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01/03/2020 1 Lesões reversíveis e irreversíveis Profª DSc Nicolle Pereira Soares Faculdade de Medicina Veterinária Disciplina: Patologia Veterinária Geral Introdução • Mudanças constantes do meio células e tecidos sobrevivem modificando-se constantemente. • Homeostasia estado “normal”, fisiológico, equilíbrio. • Estímulos intensos • Capacidade adaptativa celular for ultrapassada • Resposta do organismo se desintegrar Lesão tecidual anormalidade do tecido com ou sem alteração morfológica detectável. Reversível •Duração •Natureza •Intensidade Irreversível •Capacidade regeneração celular •Resposta celular adequada 01/03/2020 2 Os estímulos lesivos induzem células ou tecidos : 1. Degenerações 2. Morte celular (necrose) 3. Mecanismos adaptativos (alterações de tamanho e/ou números e tipo celular) 4. Distúrbios proliferativos (neoplasias) Causas de lesão celular Isquemia É a redução ou cessação do fluxo sanguíneo para um órgão ou determinada área. • Hipóxia por isquemia ou perda da irrigação. • Agentes físicos: traumatismos mecânicos, temperaturas extremas, radiação, choque elétrico. • Drogas e agentes químicos: oxigênio em alta pressão, glicose, sal, venenos (alteram permeabilidade celular) • Agentes biológicos: vírus, bactérias, protozoários, fungos, ectoparasitas, endoparasitas. • Reações imunológicas: choque anafilático, doenças autoimunes. • Defeitos genéticos: síndrome de Down, anemia falciforme • Envelhecimento: diminui capacidade de reagir e se adaptar a estímulos externos. • Desequilíbrios nutricionais: hipovitaminoses, excessos nutricionais. Quatro mecanismos das células são vulneráveis à lesão: 1. Integridade da membrana celular garante a homeostasia iônica, da célula e organelas. 2. Respiração aeróbica produção de ATP 3. Síntese de proteínas estruturais e enzimáticas. 4. Preservação da integridade do aparelho genético da célula. 01/03/2020 3 Lesão reversível secundária à alterações bioquímicas que resultam em acúmulos de substâncias no interior das células. Degenerações Morfologicamente, aparecem como deposição (acúmulo) de substâncias em células. 1- Degeneração hidrópica ou degeneração turva ou tumefação celular ou EDEMA INTRACELULAR Conceito lesão celular reversível caracterizada por acúmulo de água e eletrólitos no citoplasma Resposta mais comum às agressões celulares . Observada em: hepatócitos e túbulos renais. Causas ou etiologia de edema celular • Hipóxia depleção de ATP disfunção da bomba eletrolítica (canais iônicos) presentes na membrana • Agressões mecânicas • Tóxicos químicos e biológicos (tetracloreto de carbono, clorofórmio, chumbo, arsênio e outros) • Agentes biológicos (vírus, bactérias) • Complexos imunológicos Patogenia (como surge a doença) 01/03/2020 4 Patogenia • Hipóxia depleção de ATP disfunção da bomba eletrolítica (canais iônicos) presentes na membrana plasmática célula retenção de Na+, redução de K+ e aumento da pressão osmótica intracelular entrada de água no citoplasma expansão da célula. Na degeneração hidrópica as causas são mais leves. É reversível retiradas as causas necrose. Função celular comprometida. Macroscopia do edema celular • Órgão aumentado de volume, pálido. • Órgão friável • Aspecto de seco (água esta retida dentro da célula) Microscopia do edema celular • Células aumentadas de volume • Contornos irregulares • Células nebulosas, com perda de brilho. OBS.: Edema celular no SNC leva ao aumento da pressão intracraniana. 01/03/2020 5 Macroscopia Acúmulo de água em vacúolos coalescem formando vesícula. 01/03/2020 6 2. Degeneração Hialina • Conceito: Depósito intracelular ou extracelular de aspecto homogêneo, vítreo e de coloração rósea (HE). • Constituição: proteínas (albumina) além de polissacarídeos e lipídeos, corpúsculo inclusão viral. • Cilindros hialinos: material proteico coagulado na luz de túbulos renais em doenças nas quais proteínas passam pelo filtro glomerular. • Ocorrem em casos de proteinúria (albumina) em distúrbios renais. 