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Peça civil 1

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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE BAURU – SÃO PAULO.
Barnabé, brasileiro, solteiro, agricultor e micro empresário da empresa chamada Caipira Hortaliças Ltda. – ME, portador do RG nº XXXXXXXXX e CPF nº XXXXXXXX, detentor do endereço eletrônico XXXXXXXX@hotmail.com, residente e domiciliado à Rua XXX, nº XXX, Bairro XXXXXX, na cidade de BAURU– SP, CEP: XXXXXXXXX, , neste ato representado pela advogada que subscreve, com procuração anexa, endereço profissional à Rua XXX, nº XXXXXX, na cidade de XXXXXXXXX – MG vêm, perante Vossa Excelência, com o devido respeito e vênia, embasando-se nos arts. 186 e 927, 949 e 950 do Código Civil e no artigo 28 do Código de Trânsito Brasileiro, a seguinte: AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO CUMULADA COM DANOS MORAIS e MATERIAIS, EMERGENTES, LUCROS CESSANTES, em face de Viação Meteoro Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o CNPJ XXXXXXXXXXX, com sede à Rua: XXXXXX, nº XXXXX, Bairro XXXXXX, na cidade de São Paulo/SP, CEP: XXXXXXX, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
I- DOS FATOS
Barnabé é um senhor de 50 anos de idade,agricultor e vive da colheita e do
transporte das hortaliças aos mercados das cidades vizinhas a Bauru/SP. Ele possui
uma micro empresa chamada Caipira Hortaliças Ltda. – ME, cuja sede é na mesma
cidade,que utiliza para emitir notas fiscais aos comerciantes que adquirem os seus
produtos. Com o esforço do seu trabalho, através da Caipira Hortaliças Ltda. – ME,
Barnabé adquiriu uma pick-up Ford Ranger, placa GGG-1223, que utilizava para o
transporte dos seus produtos. O seu veículo realizava entre 5 a 10 entregas por dia nas
cidades próximas.
No dia 11/02/2017, o sr. Barnabé retornava a Bauru/SP conduzindo a sua Pick-up após mais um dia cansativo de trabalho. Naquela noite, chovia muito e a estrada estava escorregadia, e havia também muita neblina. Ocorre que, quando trafegava na curva do km 447 da rodovia BR-345, no município de Jaú/SP.Os pneus traseiros derraparam, e o veículo rodopiou por sua pista, ficando atravessado na pista, sem, contudo, invadir a pista contrária. No entanto, um ônibus da Viação Meteoro Ltda., que trafegava na pista contrária, assustou-se com a manobra efetuada pelo Senhor Barnabé, e pisou no freio. Como a pista estava escorregadia e com um pouco de óleo, o motorista perdeu o controle do seu veículo e bateu de frente na pick-up. Ranger. Com o impacto, a pick-up foi arremessada por cerca
de10 (dez) metros, e bateu no barranco da pista. Com o impacto, o sr. Barnabé feriu-se gravemente, apresentando um corte na testa, fratura nas pernas e nos braços. O veículo pick-up Ranger, com o impacto, ficou todo amassado, com danos no chassi e por toda a lataria. Em razão do acidente, a Polícia Rodoviária Federal interditou as pistas e chamou a perícia. A polícia tomou ainda o depoimento do motorista do ônibus, que afirmou que invadiu a pista contrária em razão de tentar desviar do veículo que estava derrapando e indo em sua direção. Posteriormente, no hospital, a polícia tomou o depoimento do sr. Barnabé, que afirmou que perdeu o controle do seu veículo em vista do ônibus ter invadido a contramão, o que o forçou a realizar uma manobra brusca que causou a derrapagem e o impacto com o ônibus. A perícia que esteve no local foi inconclusiva, pois, como estava chovendo, não conseguiu colher as medidas das derrapagens, embora tenha reconhecido a invasão à outra pista, mas não conseguiu definir se esta ocorreu antes ou após o choque.
	Estiveram também presentes a seguradora da pick-up, Shangai Marine, bem como a seguradora da empresa de ônibus da Viação Meteoro, a Seguradora Trafegar S/A. O relatório final de cada uma tinha conclusões distintas: a seguradora da empresa de ônibus considerou a pick-up como a responsável pelo acidente, enquanto que a seguradora da pick-up considerou a empresa de ônibus como a responsável.
II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
	A responsabilidade subjetiva civil do Réu, por perdas e danos, está caracterizado, pelo fato de estar andando com seu veículo e por ter entrado na contramão, existindo ai, o nexo de causalidade, necessário para a aplicação do instituto, como bem nos ensina o brilhante doutrinador, Sílvio de Salvo Venosa:
Nexo causal, é o liame que une a conduta do agente ao dano. É por meio do exame da relação causal que se conclui quem foi o causador do dano. Trata-se de elemento indispensável.
