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Resumo Expandido - RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE COLETIVO ROUBO

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RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE COLETIVO – 
ROUBO. 
 
 
Amanda Caroline da COSTA1 
Ariany Chagas da SILVA2 
Brenda Zopolato Fante e SILVA3 
Maria Rita Messias BARBOSA4 
 
 
RESUMO: O estudo busca explicar se cabe responsabilidade das empresas em 
caso de roubo durante o trajeto de transportes. Primeiramente, é de se ressaltar 
que existe uma cláusula chamada “incolumidade implícita”, ou seja, que comporta 
uma obrigação de garantia do transportador para os passageiros. Com isso, o 
assunto está basicamente ligado ao tema “responsabilidade civil”, por conta da 
reparação de danos quando houver afetado algum bem tutelado, tendo também, 
exceções que exoneram a responsabilidade do transportador. 
 
Palavras-chave: Responsabilidade. Transportador. Danos. Roubo. Passageiros. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho buscou demonstrar qual a responsabilidade das 
empresas de transporte coletivo quanto ao roubo de passageiros durante o trajeto 
para isto, foi feita uma breve abordagem sobre o instituto da responsabilidade civil. 
Além de analisar qual a responsabilidade do transportador no direito 
nacional, analisamos também como este instituto é tratado no Direito Argentino. 
Para a realização e desenvolvimento deste trabalho foi utilizado o 
método dedutivo de estudo, tendo como base pesquisas em acervos bibliográficos, 
bem como, publicações de artigos científicos em fontes eletrônicas com relevância 
ao tema referido. 
 
1 Discente do 2º ano do curso de Direito do Centro Universitário Antonio Eufrásio de Toledo de 
Presidente Prudente. amandacosta@toledoprudente.edu.br. 
2 Discente do 2º ano do curso de Direito do Centro Universitário Antonio Eufrásio de Toledo de 
Presidente Prudente. arianysilva@toledoprudente.edu.br. 
3 Discente do 2º ano do curso de Direito do Centro Universitário Antonio Eufrásio de Toledo de 
Presidente Prudente. brendasilva@toledoprudente.edu.br. 
4
 Discente do 2º ano do curso de Direito do Centro Universitário Antonio Eufrásio de Toledo de 
Presidente Prudente. mariabarbosa@toledoprudente.edu.br. 
 
2 DA RESPOSANBILIDADE CIVIL 
 
Antes de saber se empresas de transporte coletivo, possuem ou não 
responsabilidade quando se ocorre roubo durante o trajeto, é necessário fazer uma 
abordagem sobre o instituto: responsabilidade civil, prevista no artigo 927 do Código 
Civil. A responsabilidade nasce devido ao descumprimento de uma obrigação, ou de 
uma norma estabelecida em um contrato, ou seja, sempre que alguém vier a 
descumprir será obrigado a reparar ou indenizar os danos sofridos. 
Conforme Stolze e Glagliano (2019, p. 61) “Responsabilidade deriva da 
agressão a um interesse iminentemente particular, sujeitando, assim, o infrator, ao 
pagamento de uma compensação pecuniária à vítima, caso não possa repor in 
natura o estado anterior da coisa.”. Sabendo que a responsabilidade civil decorre da 
prática de um ato ilícito (lesão de um direito), sua natureza jurídica será 
sancionadora, sendo uma consequência de tal ato. 
Há dois tipos de responsabilidade civil, sendo a regra geral a 
responsabilidade subjetiva, que resulta de um dano causado em razão de um ato 
doloso ou culposo, sendo este ato culposo resultado de uma ação negligente ou 
imprudente do autor. (STOLZE, 2019, p. 65). Em grosso modo, significa dizer que, 
cada um responde pela própria culpa. No entanto, existem algumas situações em 
que mesmo sem culpa, existe responsabilidade, sendo está chamada de 
responsabilidade civil objetiva. 
 
3 RESPONSABILIDADE CIVIL DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE COLETIVO 
 
Toda vez em que se possui a necessidade de utilizar o transporte 
coletivo, cria-se uma expectativa de que se chegará ao destino a salvo e com 
segurança (cláusula de incolumidade implícita). A concretização dessa expectativa é 
dever do transportador, pois estamos diante de uma relação de consumo, entre o 
transportador e os passageiros, ou seja, mesmo que não seja possível vê-lo existe 
um contrato de transporte, e com isso nasce à responsabilidade do transportador. 
Essa obrigação de segurança vem prevista no art. 734 do Código Civil, 
com harmonia a Lei do Consumidor, qual dispõe: “O transportador responde pelos 
danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força 
maior, sendo nula qualquer cláusula excludente de responsabilidade.”. 
Com isso, entende-se que a responsabilidade do transportador é 
objetiva, fundada na teoria do risco, prevista no paragrafo único do artigo 927 do 
Código Civil, ou seja, basta que o autor assumindo o exercício da atividade, estará 
também assumindo os riscos eventuais por ela causados. 
 
