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Santi 94 1 DENTÍSTICA II - Preparo e restauração de classe V de CIV e Resina Composta • A classe V é uma das cavidades mais prevalentes devido a diferentes fatores. Situada no 1/3 cervical das superfícies lisas vestibular ou palatina/lingual dos dentes, desenvolvidas a partir de uma lesão cariosa ou não cariosa (LCNC) – devido a diferentes processos: de abrasão/erosão/atrição/multifatorial • A lesão cervical devido lesão cariosa ocorre graças a um desequilibro entre des e remineralização, acúmulo de biofilme, dieta altamente cariogênica e má higiene bucal. • A lesão não-cariosa pode ser causada por: meios ácidos que leva a dissolução da estrutura dentinária e do esmalte (erosão); pelo desgaste através do método de escovação ou outros hábitos (abrasão); perda de estrutura da região cervical por atrição, devido a fatores ainda não compreendidos; envolvimento de várias intercorrências leva a formação de cavidade (multifatorial). • Lesão de cárie ✓ Envolvimento esmalte ou esmalte/dentina ou só dentina radicular ✓ Ativas ou inativas ✓ Cavitadas ou não cavitadas ✓ Em caso de lesão de cárie deve-se fazer as medidas preventivas. É colocado uma material restaurador mesmo que provisório a fim de promover saúde bucal ✓ Estágio clínico inicial: mancha branca ✓ Ativa: opaca com limites mal definidos ✓ Quando realizadas as medidas preventivas estabelecendo o equilíbrio biomineral do meio (controle dos múltiplos fatores etiológicos + fluoretos), essa lesão pode se tornar inativa: brilhosa e pigmentada A lesão de cárie inativa pode ser “reativada” principalmente quando acomete dentina e em condições favoráveis à doença, ocorrendo o desequilíbrio, este fica bem evidente graças a presença de biofilme. Como consequência corre a progressão da doença e formação de cavidade. • Lesões Cervicais Não-Cariosas (LCNC): perda de estrutura dental sem interferência de fatores microbiológicos. Causas: erosão, abrasão, atrição ou associação de fatores ✓ Erosão dental: perda de estrutura dentária pela dissolução ácida sem o envolvimento de bactérias. Solução ácida de origem extrínseca e/ou intrínseca, ou origem idiopática. - Sinais de erosão: esmalte mais translucido ligeiramente brilhante; pequenas áreas convexas são visíveis, mais larga que profunda; inicia-se próximo a JAD; aparência pseudo-chanfro na margem cervical; arredondamento de cúspides, incisal e sulcos; extrusão das restaurações. - A erosão promove: exposição da dentina; aumento da translucidez incisal; desgaste da superfície livre; hipersensibilidade. - As lesões de erosão, com frequência, são exacerbadas pela abrasão mecânica. - Não escovar os dentes imediatamente após consumo de alimentos ácidos, refluxo ou regurgitação ✓ Abrasão: perda de estrutura por uma ação secundaria de um agente externo por exemplo escovação, método de escovação, abrasivos dos dentifrícios, hábitos (ex. roer unha) - Principal causa: higienização bucal (tipo de dentifrício; região de início da escovação; aplicação do dentifrício; dureza das cerdas, frequência e pressão aplicada) - Fatores relativos: ao paciente e a materiais utilizados - Característica: vários dentes acometidos na mesma arcada - Sinais de abrasão: localizado na cervical e vestibular; as margens são agudas e bem definidas; apresentam superfície dura e polida; a superfície pode apresentar arranhões; geralmente livres de biofilme, envolvem vários dentes e não apresentam descoloração. Geralmente leva à perda da estrutura ✓ Atrição: desgaste da superfície do dente ou restauração causada pelo contato dente a dente durante a oclusão, mastigação ou parafunção. Microdesgaste – facetas de desgaste. Bruxismo acelera esse processo - Características: presença de interferências oclusais em lateralidade e com facetas de desgaste; forma de cunha afiada de lesão; uma localização subgengival ocasional de toda a lesão ou parte dela; a presença isolada da lesão em um único dente da arcada Cavitada Inativa Ativa Não-cavitada erosão abrasão atrição Santi 94 2 • Indicação para restauração ✓ Necessário diagnosticar e controlar os fatores etiológicos das lesões: corrosão, abrasão, abfração ou associação ✓ Sensibilidade a estímulos físicos e químicos ✓ Retenção e acúmulo de biofilme ✓ Comprometimento estético, biológico ou funcional ✓ Se após a instituição de medidas de