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SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Avaliação ....................................................................... 4 3. Desenvolvimento de habilidades ....................... 5 4. Principais marcos do desenvolvimento ............. 8 5. Como avaliar o desenvolvimento? ....................13 6. Atrasos de desenvolvimento ...............................17 Referências Bibliográficas .........................................19 3DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 1. INTRODUÇÃO O conceito de desenvolvimento é amplo e se relaciona aos vários as- pectos que caracterizam a evolução humana desde a sua concepção, abrangendo crescimento, matura- ção, aprendizagem e aspectos psí- quicos e sociais em uma transforma- ção dinâmica, complexa e contínua. É importante enfatizar tanto a im- portância da carga genética nesse processo como a dos fatores am- bientais, sendo que estes podem ser otimizados com estímulos e experi- ências apropriadas. A criança deve atravessar cada fase seguindo uma sequência com certa regularidade e, se não for estimu- lada no momento apropriado, não conseguirá superar esse atraso no desenvolvimento. Por isso, a avalia- ção do desenvolvimento faz parte do conjunto de cuidados que visam promover uma infância saudável. Dado isso, o profissional deve co- nhecer a sequência da evolução das várias funções e os fatores que risco que podem comprometer esse pro- cesso. O desenvolvimento compreende al- guns domínios de função, todos inter- ligados, sendo eles: DDeesseennvvoollvviimmeennttoo ((ddoommíínniiooss ddaa ffuunnççããoo)) Sensorial Linguagem Cognitivo Motor Adaptativo Emocional Fluxograma 1: Domínios da função do desenvolvimen- to SE LIGA! O sistema nervoso participa de toda a ordenação funcional do indiví- duo que está se desenvolvendo. O seu tecido cresce e amadurece exponencial- mente nos primeiros anos de vida: logo, sofre de maneira mais intensa as con- sequências de experiências negativas e de adversidades da natureza ou do am- biente. Por outro lado, devido a sua maior plasticidade, também é mais propenso a responder a experiências positivas, es- tímulos e intervenções que possam ser necessárias. Por isso é tão importante a avaliação do desenvolvimento infantil, pois intervenções precoces geram me- lhores resultados. 4DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 2. AVALIAÇÃO As consultas pediátricas devem ava- liar o desenvolvimento neuropsico- motor da criança. Algumas escalas foram desenvolvidas com o objetivo de guiar a avaliação profissional – como o teste de Gesell, o teste de triagem de Denver II, a escala de desenvolvimento infantil de Bayley, dentre outros. No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança, do Ministério da Saúde, disponibiliza uma sistema- tização para a avaliação do desenvol- vimento da criança até os 3 anos de idade, contendo os principais mar- cos do desenvolvimento, facilitando o acompanhamento dos ganhos no desenvolvimento neuropsicomotor conforme a criança vai crescendo. Por outro lado, é essencial que o pedia- tra saiba conduzir a consulta de for- ma individualizada, levando em con- sideração diversos fatores sociais, familiares e ambientais que possam influenciar esse processo. Já nas primeiras consultas, deve-se perguntar à mãe ou cuidador sobre fatores relacionados ao desenvolvi- mento do bebê, observar detalhes do exame físico e finalizar com a obser- vação da criança quanto a presença dos marcos de desenvolvimento. Em todas as consultas deve-se realizar a avaliação do desenvolvimento infan- til. Observar a forma que a mãe a segura, se existe contato visual e verbal de forma afetuosa entre ela e a criança, se a criança faz busca visual ou tem interesse pelo am- biente ao redor, se a criança está em bom estado de higiene e se a mãe ou cuidador presta atenção às orientações. Vale