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DrElpidioAgravo de Instrumento segundo a jurisprudência do STF

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O Agravo de Instrumento segundo 
a jurisprudência do STJ 
Espécies de Agravo 
O recurso de agravo é gênero, do qual são espécies: 
a) agravo de instrumento; 
b) agravo interno; 
c) agravo para destrancamento de recursos de natureza extraordinária e 
d) agravo do art. 15, da Lei 12.016/2009 (MS). 
Com o novo CPC, foi extinto o agravo retido, o agravo de instrumento 
passou a ser admissível de acordo com rol taxativo (assim considerado 
inicialmente). 
 
O agravo regimental foi extinto? 
 
 
Natureza jurídica 
Recurso - Meio de impugnação de decisão 
judicial 
 
Previsão legal 
Arts. 1.015 a 1.020 do CPC 
 
 
Endereçamento e Competência 
Direto ao Tribunal 
 
Prazo 
15 dias (X2 FP DP MP Litisconsortes adv diferentes e de 
escritórios diversos). A contagem ocorre em dias úteis. 
Juízo de admissibilidade 
Não passa pelo juízo de admissibilidade perante o órgão a quo. Entende-
se possível apenas para o caso de retratação que o juízo a quo analise a 
tempestividade. 
 
Princípio da unicidade recursal 
Um único agravo de instrumento pode atacar múltiplas decisões 
interlocutórias. Segundo o STJ, essa providência não viola o princípio da 
unicidade recursal, já que não há na legislação processual nenhum 
impedimento a essa prática (REsp 1.628.773). 
 
 
Art. 1015: rol taxativo? 
 
O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada. Admite-se a 
interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência 
decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de 
apelação (Corte Especial, REsp Repetitivo 1.704.520/MT, j. Em 
05/12/2018, Info 639). 
Essa tese somente se aplica às decisões interlocutórias proferidas 
após a publicação do REsp, que ocorreu no DJe 19/12/2018 (STJ 
modulou os efeitos da decisão). 
 
 
Hipóteses de cabimento 
 
I – Tutelas provisórias 
 
 
JDPC70. É agravável o pronunciamento judicial que postergar a análise de pedido 
de tutela provisória ou condicioná-la a qualquer exigência. 
 
FPPC560. As decisões de que tratam os arts. 22, 23 e 24 da Lei 11.340/2006 (Lei 
Maria da Penha), quando enquadradas nas hipóteses do inciso I, do art. 1.015, 
podem desafiar agravo de instrumento. 
 
 
Hipóteses de cabimento 
 
I – Tutelas provisórias 
 
Decisão que não concede efeito suspensivo a embargos à execução(REsp 
1.694.667 e 1.745.358) é agravável, pois trata-se de decisão sobre uma tutela de 
urgência - Art. 1.015, I, CPC. 
 
Decisão interlocutória que bloqueia valores e bens do locatário em virtude do 
descumprimento de decisão interlocutória anterior que havia determinado o 
depósito em juízo dos aluguéis vencidos e vincendos é recorrível por agravo de 
instrumento. 
Fundamento com base no art. 1.015, I, CPC. REsp 1.811.876/AL 
 
 
II - mérito do processo 
 
FPPC103. A decisão parcial proferida no curso do processo com fundamento no 
art. 487, I, sujeita-se a recurso de agravo de instrumento. 
 
FPPC611. Na hipótese de decisão parcial com fundamento no art. 485 ou no art. 
487, as questões exclusivamente a ela relacionadas e resolvidas anteriormente, 
quando não recorríveis de imediato, devem ser impugnadas em preliminar do 
agravo de instrumento ou nas contrarrazões. 
 
 
 
II - mérito do processo 
 
- Decisão interlocutória que fixa a data da separação (segredo de justiça) 
É agravável, pois trata de mérito - Art. 1.015, II, CPC 
- Decisão interlocutória sobre prescrição ou decadência (REsp 1.778.237 e 
REsp 1.772.839) 
É agravável, pois trata-se de mérito - Art.1.015, II, CPC. 
 
Decisão interlocutória que reconhece que o autor é consumidor bystander e, 
em razão disso, afasta a ocorrência da prescrição sob a ótica do CDC, é 
agravável. 
Fundamento com base no art. 1.015, II, CPC. REsp 1.702.725/RJ. 
 
 
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem 
 
- Decisão interlocutória relacionada à definição de competência (REsp 
1.679.909) 
A gravidade das consequências da tramitação de uma causa perante 
juízo incompetente permite interpretação mais ampla do inciso III do 
art. 1.015, CPC. 
 
