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Livro Eletrônico .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 1 Organizações Internacionais ........................................................................................... 2! 1. Teoria Geral das Organizações Internacionais .............................................................. 2! 1.1. Generalidades: ....................................................................................................................... 2! 1.2. Estrutura das Organizações Internacionais: ............................................................................ 4! 1.3. Classificação das Organizações Internacionais: ...................................................................... 6! 1.4. O processo decisório nas organizações internacionais: ........................................................... 7! 1.5. Relação entre as organizações internacionais e países: .......................................................... 8! 1.6. Admissão e Retirada de membros: ......................................................................................... 9! 1.7. Sanções: ............................................................................................................................... 10! 2. Tribunal Penal Internacional ..................................................................................... 16! Lista de Questões ......................................................................................................... 26! Gabarito ...................................................................................................................... 33! Olá, amigos do Estratégia, tudo bem? Dando continuidade ao nosso curso de Direito Internacional p/ Magistratura Federal, estudaremos na aula de hoje sobre a teoria geral das Organizações Internacionais. Abraços, Ricardo Vale “O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 2 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 1.!TEORIA GERAL DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 1.1.!GENERALIDADES: Uma das grandes tendências evolutivas do Direito Internacional do pós-Segunda Guerra Mundial é a institucionalização, que se caracteriza pelo fato de que ele deixa de regular apenas as relações interestatais, tornando-se mais presente nas organizações internacionais.1 A complexidade das relações internacionais advinda da globalização gerou nos Estados a percepção de que há problemas comuns da humanidade, os quais não podem ser resolvidos por nenhum deles isoladamente. Segundo Accioly, as organizações internacionais multiplicam-se à medida que aumenta a conscientização a respeito dos problemas especificamente internacionais. Tais problemas, por não poderem ser enfrentados por um só Estado, exigem a cooperação internacional2. Nesse sentido, como forma de dar efetividade aos acordos celebrados, os Estados criam uma estrutura capaz de monitorá-los, e, ao mesmo tempo, estabelecer um foro para discussões. Embora as primeiras organizações internacionais tenham surgido no século XIX, foi somente a partir da segunda metade do século XX que estas começaram a proliferar. Atualmente, as Organizações Internacionais são consideradas importantes sujeitos de direito internacional público e sua relevância no cenário internacional cresce cada vez mais, fruto do aumento das relações internacionais e da cooperação entre os Estados. Mas qual seria a definição de organização internacional? A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 estabelece um conceito bem simples, segundo o qual as organizações internacionais são organizações intergovernamentais. Apesar de não estar errado, a doutrina majoritária entende que esse conceito não é suficiente para descrever essas entidades. Um conceito bem mais complexo nos é apresentado por Mazzuoli, segundo o qual organização internacional é uma “associação voluntária de Estados, criada por um convênio constitutivo e com 1 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010 2 ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009 Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 3 finalidades pré-determinadas, regida pelas normas do direito internacional, dotada de personalidade jurídica distinta da dos seus membros, que se realiza em organismo próprio, dotada de autonomia e especificidade, possuindo ordenamento jurídico interno e órgãos auxiliares, por meio dos quais realiza os propósitos comuns dos seus membros, mediante os poderes próprios que lhes são atribuídos por estes.“3 Bem extenso esse conceito, não é mesmo? De fato, ele é bem complexo, mas nos permite identificar as principais características das organizações internacionais. São elas: a)! São associações voluntárias de Estados: As organizações internacionais surgem como consequência da manifestação de vontade de sujeitos de direito internacional público, isto é, de Estados. Dessa forma, não podem ser constituídas de pessoas jurídicas de direito interno, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas. Nesse ponto, deve-se fazer uma distinção entre as organizações internacionais e as ONG’s. As ONG’s, embora possam ter forte atuação internacional, são pessoas jurídicas de direito interno e podem ter, em sua constituição, entes diversos dos Estados. b)! São criadas por convênio constitutivo: As organizações internacionais surgem a partir da celebração de tratados multilaterais, os quais são usualmente denominados tratados constitutivos. O tratado constitutivo é o que dá vida a uma organização internacional, podendo ser considerado uma verdadeira “Constituição” para esse organismo. É no tratado constitutivo que se define, dentre outros, a estrutura da organização, o processo decisório, os objetivos e as competências dos seus órgãos. Para Rezek, a existência de uma organização internacional tem apoio no seu tratado constitutivo, cuja principal virtude consiste em haver-lhe dado vida.4 Por vezes, o tratado que institui uma organização internacional lhe atribui explicitamente personalidade jurídica de direito internacional. Entretanto, isso não é algo que seja obrigatório e a personalidade jurídica das organizações internacionais nasce, muitas vezes, de forma implícita, a partir da definição de seus órgãos e respectivas competências. Se uma organização internacional possui capacidade para celebrar tratados em seu próprio nome, existe aí forte indicativo de sua personalidade internacional. c)! Possuem personalidade jurídica distinta da dos seus membros: As organizações internacionais possuem personalidade jurídica de direito internacional derivada, já que surgem a partir da vontade de alguns Estados, que as criam por meio de um tratado, o qual podemos chamar de tratado constitutivo. 3 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010 4 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Públicoe Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 4 Segundo Marcelo Dias Varella, as organizações internacionais possuem personalidade internacional objetiva, isto é, oponível a toda a sociedade internacional, inclusive para os Estados que dela não são membros.5 Nesse sentido, considera-se que a existência de uma organização internacional independe de seu reconhecimento. Em virtude de terem personalidade jurídica própria, as organizações internacionais possuem autonomia em suas decisões, as quais são emanadas abstraindo-se da vontade individual de cada um de seus membros em prol de uma vontade coletiva. Assim, diz-se que as organizações internacionais possuem vontade própria, independente da vontade de seus membros. Modernamente, as decisões das organizações internacionais são consideradas, por parte da doutrina, como fonte do direito internacional público, apesar de não terem sido relacionadas pelo art. 38 do Estatuto da CIJ. Por possuírem personalidade jurídica de direito internacional, as organizações internacionais possuem capacidade para usufruir direitos e contrair obrigações no plano internacional. Nesse sentido, possuem capacidade para celebrar tratados, a qual está regulada pela Convenção de Viena de 1986. A atuação no plano internacional dessas organizações não é tão ampla quanto a dos Estados soberanos. Enquanto os Estados podem celebrar tratados relativamente a qualquer objeto, contanto que este seja lícito (que não viole as normas