3.1 Exceções que afastam a responsabilidade do transportador 
 
Há algumas causas excludentes da responsabilidade civil do 
transportador, sendo elas, caso fortuito ou força maior (art. 743º/CC e art. 14, 
§3º/CDC); fato causado exclusivamente por terceiro (art. 735º/CC) e culpa exclusiva 
da vítima (art. 738º/CC). 
No caso fortuito se tem duas espécies: caso fortuito interno e externo, 
este primeiro está relacionado com a imprevisibilidade, e com isso, fica intimamente 
ligado à teoria do risco, onde o transportador assumindo o risco da atividade 
perigosa estará também assumindo os riscos eventuais. Já a segunda espécie, se 
relaciona com a imprevisibilidade e inevitabilidade, onde não possui ligação com a 
empresa, pois se trata de casos ligados a fenômenos da natureza, e somente esta 
exclui a responsabilidade. A culpa exclusiva da vítima exclui a reponsabilidade, pois, 
quem da causa ao dano é o próprio passageiro, e não a transportadora. Por último, 
o fato causado exclusivamente por terceiro, é quando ocorre uma atividade 
desenvolvida por um terceiro, sem qualquer vinculação com o transportador, 
provocando com exclusividade o evento lesivo. 
Muito se divide a jurisprudência até os dias de hoje em relação à 
responsabilidade das empresas de transporte coletivo quanto ao roubo de 
passageiros durante o trajeto, porém entendimento vem sedo conforme o julgamento 
do REsp. nº 435.865 – RJ, Rel. Ministro Barros Monteiro, onde concluiu-se que: 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE COLETIVO. ASSALTO À 
MÃO ARMADA. FORÇA MAIOR. - Constitui causa excludente da 
responsabilidade da empresa transportadora o fato inteiramente estranho 
ao transporte em si, como é o assalto ocorrido no interior do coletivo. 
Precedentes. Recurso especial conhecido e provido. 
(STJ - REsp: 435865 RJ 2002/0065348-7, Relator: Ministro BARROS 
MONTEIRO, Data de Julgamento: 09/10/2002, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, 
Data de Publicação: --> DJ 12/05/2003 p. 209) 
Por mais que pareça indevido, a vítima não terá sucesso em cobrar da 
empresa de transporte indenização ou reparação de seus objetos, posto que a 
empresa não possui como finalidade a proteção patrimonial, se enquadrando então 
como força maior. 
Mesmo que a empresa não tenha responsabilidade de indenizar, seria 
injusto a vitima ficar sem nenhum resguardo, com isso, uma possível solução deste 
problema seria adotar a teoria dos riscos integral bem como a criação de um seguro 
social, segundo Cavalieri (2018, p. 416) neste seguro social deverá participar os 
empresários do transporte, os passageiros e o Poder Público, gerando um fundo 
para indenizar as vítimas, ou seja, a indenização ficaria limitada a um valor fixo, 
quando ocorressem fatos externos ao transporte. 
4 EXPERIENCIA ESTRANGEIRA 
 
Assim como no Brasil, a responsabilidade do transportador na 
Argentina é objetiva, baseada também na teoria do risco, sendo então, 
responsabilidade deste proporcionar ao passageiro uma viagem com segurança até 
seu destino, e caso essa obrigação não se cumpra, responderá este de forma 
objetiva, pois aceitou o risco da atividade. 
Nas palavras de Felix Trigo e Marcelo López: 
“Em doctrina se ha expuesto coincidentemente que entre las obligaciones 
del empresário transportista fiurala de transladar al pasajero sano y salvo al 
destino prefijado y que, si incumple esa obligación, el porteador responderá 
objetivamente por el riesgo creado, es decir que será éste quien, em 
definitiva, deberá acreditar algunas de las eximentes idóneas para cortar 
total o parcialmente com el nexo causal presumido enre el hecho ilícito y los 
daños causados.” (REPRESAS; LÓPEZ, 2004, p. 256).
5
 
 
Contudo, existem algumas isenções de responsabilidade do 
transportados, que estão previstas no artigo 184 do Código Comercial da Argentina, 
que são em caso de força maior, culpa da vítima ou terceiro, o transportador, deverá 
demonstrar que não houve nexo causal, caracterizando então, sua 
irresponsabilidade. 
 