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
 
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento 
do pedido de sua revogação 
 
VI- exibição ou posse de documento ou coisa 
 
VII - exclusão de litisconsorte 
 
- Cabe agravo contra decisão que exclui litisconsorte do 
processo (REsp 1.772.839) 
Está expressamente previsto no artigo 1.015, inciso VII, do 
CPC/2015, mas o STJ precisou se manifestar porque o TJSP havia 
negado seguimento ao recurso por considerar que ele estava se 
referindo à legitimidade. 
VIII- rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio 
 
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros 
 
- Decisão interlocutória que admite ou não a intervenção de terceiro e, 
em razão disso, determina ou não a remessa do processo ao juízo 
competente é recorrível por agravo de instrumento. 
Fundamento com base no art. 1.015, IX, CPC. REsp 1.797.991/PR 
 
 
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo 
aos embargos à execução 
 
Decisão que não concede efeito suspensivo a embargos à 
execução(REsp 1.694.667 e 1.745.358). É agravável, pois trata-se 
de decisão sobre uma tutela de urgência - Art. 1.015, I, CPC 
 
 
 
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º 
 
- É cabível agravo de instrumento contra decisão interlocutória que defere ou 
indefere a distribuição dinâmica do ônus da prova ou quaisquer outras 
atribuições do ônus da prova distinta da regra geral, desde que se operem 
ope judicis e mediante autorização legal. J.19, Info 645. 
- Cabe agravo de instrumento contra decisão que inverte o ônus da prova em 
relação de consumo (REsp 1.729.110/CE). 
- Decisão interlocutória que indefere ou defere distribuição do ônus da prova, 
qualquer que seja a espécie (REsp 1.729.110). É agravável, pois trata-se do 
mérito - Arts.1.015, XI e 373, §1º, CPC. 
 
XII - outros casos expressamente referidos em lei 
 
Art. 1.015, § único - liquidação, cumprimento de sentença, 
execução e inventário 
 
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões 
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento 
de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. 
 
CJF 145: O recurso cabível contra a decisão que julga a liquidação de sentença é o 
Agravo de çInstrumento. 
 
JDPC69 A hipótese do art. 1.015, parágrafo único, do CPC abrange os processos 
concursais, de falência e recuperação. 
 
 
- Decisão interlocutória em recuperação judicial (REsp 1.722.866). 
 Mais recente: REsp 1.786.524/SE (cabe durante o processo de falência e de 
recuperação judicial). 
Aplicou-se o parágrafo único do art. 1.015 do CPC (analogia) 
 Todas as decisões interlocutórias proferidas em liquidação e cumprimento 
de sentença, no processo executivo e na ação de inventário (REsp 1.745.358). A 
limitação do art. 1.015 é apenas para a fase de conhecimento 
 
- Decisão proferida na exceção de pré- executividade que declara a nulidade de 
todos os atos processuais praticados durante o prosseguimento do feito, sem, 
contudo, extinguir a fase cognitiva do processo, em razão da necessidade da 
formação de litisconsórcio passivo, tem natureza jurídica de decisão 
interlocutória e, portanto, recorrível por agravo de instrumento. 
AgInt no AREsp 1.369.017/PR 
 
 
- Cabe agravo de instrumento contra a decisão que julga 
procedente a primeira fase da ação de exigir contas, 
mas, diante da dúvida objetiva acerca do recurso cabível, 
aplica-se o princípio da fungibilidade recursal 
REsp 1.680.168/SP e REsp 1.746.337/RS (4ª e 3ª Turmas) 
 
 
 
-Nas ações processadas sob o regime do Decreto- lei 
3.365/1941, a decisão que versa sobre a imissão provisória 
na posse e as suas condicionantes específicas - notadamente 
o depósito da oferta inicial - trata de tutela provisória de 
urgência, e a sua efetivação, sob o interesse do 
desapropriado, para efeito de levantamento parcial do 
numerário, observaas regras do cumprimento de sentença, 
daí a hipótese específica de cabimento do agravo de 
instrumento. 
Fundamento com base no parágrafo único do art. 1.015 do 
CPC. RMS 60.932/SP. 
 