jus cogens), as organizações internacionais detêm capacidade convencional restrita, limitada aos objetivos e propósitos para os quais foram criadas.6 As organizações internacionais possuem, ainda, a prerrogativa de enviar e receber representantes diplomáticos, isto é, possuem direito de legação ativo e passivo. d)! São instituições permanentes: As organizações internacionais são entidades criadas com objetivos determinados em seu tratado constitutivo e, portanto, devem ser estruturadas para alcançá-los. Nesse sentido, seria incoerente que as organizações internacionais fossem entidades de natureza “ad hoc”. Inegavelmente, a estabilidade das relações internacionais reclama a existência de instituições permanentes, adequadamente estruturadas para alcançar determinados fins. 1.2.!ESTRUTURA DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: Quanto ao seu objeto, as organizações internacionais são extremamente heterogêneas, pois não visam a uma finalidade comum. Segundo Rezek, seus objetivos variam entre a suprema ambição da 5 VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009 6 VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009 Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 5 ONU – manter a paz entre os povos, preservar-lhes a segurança, e fomentar seu desenvolvimento econômico – até o modestíssimo objetivo de uma UPU – ordenar o trânsito postal extrafronteiras.7 Analisando-se a estrutura das organizações internacionais, percebemos que dois órgãos têm se mostrado essenciais em sua constituição: a Assembleia Geral e a Secretaria. A Assembleia Geral é o foro onde os Estados-membros participam efetivamente da organização internacional, expressando seus pontos de vista através do voto. Na Assembleia Geral, são adotadas as decisões mais relevantes das organizações internacionais. Este órgão não é permanente, mas temporário, reunindo-se ordinariamente – de forma periódica – ou ainda em caráter excepcional. A Secretaria é o órgão responsável pelo apoio operacional à organização internacional. Possui funcionamento permanente e seus funcionários estão desvinculados dos seus Estados-membros – princípio da neutralidade. Logicamente, a estrutura das organizações internacionais é definida pelo seu próprio acordo constitutivo, não havendo uma regra para determiná-la. Se observarmos, por exemplo, a OMC ou a ONU, veremos o quão complexas são suas estruturas institucionais. Um órgão que é muito comum em organizações internacionais de abrangência universal, como a ONU e a OMC, é um Conselho Permanente, que exerce competências executivas e de maneira ininterrupta. Vejamos, por exemplo, a OMC! Quando a Conferência Ministerial – que equivaleria a uma assembleia geral – não está reunida, suas atribuições são desempenhadas pelo Conselho Geral – que se trata de um conselho permanente. O Conselho Permanente dessas organizações internacionais pode ser integrado por representantes de todos os Estados-membros ou por representantes de apenas alguns. O Conselho de Segurança da ONU – que se trata de um conselho permanente – é, por exemplo, um órgão formado por representantes apenas de alguns Estados-membros. Atualmente, é bastante comum que existam, no âmbito de organizações internacionais, mecanismos de solução de controvérsias. Trata-se da tendência de jurisdicionalização do direito internacional, cujo objetivo central é garantir a efetividade das normas jurídicas. A título de exemplo, citamos a Corte Internacional de Justiça (no âmbito da ONU), o Órgão de Solução de Controvérsias (no âmbito da OMC) e a Corte Interamericana de Direitos Humanos (no âmbito da OEA).8 7 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 8 VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009 Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 6 1.3.!CLASSIFICAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: As organizações internacionais são entidades com objetivos e áreas de atuação diferenciadas. Algumas delas exercem suas funções somente em âmbito regional; outras têm alcance universal, não ficando sua atuação limitada a uma região. Segundo Francisco Rezek9, as organizações internacionais podem ser classificadas quanto ao seu alcance e quanto ao seu domínio temático. Quanto ao alcance, elas podem ser organizações internacionais de alcance universal ou organizações internacionais de alcance regional. Organizações internacionais de alcance universal seriam aquelas que têm uma propensão para reunir em torno de si a totalidade dos Estados soberanos. Como exemplos de organizações internacionais de alcance universal podemos citar a ONU (Organização das Nações Unidas), a OMC (Organização Mundial de Comércio), a OMA (Organização Mundial de Aduanas) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) Organizações internacionais de alcance regional, ao contrário, são aquelas que reúnem unicamente países de uma determinada região, como por exemplo, a OEA (Organização dos Estados Americanos), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o MERCOSUL. Quanto ao domínio temático, podemos classificar as organizações internacionais em organizações de vocação política ou organizações de vocação específica. As organizações internacionais de vocação política são aquelas que têm como objetivo principal a preservação da paz e segurança mundiais. Como exemplos de organizações internacionais de vocação política podemos citar a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados Americanos). As de vocação específica, por sua vez, seriam aquelas que se ocupam de temas mais especializados – finalidade econômica, financeira, cultural ou estritamente técnica. Exemplos de organizações internacionais de vocação específica seriam aOMC (Organização Mundial de Comércio), a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a OMA (Organização Mundial de Aduanas). As organizações internacionais de alcance universal e domínio específico são as “agências especializadas” da ONU – UNESCO, UNICEF, FAO. Normalmente, os mesmos membros que fazem parte da ONU integram também essas organizações internacionais de alcance universal e domínio específico, o que permite que decisões tomadas no âmbito da ONU estabeleçam diretrizes para essas organizações. Cabe destacar que as agências especializadas da ONU possuem personalidade jurídica de direito internacional própria. 9 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 7 As organizações internacionais de alcance regional e domínio político são aquelas que buscam, em escala regional, manter a paz e a segurança entre seus membros – OEA (Organização dos Estados Americanos) e OUA (Organização da Unidade Africana), por exemplo. As organizações internacionais de alcance regional e domínio específico seriam as organizações regionais de cooperação e integração econômica, como a União Europeia, a ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) e o MERCOSUL. Segundo a classificação de Accioly10, as organizações internacionais podem ter objetivos generalizados ou específicos. A ONU seria o melhor exemplo de organização de objetivos generalizados, possuindo esfera de atuação que se estende a várias áreas diferentes – cooperação econômica, social, política e científica. Ainda segundo o mesmo autor, as organizações internacionais podem classificar-se segundo o seu processo decisório em supranacionais e intergovernamentais. Exemplo de organização supranacional é a União Europeia, que possui órgãos que proferem decisões que são automaticamente vinculantes e obrigatórias para todos os Estados-membros, independentemente de ratificação. O MERCOSUL, por sua vez, é uma organização intergovernamental, o que resulta no fato de que as decisões de seus órgãos deverão ser internalizadas no ordenamento jurídico de todos os seus membros para que possam entrar em vigor. As organizações internacionais também podem ser classificadas, quanto à participação dos Estados, em abertas ilimitadamente (é possível o ingresso de qualquer Estado), abertas limitadas (é autorizado o ingresso de apenas alguns Estados) ou fechadas (não se permite o ingresso de nenhum Estado além dos membros originários). 