a pena também ob- servar se há participação paterna, se a mãe conta com rede de apoio e ob- servar sinais de depressão pós-parto – sendo essencial o encaminhamento da mãe a especialistas nesses casos. Antes de falarmos dos marcos, preci- samos ressaltar a importância de ex- trair informações a respeito de possí- veis fatores de risco ou alterações físicas associados a distúrbios do de- senvolvimento, sendo estes: FATORES DE RISCO ALTERAÇÕES FÍSICAS Ausência ou pré-natal incompleto; Problemas de gestação, parto ou nascimento; Prematuridade (<37 semanas); Peso abaixo de 2.500g; Icterícia grave; Hospitalização no período neonatal; Doenças graves como meningite, TCE ou convulsões; Parentesco entre os pais; Casos de deficiência ou doença mental na família; Fatores de risco ambientais: gravidez indesejada, violência domésti- ca, depressão materna, drogas ou alcoolismo na gravidez e na casa, suspeita de abuso sexual, dentre outros. Perímetro cefálico <-2 escores z ou >+2 escores z; Presença de alterações fenotípicas: fenda palpebral oblíqua, olhos afastados, im- plantação baixa de orelhas, lábio leporino, fenda palatina, pescoço curto e/ou largo, prega palmar única, 5º dedo da mão curto e recurvado. Tabela 1:. Fatores de risco e alterações físicas associados a distúrbios do desenvolvimento 5DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR SE LIGA! Com a informação: Além dis- so, é importante questionar aos pais ou cuidadores o que eles pensam do de- senvolvimento da criança. Essa informa- ção é muito relevante! 3. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES Para ajudar na memorização dos marcos, vamos primeiro contextua- lizar alguns aspectos do desenvolvi- mento dos bebês. No lactente nascido a termo, ao nas- cimento há mielinização no tronco cerebral dorsal, pedúnculos cerebela- res e perna posterior da cápsula in- terna. A substância branca cerebelar se mieliniza por volta do primeiro mês e se completa no 3º. Já a substância branca subcortical do córtex parietal, frontal posterior, temporal, e calcari- na está parcialmente mielinizada aos 3 meses. A mielinização significa a aquisição de movimentos mais coor- denados e complexos nas estruturas e domínios influenciados pelas regi- ões encefálicas mielinizadas. Em relação às aquisições motoras, ini- cialmente, o movimento dos membros consiste em basicamente contrações descontroladas. O recém-nascido começa com um padrão motor mui- to imaturo, com reflexo tônico cervi- cal assimétrico, conferindo-lhe uma postura assimétrica; e predomínio do tônus flexor e hipotonia intensa da musculatura paravertebral. Seus movimentos são, geralmente, refle- xos, que tendem a desaparecer com o passar dos meses (falaremos melhor deles mais adiante). É por isso que, ao vermos bebês recém-nascidos, eles tendem a estar “encolhidinhos”. RECÉM-NASCIDO Reflexo tônico clônico assimético Predomínio do tônus flexor Hipotonia da musculatura paravertebral Movimentos reflexos Progressivamente, o tônus flexor visto no recém-nascido vai sendo substituí- do pelo padrão extensor, de forma gra- dual. Esse amadurecimento acontece na direção craniocaudal, alcançando o quadril e os membros inferiores por último. Assim, a partir do segundo se- mestre de vida, não há mais predomí- nio de quaisquer dos dois padrões e, com isso, a criança é capaz de alter- nar entre flexão e extensão e, conse- quentemente, rolar. Por fim, quando há dissociação de movimento entre as cinturas pélvicas e escapular, o bebê é capaz de sentar-se. Fluxograma 2: Desenvolvimento motor do recém nascido 6DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR LACTENTES Padrão flexor é substituído pelo extensor Direção crânio caudal Alternância entre flexão e extensão Além de craniocaudal, o amadureci- mento também ocorre na direção proximodistal. Primeiro com aqui- sições mais simples e, posterior- mente, mais complexas. A primeira