiantes e, em alguns casos, insulina Insulina Ação da Insulina • Aumento da captação de glicose nos adipócitos, nos músculos e no fígado • Aumento da do consumo de glicose (glicólise) • Aumento da síntese de ácidos graxos (lipogênese) – Adipócitos • Aumento da síntese de glicogênio (glicogenogênese) – Músculos e Fígado • Ativação da: glico-quinase (fígado), hexoquinases (outros tecidos), fosfo-fruto-quinase ( Efeitos da Dessensibilização à insulina • Aumento da gliconeogênese a partir de aminoácidos e outros metabólitos • Lipólise (degradação dos lipídeos) – Adipócitos • Aumento da beta oxidação – Fígado • Aumento da cetogênese – Fígado • Aumento de ácidos graxos no sangue • Aumento da produção de insulina (hiperinsulinemia) - Pâncreas • Aumento da síntese de diacilgliceróis – Músculos e Fígado Obesidade e Diabetes A obesidade é caracterizada por uma inflamação sistêmica de baixo grau. A obesidade promove o recrutamento e ativação dos macrófagos, que liberam citocinas em resposta à inflamação, citocinas essas que contribuem para resistência à insulina. O aumento de diacilgliceróis intracelulares nos músculos e no fígado promove a ativação da proteína quinase C (PKC), ativa uma cascata de fosforilações até fosforilar os receptores de insulina, inativando-os, o que acaba gerando uma resistência insulínica. A inativação dos receptores de insulina inibe diretamente a via de sinalização do hormônio, que se dá pela cascata da PI3 cinase, responsável pela translocação do GLUT 4 para a membrana celular, além da expressão e ativação da glicogênio sintase. Desse modo, há uma menor captação de glicose no fígado e nos músculos, além de haver uma inibição da síntese de glicogênio. Insulina e Enzimas Abaixo estão listadas as enzimas, e alguns outros elementos, afetados pela insulina. Aumento da atividade/quantidade: • GLUT 4 • Glicoquinase (GK), no fígado • Hexoquinases (HK), nos outros tecidos • Fosfofrutoquinase (PFK) • Piruvatoquinase (PK) • Glicogênio Sintase (GS) • Ácido Graxo Sintase (FAS) • Lipoproteína Lipase (LPL) • Acetil-Coa Carboxilase (ACC) • NADPH Redução da atividade/quantidade: • Glicogênio Fosforilase • Piruvato Carboxilase (PC) • PEP Carboxicinase (PEPCK) • Glicose-6-fosfatase (G6Pase) Parte 3 – Tratamento Exercício Físico Exercício físico é um dos melhores tratamentos para diabetes, visto que o músculo esquelético é o tecido mais sensível à insulina. O impacto do exercício físico contra a resistência insulínica costuma ser evidente durante 1-2 dias, mas desaparece dentro de 3-5 dias, por isso é necessária a prática de atividades físicas regularmente. Tratamento Farmacológico Obesidade Orlistrate – Inibidor da absorção de ácidos graxos Sibutramina – Inibidor de apetite Resistência à Insulina Metformina Tiazolidinedionas Dislipidemia Estatinas e Fibratos – Reduzem os níveis de colesterol VLDL no fígado Hipertensão Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ACE i) Bloqueadores de receptores de angiotensina (ARB) Bloqueadores de receptores adrenérgicos Bloqueadores de canais de cálcio Estado Pré-trombótico Aspirina Antiplaquetários Estado Pró-inflamatório (Não há terapia preconizada, por ser um estado de inflamação de baixo grau) Agentes Redutores da Glicemia Qualquer terapia que melhore o controle glicêmico irá reduzir a toxicidade da insulina nas células das ilhotas pancreáticas, melhorando a secreção de insulina endógena. No entanto, o diabetes tipo 2 é uma doença progressiva que, em algum ponto, precisará de múltiplos agentes terapêuticos, além do uso de insulina exógena. Secretagogos de Insulina São drogas que estimulam a secreção de insulina, como: • Sulfoniluréias • Análogos de Meglitinida • Derivados de D-fenilalanina Efeitos colaterais: Hipoglicemia e ganho de peso. O público alvo do secretagogos de insulina são diabéticos recentes, com menos de 5 anos de doença. Biguanidas São drogas que reduzem a produção hepática de glicose e melhoram ligeiramente a utilização de glicose periférica, como: • Metformina (Glifage) Efeitos colaterais: Náusea e diarreia. Também pode levar a perda de peso, mas isso costuma ser positivo. A Metformina promove a ativaçãoda enzima AMPK, tanto no fígado, como nos músculos. Nos músculos, a ativação dessa enzima aumenta a captação de glicose, enquanto que no fígado promove um aumento na degradação de ácidos graxos e uma redução na síntese de VLDL. Inibidores de α-glicosidase São drogas que reduzem a absorção de glicose no trato gastrointestinal, diminuindo a hiperglicemia pós- prandial: • Acarbose Efeitos colaterais: Diarreia, flatulência e distensão abdominal. A Acarbose, ao inibir a enzima α-glicosidase, promove a fermentação da glicose no intestino, o que explica seus efeitos colaterais. Acredita-se também que, pela redução dos níveis de glicose absorvidos pelo intestino, a Acarbose seja capaz de aumentar a produção de peptídeo semelhante a glucagon (GLP-1), o que atrasa o esvaziamento gástrico, dando sensação de saciedade ao paciente. Tiazolidinedionas (TZDs) São drogas que reduzem a resistência à insulina, diminuindo os níveis de insulina circulante, além de redistribuir os depósitos de gordura centrais (abdominal) para os periféricos. Figura 1: Efeitos da Metformina • Pioglitazona (Actos) • Rosiglitazona (Avandia) Efeitos colaterais: Ganho de peso, edema periférico e risco cardíaco. As Tiazolidinedionas atuam nos receptores ativados por proliferador de peroxissoma (PPAR γ), presentes principalmente no tecido adiposo, mas expressos também nos músculos e no fígado. No tecido adiposo, há uma mudança na transcrição de genes importantes no metabolismo de lipídeos, diminuindo a lipólise e a produção de leptina, enquanto aumenta a presença de adiponectina. De qualquer forma, as Tiazolidinedionas aumentam a sensibilidade à insulina em todos os principais locais (fígado, músculos e adipócitos). Figura 2: Efeitos das Tiazolidinedionas
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