11 1.4.!O PROCESSO DECISÓRIO NAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: A tomada de decisões em organizações internacionais é um processo diferenciado em relação à tomada de decisões de um país em seu direito interno. Ao contrário do que ocorre nos Parlamentos, em que as decisões são adotadas normalmente por maioria, no âmbito das organizações internacionais, o princípio majoritário nem sempre opera com efetividade.12 O processo decisório no âmbito das organizações internacionais depende do tratado constitutivo de cada uma delas. No âmbito da OMC, por exemplo, a regra geral é que as decisões sejam adotadas 10 ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009 11 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010 12 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 8 por consenso. Em outras organizações internacionais, o quórum decisório é diverso, conforme previsto no tratado constitutivo. É interessante observar que o processo decisório previsto no tratado constitutivo reflete a estrutura de poder no âmbito da organização internacional. Na ONU, por exemplo, os membros permanentes do Conselho de Segurança possuem o chamado “direito de veto”, evidenciando uma assimetria de poder entre os Estados. Já na OMC, a adoção de decisões mediante consenso torna as relações comerciais, a princípio, mais democráticas. Nem todas as decisões das organizações internacionais são obrigatórias. Existem aquelas que têm caráter facultativo, que simplesmente enunciam princípios e planos de ação. Apesar de dotadas de força política, as decisões facultativas não têm força jurídica e podem ser descumpridas por um Estado-membro sem que isso acarrete responsabilização internacional. Com efeito, o direito internacional somente é coercitivo e executório para aqueles que se submetem à sua jurisdição. Assim, muitas vezes, uma decisão é adotada em uma organização internacional pela maioria de seus membros, mas aqueles Estados que não são a ela favoráveis, não se deixam submeter por tal decisão. 1.5.!RELAÇÃO ENTRE AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E PAÍSES: Ao contrário dos Estados, que possuem um território, as organizações internacionais são, nas palavras de Rezek13, carentes de uma base territorial. Nesse sentido, para que possam desempenhar suas atividades, é necessário que os órgãos constitutivos das organizações internacionais sejam instalados fisicamente no território de algum Estado. Para que a organização internacional se instale, no entanto, no território desse Estado, é necessário a celebração de um tratado bilateral entre este e a organização, conhecido como acordo de sede. Cabe destacar que o acordo sede pode ser celebrado entre a organização internacional e qualquer Estado, que não precisa, necessariamente, ser um Estado-membro. Nada impede que uma organização internacional celebre vários acordos de sede e seus órgãos estejam localizados em países diferentes. A ONU, por exemplo, celebrou acordos de sede não só com os Estados Unidos – onde está localizada sua sede principal -, mas também com a Suíça – o seu escritório na Europa está localizado em Genebra – e com os Países Baixos – a Corte Internacional de Justiça está instalada em Haia. As organizações internacionais possuem privilégios tanto no seu lugar de sede quanto no território de outros Estados, sejam estes Estados-membros ou não. Os representantes das organizações internacionais gozam de privilégios semelhantes àqueles concedidos aos integrantes do corpo 13 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 9 diplomático de um Estado. Da mesma forma, as instalações e os bens móveis das organizações internacionais possuem a garantia de inviolabilidade. Com relação à imunidade à jurisdição estatal, há uma diferença essencial quanto à forma que esta se aplica aos Estados e às organizações internacionais. Conforme já estudamos, a doutrina mais moderna considera que o Estado somente possui imunidade à jurisdição quanto pratica atos de império (e não quando pratica atos de gestão!). Seguindo essa ideia (de imunidade relativa), o STF já decidiu que o Estado estrangeiro não goza de imunidade à jurisdição brasileira em causas de natureza trabalhista.As organizações internacionais também gozam de imunidade à jurisdição estatal. No entanto, trata- se aqui de imunidade absoluta, que engloba assuntos de natureza trabalhista ou qualquer outro. Dessa forma, no caso das organizações internacionais, as causas de natureza trabalhista não excepcionam a regra imunizante. Cabe destacar que, ao contrário do que ocorre em relação aos Estados – cuja imunidade deriva de regra costumeira-, a imunidade das organizações internacionais decorre de seu tratado constitutivo ou de tratados bilaterais específicos.14 Quanto à responsabilidade internacional, a doutrina entende que as organizações internacionais podem ser responsabilizadas internacionalmente em virtude de atos ilícitos. Todavia, ainda hoje há dificuldades acerca do tema! Para ilustrar tais dificuldades, façamos uma regressão temporal ao ano de 1999, quando a OTAN bombardeou Kosovo. Tendo a ex-Iuguslávia levado o caso à CIJ, esta Corte declarou a limitação de sua competência contenciosa às questões interestatais. Isso resultou na impossibilidade de se responsabilizar a OTAN à época. No que diz respeito às finanças de uma organização internacional, estas resultam de contribuições dos seus Estados-membros. Como regra geral, as contribuições dos membros não são iguais, mas obedecem à capacidade contributiva de cada um, levando-se em consideração, portanto, a capacidade econômica de cada Estado membro. A título de exemplo, enquanto os Estados Unidos arcam com cerca de 22% da receita total da ONU, o Brasil contribui com aproximadamente 1,6% desse total. 1.6.!ADMISSÃO E RETIRADA DE MEMBROS: O tratado constitutivo de uma organização internacional é o instrumento hábil para determinar como ocorre a admissão de novos membros. Segundo Rezek, três são os aspectos que se deve analisar no que diz respeito à admissão de um membro à organização internacional15: 14 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008. 15 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 10 a)! Limites de abertura do tratado constitutivo: muitas organizações internacionais admitem membros em virtude de critérios geográficos ou geopolíticos. A OEA, por exemplo, somente permite a adesão de Estados americanos – critério geográfico. A Liga Árabe, por sua vez, admite qualquer Estado árabe – critério geopolítico. Existem organizações internacionais que são mais amplas em seus critérios para admissão de novos membros, como o caso da ONU, que admite qualquer Estado pacífico que seja amante da paz e que aceite as obrigações impostas pela carta, se entenda capaz de cumpri-las e esteja disposto a fazê-lo. b)! Condições de ingresso: o interessado em ingressar em uma organização internacional deve manifestar sua vontade de aderir ao seu tratado constitutivo. A adesão de um Estado ao tratado constitutivo de uma organização internacional deverá ser, em regra, efetuada sem reservas, as quais são incompatíveis com o objeto do tratado. Isso porque se um Estado adere parcialmente ao tratado constitutivo de uma organização internacional, isso gera um desequilíbrio entre os membros, já que é de se supor que os pactuantes originários adotaram integralmente o seu texto. c)! Aceitação da adesão pelos demais membros: se um Estado possui os requisitos necessários para aderir a uma organização internacional e ainda manifesta sua vontade em fazê-lo, a única pendência que resta é que ele seja aceito pelos outros membros. O tratado constitutivo da organização internacional define qual é o órgão competente para aceitar a adesão de novos membros. Na ONU, a adesão de um Estado ocorre por decisão da Assembleia Geral mediante recomendação do Conselho de Segurança. A retirada voluntária de um Estado-membro de uma organização internacional, ou seja, a denúncia do tratado constitutivo da organização possui dois condicionantes principais: a)! Aviso prévio da retirada voluntária: entre a manifestação da vontade de um Estado em retirar-se da organização internacional e a efetiva ruptura do vínculo, existe um lapso temporal. b)! Atualização de contas: o membro que se retira de uma organização internacional não poderá sair devendo alguma coisa. Ele tem que regularizar sua situação financeira perante a organização internacional. 