5
 Na doutrina, foi afirmado por coincidência que entre as obrigações da empresa transportadora está 
a de transferir o passageiro com segurança para o destino pré-determinado e que, caso ele não 
cumpra esta obrigação, a transportadora será objetivamente responsável pelo risco criado, ou seja, 
este será que, em última instância, deve provar algumas das defesas adequadas para cortar total ou 
parcialmente o nexo causal presumido entre o ato ilícito e os danos causados . 
A jurisprudência internacional observa no mesmo sentido conforme 
trecho da sentença: 
[...] que los daños causados al pasajero por ataques vandálicos de sujetos 
inadaptados sociales no por previsibles en los tiempos que corren dejan de 
ser, por regla general, inevitables o irresistibles. Si un hecho que es 
previsible en abstracto no puede ser evitado en concreto, tal hecho 
constituye estrictamente un supuesto de fuerza mayor externo al riesgo 
propio del servicio de transporte ferroviario en particular. También son 
previsibles en abstracto, pero inevitables en concreto, el asalto a mano 
armada, el hurto solapado de un ratero, ambos sorpresivos, u otros hechos 
de violencia suscitados en el interior de un tren del que pueden resultar 
lesiones y aun la muerte del pasajero, del cual no deriva responsabilidad del 
transportador. (Poder Judicial de la Nación CAMARA CIVIL - SALA F Expte. 
43.608/2009).
6 
 
Sendo assim, assaltos no interior do coletivo, podem até ser algo 
previsível nos dias de hoje, porém não podem ser especificamente evitados, 
constituindo então, um caso de força maior. 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Conclui-se, portanto que as empresas de transportes em regra não 
possuem responsabilidade em caso de roubo ocorrido dentro do meio de transporte, 
sendo o acontecimento considerado como força maior, tendo em vista que é um 
problema de segurança pública, onde o transportador só terá a responsabilidade de 
ressarcir se de alguma maneira colaborar para com o ocorrido, entretanto deve ser 
feita uma análise em cada caso concreto. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARGENTINA. Poder Judicial de la Nación. Apelacion Civil nº 43.608/2009. Accidente 
ferroviario. Delitos. Responsabilidad del transportador. Daño. Cámara Nacional de 
Apelaciones em lo Civil, Sala F. Firmado por: J.L.G., JUEZ DE CAMARA Firmado 
por: EDUARDO ANTONIO ZANNONI, JUEZ DE CAMARA Firmado por: F.P.S., 
JUEZ DE CAMARA. Publicação: 22/08/2018. Dísponivel em: 
https://app.vlex.com/#/search/jurisdiction:AR/responsabilidad+del+transportista+por+
 
6
 (...) que os danos causados ao passageiro por ataques de vandalismo por sujeitos socialmente mal 
adaptados, que não são previsíveis nos tempos atuais, deixem de ser, via de regra, inevitáveis ou 
irresistíveis. Se um evento que é previsível em abstrato não pode ser especificamente evitado, tal 
evento constitui estritamente um caso de força maior externo ao risco do serviço de transporte 
ferroviário específico. Eles também são previsíveis em abstrato, mas inevitáveis em particular, assalto 
à mão armada, roubo secreto de um ladrão, ambos surpreendentes, ou outros atos de violência 
ocorridos dentro de um trem que podem resultar em ferimentos e até a morte do passageiro , da qual 
não decorre a responsabilidade do transportador. 
asalto+al+pasajero+durante+el+transporte./WW/vid/737391997. Acesso em: 30 de 
agosto de 2020. 
 
BRASIL. Lei nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Institui o Código Civil. Diário 
Oficial da União: seção 1, Brasília, DF. 11 janeiro, 2002. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 31 
de agosto de 2020. 
 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial; REsp 435865 RJ 
2002/0065348-7. Responsabilidade Civil. Transporte coletivo. Assalto à mão 
armada. Força maior. - Constitui causa excludente da responsabilidade da empresa 
transportadora o fato inteiramente estranho ao transporte em si, como é o assalto 
ocorrido no interior do coletivo. Precedentes. Recurso especial conhecido e provido. 
Severino de Souza Cruz e Evanil Transportes e Turismo LTDA. Relator: Ministro 
Barros Monteiro. DJ 12/05/2003 p. 209. Disponível em: 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7428553/recurso-especial-resp-435865-rj-
2002-0065348-7. Acesso em: 25 de agosto de 2020. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo Mário. Novo curso de 
direito civil: volume 3: responsabilidade civil. 17. ed., rev., ampl. e atual. São Paulo: 
SaraivaJur, 2019. 493 p. ISBN 9788553603022. 
 
Sergio, CF Programa de Responsabilidade Civil, 13ª edição. [São Paulo]: Grupo 
GEN, 2018. 9788597018790. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597018790/. Acesso em: 31 
de agosto de 2020. 
 
TRIGO REPRESAS, Félix A.; LÓPEZ MESA, Marcelo J. Tratado de la 
responsabilidad civil: el derecho de daños en la actualidad: teoría y práctica. 1. ed. 
Buenos Aires: La Ley, 2004. 4 t. ISBN 987-03-0251-3.

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