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einstein. 2005; 3(3):216 216 Você Leu? Esta subseção introduz proposta inovadora e instigante que discorre sobre artigos que causaram impacto no meio científico. Ainda que tais artigos, como clássicos que são, nem sempre estejam na lista de nossas leituras cotidianas, é possível observar sua influência e aplicação de seus resultados em nossa prática diária, como marco da construção do conhecimento. Anna Margherita G. T. Bork Editora Associada da einstein Pregnancy and diabetes, medical aspects Gravidez e diabetes, aspectos médicos White P. Med Clin North Am. 1965;49(4):1015-24. Comentado por: Nilson Abrão Szylit. Médico Tocoginecologista. Mestrando do Curso de Pós- Graduação em Perinatologia e Ginecologia - Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual - IAMSPE - São Paulo (SP). O diabetes mellitus gestacional é reconhecidamente uma das maiores complicações médicas da gestação e, desde a descoberta da insulina em 1921, vem sendo uma preocupação constante do obstetra. Em 1949, a Dra. Priscilla White criou uma classificação anatomoclínica, evolutiva e prognóstica para os casos de diabetes que complicam a gestação. Baseava-se na idade do início da afecção, em sua duração e nas complicações vasculares que pudessem ocorrer durante a evolução. Ela salientou que o prognóstico para a gestação estava relacionado ao controle da doença materna, à ocorrência de malformações fetais, ao grau de acometimento vascular, à idade gestacional ao parto, e ao equilíbrio hormonal na gestação. Essa publicação representou um verdadeiro divisor de águas na abordagem da gestante diabética e, ao longo dos anos, com a evolução dos conhecimentos sobre a fisiopatologia da doença, foi sendo aprimorada. Em 1965 a própria Dra. White publicou uma atualização de sua classificação inicial(1), assinalando que a classificação poderia mudar durante a gestação e não será necessariamente a mesma em diferentes gestações. As classes progridem de A a F, incluindo uma adicional, a R (para presença de retinopatia proliferativa). A classe A incluía apenas o diabetes químico; a B consistia no diabetes com início em pacientes acima dos 20 anos de idade, doença de curta duração (menos de 10 anos), sem sinais de comprometimento vascular; a C incluía o diabetes de longa duração (10 a 19 anos), ou com início na adolescência, mas sem lesões vasculares; a D incluía casos de longa duração (mais de 20 anos), ou aqueles com início precoce (abaixo dos 10 anos), ou com lesões vasculares, retinopatia benigna e artérias de membros inferiores calcificadas; a E incluía casos com calcificação pélvica nas artérias ilíacas ou nos vasos intra-uterinos; a F, nefropatia diabética e a R, retinopatia proliferativa. Em 1978 houve nova atualização(2), onde foi retirada a classe E e acrescentadas as classes H e T, conforme se segue: Classe A: A1 - Assintomática; diagnosticada por meio de dosagens bioquímicas. Tratada apenas com dieta. A2 - Início durante a gestação, necessitando de insulina. Classe B: Início = 20 anos de idade, < 10 anos de duração. Classe C: C1 - Início 10-19 anos de idade. C2 - 10- 19 anos de duração. Classe D: D1 - Início <10 anos de idade. D2 - = 20 anos de duração. D3 - retinopatia benigna. D4 - calcificação de vasos de membros inferiores. D5 – hipertensão arterial. Classe F: Qualquer duração ou idade de início, com nefropatia. Classe H: Qualquer duração ou idade de início, com doença cardíaca arterioesclerótica. Classe R: Qualquer duração ou idade de início, com retinopatia proliferativa. Classe T: Qualquer duração ou idade de início, com transplante renal. Essa classificação tem sido muito utilizada, inclusive pelos neonatologistas, que passaram a correlacionar alterações do recém-nascido com as classes do diabetes materno. Assim, a macrossomia foi relacionada ao diabetes das classes A-C; a desnutrição intra-uterina ao diabetes das classes D em diante, com complicações renais, retinopatia ou doença cardíaca (3). Mais recentemente, foi verificado que recém-nascidos de diabéticas das classes A-C apresentam retardo na maturação pulmonar, enquanto nas classes D-F ocorre uma aceleração da maturação pulmonar, segundo análise da relação lecitina/esfingomielina (3). A Academia Americana de Pediatria e o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, em sua publicação de 2002(4), referindo-se à identificação precoce de risco na gestação, sugerem que as diabéticas classe A-C sejam seguidas por tocoginecologistas e que einstein. 2005; 3(3):217 217 as das classes D em diante o façam em clínicas de medicina fetal. Atualmente, com o surgimento de outras classifica- ções propostas por associações internacionais que tratam de diabetes, a melhoria do controle glicêmico, grandes avanços na avaliação do bem-estar fetal e do recém-nascido, a classificação de White vem sendo menos utilizada para fins de condutas e mais para comparações de grupos de risco. Referências 1. White P. Pregnancy and diabetes, medical aspects. Med Clin North Am. 1965; 49(4):1015-24. 2. White P. Classification of obstetric diabetes. Am J Obstet Gynecol. 1978; 130(2):228-30. 3. Segre CAM, Santoro Jr M. Recém-nascido de mãe diabética. In: Segre CAM. Perinatologia. Fundamentos e prática. São Paulo: Sarvier; 2002. p. 72-5. 4. American Academy of Pediatrics and The American College of Obstetricians and Gynecologists. Guidelines for perinatal care. 5th ed. Illinois: AAP; 2002. Ponto e Contraponto Pretende o debate de idéias. O debate é a base da nossa civilização. Da discussão nasce a luz – e todos nós, concordando ou não com uma, outra ou nenhuma das opiniões que teremos nesta subseção, refletiremos todos sobre os assuntos e chegaremos, cada um de nós, à conclusão que nos parecer melhor. Mais do que simplesmente informar, esta subseção pretende promover a reflexão. Jacyr Pasternak Editor Associado da einstein Obesidade: importância do estilo de vida e do meio ambiente Simão Augusto Lottenberg* * Professor Colaborador da Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP - São Paulo (SP). A obesidade é uma doença crônica, de prevalência crescente na população, tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos. Durante muito tempo se questionou a sua definição como doença, porém a demonstração clara das co-morbidades associadas, bem como as complicações delas decorrentes, fez com que nos últimos anos houvesse um esforço muito grande no sentido de compreender a sua patogênese, identificar os seus riscos e estabelecer métodos adequados de prevenção e tratamento. A obesidade é uma doença multifatorial, que se desenvolve a partir do acúmulo de energia, resultante de ingestão e absorção calórica superior ao gasto. Pode- se afirmar que este acúmulo resulta de uma série de fatores, alguns geneticamente estabelecidos, outros, porém, determinados pela interação do homem com o meio ambiente. O organismo apresenta excelente regulação fisiológica do peso corpóreo, sendo, aparentemente, mais eficiente em sua luta contra a desnutrição do que contra o excesso de peso. Fatores dietéticos estão envolvidos na manutenção do peso corpóreo, sendo que pode-se verificar uma heterogeneidade do comportamento dos macronutrientes em relação à capacidade de inibir a fome, induzir a saciedade, armazenamento e auto-regulação (estimular a auto- oxidação à ingestão). Desta forma, as proteínas
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