1.7.!SANÇÕES: Se um membro age contrariamente aos princípios e normas de uma organização internacional, este deverá ser sancionado. Sua atitude desrespeitosa para com a organização e para com os outros membros não poderá simplesmente “passar em branco.” As formas de sanção são definidas nos acordos constitutivos das organizações internacionais e são aplicadas mediante decisão da própria organização. Usualmente, são aplicáveis dois tipos de sanções: a suspensão de concessões e a expulsão da organização. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 11 No art. 5º da Carta da ONU, existe a previsão de que um Estado tenha os direitos e privilégios decorrentes de sua condição de membro suspensos, através de decisão da Assembleia Geral da ONU, mediante recomendação do Conselho de Segurança. Outra forma de sanção prevista na Carta da ONU se refere à suspensão do direito de voto em Assembleia Geral do Estado em atraso no pagamento da parcela que deve à receita da organização. Por fim, como exemplo da possibilidade de sanção na forma de expulsão, destacamos o art. 6º da Carta da ONU, que estabelece que o Estado-membro das Nações Unidas que viole persistentemente os princípios contidos na referida Carta, poderá ser expulso da organização pela Assembleia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. 1.! (Juiz do Trabalho / TRT 5a Região – 2013) Dada a natureza da personalidade jurídica das organizações internacionais, considera-se reconhecida sua personalidade mesmo por Estados que não tenham ratificado seu tratado constitutivo. Comentários A personalidade jurídica das organizações internacionais é objetiva, ou seja, é oponível a toda a sociedade internacional, inclusive para aqueles Estados que delas não forem membros (não tiverem ratificado seu tratado constitutivo). Gabarito: certa 2.! (Procurador da Fazenda Nacional – 2003) As organizações internacionais exprimem vontade própria – distinta da de seus Estados- membros –ao agir nos domínios em que desenvolve sua ação. Tal se dá tanto nas relações com seus membros, quanto no relacionamento com outros sujeitos do direito internacional. Comentários As organizações internacionais possuem personalidade jurídica de direito internacional distinta da dos Estados que a integram. Dessa forma, também exprimem sua vontade de forma autônoma, independentemente da vontade de seus membros. Gabarito: certa 3.! (Instituto Rio Branco- 2010) Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 12 Em atendimento ao princípio da igualdade soberana dos Estados, toda decisão de uma organização internacional deve ser adotada por unanimidade ou consenso. Comentários Nem todas as decisões das organizações internacionais são tomadas por unanimidade ou por consenso. É possível que elas sejam adotadas por maioria ou, ainda, porquórum diverso, previsto em seu tratado constitutivo. Dessa forma, a questão está errada. Gabarito: errada 4.! (Consultor Legislativo / Senado Federal- 2002) Desprovidas de base territorial, as organizações internacionais pactuam acordos de sede com os Estados-membros, passando, automaticamente, a gozar de imunidades e privilégios semelhantes àqueles dispensados ao corpo diplomático e às instalações de um Estado soberano. Comentários Os acordos de sede podem ser celebrados com qualquer Estado, inclusive um não-membro. Gabarito: errada 5.! (Consultor Legislativo / Senado Federal - 2002) Toda organização internacional tem seu próprio conjunto de regras jurídicas internas, do mesmo modo que o Estado soberano tem seu próprio direito nacional. Todavia, o fundamento jurídico desse conjunto de regras está nos tratados constitutivos das referidas organizações. Comentários As organizações internacionais têm suas origens em um tratado constitutivo, que define o seu conjunto de regras jurídicas internas. Assim, o tratado constitutivo funciona como se fosse um “regimento interno”, dispondo sobre a estrutura institucional da organização internacional, competências dos órgãos, processo decisório, admissão e retirada de membros, sanções, etc. A questão está, portanto, correta. Gabarito: certa 6.! (Instituto Rio Branco- 2010) O MERCOSUL é uma organização dotada de personalidade jurídica de direito internacional. Comentários Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 13 De fato, o MERCOSUL é uma organização internacional dotada de personalidade jurídica de direito internacional. Destaque-se que a personalidade jurídica foi expressamente atribuída ao MERCOSUL pelo Protocolo de Ouro Preto. Gabarito: certa 7.! (Consultor Legislativo / Senado Federal- 2002) Em face do desenvolvimento historicamente constatado das organizações internacionais na sociedade internacional, tende-se a considerar seus atos decisórios como fontes do direito das gentes, na medida em que criem direitos e obrigações no âmbito de sua atuação. Comentários As decisões das organizações internacionais são modernamente conhecidas pela doutrina como fontes do direito internacional público. Como exemplo, citamos as Resoluções da ONU e da OIT. Gabarito: certa 8.! (Instituto Rio Branco- 2010) Todos os atos adotados no seio de uma organização internacional são juridicamente obrigatórios para seus Estados-membros; caso violados, podem acarretar a responsabilidade internacional do Estado. Comentários Algumas decisões tomadas por organizações internacionais têm caráter facultativo e não vinculam juridicamente seus membros. Gabarito: errada 9.! (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002) As organizações internacionais são instituídas por meio de um tratado multilateral, denominado tratado constitutivo, que em geral estabelece os objetivos e as regras para a instituição dos principais órgãos e dispõe sobre os direitos e deveres dos Estados-membros. Comentários O que dá vida à organização internacional, estabelecendo seus objetivos e regras gerais é o tratado constitutivo. Gabarito: certa Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 14 10.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002) As organizações internacionais dispõem, necessariamente, de uma única sede, estabelecida por meio de tratado bilateral com um dos Estados-membros, denominado acordo da sede. Comentários As organizações internacionais podem ter várias sedes, celebrando acordos de sede com vários Estados. Gabarito: errada 11.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002) Às organizações internacionais são concedidos privilégios e imunidades similares aos dos Estados. Comentários As organizações internacionais, assim como os Estados soberanos, possuem imunidade de jurisdição e de execução. A única diferença é que, enquanto a imunidade estatal deriva de regra de direito costumeiro, a imunidade das organizações internacionais advém de um tratado específico. A questão está, portanto, correta. Gabarito: certa 12.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002) A receita das organizações internacionais resulta basicamente das contribuições (cotizações) dos Estados-membros, estabelecidas de acordo com o princípio da capacidade contributiva. Comentários As finanças de uma organização internacional resultam das contribuições dos Estados-membros. Como regra geral, cada Estado-membro contribui de forma compatível com sua capacidade econômica, ou seja, as contribuições são estabelecidas pelo princípio da capacidade contributiva. Gabarito: certa 13.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2002) Em razão de sua própria natureza, as organizações internacionais não estão sujeitas a ação de responsabilidade internacional. Comentários Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ==12d86c== 15 As organizações internacionais podem sim ser responsabilizadas internacionalmente pela prática de ilícitos internacionais. Gabarito: errada 14.!(Juiz do Trabalho / TRT- 5ª Região-2006) As organizações internacionais são associações voluntárias de sujeitos de direito internacional, constituídas por atos internos de cada sujeito. Comentários As organizações internacionais não são pessoas jurídicas de direito interno, mas sim possuem personalidade jurídica de direito internacional, sendo criados por meio de um tratado constitutivo. Gabarito: errada 15.!(Juiz Federal / TRF- 1ª Região-2009) As imunidades de jurisdição e execução de organizações internacionais têm base no direito costumeiro. Comentários As imunidades de jurisdição e execução dos Estados é que tem base no direito costumeiro. As imunidades das organizações internacionais estão previstas em seu tratado constitutivo ou em tratados bilaterais específicos. Gabarito: errada 16.!