musculatura a ser controlada é a ocu- lar. Depois, a musculatura do controle da cabeça e, depois, do tronco. Final- mente, no 3º trimestre o bebê adquire a posição ortostática. O apoio do bebê na musculatura do braço vai leva-loa posteriormente se apoiar nos ante- braços e às tentativas de engatinhar. SE LIGA! Convém ressaltar que, ao co- meçar andar, a criança pode apresentar um padrão de humor mais irritado, tor- nando-se este mais lábil uma vez inicia- do o andar. Por outro lado, uma criança com vínculos seguros com os pais irá começar a explorar o mundo de manei- ra mais independente, usando seus pais como uma base de segurança. Crianças criadas com vínculos fracos e que são excessivamente controladas e desenco- rajadas sentirão vergonha, insegurança e raiva Já entre os 18 e os 24 meses, a criança tem melhorias no equilíbrio e agilidade. Com isso, passam gradualmente a ser capazes de correr e subir escadas – para maior preocupação ainda dos pais! Em relação ao desenvolvimento mo- tor fino, este ocorre no sentido proxi- modistal. Ao nascer, a criança mantém as mãos fechadas pela maior parte do tempo – com as mãos fletidas! Lembra do tônus flexor? Justamente. Com a re- dução desse tônus flexor, a criança pas- sa a manter as mãos abertas a maior parte do tempo no 3º mês, conseguin- do agarrar objetos – embora ainda se- jam incapazes de soltá-los. Entre o 5º e o 6º mês, iniciam o movimento de pinça, que irá progressivamente se aperfeiço- ar até enfim completar-se, permitindo o movimento polpa com polpa. Vamos abordar agora um pouco da função sensorial, que deve ser avaliada logo nos primeiros atendimentos, em especial a visão e a audição. O recém- -nascido é capaz apenas de focalizar um objeto a poucos centímetros e tem preferência por rostos humanos. Logo, durante as avaliações, é importante perguntar aos familiares se a criança focaliza os objetos e os segue com o olhar, além de perguntar se prefere o rosto materno – essas respostas ideal- mente serão positivas. Ao examinar os olhos, atentar-se para o tamanho das pupilas, pesquisar reflexo motor bila- teralmente e o reflexo vermelho (em suspeita de opacidades, encaminhar o bebê para avaliação mais detalhada). Fluxograma 3: Desenvolvimento motor do lactente 7DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Em relação à audição, o bebê já escu- ta desde o 5º mês de gestação. Inclu- sive, ao nascer, já existe familiaridade com vozes materna e familiares, além de sons do organismo materno. Nes- se contexto, como parte da avaliação auditiva, é interessante perguntar na consulta se o bebê se assusta, acorda ou chora com sons altos e repentinos, se procura a origem dos sons e se fica mais calmo com a voz da mãe. SE LIGA! No Brasil, desde 2010, é rea- lizado o teste da orelhinha, para triagem de problemas auditivos em recém-nas- cidos, sendo obrigatório. O teste, também chamado de “exame de emissões otoacústicas evocadas”, é um método moderno, capaz de avaliar pro- blemas auditivos nos nos recém-nas- cidos. Ele consiste na produção de um estímulo sonoro e na captação do seu retorno por meio de uma delicada sonda introduzida na orelhinha do bebê. Pode ser realizado ainda no hospital, a partir das 48 horas de vida, quando o RN está dormindo. Alterações observadas no teste devem direcionar o bebê para uma avaliação completa otológica e audiológica com- pleta. É importante ressaltar que a audi- ção é um sentido muito importante para o desenvolvimento da criança, inclusive da linguagem. Figura 1: Teste da orelhinha. Disponível em: < http:// www.sobape.com.br/noticias/noticia.php?ID_NOTI- CIA=481>. Último acesso em: 23.jan 2020. Já no que tange a sociabilidade, o olhar e o sorriso são formas de comu- nicação desde o nascimento. A partir da 4ª a 6ª semana – o bebê apresen- ta o sorriso social, desencadeado por estímulos – sendo a face humana o principal. No 2º semestre, o bebê con- segue distinguir