	Tem como principais dispositivos legais, no Código Civil os arts. 186 e 927 do Código Civil), respectivamente. Confira-se:
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
"Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem."
	Os fatos narrados ensejam a aplicação de um importante instituto do direito civil, qual seja o da responsabilidade civil, o qual é conceituado pela grande jurista Maria Helena Diniz:
Pode-se definir a responsabilidade civil como a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda ou, ainda, de simples imposição legal.
(Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro, vol. 7: responsabilidade civil – 26. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012)
	No artigo 949 do Código Civil, trata do dever daquele que causou o dano, de arcar com as despesas de tratamentos e lucros cessantes que o ofendido houver sofrido.
	O artigo 402 do Código Civil assim preceitua: Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
	Na responsabilidade extracontratual, não há qualquer relação jurídica anterior entre o agente que causou o dano e a sua vítima. É a partir do ato lesivo daquele que a obrigação de indenizar exsurgirá, facultando-se à vítima o direito de acionar a máquina judiciária na persecução de uma reparação civil em desfavor do agente causador do dano.
III- DOS DANOS MORAIS, MATERIAIS E LUCRO CESSANTE
	O autor da ação, teve de se submeter a cirurgias nos seus braços e pernas e tomar pontos na sua testa, tendo prejuízo material ainda com o seu veículo e ainda e o seu sustento. Como ele trabalhava sozinho, não sabia como fazer para sobreviver no período de recuperação do acidente, e também como faria para transportar as hortaliças. 
	Foi apurado que a empresa Viação Meteoro Ltda. tinha sede em São Paulo/SP.
A empresa de ônibus fez três orçamentos para o conserto do seu veículo, ficando apurado que o da concessionária Translíder ficaria em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), o da Oficina Battera ficaria em R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), enquanto que o orçamento da Oficina Restaurar Ltda. ficaria em R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Por outro lado, foi apurada a perda total do veículo do sr. Barnabé. 
	Analisando o balanço mensal da empresa Caipira Hortaliças constatou-se que esta possuía um faturamento mensal de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sendo que o lucro líquido mensal chegava ao montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
	No período de três meses, necessário ao restabelecimento da saúde do sr. Barnabé, a empresa zerou o seu faturamento, e ficou em dificuldades com o locador da loja, bem como com seus fornecedores, acumulando um prejuízo de R$ 10.000,00.Como a empresa de ônibus negou autoria do acidente e a sua seguradora não aceitou e compor os prejuízos. O autor não teve outra opção a não ser ajuizar ação para reparação civil em desfavor do agente causador do dano.
	Em anexo segue os seguintes documentos: Boletim de Ocorrência, orçamentos do veículo Ford Ranger de propriedade da empresa, fotos dos danos causados no veículo, trocas de e-mails com a transportadora e sua seguradora e balanços mensais da empresa.
III- DO PEDIDO:
Ante o exposto, requer:
a) O recebimento e processamento da presente demanda; 
b) Que seja deferida a inversão do ônus da prova, diante do artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor;
c) Sejam julgados procedentes os pedidos para condenar o Requerido:
	-ao dano emergente como pagamento do valor do veículo pick-up Ford Ranger (menor valor avaliado da Oficina Battera que ficaria em R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), placa GGG-122, cumulativamente com as despesas hospitalares;
	-ao valor do lucro líquido mensal da empresa ao longo do período de três meses como lucro cessante avaliado em R$30.000,00 necessário ao restabelecimento da saúde do sr. Barnabé;
	-débito que resultou em R$10.000,00(dez mil reais), a título de danos materiais, devidamente corrigidos, devido aos gastos com dificuldades com o locador da loja, bem como com seus fornecedores, acumulando um prejuízo.
	-R$10.000,00 a título de danos morais devido ao transtorno na vida do Sr. Barnabé. 
d) A produção de todos os tipos de provas cabíveis, em especial a prova documental, depoimento pessoal da Requerida, oitiva de testemunhas e todas as outras provas que se fizerem necessárias à busca da verdade;
e) E por fim, pugna pela condenação da Requerida ao pagamento de honorários sucumbenciais em 20% (vinte por cento) conforme dispõe o art. 855, dada a natureza da causa e o trabalho desenvolvido, nos termos do caput do Código de Processo Civil.
Dá-se a causa o valor de R$85.000,00 (oitenta e cinco mil reais).
Termos em que, pede deferimento.
XXXXXXX – MG, 30 de setembro de 2020.
Advogado
OAB/MG 00.000

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