(Juiz Federal / TRF- 1ª Região-2009) Organizações internacionais não podem ser responsabilizadas diretamente por seus atos. Comentários As organizações internacionais, enquanto sujeitos de direito internacional público, podem sim ser responsabilizadas por seus atos. Gabarito: errada Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 16 2.!TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL O Tribunal Penal Internacional (TPI) foi criado pelo Estatuto de Roma, que foi adotado em 1998 e entrou em vigor em 2002. O Tribunal Penal Internacional constitui-se no primeiro tribunal de natureza permanente destinado a apurar a responsabilidade de indivíduos por crimes perpetrados contra os direitos humanos, concretizando grande avanço do processo de internacionalização dos direitos humanos e de humanização do direito internacional. Antes da criação de TPI, já haviam sido criados tribunais para apurar crimes de alta gravidade contra os direitos humanos, como, por exemplo, o Tribunal de Nuremberg e o Tribunal de Tóquio, instituídos após a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, esses tribunais, criados por tratados internacionais, tinham natureza “ad hoc” e são criticados por serem juízos de exceção, criados pelos “vencedores”para julgar os “vencidos”. O TPI possui jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, notadamente os seguintes: crime de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e o crime de agressão. São crimes que afetam a comunidade internacional como um todo. Perceba-se que o TPI estabelece o princípio da responsabilidade penal individual, ou seja, o indivíduo responde a título pessoal pelos crimes de alta gravidade que tenha praticado. Pela gravidade desses crimes, eles são imprescritíveis. O Estatuto de Roma detalha as condutas classificadas como cada um desses crimes: a)! Genocídio: qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: i) homicídio de membros do grupo; ii) ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; iii) sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial; iv) imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; v) transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo. b)! Crimes contra a Humanidade: qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque: i) Homicídio; ii) extermínio; iii) escravidão; iv) deportação ou transferência forçada de uma população; v) prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito internacional; vi) tortura; vii) agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável; viii) perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 17 Tribunal; ix) Desaparecimento forçado de pessoas; x) crime de apartheid; xi) outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental. c)! Crimes de guerra: O TPI tem competência para julgar os crimes de guerra, em particular quando cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte de uma prática em larga escala desse tipo de crimes. São considerados crimes de guerra: i) as violações graves às Convenções de Genebra, de 1949; ii) outras violações graves das leis e costumes aplicáveis em conflitos armados internacionais no âmbito do direito internacional; iii) no caso de conflitos armados que não sejam de índole internacional, as violações graves às Convenções de Genebra, de 1949; iv) outras violações graves das leis e costumes aplicados aos conflitos armados que não têm caráter internacional d)! Crime de agressão: O crime de agressão não foi definido pelo Estatuto de Roma. Com fundamento no art. 27 do Estatuto de Roma, o TPI poderá julgar todas as pessoas, independentemente de qualquer distinção baseada na qualidade oficia. Trata-se do princípio da irrelevância da qualidade oficial, que admite sejam julgados pelo TPI quaisquer indivíduos, ainda que governantes de um determinado Estado. Os Estados que ratificaram o Estatuto de Roma aceitam a jurisdição do TPI. O Brasil, tendo ratificado o Estatuto de Roma, tem dispositivo constitucional explícito sobre isso, mais especificamente o art. 5º, § 4º. Segundo o referido dispositivo, “o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.” Cabe ressaltar que não são admitidas reservas ao Estatuto de Roma, sendo possível, no entanto, que um Estado se retire do referido tratado internacional. A jurisdição do TPI é complementar às jurisdições nacionais, o que significa que somente será exercida caso o Estado que tenha jurisdição sobre um determinado caso não tenha iniciado o devido processo ou, caso o tenha feito, agiu com o intuito de subtrair o acusado à justiça ou de mitigar-lhe a sanção. Assim, a atuação do TPI é apenas subsidiária, competindo originariamente aos Estados a repressão dos crimes de alta gravidade previstos no Estatuto de Roma. O TPI poderá exercer sua jurisdição em relação aos crimes praticados por nacionais de Estados- parte do Estatuto de Roma ou, ainda, em relação a crimes praticados no território de Estados-parte do Estatuto de Roma. No caso de crimes cometidos em navios ou aeronaves, o TPI exercerá sua jurisdição se o Estado de matrícula do navio ou da aeronave por parte do Estatuto de Roma. O Estatuto de Roma não admite a pena de morte, o que, aliás, seria totalmente contrário aos princípios que levaram à sua criação. O TPI poderá impor as seguintes penas às pessoas por ele condenadas: i) prisão por um número determinado de anos, até ao limite máximo de 30 anos; ou ii) prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude do fato e as condições pessoais do condenado o justificarem. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 18 Questão controversa, que gerou discussões anteriores à adesão do Brasil ao Estatuto de Roma foi saber se, ao entregar brasileiro nato para ser julgado pelo TPI, estaria o Brasil ferindo dispositivo constitucional que veda a extradição de brasileiro nato. Sobre o assunto, é importante estabelecermos a diferença entre esses dois institutos: entrega e extradição. A extradição se caracteriza pela entrega de uma pessoa por um Estado a outro Estado, enquanto pelo instituto da entrega o Estado entrega uma pessoa a um Tribunal Internacional. Dessa forma, se um brasileiro cometer um crime passível de ser julgado pelo TPI – crime de genocídio, crime contra a humanidade, crimes de guerra, crime de agressão – ele será entregue a esta Corte para ser julgado. Enfatize-se que isso não se configura extradição de brasileiro, mas sim mera entrega, uma vez que o requerente não é Estado estrangeiro, mas um Tribunal Internacional. 17.!(AFC/CGU-2008) Constituída em 1998, essa corte internacional dedica-se a julgar as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade de alcance internacional, sendo complementar às jurisdições nacionais. Indique qual das instituições abaixo corresponde a essa descrição. a) Corte Internacional de Justiça. b) Corte Interamericana de Direitos Humanos. c) Tribunal Penal Internacional. d) Corte Permanente de Arbitragem. e) Conselho de Segurança das Nações Unidas. Comentários A Corte com competência para julgar os crimes de maior gravidade de alcance internacional é o Tribunal Penal Internacional (letra C). Gabarito: letra C 18.!(OAB-2008.1) Acerca de tribunais internacionais e de sua repercussão, assinale a opção correta. a) O Tribunal Penal Internacional prevê a possibilidade de aplicação da pena de morte, ao passo que a Constituição brasileira proíbe tal aplicação. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 19 b) O §4.º do art. 5º da Constituição Federal prevê a submissão do Brasil à jurisdição de tribunais penais internacionais e tribunais de direitos humanos. c) O Estatuto de Roma não permite reservas nem a retirada dos Estados-membros do tratado. d) O Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional, estabelece uma diferença entre entrega e extradição, operando a primeira entre um Estado e o mencionado tribunal e a segunda, entre Estados. Comentários Letra A: errada. Não há previsão, no Estatuto de Roma, para a aplicação de pena de morte. Letra B: errada. O art. 5º, § 4.