 
Acabou de sair do forno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acabou de sair do forno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NÃO cabimento de Agravo de Instrumento 
(posicionamentos do STJ) 
 
a) Decisão interlocutória que não acolhe preliminar de ilegitimidade passiva 
de litisconsorte (REsp 1.725.018) 
b) Decisão interlocutória que determina a elaboração dos cálculos judiciais e 
estabelece parâmetros para sua realização (REsp 1.700.305) 
c) Decisão interlocutória que permite emenda à inicial dos embargos à 
execução (REsp 1.682.120) 
d) Decisão de indeferimento do pedido de exclusão de litisconsorte 
(Informativo 544, STJ) 
 
e) Decisão interlocutória que verse sobre o valor da causa (REsp 
1.802.171/SC) 
 
f) Decisão interlocutória proferida em ação de constituição de 
servidão administrativa que defere o levantamento de parte do 
valor ofertado pelo expropriante não é agradável porque não 
trata de decisão interlocutória (AgInt no AREsp 1.270.140/SP) 
Peças Obrigatórias: o instrumento 
 
Só existem 6 peças obrigatórias: 
1) inicial; 
2) contestação; 
3) petição que ensejou a decisão agravada; 
 4) própria decisão agravada; 
5) certidão da intimação ou outro documento oficial que 
comprove a tempestividade, e; 
 
 
6) procurações outorgadas aos advogados do agravante e do 
agravado. 
 
 
O agravante, no prazo de 3 dias da interposição, deve juntar aos 
autos de primeira instância cópia do recurso de agravo de 
instrumento e dos documentos novos nele juntados, sendo 
desnecessária a juntada de documentos constantes dos autos 
principais. 
 
Autos eletrônicos: dispensada referida juntada 
 
Faltou peça: intima para juntar em 5 (cinco) dias (art. 932, p. único do CPC). 
Antes o STJ considerava inadmissível o agravo se faltassem peças obrigatórias. 
Hoje, pela redação do CPC, deve-se privilegiar o julgamento do apelo, 
oportunizando-se ao agravante sanar o vício. 
 
Exceção: tempestividade é vício insanável. Não apresentou certidão de 
intimação (feriados locais), é inadmissível (art. 1.003, §6º). 
 
JURIS: “O vício da falta de indexação de peças facultativas do processo 
eletrônico não é suficiente, por si só, para obstar o conhecimento do agravo 
de instrumento” (REsp 1.810.437/RS, DJE 01/07/2019). 
 
Interposição 
 
A entrega do recurso poderá ser feita (art. 1.017, §2º: 
(i) diretamente no tribunal competente para julgá-lo; 
(ii) por protocolo realizado na própria comarca, seção ou 
subseção judiciárias; 
(iii) por postagem, sob registro, com aviso de recebimento; 
(iv) por transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da 
lei; 
(v) por outra forma prevista em lei. 
 
 
Efeito regressivo 
Tem efeito regressivo. 
 
Efeito suspensivo 
Em nenhuma hipótese de agravo há previsão de efeito suspensivo ope legis. 
O art. 1019, I, do CPC, prevê a possibilidade de concessão de tutela de 
urgência mediante pedido do recorrente. A tutela de urgência pode se dar 
mediante concessão de efeito suspensivo e mediante concessão de 
antecipação de tutela recursal. 
Nos termos do art. 995, a atribuição de efeito suspensivo depende de que a 
imediata produção de efeitos da decisão recorrida gerar risco de dano 
grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a 
probabilidade de provimento do recurso. 
 
 
Antecipação da tutela 
Para a obtenção de antecipação de tutela recursal, devem ser 
demonstrados os requisitos do art. 300, do CPC: a existência de 
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o 
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo 
 
 
Preparo 
Tem custas. 
 
 
Procedimento 
Deve o agravante informar ao juízo de origem a interposição do recurso (Art. 
1.018). 
 
Apesar de o CPC utilizar a expressão “poderá”, trata-se de providência 
obrigatória, mas a inadmissão do agravo somente ocorrerá, por esse motivo, 
se tal omissão for arguida e provada pela parte agravada, conforme se pode 
extrair da redação prevista no § 3º do art. 1.018: O descumprimento da 
exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, 
importa inadmissibilidade do agravo de instrumento”. 
 
A comunicação ao juízo prolator da decisão é necessária para que, se for 
o caso, ocorra o juízo de retratação (efeito regressivo) 
 
 
 
 
Não havendo retratação e sendo admitido o recurso, se não for o caso de aplicação 
do 932, III e IV (decisão monocrática), o relator, no prazo de 5 (cinco) dias: 
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de 
tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua 
decisão; 
II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de 
recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou 
por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda 
no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender 
necessária ao julgamento do recurso; 
III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio 
eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no 
prazo de 15 (quinze) dias. 
 
 
O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 
1 (um) mês da intimação do agravado (art. 1.020). Da mesma 
forma da apelação, o quórum colegiado é de 3 
desembargadores, sendo que se houver recurso de apelação e 
agravo no mesmo processo, aptos a julgamento, este deve 
preferir aquele (art. 946).

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