pessoas familiares e desconhecidas, passando a sorrir ape- nas para aquelas. Além disso, pode haver medo e recusa do estranho. Já a linguagem é expressa pela mími- ca facial nos primeiros meses de vida, especialmente o choro. Entre o 2º e o 3º mês, começa emissão de arrulhos e, por volta do 6º, sons bilabiais e bal- bucio. Entre 9 e 10 meses, já surgem balbucios semelhantes à linguagem do seu meio. No 2º semestre, surge a SAIBA MAIS Aos 9 meses, um marco importante é a conquista da permanência do objeto: ou seja, o bebê sabe que o objeto está lá mesmo quando não pode ser visto. Isso gera mudanças profundas emocionais, dificultando separações. 8DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR linguagem gestual, resultante da sig- nificação dada por adultos que con- vivem com o bebê. É comum apontar e obedecer a comandos verbais sim- ples (bater palmas e acenar). Aos 12 meses, surgem as primeiras palavras e, aos 18, se iniciam frases simples. A partir desse momento, o repertório lin- guístico vai aumentando exponencial- mente. Também a partir daí a criança passa a ter linguagem em dois turnos, ou seja, ela emite a mensagem e es- pera a resposta do interlocutor para então tornar a emitir outra mensagem. SE LIGA! O choro é excessivo quando dura por mais de 3 horas/dia, mais de 3 dias por semana e por mais de uma se- mana. Persistindo por mais 3 a 5 meses, pode indicar abuso infantil, problemas de comportamento com crianças mais velhas, diminuição da amamentação e depressão pós-parto. Na fase pré-escolar, as crianças pas- sam pela separação emocional dos pais e maior inserção na sociedade. O córtex cerebral nessa fase passa por um aumento da sua área, redução da sua espessura e alteração do volu- me. É um momento de crescimento e expansão cerebral que antecede a “poda neuro- nal” subse- quente. O desenvol- vimento da l i n g u a g e m ocorre de ma- neira exponencial entre 2 e 5 anos de idade. O vocabulário, antes de 50 a 100 palavras, se expande para até 2000 palavras. Paralelamente, a estrutura e complexidade das frases aumentam e passam a incorporar todos os com- ponentes gramaticais. Aos 4 anos, as crianças já usam verbo no passado e, aos 5, verbos no futuro. Existe, inclusive, uma regrinha para guiar a avaliação do desenvolvimen- to da linguagem: entre 2 e 5 anos, as frases terão tipicamente um número de palavras igual à idade da criança. A aquisição da linguagem responde a estímulos ambientais. É interessante que pais conversem bastante com as crianças, leiam para elas e reforcem o nome dos objetos. Atrasos na lin- guagem podem significar indícios de deficiência intelectual, Transtorno do Espectro Autista ou maus tratos. 4. PRINCIPAIS MARCOS DO DESENVOLVIMENTO Vamos agora pontuar os principais marcos do desenvolvimento de cada idade, que devem ser observados nas consultas de rotina e, a partir daí, prosseguir para como avaliar o desen- vo lv im e n to da criança. É impor tante ressaltar que esses marcos podem va- 9DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR riar ocasionalmente em cada criança, sendo necessário avaliá-las individu- almente. 15 dias Entre 1 e 2 meses: predomina tônus flexor, há assimetria postural e preen- são reflexa; REFLEXOS Apoio plantar Sucção Preensão palmar Desaparecem até o 6º mês. Preensão palmar e plantar: a pri- meira se caracteriza pela flexão dos dedos à pressão na palma da mão; o segundo é similar, com a flexão dos dedos após pressão na base dos ar- telhos. Este último é o que dura mais tempo, podendo ir até os 10 a 11 me- ses de vida. Figura 2: Preensão palmar. Fonte: Reflexos Primitivos, Faculdade Ciências Médicas da Unicamp, disponível em: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/neuropediatria- -conteudo-didatico/exame-neurologico/reflexos-primiti- vos>. Ultimo acesso em: 12. dez 2019. Figura 3: Preensão Plantar. Fonte: Reflexos Primitivos, Faculdade Ciências Médicas da Unicamp, disponível em: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/neuropediatria- -conteudo-didatico/exame-neurologico/reflexos-primiti- vos>. Ultimo acesso em: 12. dez 2019. Reflexo da sucção: é desencadeado pela estimulação dos lábios, gerando sucção vigorosa, e sua ausência sig- nifica disfunção neurológica grave. O reflexo da busca, estimulado por co- locação dosdedos nas comissuras labiais da criança (criança rotaciona a cabeça como se buscasse pelo ali- mento), desaparece mais precoce- mente – aos 2 meses. 10DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Figura 4: Sucção reflexa. Fonte: Reflexos Primitivos, Faculdade Ciências Médicas da Unicamp, disponível em: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/neuropediatria- -conteudo-didatico/exame-neurologico/reflexos-primiti- vos>. Ultimo acesso em: 12. dez 2019. Preensão dos artelhos: desaparece até o 11º mês. Reflexo cutâneo-plantar: caracte- rizado pela extensão do hálux após estímulo na lateral do pé. Ocorre até o 13º mês, a partir do qual a respos- ta a esse estímulo deve ser a flexão – sendo a extensão considerada pa- tológica. Reflexo de Moro: realiza-se uma queda súbita da cabeça da criança, amparada pela mão do examinador. Isso desencadeia extensão e abdu- ção dos membros superiores, segui- das de choro. Deve ser sempre simé- trico. É incompleto até o 3º mês e não deve existir após os 6 meses; Figura 5: Reflexo de Moro. Fonte: Reflexos Primitivos, Faculdade Ciências Médicas da Unicamp, disponível em: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/neuropediatria- -conteudo-didatico/exame-neurologico/reflexos-primiti- vos>. Ultimo acesso em: 12. dez 2019. Reflexo tônico-cervical (do Esgri- mista): rotação da cabeça para um lado, com extensão dos membros do lado contralateral e flexão dos mem- bros do lado ipsilateral. Exame reali- zado bilateralmente e deve ser simé- trico. Desaparece até os 3 a 4 meses de vida. Figura 6: Reflexo tônico cervical. Fonte: Reflexos Primitivos, Faculdade Ciências Médicas da Unicamp, disponível em: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/neu- ropediatria-conteudo-didatico/exame-neurologico/refle- xos-primitivos>. Ultimo acesso em: 12. dez 2019. 11DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Reflexo da Marcha: o bebê inclina o tronco após apoio plantar. As pernas se cruzam uma à frente da outra. Pre- sente até os 2 meses de vida. Figura 7: Reflexo da Marcha. Fonte: Reflexos Pri- mitivos, Faculdade Ciências Médicas da Unicamp, disponível em: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/neu- ropediatria-conteudo-didatico/exame-neurologico/refle- xos-primitivos>. Ultimo acesso em: 12. dez 2019. Reflexo de Colocação (Placing): desencadeado pelo estímulo tátil do dorso do pé, segurando o bebê pelas axilas. O pé irá se elevar como se esti- vesse subindo uma escada. Também dura até os dois meses de vida. Figura 8: Reflexo da Colocação. Fonte: Reflexos Primitivos, Faculdade Ciências Médicas da Unicamp, disponível em: <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/neu- ropediatria-conteudo-didatico/exame-neurologico/refle- xos-primitivos>. Ultimo acesso em: 12. dez 2019. 1° MÊS Entre 1 e 2 meses: melhor percep- ção de um rosto, medido com base na distância entre bebê e seio materno. 2 MESES • 2-3 meses: sorriso social. • 3 meses: adquire noção de profun- didade. • 2-4 meses: fica de bruços, levan- ta a cabeça e ombros na posição prona. • Em torno dos 2 meses: ampliação do campo visual. Bebê visualiza e segue objetos com o olhar, ultra- passando a linha média. Observa rosto, vocaliza (sons diferentes do choro), reage a estímulos sonoros. 4 MESES • Aos 4: preensão voluntária das mãos – agarra objetos colocados em sua mão. Observa sua própria mão, segue com o olhar até 180º, grita, senta-se com apoio e sus- tenta a cabeça. • 4-6 meses: volta a cabeça em di- reção a estímulo sonoro. 