º, da CF/88 prevê apenas que o Brasil se submete à jurisdição do Tribunal Penal Internacional (e não de todos os Tribunais de direitos humanos). Letra C: errada. O Estatuto de Roma não admite reservas. No entanto, ele admite a retirada dos Estados-parte. Letra D: correta. A extradição se caracteriza pela entrega de uma pessoa por um Estado a outro Estado, enquanto pelo instituto da entrega o Estado entrega uma pessoa a um Tribunal Internacional. Gabarito: letra D 19.!(Procurador da Fazenda Nacional / 2003) Pode-se mencionar como exemplos de tribunais internacionais: a Corte Internacional de Justiça (sede em Haia), a Corte Interamericana de Direitos Humanos (San Jose da Costa Rica), o Tribunal Penal Internacional (Haia) e a Corte Constitucional Italiana (Roma). Comentários A Corte Constitucional Italiana não é um tribunal internacional, ao contrário dos demais. Gabarito: errada 20.!(Instituto Rio Branco-2009) Entre os princípios que regem as relações internacionais do Estado brasileiro, estão a prevalência dos direitos humanos e a solução pacífica dos conflitos (art. 4.º da Constituição Federal). Com relação à tendência contemporânea de institucionalização jurídica internacional, assinale a opção correta. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 20 a) Todos os Estados-membros da Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos estão, ipso facto, sujeitos à jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em São José, na Costa Rica. b) A Corte Internacional de Justiça foi o primeiro tribunal internacional de caráter permanente estabelecido por tratado multilateral. c) Os tribunais de Nuremberg e de Tóquio, instituídos ao final da Segunda Guerra Mundial, foram estabelecidos com base em resoluções do então recém-criado Conselho de Segurança das Nações Unidas. d) A jurisdição do Tribunal Penal Internacional restringe-se a situações ocorridas no território de um Estado-Parte do Estatuto de Roma. e) Como mecanismo para a solução de controvérsias marítimas, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (também conhecida como Convenção de Montego Bay), estabeleceu o Tribunal Internacional do Direito do Mar. Comentários Letra A: errada. Os Estados se submetem, facultativamente, à jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Letra B: errada. Antes da CIJ, tivemos a Corte Permanente de Justiça Internacional, tribunal criado no âmbito da Liga das Nações. Letra C: errada. Os tribunais de Nuremberg e de Tóquio não foram criados por resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Letra D: errada. A jurisdição do TPI também abrange os crimes praticados por nacionais de Estados- parte do Estatuto de Roma, independentemente de onde tenham praticado o crime. Letra E: correta. O Tribunal Internacional do Direito do Mar foi criado pela Convenção de Montego Bay para solucionar controvérsias marítimas. Gabarito: letra E 21.!(Procurador da Fazenda Nacional / 2007) Indique V para os itens verdadeiros e F para os falsos. Em seguida, assinale a sequência correta. ( ) O Brasil ratificou o tratado internacional que constitui o Tribunal Penal Internacional. ( ) O Tribunal Penal Internacional, ademais de poder julgar Estados, exerce jurisdição sobre indivíduos acusados dos crimes previstos em seu Estatuto. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 21 ( ) Entre as penas previstas pelo Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal Internacional, estão a prisão perpétua e a pena de morte. ( ) Entre os crimes da competência do Tribunal Penal Internacional estão os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. ( ) O Estado condenado pelo Tribunal Penal Internacional está sujeito a sanções econômicas. a) V,V,F,V,V b) V,V,F,V,F c) V,V,V,V,V d) V,F,F,V,F e) F,F,F,F,V Comentários A primeira assertiva está correta. De fato, o Brasil ratificou o Estatuto de Roma. A segunda assertiva está errada. O Tribunal Penal Internacional não pode julgar Estados. A terceira assertiva está errada. O TPI não admite a pena de morte. A quarta assertiva está correta. O TPI tem competência para apurar os seguintes crimes: crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio e crimes de agressão. A quinta assertiva está errada. O TPI não julga Estados; ele apura a responsabilidade penal de indivíduos. Gabarito: letra D 22.!(Procurador da Fazenda Nacional / 2004) A violação das leis de guerra por parte de um combatente nos conflitos internacionais implica sua punição. Em 17 de julho de 1998 foi adotado o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, seus Anexos e a Ata Final da Conferência de Roma sobre o estabelecimento de um Tribunal Penal Internacional. O principal dispositivo do Estatuto, que figura no artigo 1o , consagra o princípio da complementaridade, nos termos do qual a jurisdição do Tribunal Penal Internacional a) será exercida em qualquer circunstância, mediante provocação da Organização das Nações Unidas, comprovada a violação das leis de guerra, com exceção dos crimes de genocídio. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 22 b) será exercida em qualquer circunstância, mediante provocação da Organização das Nações Unidas, a menos que o país prejudicado não tenha ratificado a Ata Final da Conferência de Roma. c) será exercida permanentemente, independente de provocação da Organização das Nações Unidas e de comprovação de violação das leis de guerra, dependendo, no entanto, de instalação de um tribunal ad hoc a ser designado pela Corte de Haia, mediante provocação de no mínimo cinco países signatários da Ata Final da Conferência de Roma. d) terá caráter excepcional, isto é, somente será exercida em caso de manifesta incapacidade ou falta de disposição de um sistema judiciário nacional para exercer sua jurisdição primária, ou seja, os Estados terão primazia para investigar os crimes previstos no Estatuto do Tribunal. e) terá caráter eventual, isto é, somente será exercida em caso de comprovada violação de crimes contra a humanidade, dependendo, no entanto, de instalação de um tribunal a ser organizado pelas forças de ocupação. Comentários A jurisdição do TPI é complementar à dos Estados, o que significa que “terá caráter excepcional, isto é, somente será exercida em caso de manifesta incapacidade ou falta de disposição de um sistema judiciário nacional para exercer sua jurisdição primária, ou seja, os Estados terão primazia para investigar os crimes previstos no Estatuto do Tribunal” (letra D). Gabarito: letra D 23.!(Juiz Federal / TRF 5a Região – 2013) Com relação aos crimes de competência do TPI, assinale a opção correta. a) A transferência, à força, de crianças de um grupo religioso paraoutro é classificada como crime contra a humanidade. b) O TPI pode exercer jurisdição sobre o Estado como um todo apenas em caso de crime de agressão. c) O crime de apartheid é praticado no contexto de um regime institucionalizado de opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou mais grupos nacionais e com a intenção de manter esse regime. d) O TPI não tem jurisdição em relação aos crimes de guerra cometidos em conflitos armados não internacionais se não existir declaração formal de guerra. e) As normas costumeiras sobre crimes de guerra somente podem ser base para o julgamento do TPI se estiverem codificadas em tratados. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 23 Comentários Letra A: errada. A transferência, à força, de crianças de um grupo religioso para outro é classificada como crime de genocídio. Letra B: errada. A jurisdição do TPI não se dá sobre os Estados, mas sim sobre as pessoas. Letra C: correta. O crime de apartheid é um crime contra a humanidade e, segundo o Estatuto de Roma, é praticado no contexto de um regime institucionalizado de opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou mais grupos nacionais e com a intenção de manter esse regime. Letra D: errada. A definição de crimes de guerra abrange atos praticados em conflitos armados não internacionais. Letra E: errada. Não há necessidade de que normas costumeiras estejam codificadas para que sirvam de base para o julgamento do TPI. Gabarito: letra C 24.!