01/03/2020 7 Fonte: ANATPAT- UNICAPM 3. Amiloidose Conceito: Acúmulo de substância amiloide entre as céls. Amiloide substância hialina, amorfa, translúcida (glicoproteína patológica) Ocorre devido distúrbios de proteínas e proteólise defeituosa ou deficiente. Origem: cadeia leve de imunoglobulinas e proteínas produzidas pelo fígado na inflamação crônica. Locais de depósito de Amiloide: * Parede dos vasos sanguíneos * Glomérulo renal (entre as células) * Sinusoides do fígado * Periferia dos folículos linfoides de baço (baço de sagu, baço com aspecto de presunto). 01/03/2020 8 Macroscopia • Pequena quantidade não produz alterações grosseiras. • Grandes quantidades órgão aumentado de volume, consistência firme, pálido e a superfície de corte apresenta-se brancacenta, translúcida, com aspecto de cera. Microscopia • Presença de substância fracamente corada, eosinofílica, homogênea e vítrea. • Extracelular • Espaço subendotelial. 01/03/2020 9 01/03/2020 10 4. Degeneração gordurosa ou ESTEATOSE, LIPIDOSE • Conceito: Acúmulo ANORMAL de gorduras no citoplasma das células. • Comum no fígado, epitélio tubular renal, miocárdio. • Músculos esqueléticos, pâncreas (menos comum). 01/03/2020 11 • Condições normais No fígado, os ácidos graxos (AG) são esterificados em triglicérides ou colesterol. • Ou ainda, AG serão incorporados aos fosfolipídeos de membrana • Ou oxidados em corpos cetônicos, na mitocôndria (ciclo de Krebs), para fornecer energia. Patogênese ou Patogenia Mobilização exagerada de lipídeos para o fígado: 1) Tecido adiposomobilização na forma de ácidos graxos livres e transportados na circulação acoplados à albumina. Ou Lipólise. 2) Dieta transportados do intestino na forma de ácidos graxos livres ou quilomícrons. Etiologia ou causas de Esteatose • Agrupadas em 3 grupos: 1. Anóxia/hipóxia 2. Distúrbios nutricionais 3. Efeitos tóxicos e hormonais 1. Anóxia e hipóxia • Anemias, insuficiência cardiorrespiratória. • A falta de O2 e redução dos níveis de ATP aumenta a síntese de ácidos graxos (AG) a partir do excesso de acetil-CoA • (Glicólise acelerada) formação de triglicerídeos que se acumularão no citoplasma das células. 01/03/2020 12 2. Distúrbios nutricionais a) Aumento da ingestão de carboidratos e gorduras b) Inanição ou restrição alimentar rigorosa lipidose felina (mobilização de AG das reservas de gordura do corpo que são transportadas para o fígado (gliconeogênese). c) Hipoproteinemia deficiência de colina, metionina, ácido pantotênico (B5)- lipotróficas. 3. Efeitos tóxicos e hormonais • Lesão do RER e redução da produção de proteínas. • Intoxicação por CCl4 (tetracloreto de carbono), chumbo, arsênio, toxinas bacterianas. • Álcool etílico lesão mitocondrial e diminui síntese de AG, diminui secreção de lipoproteínas e estimula lipólise do tecido adiposo. • Diabetes melito (cão) OBS.: Alteração reversível se retiradas as causas dependendo do comprometimento da estrutura celular Permanência das causas rompimento do citoplasma e morte celular (necrose). Macroscopia • Fígado amarelo intensidade coloração proporcional ao acúmulo de gordura Casos mais graves fígado aumentado de volume, bordos arredondados e uniformemente amarelo, untuoso ao corte, friável (quebradiço) e fragmentos do órgão flutuam em água Predominar o padrão periacinar alternância de áreas de coloração pálida ou amarelada com áreas de coloração normal do fígado. 01/03/2020 13 Rim aumentado de volume, de coloração amarelada e pálido. Coração estrias amareladas intercaladas com áreas normais “coração tigrado” 01/03/2020 14 01/03/2020 15 Outras degenerações • Lipidoses: acúmulo de lipídeos complexos que não sejam os triglicerídeos. • Glicogenoses: acúmulo de glicogênio. • Mucopolissacaridoses: acúmulo de poliglicanos(polissacarídeos)e/ou proteoglicanos. Morte celular e necrose Lesão IRREVERSÍVEL que indica morte celular ocorrida em organismo vivo e seguida de fenômenos de autólise. 