saúde for constatado que a lesão continua progredindo Fatores a serem considerados: ✓ Parede gengival normalmente se localiza no limite amelo-dentinário, estendendo-se a dentina ou cemento radicular ✓ Lesões profundas sob o ponto de vista biológico, porem rasas mecanicamente, prejudicando a estética e retenção do material restaurador ✓ Cavidade próxima ao periodonto marginal, podendo estender-se subgengivalmente • Tratamento lesões cariosas ✓ Saber tipo de lesão (ativa, inativa, cavitada ou não) ✓ Localização das margens (a nível gengival, supra gengival ou a nível radicular) ✓ Relação com o periodonto ✓ Atividade de carie do paciente • Preparo cavitário ✓ Minimamente invasivo no caso de lesão cariosa (remover apenas tecido amolecido e necrótico) ✓ Em caso de lesões cervicais não cariosas não é necessário fazer nenhum preparo ✓ Características do preparo: - parede gengival acompanha a curvatura da gengiva marginal - parede oclusal/incisal paralela ao plano oclusal - parede axial convexa – acompanha a curvatura externa do dente - parede mesial e distal ligeiramente divergente para vestibular/lingual - para resina composta – bisel no esmalte oclusal/incisal do preparo ✓ Lesão subgengival: afastamento gengival adequado - grampo retrator nº 212 de Ferrier - fios retratores - procedimentos cirúrgicos: gengivectomia e retalho total ESCOLHA DO MATERIAL RESTAURADOR • Cimento Ionômero de Vidro ✓ Adesão química às estruturas ✓ Preservação da estrutura dental sadia ✓ Liberação de flúor, tanto para interface dente-restauração quanto para dentes adjacentes ✓ Biocompatibilidade, usado também na proteção do complexo dentino-pulpar como isolante térmico e biológico *Policarboxilato de zinco (adesividade e biocompatibilidade) + cimento de silicato (liberação de flúor e fator estético) → CIV Composição: (variedade de composição) - Pó: óxido de silicato (29%), óxido de alumínio (16,7%), fluoreto de cálcio (34,3%), fluoreto de alumínio (7,3%), fluoreto de sódio (3,0%), fosfato de alumínio (9,8%) - Líquido: poliácidos (co-polimeros de ácido poliacrilico, itacônico, tartárico), água Forma de apresentação: pó/líquido; cápsulas. Pode ter reação apenas química ou química e fotopolimerizavel Classificação ✓ Convencionais: reação ácido-base ✓ Modificado por resina (CIVMR ou RMGIC) - Reação dominante ácido-base e auxiliar pela fotopolimerização (HEMA) ✓ Resina composta modificado por poliácidos (Compomer) - Resina fotopolimerizável, modificado por ions de partículas de vidro e ácido polialquenoisa anidro ✓ Reforçado por metal - Adição de ligas de pratas, ouro, paládio e oxido de titânio ✓ Alta viscosidade - Melhores propriedades em relação ao convencional Santi 94 3 ✓ Reforçado por Zircônia (Zirconomer) - Adição de zircônica ✓ Exemplos de CIV para cimentação - Tipo I: característica mais fluida, assim é possível usá-lo em finas camadas para cimentação de uma peça metálica ou cerâmica ✓ Exemplos de CIV para restauração - Tipo II: normalmente ionômero convencional (Ketac Fil, Vidrion R, Ketac Molar - marcas). - Reforçado por metais também é Tipo II por ser indicado para restauração. Tem líquido semelhante ao do CIV convencionale pó convencional com adição de metais. Simmons, em 1983, adicionou limalha para amalgama no cimento → Escurecimento das margens das cavidades e a não significativa melhora em sua resistência, inviabilizaram o uso deste material Em 1985, McLean e Gasser, incluíram partículas de prata ao pó do CIV ✓ Exemplos de CIV para forramento ou base de restaurações - Tipo III: usado como isolante para proteger remanescente dentário e complexo dentino-pulpar. Pode ser modificado por resina. ✓ Exemplo de CIV para restauração - Tipo IV: modificado por resina indicado para restaurações. Precisa de fotopolimerização Adesão ✓ Limpar e secar a cavidade preparada (ácido poliacrilico 10%, 25%, 40% - 10 a 20s) ✓ Usar a proporção pó/líquido correta (alteração pode diminuir adesão) ✓ Inserir material com brilho úmido ✓ Prevenir contaminação com umidade ✓ Não remover matriz precocemente ✓ Realizar acabamento tardio ✓ Adesão do CIV modificado por resina é superior ao convencional, contudo a longevidade do convencional é maior Liberação de flúor ✓ CIV encapsulados liberam maior quantidade (proporção mais correta) ✓ Propriedade anticariogênica (↓DES e ↑RE) ✓ Flúor atua na ecologia da microbiota bucal ✓ Inibição do Streptococos mutans no biofilme próximo ao CIV ✓ Reservatório de flúor Biocompatibilidade ✓ Sensibilidade pós operatória técnica (sensível a ganho e perda de água) ✓ Ácido poliacrilico – fraco ✓ Baixa difusão dos poliácidos com suas cadeias de íons H+ ✓ Baixa penetração bacteriana - Liberação de fluoretos - ↓ pH inicial - União química à estrutura dentária - Paralisa processo de cárie caso esteja na parede de fundo e impede novas penetrações Coeficiente de expansão térmica ✓ Boca: mudanças térmicas → alterações dimensionais: discrepância na interface dente/restauração → irritação pulpar/recidiva de carie ✓ CIV tem coeficiente mais próximo da estrutura dentaria (menor discrepância interface dente/restauração) ✓ Convencionais melhor que os modificados Indicações ✓ Adequação do meio ✓ ART (Técnica Restauradora Atraumática) ✓ Lesões cervicais cariosas e não cariosas ✓ Amalgama aderido ✓ Classe II conservativa (slot horizontal, acesso direto e túnel) ✓ Restaurações de classe III e V ✓ Classe I conservativa – Selante Santi 94 4 ✓ Técnica sanduiche (internamente CIV e externamente resina composta) ✓ Núcleo de preenchimento ✓ Base e forramento ✓ Cimentação Desvantagem ✓ Presa lenta ✓ Falta de translucidez (as vezes fica mais opaca) ✓ Polimento deficiente ✓ Técnica sensível (sinérese e embebição) ✓ Baixa resistência à tração e cisalhamento principalmente CIV modificado por monômeros resinosos CIV modificado por resina ✓ Vantagens - Fotopolimerizáveis (melhor controle de tempo) - Acabamento imediato - Estética - Resistência à compressão e à tração ✓ Desvantagens - Contração de polimerização - Desidratação da restauração - Alteração da cor - Resistência inferior às resinas compostas - Estética inferior a resina composta *CIV convencional pode, com o tempo, mimetizar a cor do dente Proporção pó/líquido ✓ Armazenagem correta ✓ Instruções do fabricante – bula ✓ Frasco pó – agitar ✓ Placa de vidro – bloco de papel ✓ Manipulação por aglutinação – 20s a 1min ✓ Dividir o pó em 2 porções O material para cimentação apresenta consistência mais fluida, o de restauração mais densa, de forramento parecida com de cimentação e de base é uma consistência intermediaria entre de cimentação e de restauração (normalmente base e restauração tem mais pó que líquido). Muito pó: reduz tempo de trabalho/presa; reduz translucidez Pouco pó: aumenta solubilidade; reduz resistência à abrasão e a mistura fica fluida Inserção do material ✓ Seringas tipo centrix ✓ Facilidade ✓ Reduz porosidade e bolhas ✓ Melhor adaptação marginal Procedimento restaurador ✓ Avaliação da relação da gengiva marginal com a cavidade (verificar possibilidade de isolamento e uso de grampo) ✓ Profilaxia ✓ Seleção do material restaurador - Cimento de Ionômero de Vidro ✓ Anestesia *CIV pode ser utilizado em caso de erosão Procedimento Laboratorial ✓ Remoção do tecido cariado – baixa velocidade (brocas esféricas)/colher de dentina ✓ Preparo cavitário ✓ Inserção CIV – Centrix ✓ Matriz adaptada Santi 94 5 ✓ Proteção do CIV com esmalte incolor ✓ Acabamento – disco de lixa com água (refrigeração) (depois de 24h) Protocolo clínico ✓ Avaliação da relação da gengiva marginal com a cavidade ✓ Profilaxia ✓ Seleção da cor ✓ Anestesia Preparo cavitário: restrito a remoção do tecido cariado. Acesso direto • Resina Composta ✓ Estética superior ✓ Conservação da estrutura dental ✓ Baixa condutibilidade térmica ✓ Certa maleabilidade para hábitos parafuncionais (distribui forças) ✓ Facilidade de reparo ✓ Reforço da estrutura dental remanescente ✓ Baixo custo se comparado a restaurações indiretas ✓ Confecção em uma única sessão Protocolo clínico ✓ Avaliação da relação da gengiva marginal com a cavidade ✓ Profilaxia ✓ Seleção das resinas e cores - Micropartícula/ nanopartícula - Híbrida + micropartícula ✓ Anestesia É importante fazer um isolamento correto, com o grampo abaixo do limite cervical da restauração permitindo visualização do término cervical durante o procedimento e evitando sobrecontorno, um dos motivos de falha da restauração de resina composta já que impede que toda a área seja tratada adequadamente e irrita o tecido gengival. No término cervical, quando se tem um esmalte muito irregular é bom regularizá-lo antes da restauração. No caso de lesões cariosas fazer bisel apenas no esmalte.
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