(Juiz Federal / TRF 3a Região – 2011) No que se refere ao Tribunal Penal Internacional, assinale a opção correta.! a) De acordo com o Estatuto de Roma, esse tribunal tem competência expressa para julgar o terrorismo como crime contra a humanidade. b) As línguas de trabalho, nesse tribunal, são o inglês e o francês. c) Trata-se de organismo especializado da ONU. d) De acordo com o que prevê o Estatuto de Roma, esse tribunal pode decidir pela pena de morte em casos graves. e) Essa corte começou a funcionar em 1998, com a conclusão do Estatuto de Roma. Comentários Letra A: errada. O terrorismo não se enquadra como crime contra a humanidade. Letra B: correta. De fato, as línguas de trabalho do TPI são o inglês e o francês. Letra C: errada. O TPI não é órgão da ONU. Letra D: errada. O TPI não poderá decidir pela aplicação da pena de morte. Letra E: errada. O TPI começou a funcionar em 2002, com a entrada em vigor do Estatuto de Roma. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 24 Gabarito: letra B 25.!(Juiz Federal / TRF 1a Região – 2011) O TPI, instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade e funções complementares às jurisdições penais nacionais, constitui corte internacional vinculada à ONU, não dispondo de personalidade jurídica própria. Comentários O TPI possui personalidade jurídica própria e não está vinculado à ONU. Gabarito: errada 26.!(Juiz Federal / TRF 1a Região – 2011) Nos termos do Estatuto de Roma, o TPI só poderá exercer os seus poderes e funções no território de qualquer Estado-parte, sendo-lhe defeso agir em relação a atos praticados no território dos Estados que não tenham subscrito o Estatuto. Comentários O TPI também poderá exercer sua jurisdição em relação aos crimes praticados por nacionais de Estados-parte do Estatuto de Roma, independentemente de onde tenham praticado o crime. Gabarito: errada 27.!(Juiz Federal / TRF 1a Região – 2011) O TPI poderá impor à pessoa condenada pelos crimes que afetem a humanidade no seu conjunto a pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude e as condições pessoais do condenado o justificarem. Comentários De fato, é possível que o TPI aplique a pena de prisão perpétua, se o elevado grau de licitude e as condições pessoais do condenado o justificarem. Gabarito: certa 28.!(Procurador da República / MPF – 2011) A jurisdição do Tribunal Penal Internacional é desencadeada (“trigger”) pelo princípio da complementaridade, segundo o qual: Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 25 a) a jurisdição somente incide nas hipóteses em que o Estado-Parte do Estatuto de Roma falha na persecução penal de crime da competência material do tribunal, por incapacidade efetiva ou falta de vontade para a promover; b) o procurador do tribunal é independente e não pode ser impedido de iniciar uma investigação, sempre que constatar a falta de vontade ou a incapacidade efetiva de um Estado- Parte do Estatuto de Roma de promover a persecução penal de crime da competência material do tribunal; c) a admissibilidade de caso depende da falha na persecução penal doméstica de crime da competência material do tribunal, por incapacidade efetiva ou falta de vontade do Estado com jurisdição sobre o mesmo; d) o tribunal tem primazia na persecução penal de crime de sua competência material, sem prejuízo da jurisdição dos Estados-Parte. Comentários Letra A: errada. A falha na persecução penal é um requisito para admissibilidade do caso. Assim, não diz respeito à jurisdição do TPI. Letra B: errada. A falha na persecução penal não é um requisito para que o Procurador do TPI inicie uma investigação. Letra C: correta. A atuação do TPI é subsidiária, ou seja, a admissibilidade do caso depende da falha na persecução penal doméstica, por incapacidade efetiva ou falta de vontade do Estado. Letra D: errada. A primazia na persecução penal não é do TPI, competindo aos Estados a repressão dos crimes de alta gravidade de competência do Tribunal. Gabarito: letra C Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 26 LISTA DE QUESTÕES 1.! (Juiz do Trabalho / TRT 5a Região – 2013) Dada a natureza da personalidade jurídica das organizações internacionais, considera-se reconhecida sua personalidade mesmo por Estados que não tenham ratificado seu tratado constitutivo. 2.! (Procurador da Fazenda Nacional – 2003) As organizações internacionais exprimem vontade própria – distinta da de seus Estados- membros –ao agir nos domínios em que desenvolve sua ação. Tal se dá tanto nas relações com seus membros, quanto no relacionamento com outros sujeitos do direito internacional. 3.! (Instituto Rio Branco- 2010) Em atendimento ao princípio da igualdade soberana dos Estados, toda decisão de uma organização internacional deve ser adotada por unanimidade ou consenso. 4.! (Consultor Legislativo / Senado Federal- 2002) Desprovidas de base territorial, as organizações internacionais pactuam acordos de sede com os Estados-membros, passando, automaticamente, a gozar de imunidades e privilégios semelhantes àqueles dispensados ao corpo diplomático e às instalações de um Estado soberano. 5.! (Consultor Legislativo / Senado Federal - 2002) Toda organização internacional tem seu próprio conjunto de regras jurídicas internas, do mesmo modo que o Estado soberano tem seu próprio direito nacional. Todavia, o fundamento jurídico desse conjunto de regras está nos tratados constitutivos das referidas organizações. 6.! (Instituto Rio Branco- 2010) O MERCOSUL éuma organização dotada de personalidade jurídica de direito internacional. 7.! (Consultor Legislativo / Senado Federal- 2002) Em face do desenvolvimento historicamente constatado das organizações internacionais na sociedade internacional, tende-se a considerar seus atos decisórios como fontes do direito das gentes, na medida em que criem direitos e obrigações no âmbito de sua atuação. 8.! (Instituto Rio Branco- 2010) Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 27 Todos os atos adotados no seio de uma organização internacional são juridicamente obrigatórios para seus Estados-membros; caso violados, podem acarretar a responsabilidade internacional do Estado. 9.! (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002) As organizações internacionais são instituídas por meio de um tratado multilateral, denominado tratado constitutivo, que em geral estabelece os objetivos e as regras para a instituição dos principais órgãos e dispõe sobre os direitos e deveres dos Estados-membros. 10.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002) As organizações internacionais dispõem, necessariamente, de uma única sede, estabelecida por meio de tratado bilateral com um dos Estados-membros, denominado acordo da sede. 11.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002) Às organizações internacionais são concedidos privilégios e imunidades similares aos dos Estados. 12.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados - 2002) A receita das organizações internacionais resulta basicamente das contribuições (cotizações) dos Estados-membros, estabelecidas de acordo com o princípio da capacidade contributiva. 13.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2002) Em razão de sua própria natureza, as organizações internacionais não estão sujeitas a ação de responsabilidade internacional. 14.!(Juiz do Trabalho / TRT- 5ª Região-2006) As organizações internacionais são associações voluntárias de sujeitos de direito internacional, constituídas por atos internos de cada sujeito. 15.!(Juiz Federal / TRF- 1ª Região-2009) As imunidades de jurisdição e execução de organizações internacionais têm base no direito costumeiro. 16.!(Juiz Federal / TRF- 1ª Região-2009) Organizações internacionais não podem ser responsabilizadas diretamente por seus atos. 17.!(AFC/CGU-2008) Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 28 Constituída em 1998, essa corte internacional dedica-se a julgar as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade de alcance internacional, sendo complementar às jurisdições nacionais. Indique qual das instituições abaixo corresponde a essa descrição. a) Corte Internacional de Justiça. b) Corte Interamericana de Direitos Humanos. c) Tribunal Penal Internacional. d) Corte Permanente de Arbitragem. e) Conselho de Segurança das Nações Unidas. 18.!(OAB-2008.1) Acerca de tribunais internacionais e de sua repercussão, assinale a opção correta. a) O Tribunal Penal Internacional prevê a possibilidade de aplicação da pena de morte, ao passo que a Constituição brasileira proíbe tal aplicação. b) O § 4.