6 MESES • Aos 6 meses: começa a ter noções de “permanência do objeto”, pro- cura objetos fora do alcance. 12DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR • Tenta alcançar um brinquedo, vol- ta-se para o som, rola no leito e ini- cia interações. • A partir do 7º: senta-se sem apoio. • 6-9 meses: arrasta-se, engatinha. • 6-8 meses: apresenta reações a pessoas estranhas. 9 MESES • Aos 9 meses: transmite objetos de uma mão para outra, pinça pole- gar-dedo, balbucia, estranhamen- to (prefere pessoas do seu conví- vio), brinca de esconde-achou. • Em torno dos 10: fica em pé sem apoio. • 9-12 meses: engatinha ou anda com apoio. 12 MESES • 12-18 meses: bebê anda sozinho. • Em torno de 1 ano: acuidade visual de adulto. • Bate palmas, acena, combina síla- bas, faz pinça completa (polpa-pol- pa), segura o copo ou mamadeira. 15 MESES • 15 meses: primeiras palavras, pri- meiros passos, é ativa e curiosa. 18 MESES • 18 meses: anda, rabisca, obedece a ordens, nomeia objetos. • 18-24 meses: bebê corre e sobe degraus baixos. 2 ANOS • 2-3 anos: diz próprio nome e no- meia objetos como sua posse; • Aprox. 2 anos: reconhece-se no espelho, brinca de faz de conta (deve ser estimulado, pois auxilia no desenvolvimento cognitivo e emocional), sobe escadas, corre, formula frases simples (“dá água”, “quer papar”), retira peça de roupa, tenta impor sua vontade; • 2-3 anos: pais devem começar a gradualmente retirar as fraldas e ensinar a usar o penico; 13DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 4 A 6 ANOS • 3-4 anos: veste-se com auxílio. • 4-5 anos: conta ou inventa histó- rias. • Comportamento é egocêntrico. Com o passar do tempo, passa a considerar outras crianças. • A partir dos 6 anos: passa a pen- sar com lógica, embora seja predo- minantemente concreta. Memória e habilidade linguística aumentam. Ganhos cognitivos aumentam capa- cidade de tirar proveito da educação formal. Autoimagem se desenvolve e passa a impactar na autoestima. Amigos assumem importância fun- damental e criança passa a enten- der constância de gênero (segrega- ção de gênero é comum). 7 ANOS • A partir dos 7: começa a desenvol- ver julgamento global de autovalor, sedimentando algumas ideias so- bre o que ela é e como deve ser. A influência dos pares assume maior importância e a dos pais diminui. 10 ANOS • A partir dos 10, ocorrem mudan- ças relacionadas à puberdade e há um estirão no crescimento – nas meninas, em torno dos 11 anos; nos meninos, em torno dos 13. 5. COMO AVALIAR O DESENVOLVIMENTO? Primeiramente, quantas consultas são preconizadas? O Ministério da Saúde recomenda sete consultas de rotina no primeiro ano de vida, duas no segundo ano de vida e, a partir de então, uma consulta anual, próxima ao mês de aniversário. Veja a distri- buição das consultas a seguir: PRIMEIRO ANO 7 consultas: na 1ª semana, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês, 12º mês. SEGUNDO ANO 2 consultas: no 18º mês e 24º mês. A PARTIR DE 2 ANOS Consultas anuais próximas ao mês de aniversário Tabela 2: Quantidade de consultas de rotina conforme faixa etária. Quanto aos marcos, o Ministério da Saúde (MS) disponibiliza uma planilha que deve ser utilizada como guia para a avaliação do desenvolvimento de crianças até os 3 anos. Essa planilha é preenchida a cada consulta e, a partir dela, podemos definir se o desenvol- vimento da criança está adequado. 14DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Figura 9: Marcos do desenvolvimento infantil. Tabela disponível na Caderneta de Saúde da Criança. Fonte: Ministério da Saúde, 2013. 15DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Figura 10: Marcos do desenvolvimento infantil. Tabela disponível na Caderneta de Saúde da Criança. Fonte: Ministério da Saúde, 2013. 16DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Membros fletidos Observa rostos Sorriso social Mãos fechadas Eleva cabeça e ombros na posição prona Reage a sons Emite sons guturais Segue objetos com olhar CorreSobe escadas Obedece ordens Formula frases simples Anda para trás Retira uma vestimenta Fala 10 palavras Sorri Nomeia objetos Demonstra vontade Rabisca Senta com apoio Inicia uma interação Grita Volta-se para o som Agarra objetos com a mão Procura objetos fora do alcance Segue com olhar até 180° Rola no leito Observa a própria mão Leva objetos à boca Sustenta a cabeça Lalação É ativa e curiosa Anda sem apoio Balbucia Engatinha Pinça completa (polpa-polpa) Junta sílabas Troca objetos de mãos Bate palmas e acena Segura copo/ mamadeira Faz torre de 3 cubos Fica em pé semapoio Pinça polegar-dedo Brinca de esconde-achou Primeiras palavras 24 MESES < 1 MÊS 2 MESES 18 MESES 15 MESES 12 MESES 9 MESES 6 MESES 4 MESES MAPA MENTAL: MARCOS DO DESENVOLVIMENTO 17DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 6. ATRASOS DE DESENVOLVIMENTO Se todos os marcos para a respecti- va faixa etária estão presentes, esta- mos diante de um desenvolvimento adequado. Devemos elogiar a mãe ou cuidador, orientá-lo(a) a continuar estimulando a criança, informá-lo(a) sobre sinais de alerta e orientar retor- no para acompanhamento conforme rotina do serviço. Se todos os marcos estão presentes, mas há 1 ou mais fatores de risco, trata-se de um desenvolvimento adequado com fator de risco. De- vemos informar a mãe ou cuidador sobre sinais de alerta – na presença de algum sinal, a criança deverá ser reavaliada em 30 dias. Se há ausência de um ou mais mar- cos para a faixa etária, trata-se de alerta para desenvolvimento e de- vemos orientar a mãe ou cuidador so- bre estimulação da criança e marcar retorno em 30 dias. Se o perímetro cefálico for <-2 esco- res z ou >+2 escores z; ou se houver presença de 3 ou mais alterações fenotípicas; ou ausência de 2 ou mais marcos para a faixa etária an- terior, trata-se de provável atraso de desenvolvimento e devemos referir a criança para avaliação neuropsico- motora. Segue um fluxograma sobre atrasos no desenvolvimento: 18DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Orientar mãe ou cuidador sobre estimulação da criança e marcar retorno em 30 dias Perímetro cefálico <-2 escores z ou >+2 escores z; ou presença de 3 ou mais alterações fenotípicas; ou ausência de 2 ou mais marcos para a faixa etária anterior, Marcos do desenvolvimento da faixa etária todos presentes? Não SimProvável atraso de desenvolvimento Referir para avaliação neuropsicomotora Há fator de risco? Sim Não Alerta para desenvolvimento Sim Desenvolvimento adequado com fator de risco Não Desenvolvimento adequado Elogiar cuidador, orientar a continuar estimulando a criança, informar sobre sinais de alerta e orientar retorno conforme rotina Fluxograma 2: Atrasos do desenvolvimento neuropsicomotor 19DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 4. Ed. Barueri, SP: Manole, 2017. NELSON. Tratado de Pediatria - Richard E. Behrman, Hal B. Jenson, Robert Kliegman. 20ª Edição. Elsevier. 2017. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saú- de da criança: crescimento e desenvolvimento. Cadernos de Atenção Básica, nº 33. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Pediatria do Crescimento e Desenvolvimento. Caderneta de Saúde da Criança Instrumento e Promoção do Desenvolvi- mento: como avaliar e intervir em crianças. 2017. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Criança: Menino. 12ª edição. Brasília> 2019. Reflexos Primitivos. Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Disponível em: < https:// www.fcm.unicamp.br/fcm/neuropediatria-conteudo-didatico/exame-neurologico/reflexos- -primitivos>. Acesso em: 12 de dez. de 2019. https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/cuidados-com-o-bebe/teste-da- -orelhinha/. Acesso em 22 de janeiro de 2020. 20DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR
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