01/03/2020 16 Dois mecanismos de morte celular: • Apoptose • Necrose Apoptose • Conceito: é a morte celular programada pela qual a célula passa após o seu período de desenvolvimento no organismo. • 3 mecanismos: contração, condensação e fragmentação celular • Corpos apoptóticos que serão posteriormente endocitados por células adjacentes sem que haja ativação do sistema imunológico. • Exemplos: regressão da gl.mamária pós lactação, Remoção de neutrófilos e resolução de inflamações agudas. Necrose • Conceito: morte celular em um organismo VIVO seguida do processo de autólise, no qual os lisossomos (liberam enzimas hidrolases para o citoplasma celular). • As enzimas são ativadas pela alta concentração de cálcio local • Iniciam o processo de digestão celular. 01/03/2020 17 Tipos de necrose 1. Necrose coagulativa (isquêmica) 2. Necrose liquefativa 3. Necrose caseosa 1. Necrose coagulação ou coagulativa • Padrão mais comum de necrose. • Causa frequente: isquemia. • Resulta da desnaturação de proteínas estruturais e enzimáticas. • Perda dos limites celulares e da arquitetura do tecido. • Acomete tecidos ricos em proteínas fígado, baço, rins. Macroscopia • Área bem delimitada, inicialmente elevada; depois torna-se deprimida em relação aos tecidos circunvizinhos. • À palpação, é firme, seca e friável (quebradiço) • Coloração branco a acinzentado. OBS.: área lesada pode encontrar-se avermelhada devido hemorragia. Microscopia • Células distorcidas • Massa opaca, eosinofílica, com perda de núcleo • Detalhes celulares desaparecem porém as células persistem, corando-se pela eosina (intensamente rosa). 01/03/2020 18 01/03/2020 19 01/03/2020 20 2. Necrose liquefativa • Ocorre por ação de enzima hidrolíticas (lisossomos). • Acomete SNC (rico em lipídeo e pobre em albumina coaguláveis) • Principais causas: isquemia e hipóxia • Macroscopia: aparência semi fluida, cavidade contendo líquido branco amarelado. • Microscopia: área de tamanho variável, sem limites precisos e intensamente eosinofílico. Desaparecimento de limites celulares. 01/03/2020 21 01/03/2020 22 Necrose caseosa • Necrose de coagulação + necrose liquefação • Perda total da estrutura e arquitetura do tecido. • Encontrada principalmente na doenças: tuberculose (humanos ou animais) e linfadenite caseosa (ovinos) • Macroscopia queijo amolecido e esbranquiçado (ricota) • Microscopia céls totalmente liquefeitas, sem contornos, debris granulares e amorfo. • OBS.: A necrose caseosa é envolvida por inflamação granulomatosa. Composição do granuloma 1. Centro: necrose e agente etiológico 2. Células inflamatórias: linfócitos, macrófagos, plasmócitos 3. Envoltório: Tecido Conjuntivo Fibroso 4. Células gigantes: agrupamento de macrófagos 01/03/2020 23 01/03/2020 24 1 2 4 3 Esteatonecrose ou necrose gordurosa • Necrose do tecido adiposo por ação de lipases pancreáticas. • Encontrada na pancreatite aguda. • Macroscopia foco necrótico esbranquiçado e opaco (pingos de vela) • Microscopia sombras de contornos das células adiposas, depósitos de cálcio e céls inflamatórias. Esteatonecrose-macroscopia 01/03/2020 25 Esteatonecrose- microscopia Gangrena • Gangrena é uma forma de evolução de necrose que resulta da ação de bactérias sobre o tecido necrosado. • Ocorre em tecidos como pele, pulmão, intestino, glândula mamária. • Tipos: seca, úmida e gasosa Gangrena seca Órgão sujeitos à desidratação: orelhas, barbela, cauda, pés, pele Causa: isquemia Dificuldade para proliferação bacteriana Macroscopia: área seca, desidratada, formando pregas, coloração castanha à enegrecida. 01/03/2020 26 Gangrena úmida Órgãos cavitários (internos) e proliferação bacteriana rápida. Ação liquefativa pronunciada. Odor pútrido. Causas • torção, intussuscepção, invaginação e obstrução intestinal • prolapso de útero e reto • pneumonias por corpo estranho 01/03/2020 27 Gangrena gasosa Bactérias anaeróbias produtoras de gases. Bactérias: gênero Clostridium (C. welchii, C. chauvoei, C. septicum)
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