º do art. 5º da Constituição Federal prevê a submissão do Brasil à jurisdição de tribunais penais internacionais e tribunais de direitos humanos. c) O Estatuto de Roma não permite reservas nem a retirada dos Estados-membros do tratado. d) O Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional, estabelece uma diferença entre entrega e extradição, operando a primeira entre um Estado e o mencionado tribunal e a segunda, entre Estados. 19.!(Procurador da Fazenda Nacional / 2003) Pode-se mencionar como exemplos de tribunais internacionais: a Corte Internacional de Justiça (sede em Haia), a Corte Interamericana de Direitos Humanos (San Jose da Costa Rica), o Tribunal Penal Internacional (Haia) e a Corte Constitucional Italiana (Roma). 20.!(Instituto Rio Branco-2009) - Entre os princípios que regem as relações internacionais do Estado brasileiro, estão a prevalência dos direitos humanos e a solução pacífica dos conflitos (art. 4.º da Constituição Federal). Com relação à tendência contemporânea de institucionalização jurídica internacional, assinale a opção correta. a) Todos os Estados-membros da Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos estão, ipso facto, sujeitos à jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em São José, na Costa Rica. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 29 b) A Corte Internacional de Justiça foi o primeiro tribunal internacional de caráter permanente estabelecido por tratado multilateral. c) Os tribunais de Nuremberg e de Tóquio, instituídos ao final da Segunda Guerra Mundial, foram estabelecidos com base em resoluções do então recém-criado Conselho de Segurança das Nações Unidas. d) A jurisdição do Tribunal Penal Internacional restringe-se a situações ocorridas no território de um Estado-Parte do Estatuto de Roma. e) Como mecanismo para a solução de controvérsias marítimas, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (também conhecida como Convenção de Montego Bay), estabeleceu o Tribunal Internacional do Direito do Mar. 21.!(Procurador da Fazenda Nacional / 2007) Indique V para os itens verdadeiros e F para os falsos. Em seguida, assinale a sequência correta. ( ) O Brasil ratificou o tratado internacional que constitui o Tribunal Penal Internacional. ( ) O Tribunal Penal Internacional, ademais de poder julgar Estados, exerce jurisdição sobre indivíduos acusados dos crimes previstos em seu Estatuto. ( ) Entre as penas previstas pelo Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal Internacional, estão a prisão perpétua e a pena de morte. ( ) Entre os crimes da competência do Tribunal Penal Internacional estão os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. ( ) O Estado condenado pelo Tribunal Penal Internacional está sujeito a sanções econômicas. a) V,V,F,V,V b) V,V,F,V,F c) V,V,V,V,V d) V,F,F,V,F e) F,F,F,F,V 22.!(Procurador da Fazenda Nacional / 2004) A violação das leis de guerra por parte de um combatente nos conflitos internacionais implica sua punição. Em 17 de julho de 1998 foi adotado o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, seus Anexos e a Ata Final da Conferência de Roma sobre o estabelecimento de um Tribunal Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 30 Penal Internacional. O principal dispositivo do Estatuto, que figura no artigo 1o , consagra o princípio da complementaridade, nos termos do qual a jurisdição do Tribunal Penal Internacional a) será exercida em qualquer circunstância, mediante provocação da Organização das Nações Unidas, comprovada a violação das leis de guerra, com exceção dos crimes de genocídio. b) será exercida em qualquer circunstância, mediante provocação da Organização das Nações Unidas, a menos que o país prejudicado não tenha ratificado a Ata Final da Conferência de Roma. c) será exercida permanentemente, independente de provocação da Organização das Nações Unidas e de comprovação de violação das leis de guerra, dependendo, no entanto, de instalaçãode um tribunal ad hoc a ser designado pela Corte de Haia, mediante provocação de no mínimo cinco países signatários da Ata Final da Conferência de Roma. d) terá caráter excepcional, isto é, somente será exercida em caso de manifesta incapacidade ou falta de disposição de um sistema judiciário nacional para exercer sua jurisdição primária, ou seja, os Estados terão primazia para investigar os crimes previstos no Estatuto do Tribunal. e) terá caráter eventual, isto é, somente será exercida em caso de comprovada violação de crimes contra a humanidade, dependendo, no entanto, de instalação de um tribunal a ser organizado pelas forças de ocupação. 23.!(Juiz Federal / TRF 5a Região – 2013) Com relação aos crimes de competência do TPI, assinale a opção correta. a) A transferência, à força, de crianças de um grupo religioso para outro é classificada como crime contra a humanidade. b) O TPI pode exercer jurisdição sobre o Estado como um todo apenas em caso de crime de agressão. c) O crime de apartheid é praticado no contexto de um regime institucionalizado de opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou mais grupos nacionais e com a intenção de manter esse regime. d) O TPI não tem jurisdição em relação aos crimes de guerra cometidos em conflitos armados não internacionais se não existir declaração formal de guerra. e) As normas costumeiras sobre crimes de guerra somente podem ser base para o julgamento do TPI se estiverem codificadas em tratados. 24.!(Juiz Federal / TRF 3a Região – 2011) Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 31 No que se refere ao Tribunal Penal Internacional, assinale a opção correta.! a) De acordo com o Estatuto de Roma, esse tribunal tem competência expressa para julgar o terrorismo como crime contra a humanidade. b) As línguas de trabalho, nesse tribunal, são o inglês e o francês. c) Trata-se de organismo especializado da ONU. d) De acordo com o que prevê o Estatuto de Roma, esse tribunal pode decidir pela pena de morte em casos graves. e) Essa corte começou a funcionar em 1998, com a conclusão do Estatuto de Roma. 25.!(Juiz Federal / TRF 1a Região – 2011) O TPI, instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade e funções complementares às jurisdições penais nacionais, constitui corte internacional vinculada à ONU, não dispondo de personalidade jurídica própria. 26.!(Juiz Federal / TRF 1a Região – 2011) Nos termos do Estatuto de Roma, o TPI só poderá exercer os seus poderes e funções no território de qualquer Estado-parte, sendo-lhe defeso agir em relação a atos praticados no território dos Estados que não tenham subscrito o Estatuto. 27.!(Juiz Federal / TRF 1a Região – 2011) O TPI poderá impor à pessoa condenada pelos crimes que afetem a humanidade no seu conjunto a pena de prisão perpétua, se o elevado grau de ilicitude e as condições pessoais do condenado o justificarem. 28.!(Procurador da República / MPF – 2011) A jurisdição do Tribunal Penal Internacional é desencadeada (“trigger”) pelo princípio da complementaridade, segundo o qual: a) a jurisdição somente incide nas hipóteses em que o Estado-Parte do Estatuto de Roma falha na persecução penal de crime da competência material do tribunal, por incapacidade efetiva ou falta de vontade para a promover; b) o procurador do tribunal é independente e não pode ser impedido de iniciar uma investigação, sempre que constatar a falta de vontade ou a incapacidade efetiva de um Estado- Parte do Estatuto de Roma de promover a persecução penal de crime da competência material do tribunal; Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 32 c) a admissibilidade de caso depende da falha na persecução penal doméstica de crime da competência material do tribunal, por incapacidade efetiva ou falta de vontade do Estado com jurisdição sobre o mesmo; d) o tribunal tem primazia na persecução penal de crime de sua competência material, sem prejuízo da jurisdição dos Estados-Parte. Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 33 GABARITO 1.! CERTA 2.! CERTA 3.! ERRADA 4.! ERRADA 5.! CERTA 6.! CERTA 7.! CERTA 8.! ERRADA 9.! CERTA 10.!ERRADA 11.!CERTA 12.!CERTA 13.!ERRADA 14.!ERRADA 15.!ERRADA 16.!ERRADA 17.!Letra C 18.!Letra D 19.!ERRADA 20.!Letra E 21.!Letra D 22.!Letra D 23.!Letra C 24.!Letra B 25.!ERRADA 26.!ERRADA 27.!CERTA 28.!Letra C Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale .. 04 Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular) Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. ... Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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